HARMONIAS ADMINISTRATIVAS. Pano de fundo do debate  Grande parte das teorias administrativas originam-se das idéias positivistas (funcionalistas), quais.

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1 HARMONIAS ADMINISTRATIVAS

2 Pano de fundo do debate  Grande parte das teorias administrativas originam-se das idéias positivistas (funcionalistas), quais sejam: Sobrevivência (evolução, perpetuação); Supremacia do todo sobre as partes; Negação dos conflitos (manutenção da ordem);  Para além do aspecto técnico, o modelo burocrático deve ser entendido com um tipo de dominação (ideologia) historicamente situado que abriga as teorias administrativas.  Embora sejam tributárias do contexto vigente, as teorias administrativas mantêm seus princípios edificantes.

3 Tragtenberg e as harmonias administrativas  O contexto do surgimento da Ciência da Administração Terceira fase de industrialização; Surgimento dos monopólios; Estabilidade do mercado; Produção em larga escala (maximização da produção); Planejamento em longo prazo. Teorias microindustriais

4 Tragtenberg e as harmonias administrativas  Taylor Orientação para as tarefas; Racionalização do trabalho - Estudo dos tempos e movimentos (one best way); Homo economicus; Maximização dos resultados para o empresário; Predomínio da organização sobre o homem. A separação entre direção e execução, autoridade monocrática, acentuação do formalismo na organização, a visão da administração como possuidora de idênticos interesses aos do operário definem o ethos burocrático taylorista, complementado por Fayol.

5 Tragtenberg e as harmonias administrativas  Fayol Ênfase na estrutura da organização; Preocupação com a direção da empresa (funções e operações); Enfatiza a função do administrador; Desenvolve princípios gerais da administração. Para Fayol, a autoridade da empresa possui um poder divino, emitindo comunicação de cima para baixo. Partindo dessa concepção mecanicista do processo de comunicação Fayol associa a centralização, a hierarquia, a ordem, a disciplina e a unidade de comando.

6 Tragtenberg e as harmonias administrativas  Síntese da Escola Clássica Esta escola recorria à métodos rígidos e mecanismos punitivos para manter a disciplina e obter a obediência dos funcionários, sufocando conflitos e resistências através de sanções e ameaças. Centralização do poder; Racionalização e simplificação das tarefas; Desconsideração com os aspectos individuais (alienação dos indivíduos aos papéis e esses a estrutura burocrática); Ênfase nas questões monetárias; Emergência de uma estrutura altamente formal (racionalidade burocrática).

7 Tragtenberg e as harmonias administrativas  Escola das Relações Humanas a atitude do empregado, face ao seu trabalho, e a natureza do grupo do qual ele participa são fatores decisivos para produtividade do trabalho. Elton Mayo Valorizando a comunicação máxima, a organização informal, os símbolos, o afeto, a sociabilidade, o papel da negociação e do compromisso (aceitação das diretrizes), esta escola procura adaptar o indivíduo ao meio sem transformar o meio e, com isso, contribui para reduzir as situações de conflito (manter a harmonia). O que está nas entrelinhas da frase acima?

8 Tragtenberg e as harmonias administrativas  Escola das Relações Humanas Ideologia manipulatória (mudam somente as formas); Valorização de símbolos baratos de prestígio; Estimula o surgimento de uma falsa consciência (ilusão de poder); Os conflitos são considerados meros desajustes estruturais; Preservação dos pressupostos tayloristas (separação entre planejamento e execução). Ela procura dissimular a dominação através de discursos e práticas participativas, desviando a atenção de seu objetivo central que é manter a produtividade nas organizações e reduzir as tensões entre capital e trabalho.

