FILOLOGIA PORTUGUESA III

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Transcrição da apresentação:

FILOLOGIA PORTUGUESA III Prof. Carlos Magno V. da Silva Email: carlosmagnovs@hotmail.com referente.

PLANO DE AULA UNIDADE III Constituição do léxico português Processos de formação de palavras A flexão dos nomes e dos verbos Mecanismos de flexão verbal Fatos devidos à analogia

Constituição do léxico português Em sua constituição histórica, a partir do séc. XIII, cerca de 80% do léxico da língua portuguesa era de origem latina. Depois foi incorporando de outras línguas ao longo do tempo. Vocábulos pré-romanos Vocábulos latinos Vocábulos pós-romanos (ou pós-latinos)

Vocábulos pré-romanos Substrato das línguas pré-românicas, antes da colonização romana na Península Ibérica: sarna, balsa, manteiga etc. Ibéricos: lousa, arroio, bezerro, cama, esquerdo etc.; Celtas: bico, brio, cabana, peça, etc.; Fenícios: mapa, saco, mata e nata; Gregos: bolsa, corda, calma, chato, caixa, homeopatia, fonema, filosofia etc., embora seja difícil determinar quando essas palavras incorporaram ao português antigo.

Os vocábulos de origem latina podem ser divididos em três grupos: Vocábulos latinos Os vocábulos de origem latina podem ser divididos em três grupos: a) Palavras populares: levadas pelos romanos à Península Ibérica e sofreram todas as transformações já conhecidas; b) Palavras semieruditas: provenientes do latim que entraram na língua portuguesa no início da fase literária, sofrendo, assim, menos alterações; c) Palavras eruditas: derivadas do latim usado pelos escritores, juristas, sacerdotes. Não sofreram alterações: arena > arena; clave > clave; lacuna > lacuna; auscultare > auscultar.

Vocábulos pós-romanos (ou pós-latinos) Pertencem a esse grupo as contribuições lexicais dos povos invasores da Península Ibérica após os romanos: Germânicos: canivete, norte, sul, leste, oeste, banco; Árabes: alecrim, alface, alcateia, assassino; Provençal: alegre, anel, trovador, balada; Francês: abajur, bijuteria, chofer, menu, restaurante, tricô; Espanhol: bolero, neblina, pandeiro, cavalheiro, façanha; Italiano: piano, camarim, aquarela, serenata, soneto, tenor; Inglês: computador, revólver, iate, uísque, sanduíche; Dentre outras

A contribuição brasileira para o léxico do Português Araci Guanabara Arara Abacaxi Arapuca catapora ELEMENTO INDÍGENA Bangu Exu Batuque Acarajé Camundongo Calombo cafuné ELEMENTO AFRICANO Colibri Cacique Cacau Gaúcho condor ELEMENTO DE OUTROS POVOS DA AMÉRICA

Processos de formação de palavras A Língua Portuguesa tem dois processos básicos de formação de palavras: a derivação e a composição. Tem também: o hibridismo, a onomatopeia, a abreviação vocabular e as siglas.

DERIVAÇÃO Usa palavras já existentes (primitivas) na língua para formar uma nova palavra (derivada): 1) POR PREFIXAÇÃO: i-moral, des-ligar, re-fazer, in-culto. 2) POR SUFIXAÇÃO: pedr-eiro, folh-agem, barb-ear 3) POR DERIVAÇÃO PARASSINTÉTICA (ou parassíntese): em-surd-ecer.

POR DERIVAÇÃO PARASSINTÉTICA (ou parassíntese) Não é possível suprimir nem o prefixo nem o sufixo, pois a palavra poderá ficar sem sentido: Ensurdecer – ensurde – surdecer ES-FAREL-AR Infelizmente – felizmente – infeliz DERIVAÇÃO POR SUFIXAL E PREFIXAL, MAS NÃO É PARASSÍNTESE

Forma substantivos deverbais. DERIVAÇÃO REGRESSIVA Quando trocamos a terminação de um verbo pelas desinências –a, -o ou –e. Forma substantivos deverbais. Crítica = critica – r Combate = combate-r Pesca = pesca- r Planta = planta-r Como saber se um substantivo é primitivo ou derivado? Se o substantivo denotar ação é derivado: crítica, debate, choro.

