FÓRUM SOCIAL SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

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Transcrição da apresentação:

FÓRUM SOCIAL SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 28 a 31 de maio de 2008 Prefeitura de Campinas, SP Painel Novo modelo de produção agrícola: SIPAES Sistemas Integrados de Produção de Alimentos, Energia e Serviços Ambientais

http://www.unicamp.br/fea/ortega/ Enrique Ortega Laboratório de Engenharia Ecológica Faculdade de Engenharia de Alimentos, Unicamp http://www.unicamp.br/fea/ortega/ Sobre a necessidade dos Sistemas Integrados de Produção de Alimentos, Energia e Serviços Ambientais (SIPAES)

Um novo marco de referencia para analisar projetos de desenvolvimento Crise do petróleo e do Aquecimento Global Crise do paradigma do Crescimento (o modelo de dependência econômica e consumo insustentável capitalista) que gera desastres: destruição das florestas, concentração da propriedade, êxodo rural e concentração da população nas cidades, poluição industrial e agrícola, perda da biodiversidade, alienação, etc. Exigências do Desenvolvimento sustentável O conceito de SIPAES

Pico da extração de petróleo Onde estamos? Aqui! Nova base de energias e materiais renováveis Solar Petróleo Eólica Degradação do ambiente! Hídrica Biológica

Consumo médio de petróleo no mundo 4. 5 barris por pessoa por ano 640 litros de petróleo por pessoa por ano 2 litros de petróleo por pessoa por dia (aprox.) EUA e UE = 5x

Por quanto tempo ainda teremos petróleo? O petróleo move a civilização atual. A natureza levou mais de 100 milhões de anos para produzir os estoques a ser usados em apenas 100 anos, de 1925 a 2025. O custo de extração aumenta e a energia líquida se reduz. O estilo de desenvolvimento industrial consiste na substituição de trabalho biológico e humano por petróleo: Extraído de Global Exchange 2000 Revisited: The Critical Issues. 2 litros de gasolina (nosso consumo diário) fornecem energia equivalente a 9 dias de trabalho humano. O consumo de um cidadão do primeiro mundo (10 litros) = 45 trabalhadores.

Porque é tão importante o petróleo? O consumo diário de um cidadão do terceiro mundo (2 litros) = 9 trabalhadores. Extraído de Global Exchange 2000 Revisited: The Critical Issues. O consumo de um cidadão do primeiro mundo (10 litros) = 45 trabalhadores.

Aumento do preço do petróleo 138 Aumento do preço do petróleo Os preços internacionais do petróleo cru importado pelos EUA desde 1860, até o ano 1990 e a projeção para o período de 1990 a 2010 Até 1973 o preço médio do petróleo era 10 dólares/barril, durante o embargo duplicou e, em 1979, por pressão da OPEP, quadruplicou. Depois o preço declinou devido a: medidas para conservação de energia; queda do crescimento da economia mundial; aumento da produção da União Soviética e Mar do Norte; ações de controle político e militar sobre os países do Oriente Médio. Global Exchange 2000 Revisited: The Critical Issues.

Modificação do padrão de consumo e do estilo de vida!!!! http://globalpublicmedia.com/ron_cooke_will_the_price_of_oil_cause_a_recession

http://www.peakoil.net/GiantOilFields.html Crise do petróleo 12 anos para atuar Poluição Mudanças climáticas Esgotamento da água potável 4 anos para atuar http://www.peakoil.net/GiantOilFields.html

Maior concentração do dióxido de carbono O aumento das emissões dos gases com efeito estufa (principalmente CO2) tem provocado o aquecimento da Biosfera. Até 2100 a previsão é que a temperatura do planeta suba entre 2,5 e 6 graus Celsius. Extinção da espécie humana Os efeitos poderão ser semelhantes aos ocorridos 10.000 anos atrás no final da última Era Glacial: (a) degelo das calotas polares e do permafrost, com conseqüente aumento do nível do mar e inundação das áreas costeiras; (b) migração de um terço da população mundial ; (c) extinção de ecossistemas de alta produtividade, etc. Extraído de Global Exchange 2000 Revisited: The Critical Issues. Estratificação em três zonas: de precaução, de perigo e de perigo extremo

Kyoto Protocol

A era do petróleo Milhões de barris Anos DC A era do petróleo será breve. Completou 100 anos e levara 50 anos para acabar. Não ficaremos completamente “sem petróleo”, pois ao ficar escasso ele se tornará caro, excessivamente caro. Anos DC

Todos os problemas estão interligados. Pico de extração = + carvão = + caos climático; Caos climático = secas e alagamentos = declínio da produção agrícola; Declínio da produção agrícola = + terra aberta para agricultura = desertificação e perda de biodiversidade + CO2 das queimadas; + terra para a agricultura = + produtos industriais + N2O Declínio da economia = + uso de carvão = + poluição.

