Crónica de Ricardo Araújo Pereira

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Transcrição da apresentação:

Crónica de Ricardo Araújo Pereira Um Falstaff integro Crónica de Ricardo Araújo Pereira

A morte é certa, mas a morte de um grande humorista é a mais certa de todas. Um grande humorista percebe a morte melhor do que os outros ­ e é por isso, aliás, que dedica a vida inteira a escarnecê-la. O riso é o grande fracasso da repressão, disse alguém que hoje mereceria mais do que o anonimato ­ e é a grande vitória (a única possível) da vida. Raul Solnado dizia muitas vezes que fazer rir, ou é fácil ou é impossível. A frase é, parece-me, de Woody Allen, e é fulgurantemente verdadeira. Haverá poucas coisas menos engraçadas do que alguém que se esforça para ter graça. A atitude humorística de Raul Solnado assentava exactamente nessa ausência de esforço. Antes de abrir a boca, Solnado já tinha graça: é divertido que alguém que ama tão profundamente o riso decida simular a maior displicência perante ele. O intérprete Solnado não só está completamente desinteressado da tarefa de fazer rir os outros como parece nem perceber de que é que eles se riem. Não é só um palhaço que não quer fazer palhaçadas, é um palhaço que está relutante em admitir que é um palhaço. De facto, o que surpreende em Raul Solnado não é que um humorista vindo do teatro de revista pudesse ter êxito a fazer um tipo sofisticado de humor absurdo ­ o que é notável é que um humorista cujo estilo era contido e preciso tenha alguma vez tido sucesso no teatro de revista. O cómico cujo estilo estava mais distante do gosto popular foi aquele que obteve um sucesso mais abrangente, o que é espantoso.

A revista teve muitos outros grandes actores, mas nenhum terá sido capaz da mesma versatilidade. Ivone Silva, por exemplo, era uma actriz de revista brilhante. Mas ninguém consegue imaginar Ivone Silva a interpretar o texto da guerra. É, aliás, significativo que Solnado tivesse adoptado como divisa uma ideia de Woody Allen. Allen e Solnado são, na verdade, humoristas aparentados de mais do que uma maneira. A gaguez e a aparência física constituem, em ambos, instrumentos da sedução (da sedução humorística e da outra), e os monólogos de Solnado são o equivalente português das histórias que compõem os números de stand-up comedy de Woody Allen. Solnado era uma criança sensata, como Falstaff, o herói cómico de Shakespeare, mas sem os seus pavorosos defeitos ­ o que, humoristicamente, era uma desvantagem para Solnado. É muito mais difícil ter graça quando os defeitos não estão à vista e as qualidades são tão evidentes. A ternura não tem piada. A generosidade também não. E, no entanto, Solnado era terno e generoso. Há várias comédias famosas sobre avarentos, misantropos e hipocondríacos, mas não muitas sobre o tipo de pessoa que se percebia que Solnado era. Conseguir ser humorista apesar daquelas virtudes são mais do que problemático: é quase uma falta de ética. Philip Larkin escreveu que a coragem não isenta ninguém da sepultura: a morte não é diferente para os que a temem ou para os que a enfrentam. Certo. Mas a vida é. A vida é mais vida para quem se ri da morte do que para quem a teme. Raul Solnado viveu bem. E, por causa dele, todos vivemos melhor.

SIGNIFICADO DAS PALAVRAS TEXTO COMENTARIO DO TEXTO Displicências - desprazer, Desagrado Simular - Aparentar Versatilidade – Versátil, Mutabilidade Divisa - lema, Distinta Avarento - Agarrado Misantropos – Insociáveis , Melancólicos Hipocondríacos - Rabugentos, tristonhos Burlesco – Extravagante Iconoclasta – Vândalo Paradoxo – Absurdo

O título desta crónica é um “Falstaff íntegro” Raul Solnado era um humorista real, magro, inteligente, versátil, meigo , generoso, integro. Ser John Falstaff era uma personagem fictícia, gordo, é um homérico burlesco, um iconoclasta, um paradoxo, é subjectivo.

MARCAS DE SUBJECTIVIDADE “…A frase é, parece-me, de Woody Allen, e é fulgurantemente verdadeira…”; “… Raul Solnado viveu bem. E, por causa dele, todos vivemos melhor…” “…A morte é certa, mas a morte de um grande humorista é a mais certa de todas…” “… Um grande humorista percebe a morte melhor do que os outros ­ e é por isso, aliás, que dedica a vida inteira a escarnecê-la…”

Exemplos de figuras de estilo “…A morte é certa, mas a morte de um grande humorista é a mais certa de todas…” – hipérbole “…Haverá poucas coisas menos engraçadas do que alguém que se esforça para ter graça…”_ ironia “…O cómico cujo estilo estava mais distante do gosto popular foi aquele que obteve um sucesso mais abrangente, o que é espantoso…”ironia “…A gaguez e a aparência física constituem, em ambos, instrumentos da sedução…”metáfora

O tema desta crónica é a vida para alem da morte de Raul Solnado Eu ao analisar esta Crónica não consigo encontrar críticas negativas mas sim elogios . O Ricardo Araújo ao escrever está crónica quis homenagear um grande humorista, Raul Solnado. O cronista comparou o nosso eterno humorista Raul Solnado que é um Falstaff integro, ao Sir. John Falstaff, que é uma das maiores criações de Shakespeare. Enquanto que Raul Solnado é um Falstaff integro, quer dizer um humorista real, uma personagem versátil que consegue encarnar qualquer papel, transmitindo com criatividade humorista sem dar por ela, ou seja espontaneamente. Raul Solnado não era um palhaço mas conseguia fazer rir e fazer as pessoas felizes. O contrario era Sir. John Falstaff que era uma personagem fictícia, com uma profundidade única, com um carácter incontestável é um burlesco , um iconoclasta, um filosofo mas ao mesmo tempo um paradoxo criado por Shakespeare, ele é só uma revelação , só consegue atrair o publico, porque é considerado uma “banheira deitada de banha de porco “,na vida real é uma farsa, mas mesmo assim foi também um grande humorista daquela geração.

Duas grandes figuras publicas da nossa televisão: um grande cronista e um eterno humorista