Lâmina, prego, âncora, azeite Laminar, pregar, ancorar, azeitar Derivação regressiva Pesca (substantivo) Pescar (verbo) Palavra derivada Palavra primitiva Planta (substantivo) Lâmina, prego, âncora, azeite Plantar (verbo) Laminar, pregar, ancorar, azeitar Palavras primitivas Palavras derivadas

Derivação imprópria Ocorre quando se muda a classes de uma palavra: Substantivo usado como adjetivo: criança capeta, funcionário fantasma, mulher gato. Adjetivo usado como advérbio: Falava baixo para que ninguém o ouvisse. Substantivo, adjetivo ou verbo usados como interjeição: Bico! Rua! Silêncio! Boa! Passa! Conjunção usada como substantivo: Não sei o porquê da minha existência.

Derivação imprópria Ocorre quando se muda a classes de uma palavra: Substantivo usado como adjetivo: criança capeta, funcionário fantasma, mulher gato. Adjetivo usado como advérbio: Falava baixo para que ninguém o ouvisse. Substantivo, adjetivo ou verbo usados como interjeição: Bico! Rua! Silêncio! Boa! Passa! Conjunção usada como substantivo: Não sei o porquê da minha existência.

Teoria Lexical

COMPOSIÇÃO POR JUSTAPOSIÇÃO Cria palavras a partir da combinação de duas ou mais palavras ou radicais já existentes. COMPOSIÇÃO POR JUSTAPOSIÇÃO: quando se juntam duas ou mais palavras e estas mantêm sua estrutura, não sofrem alteração. Beija-flor Amor-perfeito passatempo malmequer Girassol Guarda-chuva vaivém Porco-espinho

COMPOSIÇÃO POR AGLUTINAÇÃO Formação de palavras caracterizada por mudanças na estrutura fonética das palavras. Os dois radicais se unem, formando um todo fonético. Pontiagudo Ponta-i-agudo Aguardente Água + ardente Boquiaberto Boca + aberto Embora (em boa hora) Fidalgo Filho+de+algo Pernilongo Perna+longo

ONOMATOPEIA Palavras criadas para se reproduzir ou imitar um som com um fonema ou palavra: chirriar (coruja), miar,mugir, rugir.

ABREVIAÇÃO VOCABULAR Redução de algumas palavras até limites que não prejudiquem o entendimento entre os interlocutores.

ABREVIAÇÃO VOCABULAR

ABREVIAÇÃO VOCABULAR

Um tipo especial de redução, que traz agilidade aos interlocutores. SIGLAS Um tipo especial de redução, que traz agilidade aos interlocutores. Depois de criada, pode formar palavras derivadas: petista, peemedebista. Costumava-se colocar pontos entre as letras que compõe a sigla e também no final (O.N.U.). Contudo, atualmente, eles são desnecessários! Cada sigla tem um gênero e para saber se feminino ou masculino, observe a primeira palavra! Dessa forma, dizemos o CEP, a EMBRATEL, a FIFA, o SENAC, etc.

SIGLAS Diferença entre sigla e abreviatura; a abreviatura também é um tipo de abreviação que se diferencia da sigla por considerar um segmento da palavra enquanto que esta última considera as iniciais. Por uma questão fonológica, algumas siglas permaneceram na ordem da língua de origem, como: AIDS (acquired immunodeficience syndrome); CD (compact disc); DNA (d(eoxyribo)n(ucleic) a(cid)), etc. Há ainda aquelas que coincidentemente ficam na mesma posição tanto em português quanto em inglês, como é o caso de: ONU (Organization of the United Nations ou Organizações das Nações Unidas).

