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A poesia fragmentada de Fernanda Hanna

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Apresentação em tema: "A poesia fragmentada de Fernanda Hanna"— Transcrição da apresentação:

1 A poesia fragmentada de Fernanda Hanna
Fragmentos A poesia fragmentada de Fernanda Hanna

2 Das ausências " De tudo ficou um pouco / E de tudo fica um pouco. / Oh abre os vidros de loção / e abafa / o insuportável mau cheiro da memória."                                           Trecho de Resíduo, poema de                                         Carlos Drummond de Andrade Ao longo de nossas vidas vamos nos acostumando com as ausências, as faltas que sofremos; - algumas dos nossos familiares, às vezes pelas ocupações próprias da vida, ou pois nem sempre tão familiares como gostaríamos; - de amigos, não tão amigos como imaginamos; - outras, de entes queridos, que não nos têm como tão queridos como os temos; - outras, de amores perdidos, porquê amores nem sempre vêm para ficar, alguns acabam mesmo por se perder, deixando em seu lugar a mágoa e a dor, impróprias para substituir a ausência; - outras de outras ausências diversas daquelas segue...

3 São tantas as ausências desta vida que é difícil rememorá-las e enumerá-las todas, sem esquecer de mencionar alguma. Fato é que, a ausência é a dor de um vazio que jamais será preenchido, porque não nos foi dado o poder de remover de nossas memórias tudo aquilo que gostaríamos ou até, às vezes, precisamos,  esquecer, tampouco o tempo é capaz de remover. Fato é que, o que nos resta disto é tentar, aprender com o próprio sofrimento e não causar ausência àqueles que nos têm como pessoas caras. E que os dias sejam generosos e abundantes, para que possamos fazê-lo.

4 Das percepções Sem saber que era impossível, ele foi lá e fez.” Lao Tsé Sapiência, para conhecer o momento certo, e silenciar. Percepção para ser capaz de observar, e com os olhos cerrados, sentir: Pessoas, movimentos. Os quadros, que inertes nas paredes mantêm-se enviando suas mensagens. Os ponteiros daquele velho companheiro. Paciência, para entender que a vida, mais que retratos e “recuerdos”, mais que aquele “instante que não pára”, acontece a todo momento, já não permanece inerte, e, se perece, é estanque, porque assim foi desenhada. Humildade, para despir-se de si à reflexão, e, defluindo dela, à sensata compreensão, de que o impossível é alçável, naquela condição.

5 Continuação... Capacidade para desenvolver a temperança, olhar à distância, manter o equilíbrio, e “dar à cada qual, segundo a sua pertença.” Lealdade, primeiro e principalmente consigo, e para ao próximo dedicar-se com retidão, amor, presença e, talvez o mais sensível, que o mais aguçado 'órgão dos sentidos' seja capaz: a compaixão. Porque ser capaz de transpor-se, 'aperceber-se' dos sentimentos e anseios de outrem, é certamente , a grande resignação, mais que ir além dali da esquina, a melhor rendição ao espírito humano.

6 ..."milhões de vasos e nenhuma flor..." *
E hoje estamos assim:  você me olha e diz quem você é e o que vê todos os dias quando em frente ao espelho. Importa-lhe sentir que eu saiba e creia que você não é quem eu disse ser. Importa-lhe sentir-se bem, livre das amarras da 'verdade', a minha verdade, ainda que isto não condiza com a realidade. E quanto a mim, também caberá a você dizer quem sou. Se sou o que você já sentiu, se sou o que você já viu. Se o tempo fez com que a venda da ira deixasse seus olhos e sua alma se rendesse à verdade que há em mim. Não à sua, não à alheia, mas a minha, e não alguma que fruto de ficção, mas somente a que há. Caberá a você dizer, não a mim, mas a você, como efetivamente sou, quem sou em você. Transparente, simples assim. De cá, mantido será o silêncio, meu eterno companheiro. Sempre será. As palavras virão, só de você. E o meu silêncio, ainda que doa, para sempre será, e a sua voz, cessar, nunca, nunca será. E hoje estamos assim:  você me olha e diz quem você é e o que vê todos os dias quando em frente ao espelho. Importa-lhe sentir que eu saiba e creia que você não é quem eu disse ser. Importa-lhe sentir-se bem, livre das amarras da 'verdade', a minha verdade, ainda que isto não condiza com a realidade. E quanto a mim, também caberá a você dizer quem sou. Se sou o que você já sentiu, se sou o que você já viu. Se o tempo fez com que a venda da ira deixasse seus olhos e sua alma se rendesse à verdade que há em mim. Não à sua, não à alheia, mas a minha, e não alguma que fruto de ficção, mas somente a que há. Caberá a você dizer, não a mim, mas a você, como efetivamente sou, quem sou em você. Transparente, simples assim. De cá, mantido será o silêncio, meu eterno companheiro. Sempre será. As palavras virão, só de você. E o meu silêncio, ainda que doa, para sempre será, e a sua voz, cessar, nunca, nunca será.

