Fármacos e Quiralidade: uma abordagem sobre formas puras e racêmicas.

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Total de municípios com registro de LTA e número de casos notificados da doença no Estado de Minas Gerais Em Minas Gerais, no período de 1988 a 1999, a.
Advertisements

Linguagens Formais e Autómatos
Acadêmica: Maris Lorenzoni Almeida
Profª. Norilda Siqueira
Introdução ao E s t e r e o i s o m e r i s m o
História e Sociologia da Farmácia
Moléculas Quirais: as novidades da indústria farmacêutica que estão deixando os genéricos obsoletos!
Disciplina: Química Orgânica Fundamental – QB51C-N61
Módulo 7. Fontes de Informação em Farmacovigilância
MICRORGANISMOS NA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS
Referências.
QUÍMICA GERAL Aula 05 – LIGAÇÕES QUÍMICAS II
TM243 - Mecanismos Prof. Jorge Luiz Erthal
TM243 - Mecanismos Prof. Jorge Luiz Erthal
FIGURA 1. 1Organização celular de células procariótica e eucariótica
01/05/01 1 INTRODUÇÃO 1 Referências bibliográficas Barsoum, M. W. Fundamentals of ceramics. New York, McGraw-Hill, 1997.
Isomeria Prof. Alan Ibiapina.
Experiência de alguns países na transição de inaladores com CFC para CEF-free Hisbello S. Campos ENSP, FIOCRUZ, MS.
DEPRESSÃO E DOENÇA CARDÍACA
Emanuel Teixeira Nº24924 Bioengenharia
Didáticas na sala de aula
Taxonomia de Objetivos Educacionais: referencial para a avaliação
HID007 – Hidrologia Física
Fábio Herbst Florenzano
Análise de materiais através da espectroscopia FTIR
Bruno Monteiro. Roteiro Adolescent Social Networks Gender Patterns.
A Importância da Temperatura nos Processos Ecológicos
Farmacologia –Aspectos gerais
Isomeria Prof. Jorge Roberto.
Genómica Licenciatura em Ciências Biomédicas Departamento de Ciências da Saúde, UCP Fevereiro 2013.
Genómica Licenciatura em Ciências Biomédicas Departamento de Ciências da Saúde, UCP Fevereiro 2013.
Maria Filomena Capucho - UCP
Isomeria Espacial (esteroisomeria) Profa. Graça Porto.
Estereoisomeria isomeria geométrica
Isomeria Ótica.
Luiz Claudio de Santa Maria – sala 406
01/05/01 1 INTRODUÇÃO 1 Referências bibliográficas Barsoum, M. W. Fundamentals of ceramics. New York, McGraw-Hill, 1997.
ISOMERIA Prof.: Rivaldo Sampaio.
Ensinar e aprender em/na rede: criando ambientes de aprendizagem na web Patrícia B. Scherer Bassani.
Construção e Calibração de Um Eletrogoniômetro de Joelho de Baixo Custo com Sistema de Four-bar Linkage Flávia Porto 1, Jonas L. Gurgel 1,2, Rafael Ferreira.
Seminário de Dissertação – Conteúdo básico
Nome:Gabriel Pereira Gomes Nº6 1ºEM 20/03/14
Ruan Lucca nº26 – Professora Carol
Elaboração de referências Maio/2013 NBR Normas Técnicas NBR – 14724: INFORMAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO – Trabalhos acadêmicos – Apresentação NBR :
Aula S02: Validação em Análises Ambientais
1 estruturas matemáticas da física UNIVERSIDADE DA MADEIRA Prof. Pedro Augusto RELATÓRIO Instruções gerais.
Luiz Henrique Silva de Freitas nº17 Profª Carol
Universidade Federal da Bahia Licenciatura em Educação do Campo I - Interações interpartículas: LIGAÇÃO QUÍMICA Parte I Abraão Felix da Penha Salvador.
A química dos compostos de coordenação.
Isomeria espacial ou Estereoisomeria Aulas 45 e 46
Trabalho em Drenagem Urbana
Capítulo 11 – Forças Intermoleculares, Líquidos e Sólidos.
EBSCO Information Services  Conteúdos de qualidade  Ferramentas de gerenciamento  Integração Página de Acesso Ecological.
Instrumentação e Controle de Bioprocessos
ISOMERIA ÓPTICA.
Química Orgânica ISOMERIA.
Estereoquímica.
Prof. Elder Costa Slide da Profª Juliana M. Roberti
Apresentação Multimédia #3 Tema I | ANTES DE MIM capítulo 1| a genética Objetivo: Analisar a relação entre a complexidade do ser humano e o seu inacabamento.
ISOMERIA ÓPTICA Ocorre quando uma substância tem a capacidade de desviar o plano da luz polarizada Luz polarizada - é um conjunto de ondas eletromagnéticas.
Isomeria: Substâncias diferentes que apresentam a mesma composição
Fármacos Quirais Trabalho realizado por: -Ricardo Barca -Pedro Paiva.
Introdução à Estereoquímica
Materiais proteicos Química e Física dos Materiais II Ano lectivo 2015/2016 Departamento de Química e Bioquímica.
34 Estereoquímica Estereoquímica das reacções químicas A análise de uma reacção química do ponto de vista do seu efeito sobre a estereoquímica é muito.
Departamento de Química e Bioquímica Licenciatura em Ciências da Arte e do Património Química e Física dos Materiais I Ano lectivo 2013/2014 Tópico 8:

