O nome do negro: teatro de rua como partilha do sensível.

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1 O nome do negro: teatro de rua como partilha do sensível.
Newton Armani de Souza – Doutoramento em Estudos de Teatro Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Orientadora – Profª Doutora Anabela Drago Miguens Mendes Objecto – analiso a experiência da montagem do espectáculo de rua “O nome do negro”, em 1991, em São Paulo/BR. À partir de processos formativos no âmbito dos órgãos públicos de Cultura, atendendo a expectativas iniciais do Prof. Walter de Almeida Costa, fez-se da história de Sebastião Francisco uma oportunidade para romper as barreiras que separam, social e culturalmente, centro e periferia, numa megalópole. Abordagem – Adoptando o materialismo histórico- dialéctico , recupero o espectáculo criado com base nas memórias de Sebastião Francisco, homem negro, nascido no Estado do Rio de Janeiro, onde ingressou no Partido Comunista e resistiu à Ditadura de Vargas ( ), até ser encarcerado no Presídio Maria Zélia, em Se o processo de criação sobre a vida de Francisco materializou a obra de Edgar Salvadori Decca tratando da maneira como a luta dos trabalhadores na década de 30 foi banida da historiografia oficial, o trabalho representou igualmente a superação da contradição entre estética hegemónica e subordinada. O espectáculo constitui-se dos valores e expressões da cultura negra, nomeadamente o samba, o candomblé e o hip-hop. Visto que numa megalópole, essa dialéctica se expressa no território, historicamente a fazer das ruas sinónimo de artérias de um organismo povoado por abruptas diferenças sociais, as mesmas ruas que afastam Itaquera, fizeram-se palco para vozes e corpos, em troca de experiências sensíveis. De caracter processional, “O nome do negro” era dividido em 7 estações, cada qual abordando um traço sociocultural relacionado com a figura de Francisco, apresentado por 80 componentes, em elenco formado, predominantemente por moradores do bairro operário de São Paulo. Referências. DE DECCA, E. S. (1981) 1930: o silêncio dos vencidos. São Paulo: Brasiliense. RANCIÈRE, J. (2009) A partilha do sensível: estética e política. Translated by: Neto, M.C. São Paulo: Editora 34