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PublicouJorge do Amaral Paixão Alterado mais de 6 anos atrás
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TEOLOGIA ESPIRITUAL ETEL – ESCOLA DE TEOLOGIA PARA LEIGOS
DIOCESE DE TEIXEIRA DE FREITAS/CARAVELAS
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Definição A teologia Espiritual chama-se também Espiritualidade, Ascética e Mística, Teologia da Perfeição Cristã, Perfeição, Contemplação... Têm-se tentado várias definições: Garrigou-Lagrange OP - A Teologia Ascética e Mística é a aplicação da Teologia Moral à direção das almas, para uma união cada vez mais íntima com Deus. Supõe tudo o que a doutrina sagrada ensina sobre a natureza e as propriedades das virtudes e dos dons do Espírito Santo, e estuda as leis e as condições de seu progresso em vista da perfeição.
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Definição A teologia Espiritual chama-se também Espiritualidade, Ascética e Mística, Teologia da Perfeição Cristã, Perfeição, Contemplação... Têm-se tentado várias definições: De Guibert SJ - A Teologia Espiritual é ciência que, dos princípios revelados, deduz em que consiste a perfeição da vida espiritual, e de que maneira o cristão pode tender a ela e consegui-la.
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Definição A teologia Espiritual chama-se também Espiritualidade, Ascética e Mística, Teologia da Perfeição Cristã, Perfeição, Contemplação... Têm-se tentado várias definições: Tanquerey - A Teologia Espiritual é uma ciência que tem como fim próprio conduzir as almas à perfeição cristã..
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Definição A teologia Espiritual chama-se também Espiritualidade, Ascética e Mística, Teologia da Perfeição Cristã, Perfeição, Contemplação... Têm-se tentado várias definições: Schrijvers C.Ss.R - A Teologia Espiritual é ciência da vida espiritual, que tem por objeto orientar toda a atividade do cristão em vista da perfeição sobrenatural..
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O que é Teologia Espiritual
Espiritualidade é entrar em comunhão com Deus; O cristão não é autônomo em si mesmo, pois ele tem como norma de vida o próprio Deus. Assim, a norma da verdade é Deus mesmo, o qual Revela os dez mandamentos para normalizar o agir do homem. Escutar, portanto, a Palavra de Deus é uma norma. Quando Deus se Revela, Ele se torna experiência Dele mesmo. Dessa forma, a Teologia Espiritual vê como Deus avalia a experiência de Si mesmo. Deus se torna norma de experiência espiritual. Então, teologia Espiritual se coloca no campo da experiência espiritual de Deus.
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O que é Teologia Espiritual
Em síntese, Teologia Espiritual quer ser uma reflexão sistemática sobre a Revelação divina ou sobre a vivência da Revelação. E como queremos falar projeto de uma teologia espiritual cristã, trata-se, pois, dos valores do espírito humano informado pelo Espírito Santo; informação esta que capacita o homem para viver os valores do Espírito divino comunicando-lhe a vida divina. Ela é, pois a ciência da perfeição cristã, que passa por três vias: purgativa, iluminativa e unitiva.
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O sentido da palavra "Teologia"
Teologia, em sentido originante, é o conhecimento amoroso que Deus tem de si mesmo; é um conhecimento espiritual, porque vem do Espírito. Este conhecimento que Deus tem de si mesmo ele o comunica aos homens pela Encarnação do Verbo. Daí que Teologia em sentido originante é o conhecimento que Deus tem de si mesmo e comunica aos homens. Quando Deus comunica o conhecimento que tem de si mesmo aos homens, este conhecimento torna-se uma norma de verdade, que deve reger o atuar humano. Assim, o homem não inventa um objeto para este conhecimento, ele o recebe gratuitamente de Deus, por meio da Revelação.