SUPERFÍCIE DE RESPOSTA Pâmela Serra de Souza
QUÍMICA HETEROCÍCLICA
Transcrição da apresentação:

Fármacos e Quiralidade: uma abordagem sobre formas puras e racêmicas. Ana Paula Sena Costa Farmácia

FÁRMACOS QUIRAIS Imagens no espelho uma da outra e não são sobreponíveis, nem por rotação nem por translação; Enantiômero é um de dois estereoisômeros de um composto quiral - pode ser a base do efeito terapêutico pretendido. Quiralidade é um fenômeno em que um objeto ou um sistema não pode ser sobreposto à sua imagem especular. A quiralidade manifesta-se qndo há um centro de assimetria. Retirado de http://qnesc.sbq.org.br/online/cadernos/03/quiral.pdf

Apresentado por Ana Paula Sena Costa FÁRMACOS QUIRAIS Misturas Racêmicas - mistura de enantiômeros; 50% Levógiro (L,-) + 50% Dextrógiro(D,+) Enantiômeros Puros – presença de um dos dois enantiômeros ; Notação R (sentido de rotação horário) e S (sentido de rotação anti- horário). Notação R e S: determinar qual é o arranjo espacial correto para cada esterereoisômero do fármaco separado. Apresentado por Ana Paula Sena Costa

SÍNTESE DE FORMAS RACÊMICAS E ENANTIÔMERAS PURAS Síntese Orgância - construção de moléculas orgânicas através de processos químicos; Racêmica ou assimétrica A síntese orgânica aplica os conhecimentos da química orgânica, visando, entre outras coisas, a preparação de novas moléculas ou de moléculas já conhecidas. O enorme desenvolvimento dessa área do conhecimento, nos últimos vinte anos, possibilitou um grande avanço da química, principalmente na preparação de fármacos. Uma síntese orgânica de moléculas que contêm centros assimétricos pode ser classificada como racêmica ou assimétrica. O produto de uma síntese racêmica será um fármaco composto de uma mistura de seus possíveis estereoisômeros em partes iguais. Por outro lado, o produto de uma síntese assimétrica será um fármaco de elevada pureza óptica, ou seja, se estiver contaminado com o outro estereoisômero será em quantidades inferiores a 5%.

Apresentado por Ana Paula Sena Costa FÁRMACOS QUIRAIS Formas Racêmicas X Formas Puras Dose aumentada, pois somente metade tem o efeito farmacológico desejado; Paciente ingere, a cada dose, 50% de uma substância química desnecessária; Efeitos colaterais; Custo. Apresentado por Ana Paula Sena Costa

FÁRMACOS QUIRAIS O único fator, no nosso entender, que dificulta a venda de fármacos quirais em sua forma opticamente pura é o custo de uma síntese assimétrica. Normalmente, os métodos usados são caros, o que eleva o preço final do fármaco para o consumidor. Fonte: Adaptado de Federsel (1993) e Chan (1993)

ORIENTAÇÃO ESPACIAL INTERAÇÃO COM RECEPTOR BIOLÓGICO Enantiômero 1 Enantiômero 2 A orientação espacial de uma molécula é importante na interação com o seu receptor biológico. Considerando que o local último onde um fármaco irá exercer a sua ação – o receptor alvo – é majoritariamente de natureza quiral, incluindo proteínas e polissacarídeos, fácil é deduzir que a tridimensionalidade tem um papel determinante no fenômeno do reconhecimento molecular entre a molécula do fármaco e a biomacromolécula receptora. Receptor biológico Retirado: http://www.qmc.ufsc.br/qmcweb/artigos/drogas_quirais.html Apresentado por Ana Paula Sena Costa

QUIRALIDADE E TERAPÊUTICA DE FÁRMACOS 1- A atividade biológica desejada é atribuída a apenas um dos enantiômeros, enquanto que o outro é inativo: Ibuprofeno (Advil, Motrin, Nuprin): vendido na forma racêmica. Isômero (S): anti-inflamatório, analgésico. Isômero (R): não tem ação. Apresentado por Ana Paula Sena Costa

QUIRALIDADE E TERAPÊUTICA DE FÁRMACOS 2 - Ambos os enantiômeros apresentam potência e atividades similares: Prometazina (conhecido comercialmente Fenergan) – Anti-histamínico H1 Terfenidina (retirada do mercado) - Anti-histamínico H1 Estes são dois casos típicos onde a produção (com subseqüente administração) do isômero puro não oferece nenhuma vantagem frente à forma de racemato.   Terfenadina Apresentado por Ana Paula Sena Costa

