eunice arruda - poesias alguns (poemas selecionados de eunice arruda) Eunice Arruda selecionou especialmente esses poemas para publicação no site http://houdelier.com
propósito Viver pouco mas viver muito Ser todo o pensamento Toda a esperança Toda a alegria ou angústia – mas ser Nunca morrer enquanto viver http://houdelier.com – Eunice Arruda - poema do livro “É tempo de noite”, Massao Ohno Editora, 1960 – São Paulo/SP.
tema para a abertura de um novo sentimento agora a morte da paz http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “É tempo de noite”, Massao Ohno Editora, 1960 – São Paulo/SP.
Podes passar por mim: a dor coagulou aviso Podes passar por mim: a dor coagulou http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “É tempo de noite”, Massao Ohno Editora, 1960 – São Paulo/SP.
medo cai não ensaia http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “É tempo de noite”, Massao Ohno Editora, 1960 – São Paulo/SP.
Uma mulher caiu na rua ninguém viu Pensa que não caiu acidente Uma mulher caiu na rua ninguém viu Pensa que não caiu http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “É tempo de noite”, Massao Ohno Editora, 1960 – São Paulo/SP.
A gente se abstém de viver Porque viver estraga mutilação A gente se abstém de viver Porque viver estraga http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “É tempo de noite”, Massao Ohno Editora, 1960 – São Paulo/SP.
Não sei se é amor ou minha vida que pede socorro outra dúvida Não sei se é amor ou minha vida que pede socorro http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “O chão batido”, Coleção Literatura Contemporânea nº 07 – 1963 – São Paulo/SP.
da finalidade do trabalho Não trago mensagem na voz Quando escrevo é a vida que exercito para que tudo o que exista em mim fique escrito Por isso não trago mensagem na voz É missão de quem escreve apenas eternizar o que foi breve http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “O chão batido”, Coleção Literatura Contemporânea nº 07 – 1963 – São Paulo/SP.
Para esquecer esta dor transformá-la em poesia Para eternizar esta hora poética Para esquecer esta dor transformá-la em poesia Para eternizar esta http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “O chão batido”, Coleção Literatura Contemporânea nº 07 – 1963 – São Paulo/SP.
predição Fazer da busca o ideal Rasgar o ventre de todas as noites Rasgar o ventre de todas as noites para encontrar a aurora O que não somos hoje é o que há de nos esmagar amanhã http://houdelier.com – Eunice Arruda - poema do livro “O chão batido”, Coleção Literatura Contemporânea nº 07 – 1963 – São Paulo/SP.
Olho a tarde a tarde acaba O amor o amor A vida sim é que é imensa as coisas efêmeras Olho a tarde a tarde acaba O amor o amor A vida sim é que é imensa http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “As coisas efêmeras”, Brasil Editora – 1964 – São Paulo/SP.
poema Areias, mar, navios Mergulho jamais premeditado Agora recebo meu corpo como um pássaro ferido pesado de incompreensão Tantas coisas alheias desenham o caminho http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “As coisas efêmeras”, Brasil Editora – 1964 – São Paulo/SP.
ampliação Construo o poema peda- ço por pedaço Construo um pedaço de peda- ço por pedaço Construo um pedaço de mim em cada poema http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “As coisas efêmeras”, Brasil Editora – 1964 – São Paulo/SP.
Não isto ainda não é a paz É o silêncio da vida engano Não isto ainda não é a paz É o silêncio da vida http://houdelier.com – Eunice Arruda - poema do livro “As coisas efêmeras”, Brasil Editora – 1964 – São Paulo/SP.
Nada me faz Deter ou avançar conflito Nada me faz Deter ou avançar http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “Invenções do desespero”, Edição da Autora – 1973 – São Paulo/SP.
a chuva e o sofrimento Como o sofrimento a chuva cai sobre a gente E nos deixa o rosto molhado e disforme http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “Invenções do desespero”, Edição da Autora – 1973 – São Paulo/SP.
sentença Convém nos iniciarmos cedo As coisas são demoradas E não é bom colher os frutos quando a boca não conseguir mais saboreá-los http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “Invenções do desespero”, Edição da Autora – 1973 – São Paulo/SP.
mulheres Mulheres mecanizadas simulam vozes De passos duros De passos duros e roupas leves alargam a tarde de fumaça e objetivos Têm pressa – não sonhos Mulheres mecanizadas geram filhos e criam o abstrato http://houdelier.com – Eunice Arruda - poema do livro “Invenções do desespero”, Edição da Autora – 1973 – São Paulo/SP.
Esta noite sonhei com a paz Tinha o seu rosto símbolo Esta noite sonhei com a paz Tinha o seu rosto http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “As pessoas, as palavras”, Editora de Letras e Artes, 1976 – São Paulo/SP.
Edifiquei minha casa sobre a areia Todo dia recomeço erro Edifiquei minha casa sobre a areia Todo dia recomeço http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “As pessoas, as palavras”, Editora de Letras e Artes, 1976 – São Paulo/SP.
palavras buscar palavras No vermelho no sol no atalho escondido No vermelho no sol no atalho escondido no fio da faca e cristais sempre sem nenhum repouso algodão das nuvens buscar no chão cavar as águas E na correnteza brilha o pó deste ouro as palavras http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “As pessoas, as palavras”, Editora de Letras e Artes, 1976 – São Paulo/SP.
a maturidade chega com a maturidade aspecto a maturidade chega com a maturidade http://houdelier.com – Eunice Arruda - poema do livro “Os momentos”, Editora Nobel/Secretaria do Estado da Cultura, 1981 – São Paulo/SP.
sim há as horas de trégua Quando se afiam as facas observando - I sim há as horas de trégua Quando se afiam as facas http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “Os momentos”, Editora Nobel/Secretaria do Estado da Cultura, 1981 – São Paulo/SP.
