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PublicouMatheus Medina Domingos Alterado mais de 8 anos atrás
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SO 13: CIRROSE Bioquímica II Abril 2011 Bruno silva Cândida coelho
Carla longras Carla castro Carlos gonçalves Carlos martins Carolina reis
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Objectivos 1. Explicar o caso clínico com fundamentos bioquímicos, colocando as questões para debate com os colegas, mas tendo a resposta preparada para uma síntese final. 2. Explicar os mecanismos bioquímicos subjacentes às alterações encontradas. 3. Analisar a disfunção hepática neste contexto clínico e as suas consequências.
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“Doença crónica do fígado, caracterizada pela inflamação e
fibrose difusa do que resultam alterações estruturais drásticas e uma significativa perda da função hepática.” PHIPP, Wilma et al. 2003
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O FÍGADO Maior órgão do organismo, que realiza várias funções vitais, sendo o centro da distribuição metabólica e composição química do organismo. Recebe aproximadamente 25% do débito cardíaco total, o que lhe permite efectuar numerosas funções essenciais à manutenção da homeostasia corporal.
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PRINCIPAIS FUNÇÕES Homeostase da Glucose (glicólise, glicogenólise e neoglicogénese); Metabolismo dos Ácidos Gordos ( formação de lípidos; formação de corpos cetónicos; síntese de colesterol; síntese de lipoproteínas); Metabolismo da Glucose 6-Fosfato (formação e exportação de glucose; formação de glicogénio; metabolização por glicólise, ciclo de krebs e fosforilação oxidativa; via das pentoses; síntese de ácidos gordos e colesterol);
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PRINCIPAIS FUNÇÕES Catabolismo do Heme
Catabolismo proteico (ciclo da ureia) Síntese de Glutatião reduzido Desintoxicação de toxinas químicas (quer produzidas pelo organismo, quer externas ao mesmo) Secreção da Bílis
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ESTÁDIOS DE LESÃO HEPÁTICA
McCullough, AJ, et al, Am J Gastroenterol 1998; 93:2023
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Cirrose Necrose hepática Estrutura alterada Nódulos de regeneração
Células substituídas por tecido fibroso Estrutura alterada Nódulos de regeneração DISFUNÇÃO HEPÁTICA A presença de nódulos e fibrose permite diferencia-la de outras doenças como hiperplasia nodular regenerativa (presença de nódulos) e fibrose hepática congénita (intensa fibrose).
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Etiologia Álcool Infecção vírica (hepatite b, c) Factores genéticos
Sobrecarga de ferro (hemocromatose) Sobrecarga de cobre (doença de wilson) Fármacos e tóxico - SEXO FEMININO - POLIMORFISMOS NO METABOLISMO DO ÁLCOOL (etnia…) – nomeadamente nos metabolizadores do álcool CYP2E1 e ADHs
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Etiologia - Álcool METABOLIZAÇÃO DESNATURAÇÃO PROTEICA
OXIDAÇÃO DO ETANOL METABOLIZAÇÃO CITOCROMO P450 ÁLCOOL FÍGADO Absorvido: 65% duodeno 30% estômago 5% cólon ÁLCOOL DESIDROGENASE ACETALDEÍDO DESNATURAÇÃO PROTEICA PEROXIDAÇÃO LIPÍDICA ALTERAÇÃO DA EXOCITOSE REDUÇÃO DOS NÍVEIS DE GLUTATIÃO INTERFERÊNCIA COM CRM GLUTATIÃO – POTENCIA O EFEITO TOXICO DOS RADICAIS LIVRES EXOCITOSE- POR LIGAÇÃO À TUBULINA ACETATO
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Tipos de Cirrose Cirrose de Läenec / Macronodular /Gordo
É a mais comum e é consequência dos efeitos tóxicos do consumo crónico excessivo de álcool sobre o fígado. Cirrose pós-necrótica/micronodular Ocorre devido a hepatite aguda viral anterior ou necrose hepática maciça induzida por medicamentos Cirrose biliar É a mais rara de todas, ocorrendo por fibrose à volta dos canais biliares e lobos hepáticos. Resulta da obstrução biliar crónica e infecção.