QUIRALIDADE E TERAPÊUTICA DE FÁRMACOS 3 - Enantiômeros com atividades similares mais potências diferentes: FÁRMACO EFEITO ADRENALINA A FORMA (-) É 20 VEZES MAIS ATIVA E IGUALMENTE MAIS TÓXICA SALBUTAMOL A FORMA R (-) É 80 VEZES MAIS ATIVA QUE A FORMA S (+) ANFETAMINA A FORMA (+) É 2 VEZES MAIS ATIVA QUE O ENATIÔMERO (-) WARFARINA ISÔMERO S (-) É CERCA DE 2 A 5 VEZES MAIOR QUE R (+) CITALOPRAM ENANTIÔMERO PURO S (+) MUITO MAIS POTENTE QUE O SEU ANTÍPODA VERAPAMIL R (+) É 8 A 10 VEZES MENOS POTENTE NA SUA AÇÃO CÁRDIO-DEPRESSORA PROPAFENONA S (+) EFEITO B-BLOQUEADOR 100 VEZES MAIOR QUE R (-) Apresentado por Ana Paula Sena Costa

QUIRALIDADE E TERAPÊUTICA DE FÁRMACOS 4 - Um enantiômero antagoniza o efeito secundário de outro: Indacrinona (anti - hipertensivo) Enantiômero (+) atividade diurética e também pelo efeito secundário enquanto que seu par (-) atua reduzindo os níveis de ácido úrico. Indacrinona Apresentado por Ana Paula Sena Costa

QUIRALIDADE E TERAPÊUTICA DE FÁRMACOS 5 - Um enantiômero pode ser o responsável principal pela ação terapêutica desejada e o outro pelos efeitos secundários: L – Dopa (anti-parksoniano) a maioria dos efeitos colaterais, como granulocitopenia, é devida ao isômero D-Dopa. Apresentado por Ana Paula Sena Costa

QUIRALIDADE E TERAPÊUTICA DE FÁRMACOS 6 - Atividade existe para os dois isômeros, mas o efeito indesejado é atribuído a apenas um deles: Prilocaína (ação anestésica local) Atividade anestésica - ambos os isômeros Toxicidade devida a apenas um dos enantiômeros. Talidomida (forma racêmica para aliviar a náusea matinal em mulheres grávidas) isômero (S): teratogênico isômero (R): sedativo e analgésico Apresentado por Ana Paula Sena Costa

TRÁGICO CASO DA TALIDOMIDA Mais de 10000 crianças foram afetadas por este fármaco e 40% destas morreram no primeiro ano de vida. Figura – Vítimas de malformações pela Talidomida. Apresentado por Ana Paula Sena Costa

QUIRALIDADE E TERAPÊUTICA DE FÁRMACOS 7 - Cada enantiômero possui diferentes tipos de atividade de interesse terapêutico: α-dextropropoxifeno Darvon®, (2S, 3R)-(+)-dextropropoxifeno que possui atividade analgésica; Novrad®, (2R, 3S)-(-)-levopropoxifeno é um antitussígeno, atividade totalmente distante dos efeitos analgésicos. Apresentado por Ana Paula Sena Costa

QUIRALIDADE E TERAPÊUTICA DE FÁRMACOS 8 - Um mistura de diastereoisômeros pode levar a efeitos benéficos: Labetalol (anti-hipertensivo) isômero RR atividade b-bloqueador e o isômero SR alfa-bloqueador; os outros 50% dos isômeros são inativos, podendo ser considerados como impureza. (...) que não são separadas, pois consiste em um processo caro. Apresentado por Ana Paula Sena Costa

Apresentado por Ana Paula Sena Costa CONCLUSÃO Enantiômeros - compostos quimicamente diferentes, pois biologicamente eles comportam-se de maneira diferenciada; Grande avanço na síntese assimétrica; Vantagens de fármacos enantiômeros puros; Segurança, eficácia e efetividade. Apresentado por Ana Paula Sena Costa

Apresentado por Ana Paula Sena Costa BIBLIOGRAFIA FERREIRA, V. F.; BARREIRO, E. J. L. & COSTA, P. R. R., 1996. Substâncias enantiomericamente puras: Motivações acadêmicas e implicações industriais. Ciência Hoje. Eliel, E. L.; Wilen, S. H.; Stereochemistry of Organic Compounds, New York, John Wiley, 1994. LEDNICER, D. Strategies for organic drug synthesis and design. Nova Iorque: John Wiley & Sons, p. 53-57, 1998. Smith D. F. Em: Smith D. F. (ed.). Handbook of Stereoisomers: Therapeutic Drugs, Boca Raton, Florida, CRC Press, 1989; 1-6. Lima V. L. E. Química Nova, 1997; 20(6): 657. Hyneck, M.; Dent, J.; Hook, J. Chirality: Pharmacological Action and Drug Development. in: Chirality in Drug Design and Synthesis. C. BROWN ed. Londres, Academic Press, 1990. Apresentado por Ana Paula Sena Costa

Apresentado por Ana Paula Sena Costa Obrigado pela Atenção!!!! Apresentado por Ana Paula Sena Costa