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PublicouLorena Viveiros Carvalho Alterado mais de 7 anos atrás
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Análise do poema “Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio”
Ricardo Reis Análise do poema “Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio”
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Tópicos a abordar Aspetos caraterísticos da poesia de Ricardo Reis;
Atividades de pré-leitura; Leitura do poema a abordar; Análise da temática; Análise estilística; Simbologia presente no poema; Conclusão; Resposta a questões de compreensão. Leitura da crónica de Miguel Esteves Cardoso, sobre o adiar dos prazeres (para que estes se tornem mais intensos) 0:07-1:40 Leitura silenciosa do poema, ao som de In the Backseat, dos The Arcade Fire 1:40-2:15 Leitura declamada do poema (até 3:20) Após a leitura, baixa-se o volume da música e esta continua a tocar durante a apresentação.
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Ricardo Reis Ricardo Reis nasceu em 1887, no Porto, e formou-se em Medicina. “[…] é um pouco, mas muito pouco mais baixo [do que Alberto Caeiro], mais forte, mas seco […] Reis de um vago moreno mate […] educado num colégio de jesuítas […] vive no Brasil desde 1919, pois se expatriou espontaneamente por ser monárquico. É latinista por educação alheia, e um semi-helenista por educação própria […].” Fonte: Carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro (13 de janeiro de 1935)
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Caraterísticas da poesia de Ricardo Reis
Horacianismo: Carpe diem: “Aproveita o dia”, vive os prazeres do momento Aurea mediocritas: “ouro medíocre”, a felicidade reside na simplicidade natural Epicurismo: Procura da felicidade relativa Moderação nos prazeres Fuga às sensações extremas Busca do estado de ataraxia (tranquilidade sem perturbação) Estoicismo (conformismo): Indiferença perante as emoções (apatia) Aceitação do poder do destino (fatum) Atitude de abdicação Paganismo: Crença nos deuses clássicos Inspiração na civilização grega Obsessão com a passagem do tempo: Preocupação constante com a efemeridade da vida Questionamento do fluir indiscutível do tempo Medo da morte
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Atividade de pré-leitura
Crónica “O arroz-doce quente” de Miguel Esteves Cardoso Segundo o autor, “Adiar prazeres é uma boa estratégia” porque permite “[...] aprender a dar-lhes valor” (l. 11) no momento em que são experimentados. Considera que “A pressa é uma paixão destrutiva” (l. 13) e que, por isso, pode não permitir desfrutar convenientemente de situações memoráveis. O adiamento dos prazeres, defendido no poema de Ricardo Reis, prende-se com uma atitude de abdicação e de recusa de esforço face à inexorabilidade da vida e à certeza da morte.
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Tema/ filosofia de vida do sujeito poético:
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio. Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas. (Enlacemos as mãos). Depois pensemos, crianças adultas, que a vida Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa, Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado, Mais longe que os deuses. Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos. Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio. Mais vale saber passar silenciosamente E sem desassossegos grandes. Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz, Nem invejas que dão movimento de mais aos olhos, Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria, E sempre iria ter ao mar. Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos, Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias, Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro Ouvindo correr o rio e vendo-o. Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as No colo, e que o seu perfume suavize o momento – Este momento em que sossegadamente não cremos em nada, Pagãos inocentes da decadência. Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova, Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos Nem fomos mais do que crianças. E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio, Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti. Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim – à beira-rio, Pagã triste e com flores no regaço. Tema/ filosofia de vida do sujeito poético: - Abdicação consciente face aos sentimentos e gozos da vida. Análise externa Estrutura da ode Rima branca Regularidade estrófica e métrica
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Análise interna
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1ª parte: 2ª parte: 3ª parte: 4ª parte:
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio. Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas. (Enlacemos as mãos). Depois pensemos, crianças adultas, que a vida Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa, Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado, Mais longe que os deuses. Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos. Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio. Mais vale saber passar silenciosamente E sem desassossegos grandes. Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz, Nem invejas que dão movimento de mais aos olhos, Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria, E sempre iria ter ao mar. Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos, Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias, Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro Ouvindo correr o rio e vendo-o. Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as No colo, e que o seu perfume suavize o momento – Este momento em que sossegadamente não cremos em nada, Pagãos inocentes da decadência. Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova, Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos Nem fomos mais do que crianças. E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio, Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti. Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim – à beira-rio, Pagã triste e com flores no regaço. 1ª parte: A efemeridade da vida 2ª parte: A inutilidade dos compromissos 3ª parte: A busca da tranquilidade 4ª parte: A ausência de perturbação face à morte
