Parnasianismo no Brasil

A palavra Parnasianismo associa-se ao monte Parnaso, na Grécia; Esse monte era consagrado a Apolo e às musas; Apoiando-se nos modelos clássicos, combateram os exageros sentimentais românticos.

Características gerais Objetividade Elevado nível vocabular Racionalismo Rigor formal Universalismo

Batalha do Parnaso No final da década de 1870, no jornal Diário do Rio de Janeiro, travou-se uma luta ideológica entre adeptos do Romantismo e adeptos do Parnasianismo; Esse episódio serviu para divulgar os ideais parnasianos; Marco do Parnasianismo no Brasil: Fanfarras, de Teófilo Dias.

Olavo Bilac Nasceu no Rio de Janeiro; Cursou Medicina e Direito, porém não concluiu nenhum dos cursos; Escreveu a letra do Hino à Bandeira; Sua primeira obra publicada foi Poesias, em 1888; Nela há o poema “Profissão de fé”, em que o poeta revela suas características parnasianas. Em alguns de seus textos, apresenta certa valorização dos sentimentos, que lembra o Romantismo.

Profissão de fé (Olavo Bilac) [...] Invejo o ourives quando escrevo: Imito o amor Com que ele, em ouro, o alto relevo Faz de uma flor. Imito-o. E, pois, nem de Carrara A pedra firo: O alvo cristal, a pedra rara, O ônix prefiro. Por isso, corre, por servir-me, Sobre o papel A pena, como em prata firme Corre o cinzel. Corre; desenha, enfeita a imagem, A idéia veste: Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem Azul-celeste. Torce, aprimora, alteia, lima A frase; e, enfim, No verso de ouro engasta a rima, Como um rubim. Carrara: região da Itália onde é encontrado o ais famoso mármore; ônix: pedra utilizada na confecção de joias; cinzel: instrumento usado para cortar materiais duros; cingir: vestir; rubim: rubi.

Sua poesia divide-se em três fases: Raimundo Correia Sua poesia divide-se em três fases: Fase romântica: influenciada por Casimiro de Abreu e Fagundes Varela; Fase parnasiana: marcada pelo pessimismo e por reflexões de ordem moral e social; Fase simbolista: o pessimismo busca refúgio na metafísica e na religião, e a linguagem apresenta musicalidade e sinestesia.

Aqui outrora retumbaram hinos; Muito coche real nestas calçadas Saudade (Raimundo Correia) Aqui outrora retumbaram hinos; Muito coche real nestas calçadas E nestas praças, hoje abandonadas, Rodou por entre os ouropéis mais finos... Arcos de flores, fachos purpurinos, Trons festivais, bandeiras desfraldadas, Girândolas, clarins, atropeladas Legiões de povo, bimbalhar de sinos... Tudo passou! Mas dessas arcarias Negras, e desses torreões medonhos, Alguém se assenta sobre as lájeas frias; E em torno os olhos úmidos, tristonhos, Espraia, e chora, como Jeremias, Sobre a Jerusalém de tantos sonhos!... ouropel: liga metálica de cobre, de cor amarela, que imita o ouro; facho: material inflamável que se acende para iluminação ou como sinal; trom: grande ruído; girândola: roda ou travessão onde são postos foguetes para serem queimados ao mesmo tempo; arcaria: conjunto de arcos que sustentam o a porta principal de um edifício; torreão: torre larga que constitui o reduto de um castelo; lájea: placa de pedra, de superfície plana, usada para revestir pisos, paredes ou cobrir tetos de edificações; espraiar: irradiar-se, lançar-se para todos os lados; Jeremias: profeta bíblico que viveu num dos períodos mais conturbados da história do povo de Israel: o fim do reino de Judá e a destruição de Jerusalém (587/86) pelo império da Babilônia.

Alberto de Oliveira É considerado o líder do Parnasianismo; Sua poesia é a que melhor se adéqua aos princípios do movimento; Distancia-se dos problemas sociais para buscar inspiração nos modelos clássicos.

"Deixa-me entrar, - dizia o sol - suspende A janela e o Sol (Alberto de Oliveira) "Deixa-me entrar, - dizia o sol - suspende A cortina, soabre-te! Preciso O íris trêmulo ver que o sonho acende Em seu sereno virginal sorriso. Dá-me uma fresta só do paraíso Vedado, se o ser nele inteiro ofende... E eu, como o eunuco, estúpido, indeciso, Ver-lhe-ei o rosto que na sombra esplende." E, fechando mais, zelosa e firme, Respondia a janela: "Tem-te, ousado! Não te deixo passar! Eu, néscia, abri-me! E esta que dorme, sol, que não diria Ao ver-te o olhar por trás do cortinado, E ao ver-se a um tempo desnudada e fria?!" soabrir-se: abrir-se um pouco, ligeiramente, entreabrir-se; íris: halo de luz que aparece ao redor dos objetos quando observados com óculo que possibilita sua visualização de perto; eunuco: indivíduo débil e impotente física e/ou espiritualmente; néscia: aquela que é desprovida de conhecimento, estúpida, ignorante;