Descrição argumentativa e descrição polifônica

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Transcrição da apresentação:

Descrição argumentativa e descrição polifônica DUCROT, Oswald; CAREL, Marion. In: Letras de hoje. Porto Alegre, v. 43, n. 1, 7-18, jan./mar./2008.

Polifonia Diferentes vozes sobrepostas. Originalmente usado por M. Bakhtin para caracterizar as formas da literatura. Literatura polifônica = várias personagens, vários pontos de vista, mas um sentido global da obra (unidade).

Polifonia Valendo-se da noção de polifonia, Ducrot entende que o autor de um enunciado não se expressa nunca diretamente, mas põe em cena, no mesmo enunciado, um certo número de personagens. “O sentido do enunciado não é mais que o resultado das diferentes vozes que ali aparecem.” (DUCROT, 1990, p. 16)

Teoria polifônica da enunciação Sujeito Falante Sujeito Empírico (SE) Locutor (L) Enunciador (E)

Sujeito Empírico (SE) Autor do enunciado. Não interessa à semântica, mas à sociolinguística, psicolinguística e outras áreas de estudos. Não importa “por que o senhor ‘X’ disse o que disse”, mas “o que o senhor X disse”.

Locutor A quem se atribui a responsabilidade da enunciação no próprio enunciado. Deixa marcas no enunciado: “eu”, “meu”, “me”, etc., e em certa medida “aqui” e “agora”. Pode ser totalmente diferente do sujeito empírico. Muitas vezes é um personagem fictício.

Quem é o locutor?

Provérbios e ditos populares : ausência de locutor

Enunciador Enunciadores: origens dos pontos de vista que se apresentam no enunciado. Não são pessoas, mas ‘pontos de perspectivas’. O locutor pode ou não ser identificado com alguns desses enunciadores.

Negação: diálogo cristalizado entre enunciadores E1: “Eu preciso provar algo para alguém” E2: Rechaça E1. - Locutor identificado com E2 (enunciador negativo). “(…) Quantas chances desperdicei / Quando o que eu mais queria / Era provar pra todo o mundo / Que eu não precisava provar nada pra ninguém” (Legião Urbana)

“Isto não é um cachimbo”

“O segundo show de Paul McCartney no Brasil foi ótimo.” E1: Paul McCartney fez mais de um show no Brasil. E2: O segundo deles foi ótimo.

Como se concebe a significação? Noção de valor saussuriano. Base dos significados são os encadeamentos argumentativos, ou argumentações. “Dar o significado de uma expressão é associar-lhe diferentes argumentações que são evocadas por seu emprego.” Argumentação: é uma sequência de dois enunciados ligados por um conector.

Encadeamentos Argumentativos (externos) NORMATIVOS TRANSGRESSIVOS Donc: (=DC=Portanto) Pourtant: (=PT= Mesmo assim)

Relação semântica: Estudar e ter sucesso João estuda, portanto tem sucesso. (Normativo) João estuda, mesmo assim não tem sucesso. (Transgressivo) João não estuda, portanto não tem sucesso. João não estuda, mesmo assim tem sucesso.

Argumentação normativa João é gentil, portanto eu gosto dele. Se chover, vou sair. João foi prudente, portanto não sofreu um acidente. (mesma orientação argumentativa) Argumentação transgressiva Pedro é gentil, no entanto não gosto dele. Vou sair, mesmo que chova. João foi prudente, mesmo assim sofreu um acidente (orientação argumentativa contrária)

Humor: descompasso entre blocos semânticos A menina tinha quatro anos. Chegara com a mãe e a irmã de sete para cortar o cabelo de cachos castanhos. Estava feliz, na cadeira já alta, com os braços abertos sob uma capa verde de seda brilhante, dizendo que era um mago, que faria umas mágicas... Podiam-se ver as pontas de seus dedinhos, que se mexiam, para chamar a atenção. Foi, então, que o cabeleireiro, já empunhando a tesoura, dirigiu-se à mãe: ‘Cortar dois dedos está bem?’

Antes que a mãe respondesse, a menina, encolhendo rapidamente os braços e cruzando-os debaixo da capa, disse: ‘Só se for dos teus, Celso.’ E se preparou para sair da cadeira. As pessoas que assistiam à cena riram da confusão gerada pelas expressões argumentativamente distintas. A irmã de sete socorreu a garotinha, explicando que cortar dois dedos era cortar só um pouquinho do cabelo, que o Celso não vai cortar os teus dedos, bobona...”. (GRAEFF, T. F. Produção do humor: um descompasso na constituição do bloco semântico. In: Desenredo. v. 3, n.2. Passo Fundo jul./dez.2007)

“Cortar dois dedos…” Encaminhamentos argumentativos da menina Encaminhamentos argumentativos da irmã portanto doer muito. portanto as pontas quebradas são retiradas. portanto sangrar muito. portanto os cabelos ficarão mais fortes. portanto ter dificuldade de realizar determinadas tarefas. portanto ficará mais fácil de lavar e escovar os cabelos.

A=ação perigosa / B=desistir de agir Se a ação é perigosa, então ele desiste. Perigo DC Desistir A DC B

Se a ação não é perigosa, então ele não desiste Se a ação não é perigosa, então ele não desiste. Não perigo DC Não desistir NEG A DC NEG B

Mesmo quando a ação é perigosa, ele não desiste. Perigo PT Não desistir A PT NEG B

Apesar de a ação não ser perigosa, ele desiste. Não perigo PT Desistir NEG A PT B

Argumentação Interna Correspondem aos encadeamentos que parafraseiam a entidade. Reformulações e paráfrases.

Argumentação Interna

Argumentação interna João foi prudente Aspecto: Prudência = quando há perigo, tomar precauções Suporte: perigo / Aporte: precaução perigo portanto precaução (suporte) (encad.norm.) (aporte)

João foi prudente: (= diante do perigo, João teve precaução) perigo portanto precaução (encad. normativo)

João foi prudente: (= diante do perigo, João teve precaução) perigo portanto precaução (encad. normativo) João foi imprudente: (=diante do perigo, João não teve precaução) perigo mesmo assim não precaução (encad. transgressivo)

João foi prudente: perigo portanto precaução donc (DC) João foi imprudente: perigo mesmo assim não precaução pourtant (PT)

João foi prudente: perigo portanto precaução A donc (DC) B João foi imprudente: perigo mesmo assim não precaução A pourtant (PT) NEG B

João foi prudente: perigo portanto precaução A DC B João foi imprudente: perigo mesmo assim não precaução A PT NEG B

DC A B PT NEG B

DC A B PT NEG A NEG B