Artigo de opinião.

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
. Amor I - Sabe, querida, quando você fala me faz lembrar o mar... - Puxa, amor. Não sabia que te impressiono tanto. - Não é que me impressione. É.
Advertisements

ESCALA DE ATITUDES DO AMOR
O SÁBIO Um homem, procurando um velho sábio no alto de uma montanha, encontrou um envelope escrito : “FUI AO CINEMA, VOLTO LOGO”
" Conquistar a felicidade "
Shakespeare Depois de algum tempo você percebe a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.
Frases....
Nós nos convencemos, que a vida ficará melhor, quando nós formos casados, tivermos um filho e, depois, mais um. Então nos frustramos, porque nossos filhos.
Aceite-me como eu sou! Uma história real.
Fábula do Rei e suas 4 Esposas clique com o mouse ou utilize o enter.
Eu acho que a gente vive tão mal, que às vezes a gente precisa perder as pessoas pra descobrir o valor que elas têm. Às vezes as pessoas precisam morrer.
O FLORICULTOR Apresentação e Montagem Luiz Carlos Peralva Música
PROJETO PEQUENOS LITERATOS
Na vida temos que ter atitude.
Fugas Paulo Roberto Gaefke.
APRENDA A GOSTAR DE VOCÊ.
SE VOCÊ RECEBESSE UM DE DEUS, ELE PODERIA SER ASSIM !!!
É EXATAMENTE 13:16.
ETERNIDADE ”DE MIM SÓ FICARÁ AQUILO QUE AQUI EU FIZER”
QUEM SOU EU ? NEALE DONALD WALSCH.
”Luis é o tipo de cara que você gostaria de conhecer”
EU DESISTO... por Thais Cadorim
VOCÊ É UM SUCESSO Zíbia Gasparetto.
MENSAGEM DE ESPERANÇA.
APREDENDO A ORAR.
-Tantra- Música: Songbird – Barbra Streisand.
Se você for mais novo, preste também porque um dia vai chegar lá.
Esta Animação foi Desenvolvida Exclusivamente para Você.
ESPERO QUE ESTA MENSAGEM
CASADOS...  .
Ética e Moral na formação dos filhos
Este dia conversava com um amigo e ele falou que tinha saudade de uma ex- namorada. Ele falou na saudade que tinha dela e ao mesmo tempo no medo de.
Coisas Esquecidas Letícia Thompson.
Eu acho que a gente vive tão mal, que às vezes a gente precisa perder as pessoas pra descobrir o valor que elas têm. Às vezes as pessoas precisam morrer.
Ame enquanto é tempo... PRESTE ATENÇÃO AO QUE VOCÊ VAI LER!!!
AGORA SÃO 14:10 HRS/MIN.
Livre arbítrio.
O Rei e suas 4 Esposas.
DEPOIS DE ALGUM TEMPO Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar.
Ah! O amor... Mario Quintana.
As coisas que aprendi....
AGORA SÃO 16:13 HRS/MIN.
Depois de algum tempo você percebe a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.
Nunca diga que algo é impossível...
A Marca de Amor.
VOCÊ É UM EVELHESCENTE??? Mário Prata Se você tem entre 45 e 65 anos, preste bastante atenção no que se segue. Se você for mais novo, preste também porque.
MENSAGEM DE ESPERANÇA Nunca diga que algo é impossível As coisas são, no máximo, improváveis Mas nunca impossíveis.
Autor desconhecido Formatado por Leonil
Frases Porretas Colaboração: Marcelo Fiolo P. de C. Ferreira.
Amadurecimento Mário Quintana.
QuintanaQuintanaQuintanaQuintana MárioMárioMárioMário Som Aprenda a gostar de você.
Por Onde Começar Letícia Thompson.
By Búzios Slides ORQUIDEAS & PENSAMENTOS Automático.
"AMOR UM SENTIMENTO OU SOMENTE AÇÃO"?
Aprendi que não importa o quanto você se dedique a
Luiz Fernando Veríssimo
Ah! O amor... Mario Quintana.
SÃO EXACTAMENTE 11:3611:3611:3611:3611:36 ORQUÍDEAS ORQUÍDEAS Música: Autumn Rose.
Fábula do Rei e suas 4 Esposas.
By Búzios Slides EU DESISTO Automático.
Não basta ser namorado By Silvana Duboc.
A GRANDE FAMÍLIA Prepare-se para lidar com a ansiedade que ronda a vida de todo mundo que vive – ou acompanha – a epopéia de um vestibular.
AME ENQUANTO TIVER OPORTUNIDADE....
Vale a pena dizer "eu gosto de você"
Era uma vez um homem que tinha uma floricultura e alguém que vivia entre as flores, só podia entender muito de amor. Verdade, ele entendia! Tinha histórias.
A VIDA E O AMOR François de Bittencourt Às vezes as pessoas que amamos nos magoam, e nada podemos fazer senão continuar nossa jornada com nosso coração.
Receita de um Sonhador.
Transcrição da apresentação:

Artigo de opinião

A fila anda Os tempos do abuso sentimental acabaram Quem me apresentou à expressão foi Fábio Júnior, o cantor. Ele tinha acabado um casamento relâmpago de artista e sua explicação chegou aos jornais com franqueza desconcertante: “A fila andou”. Por alguns segundos eu não entendi, depois fiquei passado. Como alguém diz uma grosseria dessas? E a consideração pela outra pessoa, não existe?  Isso faz tempo. Desde então, a expressão se banalizou. Toda mundo fala e todo mundo escreve. Só nos últimos dias, deparei com “a fila anda” na capa de uma revista e numa propaganda de perfume. A metáfora pegou e parece que vai ficar no nosso vocabulário e no nosso comportamento: as filas andam mesmo, de forma cada vez mais rápida. Ninguém quer ficar parado.