7 continuação... Porque neste “des-mundo” próprio do contrário em que viemos, no qual nos criamos há “... milhões de vasos sem nenhuma flor...” e isto me faz sentir frio, me dá medo e uma imensa sensação de vazio, de vácuo, um profundo silêncio de algo meio "matrix", que jamais cessará. Dói olhar o dia e ver que faltam “flores” no mundo... e nas noites sobram tantos vasos. E a gente nem sabe até quando será assim. E mesmo sabendo, mesmo assim, em muito, todos os dias, contribuímos para que permaneça assim. Mas... seja como for, o melhor de tudo sempre estará nas madrugadas e talvez ainda esteja por vir. Talvez floresça. Ainda que não estejamos aqui para ver. * Fragmento da música “Relicário”, de Nando Reis

8 O último O tempo parou. As estrelas já não descem. O sol não é visto, mas sabe-se que está lá, de alguma forma, está. Os ponteiros congelaram às 22:50 horas de um dia de outubro. Não me lembro ao certo qual, mas talvez fosse o último. O último suspiro e a morte ao final. As ruas tomadas de novembro engoliram aquelas que lhes antecederam. Nem a música se ouve mais. Ela ainda a canta, mas já não canta como antes. O ego sobressaltado, erguido feito arco de arqueiro, em riste, aponta o alvo e acerta. O velho violão entoa apenas as canções mais tristes. As que falam daqueles amores que vem e que vão e, que um dia, pra sempre vão. E não tornam. E os dias mostram que o valor só deve ser dado aquilo que tem. Tão somente o que vale. Nada mais. Nem um milímetro a mais. Sob pena de perder-se de vista o próprio valor. O último

9 Olhar cor céu Olhar cor céu
Olhar no escuro Se perde mar Vê a fantasia A saudade inflar. E, se um dia Sem alguém esperar, Vir, ver voltar E se assim, alguém quiser, O claro da lua-azul Há de brilhar E o olhar escuro O céu há de enfeitar. E o olhar cor céu, Os olhos jamais vão deixar passar, E as palavras já não serão ditas, Porque no ocaso do tempo, O sol tornará a brilhar...

10 Palavras profanas Palavras profanas
Que boca é essa que diz que ama? Que boca é essa que beija e insana, profana o que diz que ama? Que sol é esse que insiste em brilhar, Quando meus olhos já não suportam ver, Quando ninguém mais quer enxergar? Que outono é este que insiste em não partir, A despeito de ver o inverno com destreza chegar? Que o tempo leve de mim o profano que veio de ti. Que a saudade se imponha e rompa o véu feito tempestade, Levando consigo a cortina de fumaça, Trazendo-nos de volta ao fogo que há por trás segue... Palavras profanas

11 Continuação... E não importa o que quer que eu faça, Que aquele sol que insiste em brilhar Lance luz em teu olhar E te faça ver que sou além do que Até hoje a tua miopia te permitiu perceber. Porque eu quero crer que a vida começa, E não se encerra, aqui... E quando vierem em nossos espelhos os reflexos, Que, mais que de meras imagens, sejam de sorrisos. E se for preciso que haja algo que se encerre, Que seja na palavra amor.

12 Palavras malditas Palavras malditas
Pelas palavras malditas, Restam a dor e a tristeza, Restam a ausência e a saudade Pelas palavras não ditas, Impôs o tempo a distância Impõe a vida a separação. Pelas cartas não enviadas, Pelas palavras que eu não disse, Pelo tempo que deixei passar, Resta o lamento Da ausência tua, Resta o desejo de outra vez te ter. Pelos dias que se foram, Resta a lembrança Dos teus sabores, beijos e amores.

13 Pelas palavras não ditas
E hoje restam as lembranças Dos momentos de adultos e dos risos das crianças, Que jamais tornarão. E hoje existem na memória a saudade E um pouco da história. Que os dias tentaram escrever, E à vida restou deixar partir. No livro de histórias, As palavras que jamais serão ditas, As cartas que jamais serão lidas,

14 Continuação... Porque impedidas de serem enviadas, Pelas palavras que se perderam Em meio àquelas confusas, Perdidas e mau ditas; E malditas... Resta o tempo Que há de se encarregar de Levar da memória O que de tão efêmero não restou... Resta o tempo, Restam os dias a passarem lentos, Que espera-se, hão de tirar da alma a angústia e Do coração a saudade.

15 Quisera segue... Quisera Quisera mudar a essência de uma fragrância, mas é impossível, sem alterar-lhe a suavidade. Quisera sentir o gosto da boca, porém não é permitido. Quisera dormir e sonhar, e ao me deparar com aquele belo olhar verde-mar, ter a certeza de que melhor é não acordar. E sonhar, e sonhar, e sonhar. Quisera tornar o tempo e recomeçar, para ter a sensação de saber como seria, se tivesse feito diferente, mas não é possível, sequer permitido, porquê havia uma estória para contar, e assim foi, e assim é.

16 Porque hoje somos assim: Não mais quem éramos antes de nós, mas, eu, depois de você, e você, depois de mim. E já não é possível não ser assim. Quisera sentir o tempo atravessando os dias e as ondas, ao mar, e vê-lo voltar, E olhar, e olhar, e olhar... Quisera estar ali e não estar, sentir e não sentir, ver e não ver, mas, saber que é plausível. continuação... Porque hoje somos assim: Não mais quem éramos antes de nós, mas, eu, depois de você, e você, depois de mim. E já não é possível não ser assim. Quisera sentir o tempo atravessando os dias e as ondas, ao mar, e vê-lo voltar, E olhar, e olhar, e olhar... Quisera estar ali e não estar, sentir e não sentir, ver e não ver, mas, saber que é plausível.

17 Ver partir Ver partir é mais do que dizem os verbos... Ver partir é viagem, é saudade, é dor. Ver partir é ver sair de perto o amor, aquele se forja no dia-a-dia, com a presença do amor. Ver partir é viagem, de dor menor, se houver volta. Ver partir é dor de deixar ir quem se quer ao lado; segue... Ver partir

18 Continuação... É viagem de querer fechar a porta que não há. É dor se é você que vai. É saudade que vem, e fica em seu lugar. Ver partir a saudade, é saber sorrir o coração com alegria da volta. E se não quer ver partir dor, que é mais dor, do que o verbo diz, vem e traz de volta o sorriso seu, acalanto da minh'alma.

19 Fragmentos A poesia fragmentada de Fernanda Hanna.
Concepção: verão de 2008 Música: A viagem, Roupa Nova.


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