O PALACETE JORGE STREET

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Transcrição da apresentação:

O PALACETE JORGE STREET Um marco da infância da USP que não foi tombado Carlos Ribeiro Vilela1 Neuza Guerreiro de Carvalho2 Angélica Z. P. Sabadini2 César Ades2 Viktoria Klara Lakatos Osorio3 1Depto. Genética e Biologia Evolutiva, Inst. Biociências; 2Centro de Memória, Biblioteca Dante Moreira Leite, Inst. Psicologia; 3Instituto de Química – USP, SP

São Paulo na segunda metade do século XIX Campo Redondo – região de chácaras entre a Ponte Grande e os bairros atuais de Campos Elíseos, Luz, Bom Retiro e Santa Cecília. A propriedade foi depois adquirida pelo barão de Mauá (chácara Mauá). 1860 – Os donos da empreiteira inglesa Robert Sharpe & Sons, encarregada da construção da estrada de ferro São Paulo Railway, ocuparam uma das chácaras de Campo Redondo. 1879 – Os alemães Victor Nothmann e Frederico Glette compraram a Chácara Mauá e abriram ruas largas e ortogonais, dando origem ao bairro de Campos Elíseos, o primeiro bairro aristocrático de São Paulo.

A sede da chácara Sharpe (ou Campo Redondo ou Mauá) Campos, Eudes. An. mus. paul. vol.15 no1 São Paulo Jan./June 2007

1940 Cerca de 80 anos depois Av. Rio Branco Rua dos Guayanases Al. Glette Rua dos Guayanases Av. Rio Branco 1940 Av. Duque de Caxias Praça Princesa Isabel Largo Coração de Jesus PALACETE

O palacete, na esquina da alameda Glette com a rua dos Guayanazes, foi construído no final do século XIX. 1916 - Firmiano de Moraes Pinto vendeu a propriedade para o médico e industrial carioca Jorge Street. Pires, Mario Jorge Sobrados e Barões da Velha São Paulo, Barueri, SP: Manole, 2006, p. 134.

Jorge Luis Gustavo Street (1863-1939) Nasceu na cidade do Rio de Janeiro, filho de pai austríaco e mãe brasileira. Em 1886 formou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e especializou-se em Paris, Berlim e Viena. Mudou para o ramo empresarial após receber do pai, em 1894, ações da fábrica de sacaria de juta São João, no Rio de Janeiro. 1897 – Zélia Frias Street e Jorge Street Casou-se com Zélia Frias, em 1897 e tiveram seis filhos. Teixeira, Palmira Petratti. A fábrica do sonho: trajetória do industrial Jorge Street. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990

Expandiu seus negócios para São Paulo ao adquirir em 1904 a tecelagem de juta Santana, no Brás e construir entre 1912 e 1917 a fábrica da Cia. Nacional de Tecidos de Juta e a vila operária Maria Zélia, no Belenzinho. Em 1915 faleceu a filha adolescente Maria Zélia e a família decidiu mudar-se para São Paulo, para um casarão alugado e depois para o palacete da alameda Glette. Em 1929 Jorge Street perdeu sua fortuna e o palacete passou a pertencer à Companhia de Seguros Sul América. Exerceu cargos de direção em órgãos patronais e governamentais, afastando-se em 1936. Faleceu em São Paulo, em 1939, aos 75 anos.

Heloisa Simonsen Street (mãe de Jorge) Jorge Street Zélia Frias Street (esposa) Filha Maria Zélia 1913 - Família Street http://www.usp.br/pioneiros/n/apoio/Street/street.ppt

1916 – Jorge Street comprou o palacete. 1926 – O palacete passou por profunda reforma, projetada pelo arquiteto Hyppolito Gustavo Pujol Jr. 1916 – Jorge Street comprou o palacete. Fotos: Acervo Família Street

1930 N PALACETE

Foto: Acervo Família Street

A residência da família Street Palacete – face leste Foto: Acervo Família Street

O recanto com a figueira em 1926 Foto: Acervo Família Street

A quadra de tênis Foto: Acervo Família Street

Palacete – face oeste e garagem Foto: Acervo Família Street

Entrada principal do palacete Face oeste Foto: Acervo Família Street

O interior da residência Saguão de entrada Foto: Acervo Família Street

Sala de visitas Fotos: Acervo Família Street

Sala de jantar Fotos: Acervo Família Street

Sala de almoço Foto: Acervo Família Street

Fumoir Foto: Acervo Família Street

Universidade de São Paulo 25 de janeiro de 1934 – O governador do estado, o interventor federal Armando de Salles Oliveira, assinou o decreto de fundação da Universidade de São Paulo. O decreto reuniu faculdades já existentes e criou uma escola integradora, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL). Sem sede própria, a FFCL se instalou em locais provisórios. A Administração e vários setores ficaram no prédio da Faculdade de Medicina, na av. dr. Arnaldo.

O primeiro prédio próprio da FFCL-USP 1937 – O interventor federal no estado de São Paulo, Cardoso de Melo Neto, comprou da Companhia de Seguros Sul América a antiga residência de Jorge Street para nela instalar seções da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) da USP. No início de junho de 1937, a permanência da FFCL no prédio da Faculdade de Medicina se tornara inviável. Os dois diretores, da FFCL e da Medicina, haviam pedido exoneração. Em 24 de junho de 1937, Ernesto de Souza Campos assumiu a direção da FFCL com a missão de conseguir uma sede para a Faculdade.

