PESCA EM ÁGUAS PROFUNDAS V O COMPORTAMENTO RELIGIOSO

Geralmente durante as proclamações da Palavra os ouvintes ficam sentados, raros levantam-se, os que estão em pé em pé ficam. Procuro não interferir nesse comportamento, afinal ali estou como um intruso, não convidado. Aconteceu que, certa manhã, fiz duas proclamações no posto do Promorar. Uma em cada corredor, que ficam um confronte ao outro, lateralmente.

Na primeira proclamação, umas 15 pessoas estavam sentadas nos bancos aguardando a chamada para consulta médica. Apresentei-me e comecei a proclamar a Palavra. No momento, em que exclamei “O Senhor esteja convosco!” todos puseram-se de pés para ouvi-la. Quando terminei a proclamação e exclamei “Palavra da Salvação”, também todos responderam uníssonos: Glória a Vós Senhor!...

Magnífica a atitude dessas pessoas, porque aquele encontro não era formal, mas acidental. Eclesialmente, deu para saber quem é quem ali. Comportavam-se como se fossem todos de uma mesma família acostumada àquele rito, no entanto, eram pessoas totalmente estranhas entre si.

A seguir fui para outra concentração no corredor ao lado, esta muito maior do que aquela. Segui o mesmo procedimento, exclamei “O Senhor esteja convosco”, todos permaneceram com estavam, ninguém se levantou ou falou. A não ser eu, também ninguém mais respondeu a exclamação final: Glória a vós Senhor!. Nesta concentração todos pareciam cegos, surdos e mudos, distantes...

Dali fui para o terminal de ônibus, onde todos estavam impacientes porque o coletivo estava atrasado. Muita gente sentada nos tubos que servem de banco de espera e também muita gente em pé. Apresentei- me, proclamei a Palavra e fiz as considerações devidas. Quando já me retirava, um jovem chamou-me e deu-me um cartão de visita. Ele era da Pastoral da AIDS da Arquidiocese de Belém. Ele achou incomum esse trabalho de evangelização partindo da Igreja católica, pois é trabalho comum do meio protestante. Fiquei na minha...

Juntamente com as legionárias da Senhora de Lourdes e da Senhora de Aparecida fomos visitar a Casa Andréa, na Senador Lemos. Mesmo curados ou com o mal estancado, a lepra, seus inquilinos continuam discriminados pela sociedade. Um abissal preconceito! Deixam transparecer profunda mágoa. Contudo, ficaram alegres com nossa visita, principalmente pela proclamação da Palavra. Por exigência deles, fizemos oito proclamações em recintos diferentes naquela casa. São quase todos católicos e parecem crianças ressentidas... Eliezer de Oliveira Martins Obs: O autor é diácono da Arquidiocese de Santa Maria de Belém do Grão Pará, Amazônia do Brasil. Esses fatos são uma adaptação dos narrados em link FONTE DE VIDA, Em Águas Profundas. Musical: Only A Memory, Yanni