CORA CORALINA.

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Transcrição da apresentação:

CORA CORALINA

Ana Lins do Guimarães Peixoto Bretas: 20/08/1889 - 10/04/1985 Cora Coralina é a poeta mais importante do estado de Goiás. Começou a escrever poesia com apenas 14 anos. Em 1908, com apenas 19 anos, com mais duas amigas lançaram o jornal de poemas femininos “A Rosa”. Uma ousadia para a época na qual as mulheres não tinham voz nem direito à expressão.

Cora Coralina fez do cotidiano o seu grande tema Cora Coralina fez do cotidiano o seu grande tema. Os tachos de doce caseiro (ela era doceira por profissão), as agruras e doçuras da vida, o encanto e o desencanto dos dias rotineiros. Cora olhava tudo com a argúcia e sensibilidade poética. Sabendo que a nossa visão de mundo é condicionada pela linguagem, ou seja, nós vemos aquilo que os nossa estrutura linguística nos permite ver, podemos compreender a expressividade /profundidade da poesia de Cora: os limites do seu mundo eram estreitos, mas sua imaginação poética não tinha fronteiras.

A vida tem duas faces: Positiva e negativa O passado foi duro mas deixou o seu legado Saber viver é a grande sabedoria Que eu possa dignificar Minha condição de mulher, Aceitar suas limitações E me fazer pedra de segurança dos valores que vão desmoronando. Nasci em tempos rudes Aceitei contradições lutas e pedras como lições de vida e delas me sirvo Aprendi a viver.

Os versos: “Aceitei contradições/lutas e pedras/ como lições de vida” trazem uma delicada mensagem através do anagrama PEDRA – PERDA, que alcança seu completo sentido quando a poeta finaliza o poema com o verso: “Aprendi a viver”. Então, o que observamos da poesia de Cora Coralina, é que a autora sabia empregar a instrumentalidade da linguagem para dizer-se e dizer o seu mundo – exterior e interior. Faço questão de destacar isso, pois muitos teóricos colocam sua poesia numa categoria simplista, o que é falso.

É falsa a ideia de que, se falamos sobre coisas supostamente simples, nossos recursos também são simplórios. É certo que Cora não conhecia teoria literária, mas sua poesia emerge do mais íntimo do seu ser, onde morava “uma Cora” que ela mesma não conhecia: uma mulher que aceitou o desafio de desvendar, para si mesma, a mágica do inconsciente, que não fugiu, apavorada, dos espelhos da própria alma. Sobre essa “viagem”, o grande poeta mexicano, Octavio Paz, afirma:

“Todos os dias atravessamos a mesma rua, ou o mesmo jardim “Todos os dias atravessamos a mesma rua, ou o mesmo jardim. Todas as tardes os nossos olhos batem no mesmo muro [...]. De repente, num dia qualquer, a rua dá para um outro muro, o jardim acaba de nascer, o muro fatigado se cobre de signos. [...] Isso que estamos vendo pela primeira vez, já tínhamos visto antes. Parece que nos recordamos e desejamos voltar para lá: para esse lugar onde as coisas são sempre assim, banhadas por uma luz antiquíssima e, ao mesmo tempo, acabada de nascer. Um sopro nos golpeia a fronte. Estamos encantados.” Estar encantado é a única possibilidade do fazer poético.

Justamente, esse “encantar-se” transborda da poesia e da prosa poética de Cora: “O saber se aprende com os mestres. A sabedoria, só com o corriqueiro da vida”. Cora encantava-se com o corriqueiro da vida, via além das banalidades da rotina, via “dentro” das coisas e para falar delas empregava a palavra: uma ferramenta simultaneamente afetiva e intelectual, que contém uma ideia e uma emoção.

HUMILDADE Dai, Senhor, que minha humildade  seja como a chuva desejada  caindo mansa,  longa noite escura  numa terra sedenta  e num telhado velho.  Que eu possa agradecer a Vós,  minha cama estreita,  minhas coisinhas pobres,  minha casa de chão,  pedras e tábuas remontadas.  E ter sempre um feixe de lenha  debaixo do meu fogão de taipa,  e acender, eu mesma,  o fogo alegre da minha casa  na manhã de um novo dia que começa.” Senhor, fazei com que eu aceite  minha pobreza tal como sempre foi.  Que não sinta o que não tenho.  Não lamente o que podia ter  e se perdeu por caminhos errados  e nunca mais voltou. 

