Introduções de espécies não nativas (ENN)
Principais tópicos: 1) Considerações gerais sobre introduções de espécies 2) Possíveis fatores que fazem com que uma ENN se torne invasora 3) Possíveis fatores que fazem com que os ecossistemas resistam à invasão: resistência biótica e abiótica (filtros ambientais) 4) Defasagens temporais das invasões 5) Efeitos das ENN sobre populações, comunidades e ecossistemas
“Just as invasive exotic plants act differently in their native and introduced regions, introduced exotic enemies might also become invasive, growing faster, reproducing more or attacking their hosts more effectively in the introduced region than in their native region.” “enemy release hypothesis” Uso de termos militares Larson, B. M. H The war of the roses: demilitarizing invasion biology. Frontier in Ecology and the Environment 3: “novel weapons hypothesis”
“ecological meltdown” = fusão (nuclear) Nuclear meltdown: Termo usado para designar um acidente em reator nuclear resultante de super-aquecimento
C. Darwin (ca. 1860): - Já reconhecia os problemas decorrentes de invasões biológicas provocadas pelo ser humano; - notou que comunidades mais diversas eram menos propensas às invasões.
C. Elton (ca. 1860): - livro sobre invasões que passa a ser considerado a base para as pesquisas especialmente após a década de 1990.
Os estudos sobre ENN são sub- representados em regiões neotropicais Petenon & Pivello (2008)
USA = UK = 3606 Spain = 1632 Brazil = 1390
1) Considerações gerais sobre introduções de espécies
Espécie invasora: Aquela que é introduzida acidentalmente ou intencionalmente fora de sua área nativa ou histórica e se mantem sem ajuda do homem Espécie exótica (não nativa, alienígena, introduzida): Qualquer espécie não nativa em uma região. Apenas aquelas que se espalham além dos locais sob domínio humano (e.g., agricultura) são consideradas invasoras. Levine (2008 – Cur. Biol.)
International Unit for Conservation of Nature: Uma espécie torna-se invasora quando causa impactos sobre as nativas ou sobre os ecossistemas Espécies nativas podem ser consideradas invasoras
Macrófitas aquáticas como problemas: Reservatórios no Equador
Reservatório de Jupiá (rio Paraná)
Marcondes et al. 2003
Levine (2008) – Cur. Biol. Propágulo exótico Introdução EstabelecimentoDispersãoImpactos Etapas da invasão Pode ser acidental ou intencional (ex., agropecuária) Poucas se tornam invasoras e causam impactos
Etapas da invasão (Levine, 2008) Introdução: refere-se ao transporte a partir do local de origem até o local da introdução, assim como o transporte dentro do local onde a espécie foi introduzida Estabelecimento: descreve o processo pelo qual as populações da espécie introduzida aumentam a partir da raridade (ocorre com uma pequena fração das espécies introduzidas).
Etapas da invasão (Levine, 2008) Expansão: descreve o processo pelo qual as invasões biológicas se movem através dos ecossistemas e das paisagens. Impactos: podem ser econômicos, sociais ou ecológicos; causados pela minoria das espécies introduzidas.
Porque estudar invasões biológicas? 1) Danos econômicos: EUA (Pimentel et al., 2005): bilhões/ano milhões com macrófitas - 3,2 bilhões com moluscos
2) Danos ecológicos: - Alterações dos serviços dos ecossistemas - Extinções de espécies (entre as principais causas) (mas ver Davis 2009) = a maioria das conclusões a respeito é anedótica Porque estudar invasões biológicas?
Introdução de Boiga irregularis em (que não tinha cobras nativas) após a II Guerra causou a extinção de várias espécies de pássaros, répteis e mamíferos. Levine (2008)
Introdução do inseto sugador Adelges piceae nos EUA alterou a estrutura de florestas inteiras (saliva tóxica para árvores).
Introduction model Pelicice & Agostinho (2009 – Biol Inv) A introdução do tucunaré no reservatório de Rosana dizimou populações de peixes nativos associados a macrófitas
Vilà et al. (2010 – Font Ecol Environ) Entre 5 e 30% das ENNs causam impactos ecológicos e entre 5 e 39% causam impactos econômicos na Europa
Os impactos ecológicos e econômicos são positivamente correlacionados Vilà et al. (2010 – Font Ecol Environ)
3) Oferecem uma oportunidade única para testar teorias ecológicas Porque estudar invasões biológicas?
As introduções sempre ocorreram naturalmente (quando espécies ultrapassam as barreiras geográficas)......mas atualmente as introduções causadas pelo homem ocorrem em taxas muito mais elevadas.
Esses ecossistemas têm a maior diversidade do planeta, considerando-se sua reduzida área Porque estudar invasões em ecossistemas aquáticos continentais?
Freshwater animal diversity assessment. Hydrobiologia 595 (Jan. 2008; 58 caps)
c espécies de animais nos ecossistemas interiores (9,5% do total) Os ecossistemas aquáticos interiores cobrem apenas 0,8% do planeta! Dudgeon et al. (2006) and Balian et al. (2008)
Esses ecossistemas são os mais ameaçados Porque estudar invasões em ecossistemas aquáticos continentais?
The Living Planet Report Loh et al. (2005 – Phil. T. R. Soc.)
Marine ecosystems = -14% Terrestrial ecosystems = -33% Freshwater ecosystems = -35% WWF
by WWF
Os ecossistemas aquáticos continentais possuem características que facilitam as invasões (ex., elevada conectividade) Porque estudar invasões em ecossistemas aquáticos continentais?
www. Conchasbrasil.org.br Alguns exemplos bem sucedidos no Brasil
Leucaena leucocephala Urochloa subquadripara
Limnoperna fortunei Boltovstoy et al. (2006 – Biol Inv)
Agostinho et al. (2007) carpa-capim tilápia Peixes de outros continentes
Peixes de outras bacias Agostinho et al. (2007)
Eichhornia crassipes (aguapé): entre as 100+ no planeta
Abelha Africana: 110 km por ano
Homogoceno: as introduções estão homegeneizando os ecossistemas Transport of fertilizers Transport of grains Galloway (2010 – Science)