PROFESSOR: Geordano Valente Raad

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Transcrição da apresentação:

PROFESSOR: Geordano Valente Raad DISCIPLINA: LITERATURA TURMA: 2ª Série Ens. Médio

INTRODUÇÃO Os Escravos é uma coleção de poesias publicadas 12 anos a morte do poeta. Poesia social em sua forma mais pura, “Os Escravos” centra-se sempre no mesmo tema: a liberdade dos escravos. Apesar de uma certa idealização em alguns momentos, a poesia lírico-amorosa é menos idealizada que a dos contemporâneos do autor. Mas sempre, sempre, as poesias falam do negro escravo, cativo e maltratado pelos senhores.

CONTEXTO HISTÓRICO O TEMA DA ESCRAVIDÃO Publicado em 1883, doze anos após a morte do autor, Os Escravos reúne as composições anti-escravagistas de Castro Alves, entre elas, os famosos poemas abolicionistas “O Navio Negreiro” e “Vozes d’África”. Castro Alves não foi o primeiro poeta romântico a tratar do tema da escravidão. Antes dele, Gonçalves Dias, Fagundes Varela e outros abordaram a questão. No entanto, nenhum poeta foi mais veemente e engajado à causa social e humanitária do abolicionismo como ele. Castro Alves procurou aprofundar as implicações humanas da escravatura adequando a sua eloqüência condoreira à luta abolicionista. Retrata o escravo de modo romanticamente trágico para despertar a sociedade, habituada a três séculos de escravidão, para o que há de mais desumano neste regime. O maior exemplo deste retrato está em A Cachoeira de Paulo Afonso, longo poema narrativo, escrito em 1870, que conta a história de amor de dois escravos, Lucas e Maria, pintada com fortes cores dramáticas. 

ÊNFASE SOCIAL Nos poemas de Os Escravos, a poesia é suplantada pelo discurso político grandiloquente e até verborrágico. Para atingir o alvo e persuadir o leitor e, muito mais, o ouvinte, o poeta abusa de antíteses e hipérboles e apresenta uma sucessão vertiginosa de metáforas que procuram traduzir a mesma idéia. A poesia é feita para ser declamada e o exagero das imagens é intencional, deliberado, para reforçar a idéia do poema.

A poesia social de Castro Alves é caracterizada: pelo discurso retórico, declamativo; uso exagerado de hipérboles e antíteses; acúmulo sucessivo de metáforas; movimento, com o objetivo de demonstrar concretamente o ritmo da luta da humanidade em busca da liberdade; e impressionante capacidade de comunicação. A poesia, portanto, perde terreno para a propaganda política. Pragmático, o poeta usa a poesia para levar o leitor à ação, para transformar e não só para deleitar. Trata-se de uma arte engajada no marketing das idéias sociais e políticas:  Quebre-se o cetro do Papa,  Faça-se dele -- uma cruz!  A púrpura sirva ao povo  P’ra cobrir os ombros nus.

ESTILO LITERÁRIO Poucos poetas utilizaram, na Língua Portuguesa, tantas reticências, travessões e pontos de exclamação quanto Castro Alves. A cada página do livro, os exemplos se sucedem:  Pesa-me a vida!… está deserto o Fórum!  E o tédio!… o tédio!… que infernal idéia!

Através destes recursos gráficos, o poeta procura reproduzir a oralidade do discurso exaltado da praça pública ou das declamações nos palcos. As reticências apontam as pausas dramáticas que reforçam a ênfase discursiva marcada pelos pontos de exclamação. Já os travessões têm dupla função.Por vezes aparecem, como as reticências, como marcas de pausa da elocução:  - Ave – te espera da lufada o açoite.  - Estrela – guia-te uma luz falaz.  - Aurora minha – só te aguarda a noite,  - Pobre inocente – já maldito estás. Em muitos outros momentos, aparecem como marca do discurso direto, apresentando uma fala que se dirige a um interlocutor específico:  - “Olhai, Senhora…além dessas cortinas,  O que vedes?…” -- “Eu vejo a imensidade! …”  - “E eu vejo… a Grécia… e sobre a plaga errante  Uma virgem chorando…” – “É vossa amante?…”  - “Tu disseste-o, Condessa!” É a Liberdade!!!… O estilo retórico condoreiro se traduz na linguagem escrita através dos sinais de pontuação, como as reticências, os travessões e os pontos de exclamação!... 

ANÁLISE - TRECHO A CANÇÃO DO AFRICANO "Minha terra é lá bem longe, Das bandas de onde o sol vem; Esta terra é mais bonita, Mas à outra eu quero bem! "0 sol faz lá tudo em fogo, Faz em brasa toda a areia; Ninguém sabe como é belo Ver de tarde a papa-ceia! 3"Aquelas terras tão grandes, Tão compridas como o mar, Com suas poucas palmeiras Dão vontade de pensar ... (...) Lá na úmida senzala, Sentado na estreita sala, Junto ao braseiro, no chão, Entoa o escravo o seu canto, E ao cantar correm-lhe em pranto Saudades do seu torrão ... De um lado, uma negra escrava Os olhos no filho crava, Que tem no colo a embalar... E à meia voz lá responde Ao canto, e o filhinho esconde, Talvez pra não o escutar!

CONCLUSÃO Em 1876, sete anos antes da primeira publicação de Os Escravos, foi impressa uma edição isolada do poema A Cachoeira de Paulo Afonso. Trazia o seguinte aposto: “Poema original brasileiro. Fragmento dos – Escravos – sob o título Manuscrito de Estênio”. A partir de então, muitos editores têm publicado o poema em separado, como se não fizesse parte do livro Os Escravos. Nessa edição, no entanto, seguimos a lição de Afrânio Peixoto, organizador da edição de 1938 das Obras Completas do poeta baiano, e publicaram o poema como continuação do livro.