Era tarde da noite quando o taxista recebeu o chamado. Dirigiu-se para a rua e o número indicados. Tratava-se de um prédio rústico com uma única luz acesa no andar térreo. Ele pensou logo em buzinar, mas pensou também, que alguém que chamasse um táxi tão tarde da noite poderia estar com alguma dificuldade; por isso, saiu do carro, caminhou até a porta do apartamento no andar térreo e tocou a campainha. Ele ouviu som, como de algo sendo arrastado, depois ouviu uma voz débil dizer: “Estou indo, um momento, por favor.” Uma senhora idosa, pequena, franzina, usando um vestido estampado, abriu a porta. Equilibrava-se com uma das mãos apoiada numa bengala, na outra mão segurava uma valise. Ele dirigiu o olhar para dentro do aposento e percebeu, ao fundo, que todos os móveis naquele cômodo estavam cobertos com lençóis. - Pode me ajudar com a mala? Disse a senhora. Dilucas21

Era tarde da noite quando o taxista recebeu o chamado. Dirigiu-se para a rua e o número indicados. Tratava-se de um prédio rústico com uma única luz acesa no andar térreo. Ele pensou logo em buzinar, mas pensou também, que alguém que chamasse um táxi tão tarde da noite poderia estar com alguma dificuldade; por isso, saiu do carro, caminhou até a porta do apartamento no andar térreo e tocou a campainha. Ele ouviu som, como de algo sendo arrastado, depois ouviu uma voz débil dizer: “Estou indo, um momento, por favor.” Uma senhora idosa, pequena, franzina, usando um vestido estampado, abriu a porta. Equilibrava-se com uma das mãos apoiada numa bengala, na outra mão segurava uma valise. Ele dirigiu o olhar para dentro do aposento e percebeu, ao fundo, que todos os móveis naquele cômodo estavam cobertos com lençóis. - Pode me ajudar com a mala? Disse a senhora. Ele apanhou a mala e ajudou a passageira a entrar no táxi. Já dentro do carro ela forneceu o endereço para onde desejava ser levada e fez um pedido: - Podemos ir pelo centro da cidade? - Mas o caminho que a senhora sugere é o mais longo! Observou o taxista. - Não tem importância, ela respondeu resoluta. Não tenho pressa. Desejo olhar a cidade pela última vez. Estou indo para um asilo porque não tenho mais família, e o médico me disse que morrerei em breve. O taxista, que já começava a dar partida no automóvel, desligou o taxímetro sutilmente. Virou-se para trás e com o olhar fixo nos olhos de sua passageira sentada no banco traseiro, perguntou: - Aonde mesmo a senhora gostaria de ir? E ele levou-a até um prédio na área central da cidade. Dilucas21

Ele apanhou a mala e ajudou a passageira a entrar no táxi. Já dentro do carro ela forneceu o endereço para onde desejava ser levada e fez um pedido: - Podemos ir pelo centro da cidade? - Mas o caminho que a senhora sugere é o mais longo! Observou o taxista. - Não tem importância, ela respondeu resoluta. Não tenho pressa. Desejo olhar a cidade pela última vez. Estou indo para um asilo porque não tenho mais família, e o médico me disse que morrerei em breve. O taxista, que já começava a dar partida no automóvel, desligou o taxímetro sutilmente. Virou-se para trás e com o olhar fixo nos olhos de sua passageira sentada no banco traseiro, perguntou: - Aonde mesmo a senhora gostaria de ir? E ele levou-a até um prédio na área central da cidade. Aquele era o edifício onde ela fora ascensorista quando ainda mocinha. Depois foram a um bairro adjacente onde ela morou quando recém-casada com seu falecido marido. Ela apontou, mais adiante, o clube onde dançou com seu amor muitas vezes. Vez por outra ela pedia que ele fosse mais devagar ou que parasse em frente de algum local, cujo interesse, estava restrito a alguma de suas reminiscências. Ela parecia olhar na escuridão, no vazio. Olhava e suspirava. Assim as horas se passaram até que ela manifestou cansaço. - Por favor, agora estou pronta, vamos para o asilo. Era uma casa cercada de arvoredo, e apesar do horário, ela foi recepcionada de modo muito cordial por dois atendentes. Passado alguns minutos, já numa cadeira de rodas, ela despediu-se do taxista. - Quanto lhe devo? Dilucas21