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O sentido da palavra "Teologia"
A Revelação se torna também norma da experiência de Deus (ascética e mística. Ascética - exercício, esforço; é a ciência que trata dos esforços necessários para adquirir a perfeição cristã. Por outro lado, a mística – mistério, secreto e, sobretudo, segredo religioso). Aqui entra a espiritualidade. Pois quando Deus se revela Ele aponta para o tipo de espiritualidade que o homem deve cultivar. E a experiência que podemos ter de Deus, partindo da Bíblia, é sempre uma experiência mediada.
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Espiritual: espírito Espiritualidade vem de espírito (ruá - sopro).
Espírito é alma; é o princípio que anima o ser humano. O espírito é o princípio vital do ser humano. O espírito humano é o elemento imaterial do homem, é um princípio dinâmico. Portanto, espiritualidade é a alma que procura viver segundo todas as suas potencialidades. A condição básica para a teologia espiritual é ter alma racional. Deus é espírito, o Espírito de Deus encontra com o espírito humano, nisso consiste a espiritualidade. Este encontro visa levar o homem a viver segundo o Espírito divino. A espiritualidade cristã, portanto, é uma relação entre dois espíritos, o humano e o divino.
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Espiritual: espírito A espiritualidade é comunicação de inteligência para inteligência. Da inteligência divina com a inteligência humana. Logo, esta revelação de Deus à minha inteligência implica uma comunhão espiritual, e antes se ser uma ação minha é ação do espírito em mim. Sem o Espírito divino o homem pode ter uma espiritualidade humana, porque ele é dotado de espírito. Porém, esta seria uma espiritualidade introvertida, sem espaço para a alteridade. A espiritualidade cristã, por sua vez, consiste em direcionar o olhar para Cristo, para que Ele comunique ao nosso espírito. O Espírito de Deus comunica ao homem não só uma verdade, mas informa-lhe a vida, lhe dá uma realidade vital.
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Espiritual: espírito Para se ter uma espiritualidade cristã tem que ser cristão batizado, este é o fundamento desta espiritualidade. Pois, o ser cristão é dado pelo batismo, de modo imperceptível, mas real. O espírito do homem tem de ser informado pelo Espírito divino para que possa conhecer os dons divinos e assim possa viver. Desse modo, a vida espiritual consiste em levar uma vida livre de vanglória, inveja, tristeza, desejos da carne etc. Ser homem espiritual é ter o nosso espírito informado pelo Espírito divino.
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Espiritual: espírito Textos bíblicos Cor 2, 10-16 1 Jo 4, 1-7
Rom 8, 26-27 1Cor 3, 1-4
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ESPIRITUALIDADE HUMANA
A espiritualidade humana é fundamental para a espiritualidade cristã. Só quem vive uma espiritualidade humana é que será capaz de viver uma espiritualidade cristã. A verdadeira espiritualidade humana é aquela que decorre da lei natural pela razão. Incidem em viver os valores humanos, aqueles inscritos por Deus na lei natural e não os valores inventados pelo homem.
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ESPIRITUALIDADE CRISTÃ
Refere-se em viver os valores do Evangelho. A espiritualidade cristã, antes de ser uma ação nossa, é uma ação do Espírito em cada homem. A espiritualidade cristã é o espírito do homem informado pelo Espírito de Cristo. Toda espiritualidade tem um aspecto pessoal e comunitário, que se concretiza na vida sacramental que transforma a pessoa interiormente e a coloca em comunhão com a Igreja, com a sua comunidade eclesial.
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Síntese da História da Espiritualidade Cristã
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História da espiritualidade
A IGREJA PRIMITIVA É evidente que a primeira escola espiritual é a de Jesus, de Maria, dos apóstolos, discípulos, evangelistas, mártires, virgens, pregadores,... Todos eles seguiram de perto as pegadas do Mestre, cumprindo sua palavra: “Sede perfeitos como o Pai celeste é perfeito” (Mt. 5, 48). Mas é bom lembrar que já S. Paulo advertia que, em Corinto, nem todos eram tão perfeitos (1Cor 5-6; 2Cor 10-11). É a realidade da Igreja, que reaparecerá nestes vinte séculos.