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Primeira parte – estrofes 1 e 2
A metáfora do rio e o correr da água (símbolo da passagem inexorável) Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio. Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas. (Enlacemos as mãos). Depois pensemos, crianças adultas, que a vida Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa, Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado, Mais longe que os deuses. A inutilidade de qualquer compromisso A necessidade de predomínio da razão sobre a emoção, como defesa contra o sofrimento Elementos clássicos: o ambiente bucólico, o nome “Lídia” e o papel do fatum
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Segunda parte – estrofes 3 e 4
O enlaçar e desenlaçar das mãos como recusa de qualquer compromisso Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos. Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio. Mais vale saber passar silenciosamente E sem desassossegos grandes. Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz, Nem invejas que dão movimento de mais aos olhos, Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria, E sempre iria ter ao mar. A morte como única certeza do percurso existencial A recusa constante de todo e qualquer excesso (amores, ódios, paixões, invejas..) Evitar todos os desassossegos que possam provocar dor
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Terceira parte – estrofes 5 e 6
O estabelecer de um “programa de vida”: a vida deve ser vivida de forma serena e calma; deixemo-la passar à nossa frente, controlando as nossas emoções e sentimentos Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos, Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias, Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro Ouvindo correr o rio e vendo-o. Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as No colo, e que o seu perfume suavize o momento – Este momento em que sossegadamente não cremos em nada, Pagãos inocentes da decadência. Valorização do carpe diem: captemos o “perfume” do momento, evitemos o conhecimento das coisas
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Quarta parte – estrofes 7 e 8
A aceitação pacífica da morte é consequência da demissão do eu perante a vida. Assim, a morte não deve ser motivo de sofrimento, pois ainda não foi presenciada. A vida passa, por isso não devemos assumir compromissos, devemos fazer apenas pela tranquilidade Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova, Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos Nem fomos mais do que crianças. E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio, Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti. Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim – à beira do rio, Pagã triste e com flores no regaço. Justificação para o modelo de vivência amorosa definido pelo poeta
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Pontuação e advérbios de modo Palavras de conotação pessimista
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio. Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas. (Enlacemos as mãos). Depois pensemos, crianças adultas, que a vida Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa, Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado, Mais longe que os deuses. Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos. Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio. Mais vale saber passar silenciosamente E sem desassossegos grandes. Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz, Nem invejas que dão movimento de mais aos olhos, Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria, E sempre iria ter ao mar. Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos, Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias, Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro Ouvindo correr o rio e vendo-o. Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as No colo, e que o seu perfume suavize o momento – Este momento em que sossegadamente não cremos em nada, Pagãos inocentes da decadência. Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova, Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos Nem fomos mais do que crianças. E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio, Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti. Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim – à beira-rio, Pagã triste e com flores no regaço. Ritmo lento e pausado Aliteração dos sons «v» e «s» com o arrastamento do «e» (sons nasais e fechados) Pontuação e advérbios de modo Palavras de conotação pessimista Enumeração Gradação com assíndeto Comparação Metáforas Perífrase Eufemismo Hipálage Utilização expressiva do presente do indicativo e do gerúndio, e depois do futuro do indicativo e do presente do conjuntivo. Associados ao som «ê» contribuem para o tom plangente (lamentoso) do texto Ritmo lento, pausado e plangente é sugerido pela pontuação, advérbios e pelo uso de sons fechados e nasais Enumeração vv Gradação vv. 18 e 26 Metáfora (antes – vida e depois – morte) v. 25 e o papel da memória ou lembrança O uso do vocativo pretende ultrapassar o negativismo de Pessoa fechado em si mesmo. 1.a a 3.a partes permanência da transitoriedade que é preciso encarar serenamente 4.ª parte a antevisão da morte impõe o uso de outros tempos verbais
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Simbologia presente no poema
O rio sugere passagem; efemeridade (vv. 1 e 10); O Fado e os deuses pagãos controlam a vida dos homens (vv. 7, 24 e 32); O enlaçar/desenlaçar das mãos traduz o desejo de aproveitar o momento, de assumir compromissos, contra a sua inutilidade (vv. 3, 4, 9 e 27); As flores no colo e o seu perfume sugerem o bem efémero (vv. 21, 22); A perífrase se for sombra antes atua como um eufemismo para «Se eu morrer antes de ti»(v. 25); O adjetivo sombrio é uma hipálage para o estado de espírito do sujeito poético, esperando a morte.
