Lado a lado separados ©Kathleen Lessa
Nunca os mesmos bancos escolares. Nunca as mesmas brincadeiras de criança. Nunca as mesmas ruas de passeio. Nunca os mesmos discos na vitrola. Nunca os mesmos livros nas mãos. Nunca os mesmos filmes na sala escura. Nunca as mesmas festas, danças e folias.
Nem as mesmas dores. Nem a similaridade de amores.
Nem os caminhos e buscas. Nem as perdas e desencontros. Nem os encontros ao pé-de-ouvido. Nem os mesmos tormentos e dúvidas. Nem as certezas e ideologias. Nem as mesmas referências.
Nem o cruzar dos sentidos. Nem um olhar. Nem um abraço. Nem um toque. Nem um beijo. Nem riso, esgar ou sorriso. Nem lágrima ou choro.
Sequer um café num desses bares da moda, Um almoço de domingo, Um chá com biscoitos ao cair da tarde, Um brinde com cálices e vinho. Nem a mesma paisagem...
Nada o mesmo. Tudo singular e em separado. Cidades distantes.
E no entanto, Toda a diferença e distância Viram identificação Intimidade Comunhão Viram eternidade Na dança que une você e eu, Enlaçados de amizade.
Saudade... Saudade dos nossos passados separados Mas que nos juntaram em poesia, Lado a lado, Bordados na mesma tira de cambraia. É a trama dos deuses, Que sopram rostos E unem almas em trança.
Com amor, para o poeta José Walter Bonfim Rios, meu amigo desde sempre e para sempre. Kathleen em 25/11/2004
Formatado por: Mª Zélia Nicolodi Abril/2007 Poema de Kathleen Lessa