História da Música III CMU 350 Módulo I A transição da Ars Nova para o Renascimento Prof. Diósnio Machado Neto.

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Transcrição da apresentação:

História da Música III CMU 350 Módulo I A transição da Ars Nova para o Renascimento Prof. Diósnio Machado Neto

Contexto histórico na virada do século XIV Uma Europa em guerra –A aristocracia disputa o poder em diversas regiões. Itália e Alemanha, por não terem um poder imperial respeitável, fragmentaram-se em cidades estados A Inglaterra possuía uma estabilidade maior, porém enfrentou revoltas no Norte A França, ao lado da Inglaterra, possuía uma monarquia estabelecida, porém enfrentou várias revoltas e guerras que a tornaram um território instável. A principal foi a Guerra dos Cem Anos, travada com a Inglaterra O despojo dessa guerra, entre outros, foi armar a população e criar companhias de mercenários. –Mobilização militar de antigos feudos. –Na França, o ducado da Borgonha, um feudo principesco, se tornou uma importante força dentro dos domínios franceses. –Na década de 1420, a França teve sua unidade política tripartida: os Lancastre (herdeiros da coroa inglesa), o delfim Carlos do reino de Burgues e o Estado borguinhão (Borgonha)

A fragmentação da Europa Na Itália, cinco estados predominavam: Florença, Veneza, Estados Pontifícios, Nápoles e Milão. Na Alemanha, surgem fortes disputas pela coroa que acabam por fortalecer ligas e confederações, como a da Suíça. Conseqüências das guerras: –Industria têxtil e comércio marítimo declinaram –Falências bancárias –Enfraquecimento das potências beneficiaram o surgimento dos armadores ibéricos –Transformação do sistema de trabalho: os antigos servos tornaram-se proprietários –Organização de grêmios de ofícios.

O patronato secular O desenvolvimento das cortes e da própria burguesia influenciou na evolução da música. –Apesar das guerras, cortes como a do rei da França e a do ducado da Borgonha mantinham um importante aparato artístico. A Borgonha, por sofrer menos com as guerras, teve condições mais favoráveis para o florescimento das artes. A riqueza de Flandres e Brabante permitiam a ostentação da corte, fixada em Dijon.

Organização das capelas cortesãs. –A organização da música, antes relegada as “scholas”, passavam agora a dividir o espaço dentro dos castelos e igrejas com os mestres de música mensurada. –A capela de música era um cartão de apresentação dos potentados. –Através das capelas circularam músicos e obras pelos caminhos entre as cortes. –Felipe o Bom foi quem desenvolveu a música na corte de Dijon. Dunstable, Dufay e Binchois foram seus empregados. Seu filho Carlos, empregou Bisnois. A virada do século XIV marca definitivamente a postura do hedonismo sonoro, ou seja, a burguesia passa a não só ser consumidora mas praticante da arte da música.

A influência francesa no Trecento italiano e a criação de um estilo internacional No final do século XIV começa um movimento onde compositores italianos absorvem em suas canções textos e formas francesas. Apesar da hegemonia, a música francesa também absorve elementos alienígenas. –As formes fixes francesas passam a ser utilizadas na Itália. Na contramão, na música francesa aparecem inflexões melódicas (como os melismas) de cunho italiano. –O princípio canônico da Caccia expande-se para outras formas, como o motete de Cicconia. –Alteração das estruturas estróficas das formas fixas decorrentes das diversas influências. user: NAWM 26 user: NAWM 26

Características básicas do “proto-renascimento” (1377 – ca.1425) Pleno estabelecimento da pan-isorritmia. Complexidade rítmica levada ao extremo –Sistema de Vitry possibilitava o entrelaçamento de pés métricos diferentes.

O contraponto rítmico, nesse momento, era mais importante do que o melódico, porém inicia-se um processo lento de simplificação. –Isso acarretava uma difusão do poder expressivo da dissonância devido a sua falta de controle –O Renascimento romperá com esse estilo privilegiando o contraponto melódico, simplificando a verticalidade rítmica e assim controlando melhor a dissonância. O Renascimento desenvolveu o potencial das terceiras e sextas A formação de frases definidas vai ser a principal característica do início do século XV

A malha polifônica se estabelece sobre o tenor, porém o contratenor se desenvolve. –Evolução das partes instrumentais (característica italiana) A música religiosa sofre mudanças –Após Machaut até Dufay, a música para o ordinário da missa sofreu um desprestígio. –Motete passou a designar gêneros diversos com textos religiosos, como o Rondellus de Worcester –Cicconia usa pequenas imitações em seus motetes. Os tenores passam a ser compostos user: Apel nº57 user: Apel nº57

A influência inglesa O caminho dessa influência inicia-se em plena guerra dos Cem Anos, na dominação inglesa da Borgonha. Características da música inglesa : –homofonia, o movimento de vozes na forma de acordes ao invés do tratamento independente da polifonia francesa do século XIV –modo maior – valorização do semitom cadencial e terceira maior. –Paralelismo de terceiras e sextas - discante inglês Conductus inglês Rondellus – troca de vozes –Desinteresse pela polifonia francesa (até como aspecto sócio- político) –Gymel: 2 pt. Contraponto em terças e sextas

Rondellus

Fauxbourdon Técnica polifônica (2 vozes) onde uma melodia é cantada na voz superior (treble) acompanhada de paralelismos de sexta no tenor Uma terceira voz era agregada (contratenor), formando com o tiple um paralelismo de quarta. Esta técnica criou um novo som, com uma característica homofônica e homo-rítmica, abrindo assim o caminho para o tratamento harmônico coral da música. A diferença com o discante é que o Fauxbourdon permitia o maior uso de paralelismos de 5ª e 8ª. Outra diferença é que no Discante a voz principal não era a mais aguda, como no Fauxbourdon. Técnica aplicada principalmente nos hinos, antífonas, Magnificat e Te Deum Esta forma de composição afetou profundamente a música continental entre 1420 e –A intrínseca relação entre a voz superior e o tenor foi determinante para o desenvolvimento de uma escrita coral mais vertical, privilegiando a melodia e equalizando o ritmo entre as vozes.

John Dunstable Viveu na França, na época da ocupação inglesa Escreveu motetes diferenciados do estilo francês do século XIV –Textura musical do conductus –Não usa cantus firmus e nem prende-se à isorritmia. Escrita “harmônica” – paralelismo de terceiras e sextas Ainda usa isorritmia É o primeiro compositor a utilizar o cantus firmus como princípio unificador da missa polifônica. Dunstable finca-se na utilização dos modos maior e menor. Este estilo irá contaminar os músicos da Borgonha, como Dufay e Binchois