Aulas Multimídias – Santa Cecília Profº. Pecê. Vinicius de Moraes, Cecília Meireles, Jorge de Lima, Murilo Mendes, Carlos Drummond de Andrade.

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Transcrição da apresentação:

Aulas Multimídias – Santa Cecília Profº. Pecê

Vinicius de Moraes, Cecília Meireles, Jorge de Lima, Murilo Mendes, Carlos Drummond de Andrade

 Retomou elementos tradicionais, como a métrica e a rima.  Tornou-se um dos maiores sonetistas de nossa língua

1ª fase:  Fez parte do grupo de poetas espiritualistas do Rio de Janeiro  Poemas de inspiração católico-cristã, temas religiosos.  Formalmente, caracterizou-se pelos versos longos e o tom grandiloquente. 2ª fase:  Sua poesia aproxima-se cada vez mais dos temas cotidianos, da vida comum.  Surgem temas de caráter social, como “Operário em Construção”.  Os amigos, a boemia e o futebol são temas constantes.  O amor e o erotismo são a marca principal dessa fase, em que o poeta fez seus principais sonetos.

Vinícius de Moraes A BOMBA ATÔMICA A bomba atômica é triste Coisa mais triste não há Quando cai, cai sem vontade Vem caindo devagar Tão devagar vem caindo Que dá tempo a um passarinho De pousar nela e voar... Coitada da bomba atômica Que não gosta de matar! Coitada da bomba atômica Que não gosta de matar Mas que ao matar mata tudo Animal e vegetal Que mata a vida da terra E mata a vida do ar Mas que também mata a guerra… Bomba atômica que aterra! Pomba atônita da paz! Pomba tonta, bomba atômica Tristeza, consolação Flor puríssima do urânio Desabrochada no chão Da cor pálida do helium E odor de rádium fatal Lœlia mineral carnívora Radiosa rosa radical. Nunca mais, oh bomba atômica Nunca, em tempo algum, jamais Seja preciso que mates Onde houve morte demais: Fique apenas tua imagem Aterradora miragem Sobre as grandes catedrais: Guarda de uma nova era Arcanjo insigne da paz!

SONETO DE SEPARAÇÃO De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama. De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente. Fez-se do amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente.

 A rigor, pode-se considerá-la modernista apenas no aspecto cronológico, pois não utilizou as principais características modernistas (verso livre, poema piada, linguagem popular ou coloquial, humor, paródia etc.)  Seu único trabalho de temática social é “Romanceiro da Inconfidência”, um longo poema sobre os acontecimentos relativos à inconfidência mineira.

 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS:  Presença de paralelismos, influência da poesia trovadoresca ibérica.  Temas relacionados à efemeridade da vida e à passagem do tempo (das “coisas fugidias”)  Referência a elementos etéreos, fluidos ou imateriais (nuvem, luz, vento, água etc.), influência da poesia simbolista.  Uso de versos curtos  Musicalidade, exploração da sonoridade das palavras (aliterações, assonâncias).

Cecília Meireles CANÇÃO Pus o meu sonho num navio e o navio em cima do mar; - depois, abri o mar com as mãos, para o meu sonho naufragar Minhas mãos ainda estão molhadas do azul das ondas entreabertas, e a cor que escorre de meus dedos colore as areias desertas. O vento vem vindo de longe, a noite se curva de frio; debaixo da água vai morrendo meu sonho, dentro de um navio... Chorarei quanto for preciso, para fazer com que o mar cresça, e o meu navio chegue ao fundo e o meu sonho desapareça. Depois, tudo estará perfeito; praia lisa, águas ordenadas, meus olhos secos como pedras e as minhas duas mãos quebradas.  MOTIVO Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta. Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento. Atravesso noites e dias no vento. Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, — não sei, não sei. Não sei se fico ou passo. Sei que canto. E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada. E um dia sei que estarei mudo: — mais nada.

RETRATO Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas; eu não tinha este coração que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: ─ Em que espelho ficou perdida a minha face?

 Poeta fortemente influenciado pela poesia da 1ª geração, com os poemas-piada, os versos brancos e livres. Tornou-se o maior expoente da poesia surrealista no Brasil, com textos repletos de imagens inusitadas. Sua obra foi profundamente marcada pela temática social, que o poeta acreditava não desvincular-se das questões espirituais.  Junto com Jorge de Lima, escreveu Tempo e Eternidade, obra caracterizada pelo misticismo e a fé católica.  Um de seus livros mais importantes é Poesia Liberdade, em que se verifica a força da influência surrealista. O livro traz poemas divididos entre o pessimismo e a esperança de reconstrução do mundo.

Pré-história Mamãe vestida de rendas Tocava piano no caos. Uma noite abriu as asas Cansada de tanto som, Equilibrou-se no azul, De tonta não mais olhou Para mim, para ninguém! Cai no álbum de retratos.

