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1ª Sessão: questões bíblicas, teológicas e filosóficas atuais

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Apresentação em tema: "1ª Sessão: questões bíblicas, teológicas e filosóficas atuais"— Transcrição da apresentação:

1 1ª Sessão: questões bíblicas, teológicas e filosóficas atuais
“Quando somos demasiado curiosos das coisas que se praticavam nos séculos passados, ficamos ordinariamente muito ignorantes das que se praticam no presente”. René Descartes “Não conhecemos história que não viva de uma origem, mas não conhecemos também origem que não seja dita no seio da história e como interpretação dessa história”. Claude Geffré “Agir como hermenêutica é criar interpretações novas e até produzir novas figuras históricas do cristianismo em outros tempos e em outros lugares”.

2 1ª Sessão: questões bíblicas, teológicas e filosóficas atuais
Quando problematizado o fazer teológico, depressa o teólogo é remetido para as seguintes estórias e/ou alegorias: a) Estória da pedra de ouro de Joãozinho;[1] b) Estória de um circo ambulante que pegou fogo, anteriormente descrita por Kierkegaard e retomada por Harvey Cox;[2] c) Alegoria kantiana da pomba.[3] [1] RATZINGER, Joseph. Introdução ao cristianismo: preleções sobre o Símbolo Apostólico. São Paulo: Herder, 1970, p. 6. [2] COX, Harvey. A cidade do homem: a secularização e a urbanização na perspectiva teológica. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968, p. 270. [3] KANT, Imanuel. Crítica da Razão Pura. São Paulo: Nova Cultural, 2000, p. 57. 2

3 1ª Sessão: questões bíblicas, teológicas e filosóficas atuais
1. Com a intenção de falar teologicamente numa sociedade pós-metafísica, de certa forma, o teólogo sente a necessidade de se libertar do peso da tradição. Sente-se como o Joãzinho e a pomba que, em busca de maior liberdade e criatividade, desapegam-se, respectivamente, da tradição simbólica e da resistência do ar. Sem a resistência do ar (da tradição), o fazer teológico parece fluir e elevar-se as mais elevadas ou profundas compreensões. Em forma de pergunta: O teólogo, na sociedade pós-metafísica, confiante na possibilidade de prescindir da tradição, não acabará detendo entre as mãos, em lugar da pedra de ouro, uma simples pedra de amolar ou, ainda, não acabará impossibilitado do seu vôo teológico? 3

4 1ª Sessão: questões bíblicas, teológicas e filosóficas atuais
2. Na sociedade pós-metafísica, em sua roupagem de teólogo escolástico, o teólogo não é tomado a sério. Pode conjurar como quiser, continua como que etiquetado e fichado pelo papel que representa, ou seja, um palhaço do qual todos se riem, apresentando-se como que necessário libertar-se da tradição. Em forma de pergunta: Sem eliminar o peso da resistência da tradição, o teólogo não acabará sendo etiquetado como palhaço incapaz de transmitir uma mensagem relevante? 4

5 1ª Sessão: questões bíblicas, teológicas e filosóficas atuais
1. Como se vê, não basta agarrar-se à pedra de ouro de fórmulas consagradas do passado metafísico que, em tal caso, continuariam sendo um peso, revelando-se a impossibilidade da compreensão da mensagem cristã numa sociedade pós-metafísica (teólogo palhaço). 2. Também não é o suficiente abrir mão da pedra de ouro em nome de uma suposta criatividade, revelando-se assim a possibilidade de falar de Deus hoje, esquecendo-se, contudo, da tradição simbólica que constitui esta mensagem (pedra de ouro e a resistência do ar). Problemática: O célebre problema da conciliação entre a novidade criativa e a fidelidade cristã está colocado com toda a sua agudeza. 5

6 Mt 6,7-13 7 Quando vocês rezarem, não usem muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por causa do seu palavreado. 8 Não sejam como eles, pois o Pai de vocês sabe do que é que vocês precisam, ainda antes que vocês façam o pedido. 9 Vocês devem rezar assim: Pai nosso, que estás no céu, santificado seja o teu nome; 10 venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. 11 Dá-nos hoje o pão nosso de cada dia. 12 Perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. 13 E não nos deixeis cair em tentação, mas livra-nos do mal. Lc 11,1-4 1 Um dia, Jesus estava rezando em certo lugar. Quando terminou, um dos discípulos pediu: “Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou os discípulos dele”. 2 Jesus respondeu: “Quando vocês rezarem, digam: Pai, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. 3 Dá-nos a cada dia o pão de amanhã, 4 e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos aqueles que nos devem; e nos deixeis cair em tentação”.