o pior momento: o cego enxerga melhor que o guia observando - II o pior momento: o cego enxerga melhor que o guia http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “Os momentos”, Editora Nobel/Secretaria do Estado da Cultura, 1981 – São Paulo/SP.
um dia um dia eu morrerei de sol, de vida acumulada na convulsão das ruas morrerei e não podia: há poemas escorregando de meus dedos e um vinho não provado http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “Os momentos”, Editora Nobel/Secretaria do Estado da Cultura, 1981 – São Paulo/SP.
geografia estar em algum lugar sempre deixar o corpo posto sempre deixar o corpo posto em algum lugar porto onde voltar http://houdelier.com – Eunice Arruda - poema do livro “Os momentos”, Editora Nobel/Secretaria do Estado da Cultura, 1981 – São Paulo/SP.
enganos Uma luz me aproximo é escuridão Brilha agora em ouro Brilha agora em ouro o que ontem foi pó e não http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “Mudança de lua”, Scortecci Editora, 1986 – São Paulo – SP.
um visitante Quem escreve é um visitante Chega nas horas da noite Chega nas horas da noite e toma o lugar do sono Chega à mesa do almoço come a minha fome Escreve o que eu nem supunha Assina o meu nome http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “Mudança de lua”, Scortecci Editora, 1986 – São Paulo – SP.
notícias As crianças morrem Em piscinas lagoas no centro da cidade Em piscinas lagoas no centro da cidade O corte na testa barrigas inchadas costas afundadas As crianças elas também nos abandonam http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “Mudança de lua”, Scortecci Editora, 1986 – São Paulo – SP.
Às vezes volto Para ter companhia concessão Às vezes volto Para ter companhia http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “Mudança de lua”, Scortecci Editora, 1986 – São Paulo – SP.
O sol se põe Girassóis olham o chão paisagem O sol se põe Girassóis olham o chão http://houdelier.com – Eunice Arruda - poema do livro “Mudança de lua”, Scortecci Editora, 1986 – São Paulo – SP.
gabriel: Cuidando da imortalidade um poeta esquece a vida Come o pão Come o pão amanhã Cerzindo as roupas claras se veste de luto pela casa pobre cuidando: um poeta De sonhos é que é corrompido um dia será lido http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “Gabriel:”, Massao Ohno Editor, 1990 – São Paulo/SP.
Sulco fundo de arado A terra aberta ferida No entardecer vejo a vida gabriel: Sulco fundo de arado A terra aberta ferida No entardecer vejo a vida http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “Gabriel:”, Massao Ohno Editor, 1990 – São Paulo/SP.
gabriel: eu que vivi sem pátria entregue ao ócio ao sol em sonho em todos os lugares eu que vivi sem pátria que vivi somente com o gosto do vinho e o brilho as cores da Espanha e o luar eu que vivi sem pátria morro de raiz http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “Gabriel:”, Massao Ohno Editor, 1990 – São Paulo/SP.
Escrevo um livro Não virarei pó Palavra gabriel: Escrevo um livro Não virarei pó Palavra http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “Gabriel:”, Massao Ohno Editor, 1990 – São Paulo/SP.
Estreita é a porta que nos solta da vida e nos enxuga dos sonhos gabriel: Estreita é a porta que nos solta da vida e nos enxuga dos sonhos http://houdelier.com – Eunice Arruda - poema do livro “Gabriel:”, Massao Ohno Editor, 1990 – São Paulo/SP.
entendimento Tenho usado tanto este corpo É justo que eu o deixe É justo que eu o deixe que eu o deite Que o esqueçam http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “Risco”, Nankin Editorial, 1998 – São Paulo/SP Prêmio “Fernando Pessoa” da União Brasileira de Escritores, RJ/RJ.
engano afinal construímos prédios casas jardins rosas desabrocharam trêmulas, afinal fomos submissos às ocupações do dia às estações do ano à rotação da terra Pensávamos ser esta a nossa pátria http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “Risco”, Nankin Editorial, 1998 – São Paulo/SP Prêmio “Fernando Pessoa” da União Brasileira de Escritores, RJ/RJ.
tarefa cabe agora morrer o corpo dia a dia ir me desacostumando dia a dia ir me desacostumando do rosto que eu chamava meu http://houdelier.com – Eunice Arruda - poema do livro “Risco”, Nankin Editorial, 1998 – São Paulo/SP Prêmio “Fernando Pessoa” da União Brasileira de Escritores, RJ/RJ.
transformação Anjo dá guarda Eu estou atravessando Também me empresta Eu estou atravessando Também me empresta de tuas asas o vôo Que eu chegue a nenhum lugar http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “À beira”, Editora Blocos, 1999 – Rio de Janeiro/RJ.
Ser tão só nas ruas Sertão paisagem Ser tão só nas ruas Sertão http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “À beira”, Editora Blocos, 1999 – Rio de Janeiro/RJ.
o enforcado Ainda assim bebo o úmido da seiva estômago na boca – estômago na boca – mastigo o alimento da terra Pressentindo as raízes http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “À beira”, Editora Blocos, 1999 – Rio de Janeiro/RJ.
lua fria Lua fria irmã Sequer me espreitas Vejo-te pálida Vejo-te pálida protegida pela névoa lua minguada magoada irmã http://houdelier.com - Eunice Arruda - poema do livro “À beira”, Editora Blocos, 1999 – Rio de Janeiro/RJ.
Poupe-me o sonho louco: a permanência pedido Poupe-me o sonho louco: a permanência http://houdelier.com – Eunice Arruda - poema do livro “À beira”, Editora Blocos, 1999 – Rio de Janeiro/RJ.
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