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História da espiritualidade
A IGREJA PRIMITIVA Nos três primeiros séculos, a espiritualidade cristã concentrou-se sobre a cruz, mas uma cruz gloriosa que vence a morte. O martírio era considerado como modelo de perfeição, tanto que o culto aos mártires passou a ser uma das manifestações mais importantes e significativas da piedade cristã. Os cristãos, mesmo vivendo nas suas famílias e participando das rotinas sociais, se destacavam dos outros pela profissão de castidade, pela conduta exemplar, pelo zelo nas práticas do culto e no exercício da caridade.
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História da espiritualidade
A IGREJA PRIMITIVA A oração e a penitência eram também traços característicos e essenciais da vida cristã. Desde os primeiros tempos, já havia o costume de jejuar e fazer penitência para expiação dos pecados. Devido às perseguições, que logo começam, há dispersão (diáspora) para outras cidades, e até para os desertos. Podendo assinalar que daí vai dar origem ao monaquismo e à vida religiosa.
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História da espiritualidade
A IGREJA PRIMITIVA As igrejas mais organizadas, como de Roma, Antioquia e Alexandria, já vão registrando não só as Atas dos Mártires, mas os escritos espirituais, principalmente cartas, tratados, sermões. Em seguida surge as diversas ramificações como por exemplo: Patrologia grega (S.Clemente Romano, Santo Inácio de Antioquia, ...);
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História da espiritualidade
A IGREJA PRIMITIVA Patrologia latina (São Cipriano, Santo Ambrosio, Santo Agostinho, São Bento...); Escola beneditina (sistematiza elementos da espiritualidade dos séculos anteriores: Santo Anselmo, São Bernardo, Santa Gertrudes...); Escola de São Vitor (Herdeira da espiritualidade de Sto. Agostinho e de Dionísio Areopagita) Hugo de São Vítor;
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História da espiritualidade
A IGREJA PRIMITIVA Escola cartuxa (Essa escola insiste na vida solitária e contemplativa: Dionísio, o cartuxo e Lanspérgio); Escola Dominicana (Conhecida pela boa base doutrinal, oração litúrgica e contemplação: São Domingos, São Tomás de Aquino, Santa Catarina de Sena...); Escola Franciscana (Doutrina do amor, da pobreza, da abnegação: São Francisco, Santo Antonio, São Boaventura...); Escola Independente (Acolhe escritores místicos: Tomás de Kempis, São Lourenço, Santa Catarina de Gênova...)...
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Experiência Humana e Cristã
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EXPERIÊNCIA HUMANA A experiência humana pressupõe os sentidos internos e externos. Ela trata, pois, de um conhecimento imediato das coisas particulares, não do abstrato universal. Este conhecimento exige um contato com o objeto conhecido. É, num primeiro momento, um conhecimento intuitivo, não reflexivo, e leva a uma reação: ou fugir ou aproximar-se. Porém, esta reação não define a bondade ou malícia da coisa. Assim, a experiência é aquilo que vem da vida e volta-se para ela mesma.
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EXPERIÊNCIA CRISTÃ Ao contrário da experiência humana, não podemos ter um conhecimento imediato de Deus, pois Ele não é acessível aos nossos sentidos. O único conhecimento que eu tenho de Deus na terra é mediado (mediação). Portanto, a experiência que eu tenho de Cristo é humano, no sentido que pressupõe um homem que conhece, no entanto, este conhecimento não pode ser equiparado ao conhecimento que eu tenho do fogo ou de outro objeto qualquer.
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EXPERIÊNCIA CRISTÃ A experiência cristã resulta num conhecimento mediado pela fé e pelos sacramentos. A experiência cristã é conhecer Jesus Cristo, é estar em comunhão com sua ressurreição, participar dos seus sofrimentos. Assim, a experiência cristã é mediada pela fé em Jesus Cristo. É participar com Cristo do seu Mistério Pascal. Para ressuscitar, o cristão deve tornar-se semelhante a Cristo no sofrimento, na morte e viver na esperança da ressurreição futura.