7 Ponto de partida do fazer teológico
1ª Sessão: questões bíblicas, teológicas e filosóficas atuais Ponto de partida do fazer teológico Os lugares e os contextos tornam-se decisivos na hermenêutica na sua versão mais moderna. Para Ricoeur, os contextos são decisivos, não somente os contextos que estão “por trás” dos textos, mas os que estão “de frente” enquanto mundos possíveis, ou seja, os contextos dos atuais leitores. Fides quae Escritura, Tradição Lugares categorias ou textuais: substancial Fides qua História, cultura, experiência de fé Lugares vivos: determinante 7

8 1ª Sessão: questões bíblicas, teológicas e filosóficas atuais
A importância dada aos lugares e contextos traz conseqüências importantes para o trabalho teológico. A teologia como hermenêutica, mais que um simples ato de conhecimento noético, é um modo de ser no qual a compreensão da tradição (fides quae) é necessariamente inseparável da experiência de fé (fides qua). Não há, portanto, um lugar único e privilegiado do fazer teológico, circunscritos em posições hierarquicamente organizadas. Não pode ser a academia, nem a tradição, nem o Magistério, nem a fé positiva ou dogmática, nem a comunidade congregada dos fiéis, no seio da sociedade, como lugar único ou privilegiado. Estes lugares e outros mais formam um irredutível círculo hermenêutico. 8

9 1ª Sessão: questões bíblicas, teológicas e filosóficas atuais
Círculo hermenêutico Uma das categorias principais do pensamento hermenêutico, tanto na filosofia quanto na teologia, é o círculo hermenêutico. Apesar de já presente desde que a compreensão se tornou explicitamente problema, o círculo hermenêutico lembra, fundamentalmente, Heidegger por ter demonstrado a “estrutura circular” fundamental da compreensão. Eis o círculo hermenêutico: “Toda interpretação que deve seguir à compreensão, precisa já ter compreendido o que vai expor”[1]. [1]HEIDEGGER, 1967, § 32, p. 152: “Alle Auslegung, die Verständnis beistellen soll, muß schon das Auszulegende verstanden haben”. 9

10 1ª Sessão: questões bíblicas, teológicas e filosóficas atuais
Círculo hermenêutico expresso de forma bíblica “Visto que muitos já tentaram compor uma narração dos fatos que se cumpriram entre nós, I – Eventos ocorridos conforme o que nos transmitiram aqueles que desde o princípio foram testemunhas oculares e ministros da palavra, II – pré-textos nas comunidades a mim também pareceu conveniente, após acurada investigação de tudo desde o princípio, escrever de um modo ordenado, III – trabalho redacional a ti, muito ilustre, Teófilo, IV – destinatários para que verifique a solidez dos ensinamentos que recebeste”. (Lc 1,1-4). V – finalidade

11 1ª Sessão: questões bíblicas, teológicas e filosóficas atuais
Paradigma da subjetividade Paradigma hermenêutico Interpretação Sujeito “Penso, logo, existo” Situação Tradição Jesus Cristo Deus Fé-existencial Adequação Objeto (Texto) Sujeito Tradição Seria o círculo hermenêutico apenas negativo e, segundo as regras da lógica, sempre vicioso, em especial para o fazer teológico? 11