Canção do exílio Minha terra tem macieiras da Califórnia onde cantam gaturamos de Veneza. Os poetas da minha terra são pretos que vivem em torres de ametista, os sargentos do exército são monistas, cubistas, os filósofos são polacos vendendo a prestações. A gente não pode dormir com os oradores e os pernilongos. Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda. Eu morro sufocado em terra estrangeira. Nossas flores são mais bonitas nossas frutas mais gostosas mas custam cem mil réis a dúzia. Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade e ouvir um sabiá com certidão de idade!

O filho do século Nunca mais andarei de bicicleta Nem conversarei no portão Com meninas de cabelos cacheados Adeus valsa "Danúbio Azul" Adeus tardes preguiçosas Adeus cheiros do mundo sambas Adeus puro amor Atirei ao fogo a medalhinha da Virgem Não tenho forças para gritar um grande grito Cairei no chão do século vinte Aguardem-me lá fora As multidões famintas justiceiras Sujeitos com gases venenosos É a hora das barricadas É a hora da fuzilamento, da raiva maior Os vivos pedem vingança Os mortos minerais vegetais pedem vingança É a hora do protesto geral É a hora dos vôos destruidores É a hora das barricadas, dos fuzilamentos Fomes desejos ânsias sonhos perdidos, Misérias de todos os países uni-vos Fogem a galope os anjos-aviões Carregando o cálice da esperança Tempo espaço firmes porque me abandonastes.

 Sua poesia inicialmente sofreu a influência do Parnasianismo. Ainda adolescente, com apenas 14 anos, notabilizou-se pela composição do soneto O Acendedor de Lampiões, construído com versos alexandrinos. Em 1914, publicou o livro XIV Alexandrinos.  A infância nos engenhos e no contato com os trabalhadores negros causou-lhe fortes impressões, que se traduziram na sua “poesia negra”, em que se destaca o poema Essa Negra Fulô. Convertido ao catolicismo nos anos 30, sua poesia assume um caráter também religioso, a “poesia em cristo”, época em que publica, juntamente com Murilo Mendes, Tempo e Eternidade.

O Acendedor de Lampiões Lá vem o acendedor de lampiões da rua! Este mesmo que vem infatigavelmente, Parodiar o sol e associar-se à lua Quando a sombra da noite enegrece o poente! Um, dois, três lampiões, acende e continua Outros mais a acender imperturbavelmente, A medida que a noite aos poucos se acentua E a palidez da lua apenas se pressente. Triste ironia atroz que o senso humano irrita: Ele que doira a noite e ilumina a cidade, Talvez não tenha luz na choupana em que habita, Tanta gente também nos outros insinua Crenças, religiões, amor, felicidade, Como este acendedor de lampiões da rua

Essa negra fulô Ora, se deu que chegou (isso já faz muito tempo) no bangüê dum meu avô uma negra bonitinha, chamada negra Fulô. Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! Ó Fulô! Ó Fulô! (Era a fala da Sinhá) — Vai forrar a minha cama pentear os meus cabelos, vem ajudar a tirar a minha roupa, Fulô! Essa negra Fulô! Essa negrinha Fulô! ficou logo pra mucama pra vigiar a Sinhá, pra engomar pro Sinhô! Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! Ó Fulô! Ó Fulô! (Era a fala da Sinhá) vem me ajudar, ó Fulô, vem abanar o meu corpo que eu estou suada, Fulô! vem coçar minha coceira, vem me catar cafuné, vem balançar minha rede, vem me contar uma história, que eu estou com sono, Fulô! Essa negra Fulô!

"Era um dia uma princesa que vivia num castelo que possuía um vestido com os peixinhos do mar. Entrou na perna dum pato saiu na perna dum pinto o Rei-Sinhô me mandou que vos contasse mais cinco". Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! Ó Fulô! Ó Fulô! Vai botar para dormir esses meninos, Fulô! "minha mãe me penteou minha madrasta me enterrou pelos figos da figueira que o Sabiá beliscou". Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! Ó Fulô! Ó Fulô! (Era a fala da Sinhá Chamando a negra Fulô!) Cadê meu frasco de cheiro Que teu Sinhô me mandou? — Ah! Foi você que roubou! Ah! Foi você que roubou! Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! O Sinhô foi ver a negra levar couro do feitor. A negra tirou a roupa, O Sinhô disse: Fulô! (A vista se escureceu que nem a negra Fulô). Essa negra Fulô! Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô! Cadê meu lenço de rendas, Cadê meu cinto, meu broche, Cadê o meu terço de ouro que teu Sinhô me mandou? Ah! foi você que roubou! Ah! foi você que roubou! Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! O Sinhô foi açoitar sozinho a negra Fulô. A negra tirou a saia e tirou o cabeção, de dentro dêle pulou nuinha a negra Fulô. Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! Ó Fulô! Ó Fulô! Cadê, cadê teu Sinhô que Nosso Senhor me mandou? Ah! Foi você que roubou, foi você, negra fulô? Essa negra Fulô!

