«Alienação» | 1 Tanto em Marx quanto em Hegel, a alienação está ligada ao trabalho. Todavia, para Hegel, o trabalho é a essência do homem, quer dizer,

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Transcrição da apresentação:

«Alienação» | 1 Tanto em Marx quanto em Hegel, a alienação está ligada ao trabalho. Todavia, para Hegel, o trabalho é a essência do homem, quer dizer, é somente por meio de seu trabalho que o homem pode realizar plenamente suas habilidades em produções materiais. Alienação, para Hegel, tem um sentido positivo; Alienação, para Marx, tem um sentido negativo em que o trabalho, ao invés de realizar o homem, o escraviza; ao invés de humanizá-lo, o desumaniza. O homem troca o verbo SER pelo TER: sua vida passa a medir-se pelo que ele possui, não pelo que ele é.

A alienação vai ser superada com a superação do capitalismo. No capitalismo, o trabalho não é uma atividade livre e o proletário, o operário, está constrangido a vender a própria força-trabalho, para viver. «Examinemos, agora, mais além, como esse conceito de trabalho alienado deve expressar-se e revelar-se na realidade. Se o produto do trabalho me é estranho e enfrenta-me como uma força estranha, a quem pertence ele? Se minha própria atividade não me pertence, mas é uma atividade alienada, forçada, a quem ela pertence? A um ser, outro que não eu. E que é esse ser?». A atividade alienada pertence ao capitalista. Karl Marx, Karl Marx, Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844 [Manoscritti economici-filosofici del 1844, Einaudi, Torino, 1968, p. 71]. «Alienação» | 2

«O trabalhador fica mais pobre à medida que produz mais riqueza e sua produção cresce em força e extensão. [...] A desvalorização do mundo humano aumenta na razão direta do aumento de valor do mundo dos objetos [...]». Karl Marx, Karl Marx, Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844 [Manoscritti economici-filosofici del 1844, Einaudi, Torino, 1968, p. 71]. «Alienação» | 3

«O que constitui a alienação do trabalho? Primeiramente, ser o trabalho externo ao trabalhador, não fazer parte de sua natureza, e por conseguinte, ele não se realizar em seu trabalho mas negar a si mesmo, ter um sentimento de sofrimento em vez de bem-estar, não desenvolver livremente suas energias mentais e físicas mas ficar fisicamente exausto e mentalmente deprimido. [...] Seu trabalho não é voluntário, porém imposto, é trabalho forçado. [...] O trabalho exteriorizado, trabalho em que o homem se aliena a si mesmo, é um trabalho de sacrifício próprio, de mortificação. Por fim, o caráter exteriorizado do trabalho para o trabalhador é demonstrado por não ser o trabalho dele mesmo mas trabalho para outrem, por no trabalho ele não se pertencer a si mesmo mas sim a outra pessoa». Alienação | 4 | Karl Marx, Karl Marx, Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844 [Manoscritti economici- filosofici del 1844, Einaudi, Torino, 1968, p. 71].

«[...] a atividade do trabalhador não é sua própria atividade espontânea. É atividade de outrem e uma perda de sua própria espontaneidade». «Chegamos a conclusão de que o homem (o trabalhador) só se sente livremente ativo em suas funções animais - comer, beber e procriar, ou no máximo também em sua residência e no seu próprio embelezamento - enquanto que em suas funções humanas se reduz a um animal». Karl Marx, Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844, [Manoscritti economici- filosofici del 1844], Einaudi, Torino, 1968, p. 75. «Alienação» | 5

O texto mais conhecido e mais citado de Marx acerca do problema da alienação é, sem dúvida, o pequeno texto sobre «O trabalho alienado», escrito em Neste texto, Marx situa a alienação do trabalho – ou económica –, que vê como a causa última de toda a alienação, em quatro dimensões diferentes, se bem que inter-relacionadas: i) «Alienação da coisa»: Alienação do trabalhador em relação ao produto do seu trabalho (“alienação da coisa”). De acordo com a definição de Marx, “a alienação do trabalhador no seu produto significa não só que o trabalho se transforma em objeto, assume uma existência externa, mas que existe independentemente, fora dele e a ele estranho; que a vida que deu ao objeto se torna uma força hostil e antagónica.” Karl Marx, (1991b), Manuscritos econômico-filosóficos e outros textos escolhidos. 1ª edição São Paulo, Nova Cultural. Karl Marx, “O trabalho alienado”, em op. cit., p Tipos de «alienação» | 1

ii) «Autoalienação»: A alienação do trabalhador em relação ao seu trabalho (“autoalienação”). O trabalho torna-se algo exterior e estranho ao trabalhador – algo que ele não controla, nem do ponto de vista técnico nem do ponto de vista social –, torna-se trabalho “forçado”, um mero meio de satisfação das suas necessidades em vez de fim em si próprio. Daí que, e como o ilustra o fenómeno do absentismo, o trabalhador fuja do trabalho como o diabo da cruz. Tipos de «alienação» | 2

iii) «Alienação da espécie» (Wesen): A alienação do trabalhador em relação à essência da espécie (“alienação da espécie”). Sendo o trabalho, a capacidade de transformar o real, de criar coisas, o verdadeiro fim da espécie humana, aquilo que verdadeiramente distingue o homem de todos os outros animas, um tal fim transforma- se, na sociedade capitalista, num mero meio individual de satisfação das necessidades de subsistência. Tipos de «alienação» | 3

iv) «Alienação do homem em relação ao homem». O trabalho alienado não é “natural” e “eterno”, mas antes o fruto da relação de produção capitalista, centrada na exploração do trabalho de uns homens por outros: “Se o produto do trabalho não pertence ao trabalhador, se a ele se contrapõe como um poder estranho, isto só é possível porque o produto do trabalho pertence a outro homem distinto do trabalhador. Se a atividade constitui para ele um tormento, tem de ser fonte de gozo e de prazer para outro.” Marx, “O trabalho aIienado”, em op. cit., p Também neste texto Marx atribui, à propriedade privada (dos “meios de produção”), um papel essencial: ela é, por um lado, “o produto do trabalho alienado” e, por outro, “o meio através do qual o trabalho se aliena, a realização da alienação”. Ibidem, p Tipos de «alienação» | 4