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Sintomas A hipertensão portal é uma condição fisiopatológica resultante da dificuldade do sangue transitar pelo fígado, quando este se apresenta com cirrose. A veia porta recebe as veias mesentéricas, a veia esplênica (figura). No interior do fígado ocorre a resistência aumentada ao fluxo portal o nível dos sinusóides, e compressão das veias hepáticas terminais pela fibrose perivascular e nódulos parenquimatosos expansivos. Sintomas
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Diagnóstico EXAME FÍSICO AVALIAÇÃO LABORATORIAL IMAGIOLOGIA
Hepato e esplenomgália Bordo do fígado resistente e nodular AVALIAÇÃO LABORATORIAL Transaminases Gamaglutamil transpeptidase (GGT) Bilirrubinas Albumina Tempo de protrombina Globulinas Amónia IMAGIOLOGIA Ultrassonografia abdominal Tomografia computorizada (TC) Ressonância magnética (RM) - ex.: Colangiografia BIÓPSIA HEPÁTICA
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Caso Clínico MS, 55 anos, sexo masculino internado no hospital por sonolência marcada que surgiu no dia anterior. Nas últimas semanas, começou por se queixar de cansaço fácil, gengivorragias e “nódoas negras” na pele, as quais surgiam mesmo após pequenos traumatismos. Desde há cerca de 2 meses que os familiares que lhe vinham notando uma cor amarelada na pele e nos olhos e um “aumento da barriga”. Saudável, não tomava medicamentos. Consumo considerável de álcool desde os 25 anos até há poucas semanas: 1L de vinho às refeições; 1 copo de aguardente depois do almoço; às vezes 2 ou 3 cervejas com os amigos ao fim da tarde. Nódoas negras - equimoses; aumento da barriga – ascite, hepatomegália, esplenomegália Como é que ele aguentou 30 anos a beber assim todos os dias?
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Caso Clínico Exame objectivo: telangiectasias nas regiões malares
hipertrofia das glândulas parótidas contractura de Dupuytren bilateral em ambas as mãos onda ascítica positiva edemas em ambos os membros inferiores, até ao joelho
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Caso Clínico Análises ao sangue:
anemia (Hb de 10,5 gr/dl; N: 14 a 16), trombocitopenia (plaquetas de 75 G/L; N: ), protrombinémia de 45%, glicémia de 80 mg/dl, bilirrubinémia total de 7,5 mg/dl (N <1,5) com 3,0 mg/dl de bilirrubina directa, AST (TGO) de 85 UI/L (N: <45), ALT (TGP) de 60 (N: <40), gamaglutamil transpeptidase (GGT) de 70 UI/L (N <50), proteínas totais de 5,0 g/dl (N: 6 a 8), albuminémia de 2,5 gr/dl, amoniémia de 80 mg/dl (N:<30), colesterolémia de 110 mg/dl colinesterases plasmáticas com um valor de cerca de metade do valor normal
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Caso Clínico Ecografia abdominal revelou um fígado de dimensões pequenas, atrófico, com contornos bosselados sem nódulos e ascite em grande quantidade. Medicado com dieta hipoproteica (60 gramas/dia), restrição hídrica, espironolactona (inibidor da aldosterona), lactulose (oral e em enemas de retenção) tratamento com o qual obteve melhoria do seu estado tendo depois alta. Continua a ser acompanhado em consulta externa.
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Questões 1. Comente as alterações que o doente apresenta ao exame clínico, nomeadamente a sonolência, as equimoses e a cor ictérica
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Ciclo da ureia afectado
Sonolência Hepatócito lesionado Ciclo da ureia afectado ↑ serotonina ↓ glutamato (neurotransmissor excitatório) ↑ efeito GABA inibitório)
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↑ triptofano não ligado à albumina
Sonolência (SEROTONINA) São metabolizados no fígado ↑ triptofano não ligado à albumina O Triptofano não ligado a albumina consegue passar a barreira hemato-encefálica barreira hematoencefálica ↑ serotonina Neurotransmissor inibitório INIBIÇÃO NEURONAL DO SNC Induz sonolência
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Sonolência Hiperamoniémia perda de receptores AMPA
(GLUTAMATO) Hiperamoniémia perda de receptores AMPA ↓ actividade dos neurónios glutamatérgicos ↓ glutamato GLUTAMINA GLUTAMATO + NH4+ ● Glutamato: neurotransmissor excitatório
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Equimoses Pequenos traumatismos nos vasos que, devido à incapacidade de coagulação dão origem a nódoas negras. Hipertensão Portal Maior afluxo de sangue ao baço Esplenomegália e hiperesplenismo ↓ plaquetas no sangue (as plaquetas ficam retidas no baço) Síntese de factores de coagulação comprometida no fígado Tempo de protrombina aumentado - Hipertensão portal: fibrose hepática dificulta a entrada do sangue no fígado - Hiperesplenismo: pelo aumento do volume do baço (esplenomegalia), a sua capacidade de reter e armazenar células sanguíneas aumenta, levando a redução no número de eritrócitos, de leucócitos e de plaquetas circulantes) DÉFICE NA COAGULAÇÃO
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Cor Ictérica ICTERÍCIA Défice hepático
Formação de tecido fibroso no fígado Dificuldade de excreção da bilirrubina conjugada Défice hepático Não conjugação da bilirrubina Aumento da bilirrubina conjugada e não conjugada Colestase: redução do fluxo biliar ICTERÍCIA
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Questões 2. Como interpreta a subida das transaminases?
AST (TGO) 85 UI/L (N: <45) ALT (TGP) 60 UI/L (N: <40)
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(Necrose dos hepatócitos)
Transaminases As transaminases são enzimas intracelulares que permitem a transferência de grupos amina de alfa-aminoácidos para alfa-cetoácidos (reacções de transaminação) 1. TGP (citoplasmática) 2. TGO (Citoplasmática e mitocondrial) Indicadoras de lesão/morte celular Transaminases altas – compatível com o fígado de pequenas dimensões, atrófico. (Devido à necrose dos hepatócitos) (Necrose dos hepatócitos) 1. 2.
