O ABASTECIMENTO D’ÁGUA DA CAPITAL PARAIBANA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA - PPGEU O ABASTECIMENTO D’ÁGUA DA CAPITAL PARAIBANA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Helena de Cássia Nogueira Msc. Engenharia Urbana João Pessoa, PB Março de 2010
O ABASTECIMENTO D’ÁGUA DA CAPITAL PARAIBANA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA INTRODUÇÃO Intensas modificações na configuração das cidades ocorreram nos séculos XIX e XX para incorporar a nova realidade urbano-industrial. O crescimento populacional do período determinou diversas ações com o objetivo de resolver o problema da insalubridade urbana: alterações na paisagem natural, alargamento de vias, demolições de edificações, implantação de infra-estruturas e criação de planos urbanísticos. Helena de Cássia Nogueira Março de 2010
ABASTECIMENTO D’ÁGUA Helena de Cássia Nogueira Março de 2010 O ABASTECIMENTO D’ÁGUA DA CAPITAL PARAIBANA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA ABASTECIMENTO D’ÁGUA Helena de Cássia Nogueira Março de 2010
O ABASTECIMENTO D’ÁGUA DA CAPITAL PARAIBANA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA 1848 - Recife é a primeira capital provincial a ter água encanada (abastecendo chafarizes); o serviço já existia na Corte 1860 - Lei provincial autoriza governo paraibano a criar companhia para fornecer água encanada à cidade da Parahyba 1878 - Rio de Janeiro ganha rede de distribuição domiciliar de água 1885 - Recife ganha rede de distribuição domiciliar de água 1890 - 31 cidades brasileiras dispõem de água encanada 1895 - É contratado o fornecimento de água encanada à capital paraibana (o contrato não seria cumprido) 1900 - 57 cidades brasileiras dispõem de água encanada (só três capitais não contam com o serviço: Parahyba, Fortaleza e Florianópolis) Helena de Cássia Nogueira Março de 2010
O ABASTECIMENTO D’ÁGUA DA CAPITAL PARAIBANA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Cronologia da criação do abastecimento d’água da capital paraibana 1906 - Presidente Álvaro Machado pede projeto do sistema a Miguel Rapôso 1907 - Rapôso apresenta projeto ao novo presidente, Mons. Walfredo Leal - Governo compre terras onde se situam os mananciais a serem utilizados conforme o projeto de Rapôso 1908 - Mons. Walfredo Leal abre concorrência para implantação e operação do sistema projetado por Rapôso 1909 - Insatisfeito com propostas recebidas, o novo presidente, João Machado, decide que o Estado executará o projeto de Rapôso - Começa a execução do projeto de Rapôso 1912 - Inaugurado o sistema de abastecimento d’água da capital paraibana Helena de Cássia Nogueira Março de 2010
O PROJETO DE MIGUEL RAPOSO O ABASTECIMENTO D’ÁGUA DA CAPITAL PARAIBANA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA O PROJETO DE MIGUEL RAPOSO Consistia na captação de águas subterrâneas sob o rio Jaguaribe, através de poços localizados na sua margem esquerda USINA HIDRÁULICA TORRE HIDRÁULICA ÁGUA CAPTADA DISTRIBUIÇÃO Características dos poços Diâmetro entre 4m e 5 m Profundidade entre 6,40m e 9,20m Altura d’água entre 5,4m e 7,8m Capacidade de fornecimento de água entre 2,5 l/s e 4 l/s Helena de Cássia Nogueira Março de 2010
O ABASTECIMENTO D’ÁGUA DA CAPITAL PARAIBANA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Usina hidráulica Casa de máquinas (cota 7,5m) : 2 bombas Worthington e 2 caldeiras Babcock & Wilcox (alimentadas a lenha) Oficinas, escritório e casas do administrador e operários Helena de Cássia Nogueira Março de 2010