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EXPERIÊNCIA CRISTÃ Na experiência cristã possuímos totalmente o objeto do nosso conhecimento, porém esperamos tê-lo definitivamente quando o vir-mos-mos tal como Ele é não vida eterna. Então, a experiência cristã é o desejo, a esperança de participar do Mistério Pascal de Cristo para podermos contemplá-lo definitivamente na eternidade.
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Fé e Razão
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A fé e a razão A razão é condição imprescindível para a vivência de uma sã espiritualidade. Dessa forma, os animais irracionais não têm espiritualidade, porque não tem razão. As virtudes (uma disposição habitual e firme para fazer o bem) não são agradáveis aos sentidos, pelo contrário, elas confrontam os sentidos a fim de ordená-los. Para São João da Cruz, o uso da razão na espiritualidade é fundamental, para não se cair num sentimentalismo unitivo.
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A fé e a razão A oração é um ato da razão e da vontade, nem sempre, ou quase sempre, a oração não é agradável, no entanto, Cristo nos ordena rezar continuamente. Portanto, devemos rezar sempre, mesmo que não me traz sensações agradáveis ou não. Na vida espiritual nós somos chamados a atuar pela fé guiada pela razão, pois a fé atinge a nossa razão, visto que a fé é um conhecimento. Ter fé é um ato da vontade e da inteligência. Deus pode, vez ou outra, dar uma graça sensitiva, porém, isto não é ordinário, não é a fé, é a consequência dessa.
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ASCESE E MÍSTICA
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ASCESE E MÍSTICA A palavra Ascética vem do grego ασκητισμός (exercício, esforço) e designa todo o exercício laborioso que se refira à educação física ou moral do homem. A perfeição cristã supõe esforços que S. Paulo de bom grado compara aos exercícios de treino, a que se submetiam os lutadores, para assegurarem a vitória. Era, pois, natural designar pelo nome de Ascese os esforços da alma cristã em luta para alcançar a perfeição. Não é, pois de se estranhar que se tenha dado o nome de Ascética à ciência que trata dos esforços necessários para adquirir a perfeição crista.
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ASCESE E MÍSTICA No entanto, durante longos séculos, o termo que prevaleceu, para designar esta ciência foi o de Teologia Mística μυστικό θρησκευτικές(misterioso, secreto, e sobre tudo segredo religioso), porque ela expunha os segredos da perfeição. Depois, houve uma época em que essas, duas palavras foram empregadas no mesmo sentido; mas veio a prevalecer o uso de reservar o nome de Ascética à parte da ciência espiritual que trata dos primeiros graus da perfeição até o limiar da contemplação, e o nome de Mística à que se ocupa da contemplação e da via unitiva.
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ASCESE E MÍSTICA A espiritualidade supõe certo nível de conhecimento dogmático, bíblico, conhecimento que os místicos têm, mesmo sem muita instrução. É bom notar que cada santo, místico tem preferência por um aspecto de Deus: Criador; o Providente; O Glorioso…
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ASCESE E MÍSTICA Deus O Criador: parte da criação do mundo e do homem e procura ressaltar este aspecto: “Deus viu que tudo era bom”. O tema da criação é noção básica para a fé de Israel e nossa. Os Salmos não cessam de louvar a Deus, pelas maravilhas da criação. A liturgia cristã, principalmente a missa, volta sempre a este tema: “Bendito sejais, Senhor, Deus do Universo...”. O homem deve reconhecer que Deus é o Criador e Senhor: “Creio em Deus Pai, criador do céu e da terra”. Ele enviou seu Filho único ao mundo, para recriá-lo, resgatá-lo.