12 1ª Sessão: questões bíblicas, teológicas e filosóficas atuais
“Ver nesse círculo um vício, buscar caminhos para evitá-lo e também ‘senti-lo’ apenas como imperfeição inevitável, significa um mal-entendido de princípio acerca do que é compreensão”[1]. “O decisivo não é sair do círculo, mas entrar nele de maneira correta”[2]. Penso que existem duas condições necessárias para termos um círculo hermenêutico em teologia. A primeira é que as perguntas que surgem do presente sejam tão ricas, gerais e básicas, que nos obriguem a mudar nossas concepções costumeiras da vida, da morte, do conhecimento, da sociedade, da política e do mundo em geral. [...] A segunda condição está intimamente ligada à primeira. Se uma teologia chegar a supor que é capaz de responder às novas perguntas sem mudar sua costumeira interpretação das Escrituras, já terminou o círculo hermenêutico.[3] [1]HEIDEGGER, 1967, § 32, p. 153: “Aber in diesem Zirkel ein vitiosum sehen und nach Wegen Ausschau halten, ihn zu vermeiden, ja ihn auch nur als unvermeidliche Unvollkommenheit ‘empfinden’, heißt das Verstehen von Grund aus mißverstehen”. [2]HEIDEGGER, 1967, § 32, p. 153: “Das Entscheidende ist nicht, aus dem Zirkel heraus-, sondern in ihn nach der rechten Weise hineinzukommen”. [3]SEGUNDO, Juan Luís. Libertação da teologia. São Paulo: Loyola, 1978, p. 11. 12

13 Quatro características desse modo de proceder
1ª Sessão: questões bíblicas, teológicas e filosóficas atuais Quatro características desse modo de proceder 1. Inseparabilidade entre sujeito e objeto; 2. O condicionamento de toda expressão humana a um determinado horizonte (linguagem, ser-no-mundo, tradição); 3. A circularidade: toda interpretação que segue a compreensão, já compreende o que vai expor; 4. A referência à pré-compreensão: a interpretação não leva alguma coisa à compreensão, antes pressupõe uma compreensão, a partir da qual elabora explicitamente o que foi compreendido. 13

14 1ª Sessão: questões bíblicas, teológicas e filosóficas atuais
Tradição como interpretação e interpretação na tradição Vivendo de uma origem primeira que é interpretada, o cristianismo é tradição (memória). Esta tradição é, mais uma vez, re-dita historicamente a partir de uma interpretação criativa (profecia), sendo necessariamente sempre produção, que, por sua vez, é verificada na prática cristã.[1] Neste sentido, a teologia enquanto hermenêutica se aproxima do modelo genealógico nietzscheano que consiste em dizer juntamente a origem e a história, ou seja, é correlação crítica entre tradição e experiência humana contemporânea, circunscrita nas práticas históricas dos seres humanos na Igreja e na sociedade. [1] GEFFRÉ, Claude. Crer e interpretar: a virada hermenêutica da teologia. Petrópolis: Vozes, 2004, p. 36. 14

15 1ª Sessão: questões bíblicas, teológicas e filosóficas atuais
Existe uma continuidade circular criativa entre aquilo que se testemunha (o que de fato Jesus viveu) e o modo como é testemunhado (o que é apresentado nos textos do Novo Testamento). A experiência (o que se viveu com Jesus) é prolongada numa interpretação criativa (o que se escreveu sobre Jesus). Eis o círculo hermenêutico na teologia: damos como certo que a experiência (a vida de Jesus) existe sempre como interpretada (livros do Novo Testamento) e que toda captação posterior (nossa compreensão de Jesus, inclusive do Magistério da Igreja) acontece por sua vez no seio de uma nova comunidade de fé, portanto, enquanto interpretação. A vida de Jesus O testemunhado: livros do NT Nova interpretação Situações e contextos Jesus Cristo 15

16 1ª Sessão: questões bíblicas, teológicas e filosóficas atuais
Esta nova compreensão aberta pela hermenêutica revela dois pontos centrais para o fazer teológico atual: 1. Há, em princípio, muitas possibilidades de interpretação; estas não são expressões rigorosas ou exatas da tradição, mas esta, ao contrário, se esconde atrás delas, sendo apenas vista em perspectiva, como quebrada. É por isso que se fala em apenas interpretações; 2. O cristão, contudo, não pode dispensar a tradição e a interpretação. Ele vive interpretando, e nisso está seu único acesso ao mundo e à vida. A atividade hermenêutica é uma interpretação da tradição, sem, contudo, conduzir a esta, mas mantendo-se ao nível da interpretação. 16


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