Endechas a Bárbara ouvir.

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Apresentação em tema: "Endechas a Bárbara ouvir."— Transcrição da apresentação:

1 Endechas a Bárbara ouvir

2 Endechas a Bárbara escrava
Aquela cativa Que me tem cativo, Porque nela vivo Já não quer que viva. Eu nunca vi rosa Em suaves molhos, Que pera meus olhos Fosse mais fermosa. Nem no campo flores, Nem no céu estrelas Me parecem belas Como os meus amores. Rosto singular, Olhos sossegados, Pretos e cansados, Mas não de matar. Ua graça viva, Que neles lhe mora, Pera ser senhora De quem é cativa. Pretos os cabelos, Onde o povo vão Perde opinião Que os louros são belos. Pretidão de Amor, Tão doce a figura, Que a neve lhe jura Que trocara a cor. Leda mansidão, Que o siso acompanha; Bem parece estranha, Mas bárbara não. Presença serena Que a tormenta amansa; Nela, enfim, descansa Toda a minha pena. Esta é a cativa Que me tem cativo; E. pois nela vivo, É força que viva.

3 O sujeito poético começa com um jogo de palavras: cativo/cativa que é sugestivo da escravidão amorosa do sujeito poético. Se por um lado Bárbara é escrava/cativa (socialmente), o sujeito poético também o é. É escravo do seu amor. Aquela cativa que me tem cativo Porque nela vivo Já não quer que viva. Eu nunca vi rosa Em suaves molhos, Que pera meus olhos Fosse mais fermosa. O sujeito poético faz um elogio à beleza da amada, construindo já a tradicional hipérbole, onde superioriza a amada. Os elementos da Natureza são os escolhidos para ajudar a descrever a beleza da amada

4 Comparativamente com as flores e/ou as estrelas, a sua amada é muito mais bela.
Note-se que todo o elogio é pessoal, ou seja, parece ao sujeito poético que a sua amada tem uma beleza incomparável à beleza da grandiosidade da Natureza. Está presente uma comparação. Nem no campo flores, Nem no céu estrelas Me parecem belas Como os meus amores. Rosto singular Olhos sossegados Pretos e cansados, Mas não de matar. O rosto da amada não é um rosto banal, é singular/diferente/único, ou seja não corresponde aos padrões habituais. Mais uma vez o sujeito poético joga com as palavras e diz que ela está cansada, mas não de matar …de amor, não de seduzir e de inspirar paixões. Mais uma vez, os olhos são apresentados como um espelho da alma, neste caso estão sossegados, o que mais uma vez reforça a ideia da calma e serenidade que caracterizava as mulheres da lírica camoniana. Mas logo de seguida, apresenta características que se opõem ao modelo de mulher: “olhos pretos e cansados”, ou seja, olhos escuros e doridos do trabalho duro.

5 Antecedente – “olhos” O reforço da graciosidade da mulher é contínuo e assemelha-se ao modelo de mulher. ua graça viva, Que neles lhe mora, Pera ser senhora de quem é cativa. Pretos os cabelos, Onde o povo vão Perde a opinião Que os louros são belos. Mais uma vez se joga com as palavras “senhora” e “cativa”, reforçando a ideia de que apesar de ser cativa/escrava, domina, é senhora dos corações apaixonados. O “povo vão”, ou seja, a opinião geral e pouco acertada é de que os cabelos louros é que são belos. O sujeito poético põe em causa o modelo da época e substitui-o por outro.

6 Pretidão de amor, Tão doce a figura, Que a neve lhe jura Que trocara a cor. Leda mansidão Que o siso acompanha; Bem parece estranha Mas bárbara não. Presença serena Que a tormenta amansa; Nela, enfim descansa Toda a minha pena. Esta é a cativa Que me tem cativo. E, pois nela vivo, É força que viva. Inicia esta oitava com uma apóstrofe à mulher amada, pondo em destaque precisamente as características que se opõem ao modelo de mulher da época, Mas logo se sucedem características psicológicas que se adequam ao modelo: Doçura, leda mansidão, siso. Toda esta descrição pode parecer diferente, mas não agressiva, ofensiva (“bárbara”). Novamente o reforço da serenidade. E também a presença da antítese, que põe em destaque as contradições amorosas e os conflitos de opinião. O sujeito poético encaminha para uma conclusão todo este elogio, dizendo que nela se concentra a sua inspiração poética e sofrimento poético (“pena”).

7 “Aquela” implica um distanciamento, pois o sujeito poético ainda não apresentou a personagem.
Aquela cativa que me tem cativo, Porque nela vivo Já não quer que viva. Eu nunca vi rosa Em suaves molhos, Que pera meus olhos Fosse mais fermosa. Em no campo flores, Nem no céu estrelas Me parecem belas Como os meus amores. Rosto singular Olhos sossegados Pretos e cansados, Mas não de matar. ua graça viva, Que neles lhe mora, Pera ser senhora de quem é cativa. Pretos os cabelos, Onde o povo vão Perde a opinião Que os louros são belos Pretidão de amor, Tão doce a figura, Que a neve lhe jura Que trocara a cor. Leda mansidão Que o siso acompanha; Bem parece estranha Mas bárbara não. Presença serena Que a tormenta amansa; Ela, enfim descansa Toda a minha pena. Esta é a cativa Que me tem cativo. E, pois nela vivo, É força que viva. “ Esta” implica proximidade, pois agora as características desta personagem são conhecidas.

8 A escrava contraria o modelo de mulher renascentista pelas suas características físicas que fogem ao pré-estabelecido: loiro, olhos claros, pele branca. A sua serenidade, sensatez, calma e forma distante já se inscrevem nesse modelo.

9 Qualidades físicas da amada
Tema a beleza da amada Qualidades físicas da amada bela "rosa", formosa "fermosa", rosto "singular", olhos "sossegados, pretos e cansados" com "graça viva", cabelos "pretos", negra "pretidão de amor", figura "doce", presença "serena". Qualidades psicológicas da amada Sossegada "olhos sossegados", doce "doce a figura", alegre e meiga "leda mansidão", ajuizada "o siso acompanha", "Presença serena" Classe social da amada Escrava "Aquela cativa", "para ser senhora/de quem é cativa" Justificação de expressões Esta é a cativa que me tem cativo Ela é escrava do sujeito poético mas sujeita-o como seu vassalo pois conseguiu que ele a amasse, ficou cativo dela pelo amor

10 Recursos estilísticos utilizados no retrato
Trocadilho: "Cativa/cativo; vivo/viva"; Hipérbole: "Eu nunca… fermosa", "Nem no campo… amores", "que a neve… de cor", "presença… amansa"; Adjectivação: em todo o poema; Enumeração: "Eu nunca… matar"; Personificação: "a neve lhe jura"; Antítese: "Presença… amansa“ Tipo de composição Endechas - tema triste, quadras (ou oitavas) em versos de redondilha menor (5). Cada quadra se chama endecha. Rima: abba (se considerarmos as quadras) Ou: abbacddc // (se considerarmos as oitavas) Rima emparelhada nos versos 2,3, 6 e 7 e interpolada nos restantes

11 Fim Disciplina de Português Profª: Helena Maria Coutinho


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