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Desesperança Autor: R.S. Lopes
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A vida me sucumbe, me engole, me devora
A vida me sucumbe, me engole, me devora. Extingue-me ferozmente,me consome,
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pois me perco em manias torpes e insanas, vejo-me em inutilidades, em vazios, em solidões.
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A vida me seja razoavelmente econômica, não se estenda por anos inúteis, supérfluos;
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cansarei de ver o mundo agonizando, as pessoas se corrompendo, se esvaziando, se anulando;
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eu odiaria ver um mundo padronizado e fútil
eu odiaria ver um mundo padronizado e fútil. Certamente faltará o poeta, o louco, o artista, faltarão os insanos.
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A vida me seja breve e leve, qual um fardo de ilusões, uma carga de delírios, um mundo de poesias;
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afinal, em mim já pesam as marcas da tristeza, do desamor e da solidão.
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Vou esperar que a vida, então, dê seu último suspiro e que a morte, este ente tão próximo, se apresente majestosa,
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ou, então, que a vida se transforme, ponha em sua face cores vivas, em seu corpo roupas justas, erga os seios, modele as pernas,
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ressalte a bunda, arrume o cabelo em desalinho, para depois me reconquistar, jogar-me em sua cama morna,
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possuir-me sem piedade e adormecer mansamente em mim.
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Nesse momento, somente nesse momento, direi um até breve à morte e sucumbirei novamente às insanidades da vida.
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Formatação: Gi Manteli
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