Dezembro de 1937 – A Administração e as Ciências Humanas (Filosofia, Sociologia, Geografia e História) se instalaram no palacete da Glette, por 6 meses. Os dois pavilhões anexos, unidos por um corpo central recém-edificado, alojaram uma sala de aulas, o Grêmio dos alunos da FFCL e o departamento de Geologia e Paleontologia. Foto: Anuário FFCL-USP 1938

A administração da FFCL-USP no Palacete Street Planta: Anuário FFCL-USP 1938 http://www.pitoresco.com.br/espelho/valeapena/450anos/450anos.htm

Foto: Anuário FFCL-USP 1938 Sala do diretor

Sala da congregação Foto: Anuário FFCL-USP 1938

Salão nobre Foto: Anuário FFCL-USP 1938

Biblioteca Geral Foto: Anuário FFCL-USP 1938

Foto: Anuário FFCL-USP 1938 Sala de leitura

Segundo semestre de 1938 – Administração e áreas de humanidades Escola Normal Caetano de Campos, na Praça da República. As cadeiras de Ciências Naturais vieram da Faculdade de Medicina para o palacete: A Mineralogia e Petrografia (Ettore Onorato) no térreo A Zoologia (Ernest Marcus e Paulo Sawaya) no 1o andar A Biologia Geral (André Dreyfus) no sótão A Botânica (Felix Rawitscher) no pavilhão anexo, onde se encontrava a Geologia e Paleontologia (Ottorino De Fiori).

1938 – Um prédio especial foi construído para a Química. Janeiro de 1939 – Heinrich Rheinboldt, Heinrich Hauptmann e seus assistentes Jandyra França, Paschoal Senise e Simão Mathias se mudaram para a Glette. 1944 – O prédio foi ampliado. 1960 – A diretoria e a biblioteca foram para o sótão do palacete. Foto e planta: Anuário FFCL-USP 1938

1947 – O porão do palacete foi escavado e lá se instalou parte da Biologia Geral. Foto: Hans Burla 1961 – O porão passou a acomodar também o laboratório de Psicologia Experimental.

Os químicos na Glette Prof. Rheinboldt Paschoal Senise Simão Mathias Prof. Hauptmann Jandyra França Março de 1939 – almoço comemorativo das duas primeiras turmas de químicos da FFCL-USP, na Brasserie Paulista

1941 Foto cedida por Sara Gitla Frydmann de Carvalho Mange

1941 Foto cedida por Sara Gitla Frydmann de Carvalho Mange

11 de agosto de 1943 Foto cedida por Ney Galvão da Silva

Foto cedida por Renato Cecchini 1946 Foto cedida por Renato Cecchini

Foto cedida por Renato Cecchini 1947 Foto cedida por Renato Cecchini

1957 Foto cedida por Veronica, filha de Sigrid Bandel

A mudança para a Cidade Universitária 1955 a 1959 – História Natural Dezembro de 1965 – Química (Os professores alemães tinham falecido e Simão Mathias era o diretor do Dpto.) 1969 – Geologia, curso criado em 1957 O local, a antiga residência Street, já estava muito degradado. Foto: Nelson Custódio da Silveira Filho Foto: Luiz Ferreira Vaz, apud Geologia USP 50 Anos, C.B.Gomes (org.), São Paulo: EDUSP, 2007, p. 115.

A reforma universitária de 1969 criou os Institutos e extinguiu a FFCL. Em 32 anos (1938-1969) passaram, pelo campus Glette da USP mais de mil glettianos. Curso Período Número de alunos* História Natural 1938 – 1959 ~200 Química 1939 – 1965 350 Geologia 1957 – 1969 426 Psicologia 1961 – 1968 ~110 * Diplomados pela FFCL-USP

Sob os novos proprietários o palacete foi demolido. 1970 - O Conselho Universitário aprovou a proposta de alienação do imóvel, porém somente na quarta concorrência pública, em 1973, apareceu um comprador, a Frical Administração de Serviços Ltda., pertencente a Octávio Frias de Oliveira (sobrinho-neto de Jorge Street) e Carlos Caldeira Filho. 06/05/1974 – Data da escritura de compra e venda. Sob os novos proprietários o palacete foi demolido.

2007 – A FIGUEIRA NO ESTACIONAMENTO Foto: Carlos Ribeiro Vilela

A figueira e seus clones Os geólogos foram os primeiros a obter um clone, plantado no Instituto de Geociências na Cidade Universitária em 30/05/2003 (dia do geólogo). http://www.figueiradaglete.com.br/

Os biólogos conseguiram clones que foram plantados em novembro de 2006. Clone do Instituto de Psicologia Clone do Instituto de Biociências Placa comemorativa

22 de dezembro de 2007 A figueira e trechos remanescentes do muro da antiga residência de Jorge Street foram tombados pelo Conpresp.

Evocação Eu me lembro, eu me lembro, eu era moço. Trabalhava com fervor. O ar fedia. De vez em quando um frasco explodia, cobrindo de sujeira o meu almoço. Dizia ao professor nesses momentos: “Que dura orquestra! Que terríveis danos! Será que agüento isso muitos anos? A fúria singular dos elementos!” O professor sorria com clemência: “Se trabalhares como dez camelos, se perderes todos os teus cabelos, poderás então saber o que é Ciência.” Sigrid Bandel, turma de 1960