O poema que lemos diz muito da forma como Cora escrevia: sem pretensões linguísticas e filosóficas, mas com a uma meta muito clara: “Nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas”. Tocar o coração das pessoas foi, para Cora, o grande motivo de sua poesia. O poema era uma continuação do seu corpo, que se esfalfava em tarefas domésticas, que embalava os seis filhos, que mexia os doces no fogão de lenha.

Aninha e suas pedras Não te deixes destruir... Ajuntando novas pedras e construindo novos poemas. Recria tua vida, sempre, sempre. Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça. Faz de tua vida mesquinha um poema. E viverás no coração dos jovens e na memória das gerações que hão de vir. Esta fonte é para uso de todos os sedentos. Toma a tua parte. Vem a estas páginas e não entraves seu uso aos que têm sede.

Ajuntei todas as pedras que vieram sobre mim. Das pedras Ajuntei todas as pedras  que vieram sobre mim. [...] Tudo de pedra.  Entre pedras  cresceu a minha poesia.  Minha vida...  Quebrando pedras  e plantando flores.  Entre pedras que me esmagavam  Levantei a pedra rude  dos meus versos.

Aos cinquenta anos, como ela mesma contou, perdeu completamente o medo Aos cinquenta anos, como ela mesma contou, perdeu completamente o medo. Foi quando decidiu ser chamada apenas pelo pseudônimo “Cora Coralina”. Tornou-se, então, senhora de poderosas palavras. Sua pouca escolaridade implicava num pequeno grau de conhecimento da gramática, por isso, sua poesia priorizava a mensagem e não o jogo linguístico, a forma. Daí a intensidade emocional de sua poética: Cora desejava tocar o íntimo do seu leitor e não o seu intelecto.

Seu primeiro livro foi publicado quando ela já estava com 75 anos Seu primeiro livro foi publicado quando ela já estava com 75 anos. A crítica de Drummond de Andrade contribuiu para torná-la conhecida nacional e internacionalmente. Em 1983, aos 94 anos, foi contemplada com o Prêmio Juca Pato, consagrando-a como a intelectual do ano. Quando faleceu, aos 95 anos, sua poesia já se inscrevera nos Brasis que ela tanto amou.

A gleba me transfigura Em mim a planta renasce e floresce, sementeia e sobrevive. Sou a espiga e o grão fecundo que retorna à terra. Minha pena é enxada do plantador, é o arado que vai sulcando. Para a colheita das gerações. Eu sou o velho paiol e a velha tulha roceira. Eu sou a terra milenária, eu venho de milênios Eu sou a mulher mais antiga do mundo, plantada  e fecundada no ventre escuro da terra.  Sinto que sou abelha no seu artesanato. Meus versos tem cheiro de mato, dos bois e dos currais. Eu vivo no terreiro dos sítios e das fazendas primitivas. (...) Minha identificação profunda e amorosa com a terra e com os que nela trabalham. A gleba me transfigura. 

Cora, a menina pobre e sem estudos, que fugiu de Goiás com um homem casado, com o qual teve seis filhos e viveu mais de 40 anos, conseguiu, apesar de ser mulher, idosa, integrante das classes populares, quase sem estudo e geograficamente isolada dos grandes centros de cultura (eixo São Paulo-Rio), conseguiu, sim, inserir-se no campo literário brasileiro. Hoje, todos ouvimos sua voz: “Feliz aquele que transfere o que sabe, e aprende o que ensina.”

“Procuro esperar, todos os dias, minha própria personalidade renovada, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto”

Cora foi a primeira mulher brasileira a receber o Prêmio Juca Pato Cora foi a primeira mulher brasileira a receber o Prêmio Juca Pato. Também recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Goiás. Justiça poética, pois nunca sentou nos bancos de qualquer universidade. “O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher.”

“Recria tua vida, sempre, sempre “Recria tua vida, sempre, sempre. Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.” "Desistir... Eu já pensei seriamente nisso, mas nunca me levei realmente a sério; é que tem mais chão nos meus olhos do que o cansaço nas minhas pernas, mais esperança nos meus passos, do que tristeza nos meus ombros, mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça."

MINHA CIDADE Eu sou a dureza desses morros Revirados, Enflorados, Lascados a machado, Lanhados, lacerados. Queimados pelo fogo. Pastados, Calcinados, Renascidos. Minha vida, Meus sentidos, Minha estética, Todas as vibrações De minha sensibilidade De mulher Tem, aqui, suas raízes. Eu sou a menina feia Da ponte da Lapa. Eu sou Aninha.