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ASCESE E MÍSTICA Deus A Providência: A palavra providência corresponde no hebraico à palavra cuidado (Jó 10,12). O conceito aparece claro nos acontecimentos bíblicos: Deus manifesta-se na história, marcha à frente de seu povo, olha dos altos céus. De tudo o que Deus criou, com sua Providência ele cuida e tudo conserva. Caso contrário, ensina o Catecismo Romano, as coisas recairiam no nada. “É a tua Providência, ó Pai, que dirige o leme” (Sb 14,3). A confiança na Providência, em alguns santos, aparece ligada à pobreza em que eles praticaram em grau heroico. É difícil encontrar santos que não tenham feito, da criação e da providência divina, tema de sua oração.
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ASCESE E MÍSTICA Deus A Glória: Sto. Inácio era devoto da glória de Deus, e colocou-a como legenda de seu escudo: “Para a maior glória de Deus”. Um tema muito bíblico. Jesus possuía esta glória e a passou a seus discípulos: “Que eles estejam comigo, para que contemplem a minha glória, glória que me destes... antes da criação do mundo” (Jo 17, ). Ele a manifestou no Monte Tabor, nos milagres, na ressurreição. A Liturgia endossou essa devoção: “Glória a Deus nas alturas!”
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ASCESE E MÍSTICA LEITURA (Ascese)
Sto. Agostinho: “O pôr-do-sol dourava a vastidão das águas. Perguntei: Ó grande oceano, és tu meu Deus? E o bramido das ondas responde: - Não sou; suba mais alto. E as estrelas surgiram a brilhar no firmamento Perguntei: Sois vós o meu Deus? - Não, suba mais alto. E vós, bem-aventurados do céu? Fascinado pergunto: Sois vós o meu Deus? - Não, vai mais alto. Enfim, chegando ao trono da majestade, da luz, da felicidade: SOU EU, disse.”
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ASCESE E MÍSTICA Jesus Cristo
Foi no final da Idade Média que os autores espirituais e os santos começaram a dar uma orientação mais cristocêntrica à espiritualidade. Começam as conhecidas devoções ao presépio, Paixão, SS. Sacramento e, tempos depois, ao Coração de Jesus. Deve-se destacar o papel fundamental de Jesus na santificação dos fiéis. Seremos santos na medida em que vivemos a vida de Cristo.
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ASCESE E MÍSTICA Jesus Cristo
A vida de Cristo O primeiro passo é conhecer bem, pela leitura frequente, os evangelhos. Ler atentamente os outros livros do Novo Testamento, principalmente as cartas de S. Paulo, onde se pode descobrir as interpretações teológicas da Igreja Primitiva sobre os fatos principais da vida de Jesus: em Belém, Nazaré, vida pública, Jerusalém, Judéia, Galiléia, Samaria e final de sua vida. Aí veremos seu peregrinar, sua missão.
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ASCESE E MÍSTICA Jesus Cristo
Os autores espirituais, demoram-se em explicitar as virtudes praticadas por Jesus em grau máximo: pobreza, obediência, paciência, fortaleza, caridade, perdão, pureza, amor aos pobres e aos pecadores, oração, veracidade. Todas elas têm exemplos marcantes nos evangelhos. Jesus, o Rabi, queria ser seguido, não só de perto por apóstolos e discípulos, mas pelo povo, pela multidão. Basta ler o sermão da montanha, as bem-aventuranças.
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ASCESE E MÍSTICA Jesus Cristo
É, por vezes exigente: na caridade, no perdão, no levar a cruz: “Quem quiser ser meu discípulo, tome a sua cruz e siga-me”. “Este é o meu mandamento”... A espiritualidade sempre esteve atenta a isso. Os primeiros cristãos eram exigentes nestes preceitos. Jesus várias vezes mostrou-se determinado em cumprir a vontade do Pai, tanto que ensinou-nos a rezar: “Seja feita a vossa vontade...” E na Paixão: “Não se faça a minha vontade mas a vossa”.
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ASCESE E MÍSTICA Jesus Cristo
Em muitos santos fica clara esta fé decidida: fazer a vontade de Deus. Viam em todos os acontecimentos da vida um sinal desta vontade. Desde o início, seguir e imitar Cristo tem sido a tônica de todas as escolas de espiritualidade, a partir do martírio e do deserto. A obediência levava a ver na vontade dos diretores espirituais e dos superiores a vontade de Deus.
