DA VARANDA
Nestas horas suavemente preguiçosas, manhãs, tardes e noites deliciosas só, fico sentado pensativo a filosofar.
De minha varanda, meu divã, bem-estar. Se elas brilham, todas elas, as estrelas brilham mesmo que não possam vê-las.
Me sinto leve, sinto das horas eterno compasso sonhar utópico, um lugar pequeno no espaço. Nuvens plúmbeas a encobertar mágica lua, observo na madrugada carros, faróis na rua, fogos de luzes, sons estridentes de buzinas sinaleiras, jogo do siga e pare nas esquinas.
Nas fagueiras manhãs o lirismo, na vizinhança o afago da mãe no rosto afogueado da criança, a visão logo á frente de pinheiros verdejantes, não tantos nestes dias, no passado abundantes, o cantar mavioso das aves, evoluções, revoadas em bandos, profusão de cores as passaradas.
Á mente meigas e saudosas lembranças, meninos em lúdicas brincadeiras, carinho da mãe, desatinos a correr pelas matas, mergulhos em límpido rio tudo acabado, destruído, herdeiros do vazio... Sobrou-se a varanda, lindos florais no jardim, restou-nos um pouco de tudo de ti e de mim...
DA VARANDA MAURÉLIO MACHADO Música: Criação: Rosana Buarque 22/04/07