SIGLAS CEP – Código de Endereçamento Postal DETRAN – Departamento Estadual de Trânsito EMBRATEL – Empresa Brasileira de Telecomunicações FIFA – Federação Internacional das Associações de Futebol FUNAI – Fundação Nacional do Índio FUVEST – Fundação Universitária para o Vestibular IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBOPE – Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística IGPM – Índice Geral de Preços do Mercado IOF – Imposto sobre Operações de Crédito INSS – Instituto Nacional de Segurança Social IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados IR – Imposto de Renda ISV – Imposto sobre veículo ONU – Organização das Nações Unidas PIS – Programa de Integração Social PASEP - Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SPC – Serviço de Proteção ao Crédito UNESCO – Organização Educacional, Científica e Cultural das Nações Unidas.

HIBRIDISMO Proveniente da união de morfemas de idiomas diferentes: Televisão: (tele [grego] + visão [latim]) Surfista: (surf [inglês] + ista [grego]) Automóvel: (auto [grego] + móvel [latim])

O estrangeirismo é chamado de barbarismo. ESTRANGEIRISMOS Fenômeno linguístico que consiste no uso “emprestado” de uma palavra, expressão ou construção frasal estrangeira, em substituição de um termo na língua nativa. O estrangeirismo é chamado de barbarismo. Okay, brother, croissant, designer, jeans, link, cappuccino, yes, show, site, pizza, hot dog, reveillon, stop, pink.

A FLEXÃO DOS NOMES E DOS VERBOS O LATIM VULGAR reduziu os casos latinos para praticamente só um: o acusativo. O acusativo tornou o caso LEXICOGÊNICO: o caso gerador do léxico do português. As cinco declinações reduziram-se em três: a primeira (a), a segunda (o) e a terceira (e). DESINÊNCIAS DO CASO ACUSATIVO SINGULAR PLURAL 1ª declinação -a (m) -as 2ª declinação -u (m) > o -os 3ª declinação -e (m) -es

O desaparecimento do neutro No antigo indo-europeu os seres assexuados pertenciam ao gênero neutro. No latim, coisas também podiam ser consideradas femininas ou masculinas: fatus em lugar de fatum, caelus > caelum. Isso levou ao desaparecimento do neutro. Em relação a gênero é importante diferenciar gênero de sexo: Gênero: noção gramatical atribuída aos nomes Sexo: nome reservado aos seres sexuados

REDUÇÃO DAS CONJUGAÇÕES Latim Clássico possuía 4 conjugações: -ar, ére, -ere, -ire (amare, habére, légere, sentire). No Português restaram apenas 3: -ar, -er, -ir (amar, vender, partir).

Presente do Indicativo TEMPOS VERBAIS A conjugação latina se conservou no português: Presente do Indicativo LATIM PORTUGUÊS 1ª Conjugação Amo amas Amat Amamus Amatis Amant Amas Ama Amamos Amais amam

FLEXÃO VERBAL O verbo possui duas partes: Invariável: tema, radical + vogal temática Variável: desinências: tempo, modo, pessoa e número. V = T (Rd) + VT) + SF (DMT + DNP) GOST A R Rd VT DMT TEMA FLEXÃO

MECANISMOS DE FLEXÃO VERBAL Tempo verbal: refere-se ao momento da ocorrência do processo, visto do momento da comunicação. Modo verbal: refere-se ao julgamento implícito do falante a respeito da natureza, subjetiva ou não, da comunicação que faz. Há três modos temporais: indicativo, subjuntivo e imperativo.

FATOS DEVIDOS À ANALOGIA Analogia é o princípio pelo qual a linguagem tende a uniformizar-se, reduzindo as formas irregulares e menos frequente a outras regulares: Eu vendi, eu bebi, eu venci. Ele vendeu, ele bebeu, ele venceu. Uma criança diz: eu fazi, eu dizi, eu trazi / ele fazeu, ele dizeu, ele trazeu. Muitas transformações no português ocorreram em decorrência desse fenômeno da analogia.

Referências HELLMANN, Waldir L.; MASCARELLO, Lidiomar J. Filologia Portuguesa. Indaial: Uniasselvi, 2011.