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ASCESE E MÍSTICA O Espírito Santo
Falar de espiritualidade é falar do Espírito Santo. Nas primeiras páginas da bíblia diz que “um vento impetuoso soprava sobre as águas”. Jesus logo afirma que “o Espírito sopra onde quer”. Esta ação muito sutil e poderosa vai estender-se na História, desde a Igreja primitiva até nossos dias, com uma ação privilegiada nas almas místicas. São Paulo, citando Is 32,15 diz aos Coríntios que todo cristão tem o Pneuma e seus dons (1Cor 12).
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ASCESE E MÍSTICA O Espírito Santo
Toda a força da comunidade depende dele. Sua ação move a missão. E ressalta: “O Senhor é o Espírito”. O Senhor opera pela força do Pneuma. A unidade dos membros é operada por Ele. O Espírito Santo, tão importante na teologia oriental, ficou em segundo plano na teologia ocidental. O pentecostalismo, tanto evangélico como católico, trouxe de volta não só a atenção ao Espírito Santo, mas também aos seus dons e carismas. o Espírito, que se comunica, é dado pelo Pai e pelo Filho e Ele atualiza a ação salvífica de Cristo na Igreja e em cada cristão. É uma força ativa pela qual o Pai e o Filho realizam o plano salvífico.
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ASCESE E MÍSTICA O Espírito Santo
O Espírito é identificado com o Amor: “Deus é amor e o que vive no amor permanece em Deus e Deus nele" (Jo 14,23). Deus habita dentro da alma em graça. Esta é uma verdade que tem ocasionado lindas páginas dos melhores escritores espirituais. Pelos dons da sabedoria, ciência, inteligência faz Ele dos místicos verdadeiros sábios, mesmo sem estudo, como aconteceu com S. Geraldo, Sta. Teresinha e muitos outros santos.
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ASCESE E MÍSTICA O Espírito Santo
O Espírito Santo é chamado Dom do Deus Altíssimo no hino “Veni, Creator”. Mas ele próprio dá seus sete dons, cumprindo a profecia de Isaías cap 11: “Sairá um rebento do tronco de Jessé. Repousará sobre ele o Espírito do Senhor, espírito de sabedoria e discernimento, espírito de conselho e fortaleza, espírito de conhecimento e temor do Senhor”. Deve-se notar que, embora o texto seja messiânico, a Tradição estende-o aos fiéis em Cristo. Toda a perfeição em Cristo encontra-se nos seus membros, se é algo comunicável.
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ASCESE E MÍSTICA O Espírito Santo
Foram as bem-aventuranças certamente que inspiraram a vida religiosa, principalmente a monacal, pois, para quem se acha fraco neste mundo, o melhor é afastar-se dele, fugindo se necessário da ocasião próxima do pecado, como manda a Moral. A só leitura das oito bem-aventuranças insinua isso e o grau de perfeição que elas exigem. “Bem-aventurados os pacíficos... os puros de coração... os que choram... os pobres de espírito, os misericordiosos, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os perseguidos” (Mt 5, 3-10).
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ASCESE E MÍSTICA O Espírito Santo
Destas Bem-aventuranças tiramos os frutos. Os doze frutos são: fé, alegria, continência, castidade, caridade, gozo espiritual, paz, bondade, amabilidade, mansidão, paciência e generosidade.
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ASCESE E MÍSTICA A Igreja
Este tema, muito rico, geralmente é remetido para a Eclesiologia, parte da Teologia Dogmática. Aqui entendemos por Igreja tanto a Igreja universal (Católica), como a particular, local e mesmo as comunidades. Na vida concreta, a ideia de Igreja é a pedra de toque para a vida cristã e espiritual. Assembleia, esposa, mãe, mestra, escola de fé, amor e muita esperança, e fonte de todas as virtudes, tem chamado a atenção do mundo.
