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PublicouMarcelo Back Bernardes Alterado mais de 8 anos atrás
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Aulas Multimídias – Santa Cecília Profº André Araújo
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F ELICIDADE C LANDESTINA Clarice Lispector ANÁLISE
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O conceito de crueldade, quando aplicado a uma criança, sempre choca e provoca mal estar. É como se julgássemos impossível que alguém muito jovem estivesse corrompido e apresentasse esse comportamento.
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Crianças trazem sempre aos nossos olhos a imagem da inocência, da credulidade, e imaginá-las sendo maldosas fere profundamente nossa crença no ser humano, no mundo e na racionalidade.
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Com parte dos contos rememorando sua meninice em Recife, a leitura de Felicidade Clandestina, no livro homônimo de Clarice Lispector, nos fere um pouco, ao mesmo tempo em que nos obriga a rever conceitos e expectativas sobre a infância.
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Clarice mostra-se hábil artesã, tece um enredo que delicia ao mesmo tempo em que machuca: a história da menina pobre, que não pode comprar livros, e sua completa submissão à impiedade da outra criança, que se compraz com seu desejo expresso de ler um determinado livro, comove e revolta.
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A paixão revelada, e por isso mesmo escravizadora e humilhante, já foi vivida por todos em algum momento da vida. O sentimento de estar disponível para outrem, sujeitado ao seu poder, e, principalmente, o fato de ser exatamente uma criança exercendo tal poder sobre outra, com certeza nos remete à infância, a alguns momentos da vida em que cada um de nós sentiu e sofreu a situação de um lado, ou, o que até mesmo pode ser pior, de outro.
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Neste mesmo livro, outro dos contos, O ovo e a galinha, descreve um fato verdadeiro, ocorrido na maturidade de Clarice: a morte, dez anos antes, numa perseguição policial, do bandido Mineirinho. Personagem frequente das páginas criminais dos jornais da época, este marginal, misto de meliante e herói, assassino confesso, porém identificado com o combate à opressão, numa época em que o Brasil enfrentava forte ditadura, desafia as autoridades e adquire áurea de vanguarda revolucionária, principalmente em sua morte, quando avisa que “ali morre um homem”.
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Ela mesma tendo sido menina pobre, exposta às agruras da vida, Clarice Lispector fala intensamente de si mesma quando publica Felicidade Clandestina em 1971, e ao longo de todo o livro nos surpreende sempre, vendo sob outra ótica os fatos simples do cotidiano; o inesperado sempre de tocaia nos atos e gestos mais simples, a vida mudando ou se revelando em pequenos instantes, nas pequenas misérias do dia-a-dia, nas quais a felicidade é sempre possível, mas apenas de forma clandestina.
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