Mulher proletária Mulher proletária — única fábrica que o operário tem, (fabrica filhos) tu na tua superprodução de máquina humana forneces anjos para o Senhor Jesus, forneces braços para o senhor burguês. Mulher proletária, o operário, teu proprietário há de ver, há de ver: a tua produção, a tua superprodução, ao contrário das máquinas burguesas salvar o teu proprietário.

 Considerado por muitos o maior poeta brasileiro de todos os tempos e um dos maiores da língua portuguesa, ao lado de Camões e Fernando Pessoa.  Sua poesia acompanhou a evolução estética da literatura ocidental, sempre atenta às inovações formais e aos temas mais urgentes e importantes de cada época.

 DIVISÃO DA OBRA:  A obra de Carlos Drummond de Andrade foi construída ao longo de mais de meio século e apresenta momentos de mudança que podem ser divididos em 4 grandes fases:  1ª fase – “Gauche” (anos 30)  Sentimento de inadaptação em relação ao mundo, o eu-lírico sente-se “torto”, “canhoto em um mundo feito para destros”, incomunicável.  Poemas-piada, humor  Pessimismo  Ironia

 2ª fase – Social (Anos 40)  Fortemente influenciada pelo terror da 2ª Guerra Mundial.  Aborda temas relacionados ao sofrimento dos humildes, a opressão, com mensagem de esperança.  Publicação dos livros “A Rosa do Povo” e “Sentimento do Mundo”.  3ª fase – “Do não” (anos 50 e 60)  Marcada pela desilusão em relação à paz (Guerra Fria)  Ceticismo, pessimismo intenso  Temas existenciais, metafísicos

 4ª fase – “Da Memória”  Ressurgimento das características das fases anteriores.   PRINCIPAIS TEMAS:  A infância, a terra natal (Itabira)  Crítica social  A poesia (metalinguagem)  O tempo, a morte  Os amigos  O amor épico  O amor erótico (“O Amor Natural”, obra póstuma)

 BALADA DO AMOR ATRAVÉS DAS IDADES  Eu te gosto, você me gosta  desde tempos imemoriais.  Eu era grego, você, troiana,  Troiana, mas não Helena.  Saí do cavalo de pau  para matar teu irmão.  Matei, brigamos, morremos.   Virei soldado romano,  perseguidor de cristãos.  Na porta da catacumba  encontrei-te novamente.  Mas quando vi você nua  caída na areia do circo  e o leão que vinha vindo,  dei um pulo desesperado  e o leão comeu nós dois.   Depois fui pirata mouro,  flagelo da Tripolitânia.  Toquei fogo na fragata  onde você se escondia  da fúria do meu bergantim.  Mas quando ia te pegar  e te fazer minha escrava,  você fez o sinal-da-cruz  e rasgou o peito a punhal...  Me suicidei também.   Depois (tempos mais amenos)  fui cortesão de Versailles,  espirituoso e devasso.  Você cismou de ser freira...  Pulei muro de convento  mas complicações políticas  nos levaram à guilhotina.   Hoje sou moço moderno,  remo, pulo, danço, boxo,  tenho dinheiro no banco.  Você é uma loura notável,  boxa, dança, pula, rema.  Seu pai é que não faz gosto.  Mas depois de mil peripécias,  eu, herói da Paramount,  te abraço, beijo e casamos.

 A Flor e a Náusea   Preso à minha classe e a algumas roupas,  vou de branco pela rua cinzenta.  Melancolias, mercadorias espreitam-me.  Devo seguir até o enjôo?  Posso, sem armas, revoltar-me?   Olhos sujos no relógio da torre:  Não, o tempo não chegou de completa justiça.  O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.  O tempo pobre, o poema pobre  fundem-se no mesmo impasse.   Em vão me tento explicar, os muros são surdos.  Sob a pele das palavras há cifras e códigos.  O sol consola os doentes e não os renova.  As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.   Vomitar esse tédio sobre a cidade.  Quarenta anos e nenhum problema  resolvido, sequer colocado.  Nenhuma carta escrita nem recebida.  Todos os homens voltam para casa.  Estão menos livres mas levam jornais  E soletram o mundo, sabendo o que perdem.

 Crimes da terra, como perdoá-los?  Tomei parte em muitos, outros escondi.  Alguns achei belos, foram publicados.  Crimes suaves que ajudam a viver.  Ração diária de erro distribuída em casa.  Os ferozes padeiros do mal.  Os ferozes leiteiros do mal.   Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.  Ao menino de 1918 chamavam anarquista.  Porém meu ódio é o melhor de mim.  Com ele me salvo  E dou a poucos uma esperança mínima.   Uma flor nasceu na rua!  Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.  Uma flor ainda desbotada  ilude a polícia, rompe o asfalto.  Façam completo silêncio, paralisem os negócios,  garanto que uma flor nasceu.   Sua cor não se percebe.  Suas pétalas não se abrem.  Seu nome não está nos livros.  É feia. Mas é uma flor.   Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde  e lentamente passo a mão nessa forma insegura.  Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.  Pequenos pontos brancos movem-se no ar, galinhas em pânico.  É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

Aulas Multimídias – Santa Cecília Profº. Pecê