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ASCESE E MÍSTICA A Igreja
Quer queiramos ou não, é dentro da Igreja que temos nossa salvação e santificação. É a nova Arca no dilúvio deste mundo. Talvez alguém se sinta rejeitado, mal amado na Igreja: não se esqueça das rejeições clássicas, a começar com Jesus. Que leigo ou clérigo não se sentiu excluído na sua comunidade? Quem não encontrou pessoas que apontam erros na comunidade como causa do seu afastamento? Comunidade de santos e pecadores!
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ASCESE E MÍSTICA A Igreja
A exemplo dos santos, a única atitude de quem aspira à perfeição é demonstrar respeito e amor pelos que dirigem a Igreja. S. Paulo pede aos tessalonicenses “consideração pelos superiores e guias no Senhor... amor especial por causa de seu trabalho” (1 Ts.5,l2s). A obediência é virtude do próprio Cristo. Vemos o exemplo de S. Afonso: “Vontade do Papa, vontade de Deus!” É assim que procediam os santos.
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ASCESE E MÍSTICA Maria A Mariologia trata dos aspectos teológicos básicos de Maria, como os privilégios da Imaculada Conceição e da Maternidade Divina, das virtudes, da intercessão, do culto. Aqui trataremos apenas de dois aspectos: Maria, como modelo de perfeição e culto mariano. Isto é, veremos como Maria se reflete em nossa vida e como podemos responder com nossa devoção. Maria, por assim dizer, está entre Jesus e os santos, como exemplo de mulher simples de Nazaré, mas mulher cheia de fé em Deus, e de confiança em Jesus, seu filho.
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ASCESE E MÍSTICA Maria Em que sentido Maria é exemplo de santidade e perfeição para nós? A pergunta é muito pertinente pois, se olharmos Maria como Mãe de Deus, Imaculada, Sempre Virgem, Perfeitíssima, Assunta aos Céus, sua vida e exemplos podem parecer inacessíveis. A Lumen Gentium tratou indiretamente desta questão quando fala da missão de Maria na economia da redenção e na Igreja. Daí que certamente ela realizou esta missão com excelentes exemplos de sua vida de fé e virtudes, embora filha humilde do Povo de Israel.
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ASCESE E MÍSTICA Maria Mostra-se isso:
− Num sentido muito humano, como mulher simples e pobre, Maria é exemplo de virgem, esposa e mãe e, podemos acrescentar, de viúva, depois da morte de José. − Não é difícil mostrar que foi exemplo de fé e confiança, como na Anunciação, no Calvário, onde mostrou também sua esperança e caridade, como na Igreja nascente. − As virtudes morais brilharam em sua vida: a humildade, que ela demonstrou no “Magnificat”, sua fortaleza. Foi mulher sábia, prudente e justa. Seu amor materno aparece na cena em que procura Jesus, e na cruz. − Como se isso não bastasse, podemos ressaltar aqui gestos, palavras, atitudes suas, no sentido bíblico e, especialmente, evangélico.
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ASCESE E MÍSTICA Maria Maria é a cheia de graça, que nos ajuda a encontrar a graça. Como disse S. Bernardo: “Senhora, achaste graça não só para ti, mas para todos nós”. Esta graça ela foi logo levar a João Batista e Isabel. Maria, com os anjos em Belém, dá glória a Deus: ali está o Messias, o Salvador, o Príncipe da Paz que Ela veio trazer aos homens “a quem Deus quer bem”. É a oração de louvor sempre em seus lábios. Proclamada “bendita entre as mulheres”, “sua alma engrandece ao Senhor” que “olhou a humildade de sua serva”, canta, repetindo o cântico da mãe de Samuel, onde aparece a mensagem da libertação, do goel libertador.