Antes de continuar, uma confissão: eu tenho dificuldade com esse tipo de andamento. Para mim a fila anda bem devagarzinho, quando anda. Às vezes fica parada por muitos anos, e é bom assim. Dá tempo de conversar, relaxar, ser feliz. Ficar sozinho, sem fila nenhuma, é meio aflitivo, mas acontece – e de vez em quando é necessário. Se você corre de uma fila para outra, ou fica preocupado em manter cheia a sua fila, acaba entediado ou perdido ou meio desesperado. Para mim não serve. Apesar disso, reconheço virtudes na ideia de que a fila anda.

A primeira é lembrar a mim, a você e a todo mundo que os tempos do abuso sentimental acabaram. Se você não tratar as pessoas direito, elas irão embora. É simples assim. Todos têm opções e contam com o amparo das leis e dos costumes para procurar o melhor para si mesmo. A oferta afetiva é enorme. Em toda parte há gente disponível e atraente, de todos os tipos e de todas as idades. Saber que a fila anda ajuda a prestar atenção na pessoa ao nosso lado. Quem gosta cuida, diz o clichê. Mais do que nunca ele está certo. 

Outra coisa positiva na expressão “a fila anda” é que ela nos põe de frente com um aspecto inevitável da realidade: a transitoriedade de boa parte das relações. A depender da nossa idade ou do meio em que a gente vive, a fila vai andar mesmo, o tempo todo, goste-se ou não. Faz parte. Quando a gente é adolescente, acha que o primeiro amor vai durar a vida toda. Não dura. O mesmo acontece na juventude. A gente se apaixona, se desapaixona, dispensa, é dispensado, sofre, faz sofrer. A fila anda da mesma forma que a vida anda – até que algo importante a faça parar. O que há de errado nisso? Nada. 

Mas há na nossa cultura sentimental um componente masoquista que não combina com a simplicidade da fila que anda. Temos a expectativa equivocada de que todas as emoções serão eternas. Quando as coisas acabam, nos despedaçamos. Em vez de olhar para frente e tentar recomeçar, nos achamos no direito de empacar, insistir, implorar, perseguir. Temos a vocação do melodrama. A dor inevitável das rupturas é ampliada pela sensação de injustiça. Nos achamos vítimas do outro, e há um prazer medonho em sentir-se assim.

Tem gente que acha isso natural, eu acho que é aprendido Tem gente que acha isso natural, eu acho que é aprendido. Acho que de alguma forma dizemos para as nossas crianças que amor é para sempre e que o fim de uma paixão equivale ao fim do mundo. As músicas dizem isso, as novelas sugerem isso. Há uma indústria cultural gigantesca que se alimenta da dor de cotovelo e da sensação de abandono. A troca de parceiros e a experimentação da juventude, que poderiam ser celebradas como bons momentos da vida, viram uma preparação angustiada para o compromisso, a busca apressada do verdadeiro amor, um breve período de promiscuidade que antecede a escolha definitiva.

Por trás da nossa atitude descolada, há expectativas que não são modernas nem liberais. Por isso nos apegamos a quem nos tiraniza (“ele me ama”) e desabamos quando a fila anda. Por isso queremos morrer. É claro que eu estou exagerando, mas não muito. Nossa breguice sentimental, que é o oposto da “fila anda”, leva a situações esdrúxulas. Outro dia presenciei um amigo de 26 anos consolando um cara da idade dele que falava em se matar por ter sido deixado pela namorada... Onde ele aprendeu esse tipo de comportamento? As pessoas não falam em se matar quando são reprovadas no vestibular ou demitidas de um emprego bacana, como acontece no Japão. Mas acham natural pensar essas bobagens depois de um pé na bunda. É isso que eu chamo de breguice - e não tem o menor cabimento.

(Ivan Martins escreve às quartas-feiras) Quando se considera isso tudo, não acho tão ruim dizer que “a fila anda”. A expressão pode denotar frieza e desrespeito pelos outros. Pode ser sinônimo de uma atitude egoísta e utilitária. Mas pode, também, sinalizar uma percepção saudável e corajosa das relações humanas. A fila anda, a gente avança, lá na frente descobre coisas melhores. Sempre de cabeça erguida. Melhor do que ficar choramingando, né? (Ivan Martins escreve às quartas-feiras) Disponível em:http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ivan-martins/noticia/2012/05/fila-anda.html >. Acesso em: 29 maio 2012.