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Simbologia presente no poema
O barqueiro sombrio é uma referência mitológica a Caronte, figura que transportava os mortos pelos rios infernais. A família do defunto colocava-lhe na boca o óbolo, uma moeda grega que simbolizava o seu pagamento.
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Caeiro vê a natureza com os sentidos
Conclusão Ricardo Reis e Caeiro A influência de Alberto Caeiro em Reis sente-se no paganismo de ambos. Além disso, se a natureza era residência, visão em Caeiro, em Reis surge como refúgio, metáfora. Reis vê a natureza com a Razão Caeiro vê a natureza com os sentidos Verbos que traduzem operações mentais, como “aprendamos” e “pensemos” Para Caeiro há apenas sensações
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Conclusão Ricardo Reis e Pessoa Ortónimo Neste poema observam-se vários pontos comuns entre as poesias de Pessoa ortónimo e Ricardo Reis: - Lado mais conservador de Fernando Pessoa; - Dicotomia razão/coração; - Gosto pela cultura clássica.
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Resposta às perguntas de compreensão
Bucólico; apóstrofe; exorta; metáforas; sereno; físicos. 2.1. O conetor “Depois” insere uma conexão temporal mas, sobretudo, uma oposição face ao conteúdo da primeira quadra. Na primeira estrofe o sujeito poético convida Lídia a contemplar o curso do rio. Já na segunda quadra o sujeito poético recorda a natureza racional do ser humano (“pensemos” (v. 5)), que os obriga a reconhecer que a vida é transitória. 2.2. O modificador do nome apositivo “crianças adultas” destaca a ingenuidade das “crianças” em Lídia e o sujeito poético, não se podendo esquecer que são pessoas “adultas”, e são sujeitas ao raciocínio que as obriga a reconhecer a efemeridade da vida. 3.1. O sujeito poético opta por desenlaçar as mãos de Lídia, por considerar que se trata de um compromisso/emoção intensa, que pode impedir que vivam “silenciosamente” (v. 11), ou seja, sem agitações e em ataraxia. 4.1. A repetição da preposição “sem” (vv ) e da conjunção “nem” (vv ) intensificam a ideia de recusa, introduzindo a enumeração de sentimentos e de ações que se rejeitam, a fim de encontrar a tranquilidade desejada. 6. Os seres humanos devem procurar uma existência semelhante à dos elementos naturais. Assim, aceitando-se efémeros, reconhecem-se nas “flores” (v. 21) transitórias e no “rio” (vv. 1, 10, 15, 20) que segue de forma irreversível o seu curso, tal como os humanos devem aceitar o destino que lhes coube.
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Trabalho realizado por:
Ana Patrícia Pires Filipa Fonseca Pedro Milhano 12º A
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