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ASCESE E MÍSTICA Maria Aquela que acreditou, mesmo nas ocasiões mais difíceis de sua vida: por isso é proclamada feliz. A devoção mariana traz paz, felicidade a seus devotos. “Meu filho!”: belo título que Maria dirigiu a Jesus, que lhe indicou logo a “vontade do Pai”. Assim se revela a missão de Jesus e de Maria, mais importante que a vida em Nazaré, onde vão mostrar obediência e trabalho. De onde certamente irão “todos os anos” em romaria a Jerusalém, como observantes da Lei. É ali que, durante trinta anos, Maria nos ensina a missão de esposa e mãe.
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ASCESE E MÍSTICA Maria Mãe da esperança: o evangelho não conta, mas certamente, como toda mãe que perdeu um filho violentamente, vigiou duas noites, esperando a ressurreição: “ao terceiro dia eu ressuscitarei”. “Perseverante na oração”, com os apóstolos, com a Igreja nascente. Recebe o Espírito Santo, segundo a promessa: “O Espírito Santo descerá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra”. Cobre-a agora com a luz das línguas de fogo. Cheia de graça, ficará ela cheia do Espírito do Altíssimo.
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ASCESE E MÍSTICA Maria Foi muito bem estabelecido pela Exortação “Culto Mariano”. Logo no início, Paulo VI descreve o culto oficial da Igreja, com suas numerosas festas, sinais seguros da antiguidade e legitimidade deste culto. E diz: “A devoção a Maria é elemento da genuína piedade cristã”, segundo o princípio: “a lei de orar é a lei de crer”. Maria é modelo de Igreja; a Virgem que sabe ouvir, orante, operante, fecunda em vida espiritual. A piedade mariana deve ter três notas; deve ser trinitária, cristológica, eclesial. O culto deve ter cunho bíblico, litúrgico e ecumênico.
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ASCESE E MÍSTICA Maria Temos Maria como caminho de salvação e santificação. “A piedade para com a Mãe do Senhor torna-se, pois, para o fiel, ocasião de crescimento na graça divina”. “Esta graça (vinda de Maria) reveste o homem e torna-o conforme à imagem do Filho de Deus”, “auxílio poderoso para a conquista da própria plenitude” (n. 57). É evidente que a mediação de Maria é subalterna à mediação do único intercessor: Maria é caminho para Jesus. Com razão escreveu Santo Afonso: “O devoto de Maria não se perde nunca!” Poderíamos acrescentar: “O fiel devoto sempre se santifica”.
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ASCESE E MÍSTICA Os Santos
Os santos foram aqueles que aculturaram, em sua vida e em seu tempo o evangelho, e praticaram perfeitamente o que aqui se expõe. Santo é aquilo que está afastado, separado do impuro ou profano, reservado para o serviço de Deus. Deus é Santíssimo por estar nos altos céus: “Santo, Santo, Santo”. Jesus é santo porque é o Verbo Encarnado. Os cristãos frequentemente são chamados santos porque, pelo batismo, foram consagrados a Cristo (Rm 1,7; 1Cor1,2).
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ASCESE E MÍSTICA Os Santos
Uma questão estudada e questionada é a do culto aos santos. São clássicos os três modos de cultuar: veneração, invocação e imitação. A hagiografia, desde os apóstolos, está repleta de exemplos: “Sede meus imitadores como eu sou de Cristo”. Nem sempre o povo humilde segue as normas do culto e, no modo popular de dizer, “adoram os santos”. Mesmo os bons religiosos devem precaver-se contra certa forma de infantilismo e até superstição.
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ASCESE E MÍSTICA Os Santos
O culto de imitação também oferece seus obstáculos: é uma das objeções dos que propugnam uma espiritualidade moderna, atualizada. Nem tudo podemos imitar nos santos: Sto. Antão no deserto, S. Luís, rei de França, os mártires... Seja como for, a Igreja manda buscar nos santos “o exemplo de suas vidas, o consórcio na comunhão e o auxílio na intercessão” (LG. 51)
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Introdução à teologia espiritual - Por CHARLES ANDRE BERNARD – Livraria cultura Compêndio de Teologia Espiritual – Federico Ruiz Salvador, O.C.D. Teologia da espiritualidade cristã - Danilo Mondon
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