9 Tragtenberg e as harmonias administrativas  Sistematizando a discussão A ideologia da harmonia administrativa iniciada por Taylor reafirmada por Fayol é continuada por Mayo na sua preocupação de evitar os conflitos e promover o equilíbrio, pois enquanto a escola clássica usa a contenção direta Mayo usa a manipulação; As teorias administrativas, constituem harmonias administrativas, uma vez que se recorrem à uma abordagem positivista das relações sociais. Esta inspiração positivista levou teorias a se caracterizarem pela negação ou manipulação dos conflitos, através da utilização de mecanismos diretos ou indiretos de controle social, que garantem a produtividade e promovem um ordenamento harmônico das relações no mundo do trabalho.

10 É possível predizer que as harmonias administrativas perduram até os dias de hoje?

11 Relembrando...  Grande parte das teorias administrativas originam-se das idéias positivistas (funcionalistas), quais sejam: Sobrevivência (evolução, perpetuação); Supremacia do todo sobre as partes; Negação dos conflitos (manutenção da ordem);  Para além do aspecto técnico, o modelo burocrático deve ser entendido com um tipo de dominação (ideologia) historicamente situado que abriga as teorias administrativas.  Embora sejam tributárias do contexto vigente, as teorias administrativas mantêm seus princípios edificantes.

12 O que mudou desse quadro?  Crise do Estado do Bem-Estar Social;  Crise do modelo fordista de produção;  Intensificação da competição (globalização);  Necessidade de flexibilizar as organizações. É o fim da burocracia (harmonia administrativa) ou o surgimento de um novo discurso (empresa)?

13 Como manter as harmonias administrativas? Intensificação ou reinvenção de mecanismos que facilitem e tornem invisível (internalizado, ideológico, despersonalizado) o controle, tais como: Normas e regras; Cultura; Treinamento; Profissionalização. As modernas empresas (hipermodernas) são gerenciadas a partir de um sistema de princípios cujo criador da regra não tem necessidade de participar do jogo, de influenciar os participantes ou de lhes dar ordens para exercer seu poder; esse é atualizado pelo próprio jogo, desde que os jogadores respeitem as regras, pois as regras são a própria condição do jogo (internalização das normas).

14  Empresa emerge como a organização que fornece sentido para a vida dos trabalhadores;  Define os princípios que servem de referência universal;  Produtora do discurso dominante. Como manter as harmonias administrativas? É o surgimento de uma nova fé, de uma nova religião; a qual, calcada nos valores do capitalismo flexível, é elaborada dentro das organizações hipermodernas e que se consubstancia na adesão a um sistema de valores e crenças, o qual, por sua vez, incita as pessoas a se dedicarem de “corpo e alma” a seu trabalho (PAGÈS et al. 1987).

15 Dominação ideológica “Através de sua submissão a metas organizacionalmente estabelecidas e através da absorção gradual dessas metas em suas próprias atitudes, aquele que participa da organização adquire uma personalidade de organização, bastante diferente de sua personalidade como indivíduo” (GUERREIRO RAMOS, 1989, p. 109). Quais os reflexos dessa situação?

16 Um futuro distante...? “Não há razão, sem dúvida, para que os novos governos totalitários se assemelhem aos antigos. Governos baseados no porrete e no pelotão de fuzilamento, na miséria artificial, não são apenas desumanos (hoje ninguém se preocupa muito com isso); são ineficientes por demonstração e, numa época de tecnologia avançada, a ineficiência é pecado contra o Espírito Santo. Um estado totalitário realmente eficaz seria aquele em que o executivo todo-poderoso constituído de chefes políticos e de um exército de administradores, controlasse uma população de escravos que não precisassem ser forçados, porque teriam amor à servidão” (HUXLEY, 2001).

17 “A Teoria da Administração, do modo como tem sido concebida é ingênua, porque se baseia na racionalidade instrumental característica da ciência social no Ocidente. Até hoje, essa mesma ingenuidade é a responsável pelo seu sucesso em termos de aplicação prática. Entretanto, esse sucesso é unidimensional e vem exercendo um impacto desfigurador sobre a vida humana associada” (GUERREIRO RAMOS, 1989; p.1). Por outras possibilidades...