Aquele era o edifício onde ela fora ascensorista quando ainda mocinha. Depois foram a um bairro adjacente onde ela morou quando recém-casada com seu falecido marido. Ela apontou, mais adiante, o clube onde dançou com seu amor muitas vezes. Vez por outra ela pedia que ele fosse mais devagar ou que parasse em frente de algum local, cujo interesse, estava restrito a alguma de suas reminiscências. Ela parecia olhar na escuridão, no vazio. Olhava e suspirava. Assim as horas se passaram até que ela manifestou cansaço. - Por favor, agora estou pronta, vamos para o asilo. Era uma casa cercada de arvoredo, e apesar do horário, ela foi recepcionada de modo muito cordial por dois atendentes. Passado alguns minutos, já numa cadeira de rodas, ela despediu-se do taxista. - Quanto lhe devo? - Nada, disse ele, é uma cortesia. - Você tem que ganhar a vida, meu rapaz! - Há outros passageiros, ele respondeu. E, sensibilizado, inclinou-se e envolveu-a num abraço afetuoso. Ela retribuiu com um beijo e algumas palavras de gratidão. - Você deu a esta velhinha um grande presente. Deus o abençoe. O taxista resolveu não mais trabalhar naquela madrugada. Ficou a cismar: “E se eu tivesse, como muitos, apenas tocado a buzina uma ou duas vezes e partido? E se eu tivesse recusado a corrida pelo adiantado da hora? E se eu tivesse encerrado o turno antecipadamente para chegar mais cedo em casa?” Dilucas21

- Nada, disse ele, é uma cortesia. - Você tem que ganhar a vida, meu rapaz! - Há outros passageiros, ele respondeu. E, sensibilizado, inclinou-se e envolveu-a num abraço afetuoso. Ela retribuiu com um beijo e algumas palavras de gratidão. - Você deu a esta velhinha um grande presente. Deus o abençoe. O taxista resolveu não mais trabalhar naquela madrugada. Ficou a cismar: “E se eu tivesse, como muitos, apenas tocado a buzina uma ou duas vezes e partido? E se eu tivesse recusado a corrida pelo adiantado da hora? E se eu tivesse encerrado o turno antecipadamente para chegar mais cedo em casa?” Deu-se conta da riqueza que é ser gentil, dedicar-se a alguém. Dois dias se passaram e ele retornou à casa de repouso. Desejava saber como estava a sua passageira. Ficou sabendo que ela faleceu na noite anterior. Por vezes, pensamos que grandes momentos são motivados por grandes feitos. Contudo, existem coisas mínimas que representam muito para uma vida. O importante é estar atento a fim de não se perder ricas oportunidades de se dar felicidade a alguém. Mesmo que seja um simples passeio pela cidade, uma ida ao cinema, uma volta pelo jardim, um bate-papo no final de tarde, atender um telefonema na calada da noite. Pense nisso! E esteja atento para as coisa mínimas, os gestos quase insignificantes. Eles podem representar, para alguém, toda a felicidade do mundo. Dilucas21

Deu-se conta da riqueza que é ser gentil, dedicar-se a alguém. Dois dias se passaram e ele retornou à casa de repouso. Desejava saber como estava a sua passageira. Ficou sabendo que ela faleceu na noite anterior. Por vezes, pensamos que grandes momentos são motivados por grandes feitos. Contudo, existem coisas mínimas que representam muito para uma vida. O importante é estar atento a fim de não se perder ricas oportunidades de se dar felicidade a alguém. Mesmo que seja um simples passeio pela cidade, uma ida ao cinema, uma volta pelo jardim, um bate-papo no final de tarde, atender um telefonema na calada da noite. Pense nisso! E esteja atento para as coisa mínimas, os gestos quase insignificantes. Eles podem representar, para alguém, toda a felicidade do mundo. Dilucas21 Que você tenha um dia ótimo!

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