Adutora Reservatório Extensão: 2.820m Diâmetro: 10” O ABASTECIMENTO D’ÁGUA DA CAPITAL PARAIBANA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Adutora Extensão: 2.820m Diâmetro: 10” Material: aço Manesmann Cota inicial: 7,50m Cota final: 50m 1.700m Reservatório Capacidade: 116m3 Cota do terreno: 50m Cota do fundo: 6m Cota do topo: 9,50m Material: aço galvanizado Helena de Cássia Nogueira Março de 2010
A solução possibilitou economizar quase 700m de tubulação da adutora. O ABASTECIMENTO D’ÁGUA DA CAPITAL PARAIBANA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA O projeto acarretou a abertura de uma avenida de 22m de largura e 1.350m de extensão, para permitir a passagem da adutora. Essa avenida permitiu a ligação de quatro importantes vias: estradas do Macaco e do Jaguaribe e ruas da Palmeira e das Trincheiras. A solução possibilitou economizar quase 700m de tubulação da adutora. Helena de Cássia Nogueira Março de 2010
PRINCIPAIS DEFICIÊNCIAS DO PROJETO O ABASTECIMENTO D’ÁGUA DA CAPITAL PARAIBANA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Rede de distribuição Disposição: em malha Material: aço Manesmann Diâmetros dos tubos: entre 2” e 10” PRINCIPAIS DEFICIÊNCIAS DO PROJETO Reservatório muito pequeno Tubos de aço que “sujavam” a água e sofriam corrosão Sucção pouco eficiente (diretamente de cada poço) Volume de água ofertado muito pequeno (300m3-400m3) Helena de Cássia Nogueira Março de 2010
O ABASTECIMENTO D’ÁGUA DA CAPITAL PARAIBANA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA 1912 - 1923 Como a rede domiciliar era muito pequena ao ser inaugurada, foi necessário implantar 13 chafarizes. Em 1915, havia bem menos de 1.000 penas d’água residenciais, num total de moradias da ordem de 3.000 unidades Em 1916, o governo encarregou Miguel Rapôso de projetar novo reservatório com maior capacidade (não executado) Em 1916- 20, foram acrescentadas à casa de máquinas mais uma bomba e uma caldeira Em 1922, o governo adquiriu propriedade adjacente à área dos mananciais para protegê-los O aumento da demanda (1.600 penas d’água em 1924) tornou o sistema ‘intermitente e deficiente’, exigindo a sua ampliação – que foi entregue ao engenheiro Saturnino de Brito. Helena de Cássia Nogueira Março de 2010
O PROJETO DE AMPLIAÇÃO DE SATURNINO DE BRITO O ABASTECIMENTO D’ÁGUA DA CAPITAL PARAIBANA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA O PROJETO DE AMPLIAÇÃO DE SATURNINO DE BRITO Manteve a forma de captação mas acrescentou melhorias ao sistema POÇO DE REUNIÃO CASA DE MÁQUINAS CAPTAÇÃO RESERVA- TÓRIOS DISTRIBUIÇÃO Captação Construção de três novos poços de captação e de um poço de reunião Introdução de drenos de manilhas para aumentar a produção A produção diária de água aumentou para 6.000m3 Aspiração Construção de nova casa de máquinas Toda a água seria aspirada do poço de reunião Previsão de instalação de bombas elétricas Adução Criação de uma segunda linha adutora Helena de Cássia Nogueira Março de 2010
Armazenagem Rede de distribuição O ABASTECIMENTO D’ÁGUA DA CAPITAL PARAIBANA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Armazenagem Criação de um reservatório enterrado, R.2, com 1.000m3 de capacidade, para abastecer a Cidade Baixa Criação de outro reservatório enterrado, R.3 (1.000m3) para alimentar o pequeno reservatório existente, R.1, através de bomba automática Criação de caixa elevada na periferia da Cidade Alta para abastecer esta e o R.1 Rede de distribuição Acréscimo de 23 km de condutos em ferro fundido Sua extensão total chegou a quase 40 km Canos deteriorados, em aço, da rede existente seriam gradualmente trocados por tubos de ferro fundido Consumo passaria a ser medido por hidrômetros e todos os consumidores deveriam pagar pela água consumida Projeto abasteceria 32.000 habitantes e 5.000 moradias, com um volume diário total de água de 5.000m3 Helena de Cássia Nogueira Março de 2010