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3. Qual a causa da hiperamoniémia?
Questões 3. Qual a causa da hiperamoniémia? 80 mg/dl (N:<30)
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Hiperamoniémia HIPERAMONIÉMIA
O fígado é o único orgão que contém todas as enzimas necessárias para o ciclo da ureia - responsável pela “destoxificação” da amónia; Quando o fígado está lesado, vão ocorrer alterações neste ciclo. HIPERAMONIÉMIA
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Questões 4. Sendo o fígado um órgão onde ocorre a síntese de várias moléculas, como por exemplo o colesterol, como interpreta a colesterolémia, a albuminémia e as colinesterases que o doente apresenta? E a protrombinémia? Colesterolémia: 110 mg/dL (N: mg/dL) Albuminémia: 2,5 g/dL (N:3,5-5 g/dL) Colinesterases plasmáticas com um valor de cerca de metade do normal Protrombinémia de 45%.
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Colesterolémia: a maior parte do colesterol existente no organismo é produzido pelo fígado, a restante é proveniente dos alimentos que ingerimos. A hipocolesterolémia é incomum na prática clínica. Mas em doenças hepáticas graves, como a cirrose, e em certas doenças infecciosas crónicas, pode ser observada. Albuminémia: A albumina é exclusivamente sintetizada nos hepatócitos, que na cirrose estão em falência – Hipoalbuminémia. Colinesterases: O fígado é rico em colinesterases. Uma alteração da actividade destas representa alterações a nível hepático, permitindo assim avaliar a função hepática.
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Protombinémia: A maioria dos factores de coagulação são produzidos nas células do fígado (excepto o factor VIII). Deste modo, as doenças hepáticas vão causar alterações na coagulação. Para além disso a absorção da vitamina K depende da presença de sais biliares, que estão em défice devido à cirrose.
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5. No tratamento foi prescrita uma dieta hipoproteica. Por que motivo?
Questões 5. No tratamento foi prescrita uma dieta hipoproteica. Por que motivo?
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Proteínas NH4+ Aminoácidos Ciclo da Ureia
Atravessa a barreira hematoencefálica (BHE), provocando: NH4+ encefalopatia edema cerebral (Por aumento de glutamina) défice de ATP (Devido ao consumo de alfa-cetoglutarato - ciclo de Krebs) alterações ao nível dos neurotransmissores (Devido ao aumento da concentração de aminoácidos aromáticos) Ciclo da Ureia
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Complicações em suma… 1) ASCITE (complicação mais comum da cirrose)
Acumulação de fluídos na cavidade peritoneal devido a : hipertensão portal hipoalbuminémia (a pressão oncótica diminui assumindo valores inferiores aos da pressão hidrostática) A terapêutica baseia-se numa dieta com restrição salina e em diuréticos, estabelecendo ,assim, um balanço negativo de sódio e de água.
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Complicações em suma… 2) SONOLÊNCIA : Hiperamoniémia conduz a alterações SNC (serotonina, glutamato, GABA); 3) Gengivorragias, equimoses (Trombocitopenia e protrombinémia): Hipertensão portal → esplenomegália Défice de factores de coagulação 4) ICTERÍCIA: Insuficiência hepática → hiperbilirrubinémia 5) DEFEITOS NA COAGULAÇÃO: a maioria das proteínas envolvidas na cascata da coagulação é produzida no fígado. Adicionalmente, a absorção da vitamina K depende da presença de sais biliares, que estão em défice devido à cirrose.
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Complicações em suma… 6) HIPOCOLESTROLÉMIA : alterações no metabolismo lipídico; 7) AUMENTO DAS IMUNOGLOBULINAS: especialmente IgA e C, nos estádios mais avançados da doença 8) Peritonite Bacteriana Espontânia (PBE): infecção do fluido ascítico; 9) Síndrome Hepato-renal: insuficiência renal aguda; 10) Sensibilidade a infecções: o sistema reticulo-endotelial localiza-se preferencialmente no fígado, comprometendo assim a capacidade de controlar possiveis bacteriémias;
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Complicações em suma… 11) Carcinoma hepatocelular
12) Trombose da veia porta
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Tratamento Abstinência alcoólica
Dieta hipoproteica (diminuição de NH4+) Restrição hídrica (redução dos edemas) Inibidores da aldosterona, como a espironolactona (diminui a retenção de Na+ e H2O → redução dos edemas e ascite) Laxantes, como a lactulose (eliminação toxinas pelo intestino) Medicamentos beta bloqueadores (para a hipertensão portal) Transplante hepático (casos mais graves) Laxantes - ajudar na absorção de toxinas e acelerar a sua eliminação
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Bibliografia Powerpoints aulas teóricas de Bioquimica I e II Protocolos das aulas práticas de Bioquímica II qui
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