Trombo intracardíaco em uma píton-burmesa (Python molurus bivitattus)

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1 Trombo intracardíaco em uma píton-burmesa (Python molurus bivitattus)
Andreise Costa Przydzimirski1 , Aline Luiza Konell²,Amália Turner Giannico², Barbara Cristina Sanson³, Juliana Werner², Fabiano Montiani-ferreira4, Tilde Rodrigues Froes4, Rogério Ribas Lange4 1 UFPR – Residência Multiprofissional em Área de Saúde ²UFPR - Pós-graduação em Ciências Veterinárias ³ Clinivet Hospital Veterinário 4 UFPR – Professor Departamento de Medicina Veterinária Introdução Uma possível explicação para esse caso seria uma embolia séptica de bactérias GN originárias da cavidade oral. Estudos da microbiota oral relataram presença de bactérias Gram-positivas em serpentes saudáveis, e GN, com maior frequência, em animais doentes4. As bactérias GN encontradas, podem ter sua origem na cavidade oral. Outra explicação seria uma coleta de sangue por cardiocentese, embora não haja relato deste procedimento no histórico do animal. Sugere-se que esta via de coleta é possível e segura, mas deve-se tomar cuidados com assepsia5. No entanto, também sugere-se o risco de complicações cardíacas, com relatos de dilatação ventricular, lesões no pericárdio, miocárdio e tamponamento cardíaco6. Não temos o histórico de cardiocentese, mas o tipo de trombo e a observação de bactérias nos dão indicações que possa ter ocorrido coleta de sangue com a técnica intracardíaca mal realizada. Bactérias encontradas na superfície corporal de répteis têm sido associadas com subtipos de Salmonella sp., GN7 , mesmo no trombo intracardíaco deste animal eram GN, possibilitando a suposição de que, por meio da cardiocentese, as bactérias foram introduzidas no coração. Doenças do sistema cardiovascular são infrequentemente diagnosticadas em répteis e a maior parte das informações são provenientes de dados de necropsia1. O objetivo deste trabalho foi relatar um caso de trombo intracardíaco em uma píton (Python molurus bivitattus), demonstrando suas características radiográficas, ultrassonográficas e histopatológicas. Material e métodos Uma píton-burmesa, macho, adulto, foi encaminhada por aumento no segundo terço do corpo. Ao exame clínico, observou-se distensão celomática na área cardíaca. No exame físico, o animal pesou 8,25 kg, estava desidratado, letárgico e com baixo escore corporal. O histórico relatava anorexia há três meses, pneumonia crônica e estomatite. A serpente veio do tráfico de animais, sendo mantida por um período desconhecido em um centro de triagem de animais selvagens (CETAS). Desta maneira, o histórico anterior ao tempo em que o animal estava alojado no CETAS não estava disponível. Foram efetuadas avaliações radiográfica e ultrassonográfica do animal. Resultados e discussão A avaliação radiográfica revelou aumento de opacidade dos tecidos moles sobrepostos ao coração, com perda do contorno cardíaco e deslocamento latero-dorsal da traquéia (Fig. 1a e 1b). A ultrassonografia identificou estrutura arredondada intracardíaca, medindo 44x50mm, com múltiplas camadas, preenchida com fluido heterogêneo (Fig. 1c e 1d), bem como espessamento do pericárdio e efusão. Fig. 1. a) RX L do terço cranial mostrando aumento de opacidade de tecido mole sobreposto à silhueta cardíaca (seta branca) e deslocamento dorsal da traquéia (seta preta). b) RX DV, opacidade de tecido mole sobre à silhueta cardíaca (seta branca) e deslocamento lateral da traquéia (seta preta). c) Ultrassonografia demonstrando camadas múltiplas da massa, preenchida com conteúdo heterogêneo (seta branca). d) O coração (C) foi deslocado ventralmente. Nota-se espessamento do pericárdio (asterisco) e a similaridade entre ecogenicidade e aspecto do líquido adjacente à massa e efusão pericárdica (seta preta). Fig. 2. a) Massa em AD medindo 51x40x35 mm, com coloração avermelhada, consistência firme e aparência fibrosa, com cavidade cística (seta branca). b) Coração após fixação em formol a 10%. Observa-se parede da cavidade cística formada por um conjunto de camadas sobrepostas fracamente aderidas (seta). c) Fotomicrografia do trombo intracardíaco, onde observa-se coágulo de sangue bem organizado evidenciado por linhas Zahn (cabeças de seta) (HE 100x). d) Colonização por bactérias bacilares (asteriscos) (HE 1000x). AD, átrio direito; V, ventrículo. A necropsia revelou distensão na região cardíaca e espessamento do pericárdio, contendo sangue coagulado. O coração estava aumentado (102x67x55 mm), com dilatação significativa do átrio direito (AD). No interior do AD, aderido à parede, observou-se massa medindo 51x40x35mm. Ao corte, foi possível notar uma cavidade cística (Fig 2a). A mucosa oral estava eritematosa e com petéquias, ao longo da arcada dentária haviam placas com material caseoso, caracterizando gengivite, glossite e palatite. Histologicamente, a parede da massa era formada por um conjunto de camadas sobrepostas e ligadas frouxamente (Figura 2b). O tecido cardíaco estava hemorrágico e edemaciado, com infiltração difusa de linfócitos, células plasmáticas, macrófagos e heterófilos. As fibras musculares estavam hialinizadas e sem sinais de necrose. O trombo apresentava padrão misto (fibrina e hemácias), com formação de linhas de Zahn e sinais de recanalização. O trombo exibia colonização por bactérias bacilares grandes Gram-negativas (GN) (Figura 2c e 2d), consistente com trombo cardiovascular séptico e reação inflamatória aguda difusa. Conclusões O exame completo e frequente da cavidade oral em serpentes é imprescindível, pois, quadros de estomatite podem ser uma das causas de trombos cardíacos nesses animais. Considerando-se que a cardiocentese pode ser outra causa da origem do trombo, concluiu-se que os corretos cuidados com assepsia, bem como o posicionamento e experiência do técnico durante a coleta de sangue são essenciais. Referências bibliográficas 1. Stumpel JB, Del-Pozo J, French A, Eatwell K. Cardiachemangioma in a cornsnake (Pantherophisguttatus). J. Zoo. Wildl. Med.; 2012; 43, 2. Jensen B, Wang T. Hemodynamicconsequencesofcardiacmalformations in twojuvenileballpythons (Python regius). J. Zoo Wildl. Med.;2009; 401, 3. Schilliger L, Lemberger K, Chai N, Bourgeois A, Charpentier M. Atherosclerosisassociatedwithpericardialeffusion in a central beardeddragon (Pogonavitticeps, Ahl. 1926). J. Vet. Diagn. Invest.;2010; 4. Draper CS, Walker RD, Lawler HE. Patternsof oral bacterialinfection in captivesnakes. J AmVetMed Assoc.; 1981; 179(11): 5. Nardini G, Leopardi S, Bielli M. Clinicalhematology in reptilianspecies. Vet. Clin. North. Am. Exot. Anim. Pract.;2013;16(1):1-30. 6. Selleri P, Di Girolamo N. Cardiactamponadefollowingcardiocentesis in a cardiopathic boa constrictorimperator (Boa constrictorimperator). JournalofSmall Animal Practice 53; 2012. 7. Mitchell MA. Salmonella: DiagnosticMethods for reptiles. In: Mader DR. Reptile medicine andsurgery. 2nd ed. Saunders: Elsevier; p


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