Rede de distribuição do projeto de Saturnino de Brito O ABASTECIMENTO D’ÁGUA DA CAPITAL PARAIBANA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Rede de distribuição do projeto de Saturnino de Brito Helena de Cássia Nogueira Março de 2010
Helena de Cássia Nogueira Março de 2010 O ABASTECIMENTO D’ÁGUA DA CAPITAL PARAIBANA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Helena de Cássia Nogueira Março de 2010
Helena de Cássia Nogueira Março de 2010 O ABASTECIMENTO D’ÁGUA DA CAPITAL PARAIBANA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Helena de Cássia Nogueira Março de 2010
Em 1929, a água escasseou por captação insuficiente e por desperdício O ABASTECIMENTO D’ÁGUA DA CAPITAL PARAIBANA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Em 1929, a água escasseou por captação insuficiente e por desperdício nas torneiras e na tubulação corroída Em 1929-30, o presidente João Pessoa construiu cinco novos poços, começou a trocar os canos corroídos por tubos de ferro fundido (2,8 km) e exigiu o uso de hidrômetro (80% das penas d’água já o possuíam em 1930) Em 1932-35, o interventor Gratuliano Brito construiu três novos poços, trocou 1,2 km de canos corroídos e aumentou a rede de distribuição em 1,6 km “À cidade assegurou-se um fornecimento d’agua bastante e sem intermitências” “...entretanto [...] a vultosa quantidade de habitações nos bairros pobres não se póde abastecer senão pelos chafarizes ou fontes estranhas ao serviço.” Gratuliano Brito, 1935 Helena de Cássia Nogueira Março de 2010
ALGUNS DADOS NUMÉRICOS SOBRE O SERVIÇO O ABASTECIMENTO D’ÁGUA DA CAPITAL PARAIBANA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA ALGUNS DADOS NUMÉRICOS SOBRE O SERVIÇO Evolução do número de penas d’água 1918 1.102 1924 1.600 1930 2.280 1932 2.790 1934 3.227 1938 4.500 Evolução do número de chafarizes 1915: 13 chafarizes 1938: 21 chafarizes Evolução da capacidade de armazenagem 1915: 116m3 1938: 2.200m3 Percentual dos logradouros com água encanada em 1938: 44% Percentual dos logradouros com água encanada no conjunto das capitais estaduais brasileiras: 55% Helena de Cássia Nogueira Março de 2010
Sistema de eletrificação O ABASTECIMENTO D’ÁGUA DA CAPITAL PARAIBANA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA CONSIDERAÇÕES FINAIS Sistema de eletrificação Funcionou precariamente até sua estatização em 1933 Abastecimento d’água Projeto de Miguel Rapôso: inspirado no sistema do Recife (anos 1880), mostrou-se cedo insuficiente Projeto de Saturnino de Brito: elevou o desempenho do sistema a padrões adequados para a época Esgotamento sanitário Solução considerada por Saturnino de Brito como modelar para cidades de topografia acidentada Helena de Cássia Nogueira Março de 2010
Área urbana da cidade de João Pessoa em 1938 O ABASTECIMENTO D’ÁGUA DA CAPITAL PARAIBANA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Área urbana da cidade de João Pessoa em 1938 População estimada: 29.000 habitantes Número estimado de moradias: 5.500 Habitações servidas por eletricidade: 3.600 Habitações servidas por água encanada: 4.500 Habitações servidas por esgotos: 2.877 Nas áreas suburbanas havia cerca de 38.000 habitantes e perto de 7.000 mocambos O desafio de superar o atraso fora vencido. Em fins dos anos 30, João Pessoa dispunha de serviços de eletricidade, água encanada e esgotos funcionando satisfatoriamente. “A Paraíba, com água, esgoto, luz elétrica, já parecia uma cidade.” Celso Mariz, 1939 Helena de Cássia Nogueira Março de 2010