Temperatura da Biosfera 6 Há 500 milhões de anos a temperatura média, a umidade e a concentração de oxigênio e CO2 na atmosfera se mantêm praticamente constantes, graças ao sistema de controle termodinâmico da Terra. 2,5 Extraído de Global Exchange 2000 Revisited: The Critical Issues. Ao romper este equilíbrio a temperatura pode aumentar com conseqüências altamente danosas aos ecossistemas.

Podemos prevenir a crise convergente? Podemos fazer recuar as marés do Caos Climático? Podemos achar alternativas para o petróleo? Podemos re-estruturar a economia mundial?

Crescimento versus Desenvolvimento Sustentável O atual modelo de desenvolvimento vive ao mesmo tempo seu apogeu e a sua maior crise. Considera-se que nas décadas seguintes terá que ser substituído. Cabe aos grupos conscientes e interessados da sociedade global estudar e propor as alternativas ao modelo atual. Na elaboração de alternativas precisamos usar ferramentas apropriadas que incorporem uma visão científica ecossistêmica.

População humana Evolução desde 1600 e projeção até 2100 do número total de seres humanos. Extraído de Global Exchange 2000 Revisited: The Critical Issues. Fontes do estudo acima citado: United Nations. 1992. Long-Range World Population Projections: Two Centuries of Population Growth, 1950-2150. New York: United Nations. p. 28; McEvedy, C. and Jones, R. 1978. Atlas of World Population History, Middlesex, England: Viking Penguin. p. 342-51 A capacidade de suporte renovável está entre 1 e 3 bilhões de pessoas.

Área agrícola disponível versus área agrícola necessária Para alimentar uma pessoa é necessário em média 0,26 ha, às taxas correntes da produtividade do solo (rendimento físico por área). A combinação de vários fatores pode retardar o cruzamento das curvas. 1) redução das taxas de crescimento; 2) preservação e recuperação das terras aráveis; 3) aumento da produtividade da terra; e 4) modificação dos padrões de consumo das populações mais ricas. Extraído de: Global Exchange 2000 Revisited: The Critical Issues

Existência de um limite na área disponível para alimentar a população humana 3 bilhões de hectares de terra arável são necessários para alimentar 12 bilhões de pessoas. Este espaço existe, porém é ocupado por espécies animais, algumas ameaçadas de extinção, e também é o habitat de variedades selvagens. Assim, o custo ecológico e econômico é proibitivo. Então são necessários esforços para preservar a terra arável e manter ou aumentar os rendimentos agrícolas usando tecnologias não agressivas ao ambiente e à população. Global Exchange 2000 Revisited: The Critical Issues.

Espécies remanescentes e extinção líquida por dia A perda da biodiversidade é crítica! Apenas 150 variedades de plantas agrícolas alimentares são usadas hoje em dia, comprometendo a qualidade de vida. Apenas 3 grãos (o arroz, o trigo e o milho) fornecem 50% da energia requerida pela população humana! Fontes do estudo acima citado: Raven, P. H. 1987. "We're Killing Our World: The Global Ecosystem in Crisis." Occasional Paper. Chicago: Mac Arthur Foundation. Raven, P.H. 1993. Monoculturas com fertilizantes e pesticidas derivados do petróleo com alto impacto ambiental

Modelo de Produção atual Uso de grande quantidade de insumos químicos derivados do petróleo; Transformação do espaço rural em grandes áreas de monocultura, êxodo rural e concentração da riqueza em poucas mãos; Poucos cultivares e poucos empregos; No caso dos transgênicos soma-se o grande investimento em pesquisa e produção, com perda da autonomia e soberania; Poucas alternativas de consumo; Homogeneização cultural (perda dos valores da sustentabilidade). Fontes do estudo acima citado: Raven, P. H. 1987. "We're Killing Our World: The Global Ecosystem in Crisis." Occasional Paper. Chicago: Mac Arthur Foundation. Raven, P.H. 1993.

Alternativas para a agricultura Em contraposição a agricultura extensiva, as formas de manejo agroecológico, tem como base o aproveitamento das fontes de energia disponíveis localmente, especialmente a energia biológica (biodiversidade) que permite incorporar materiais naturais para nutrição das plantas. Essas unidades mostram resultados positivos: - melhora da qualidade alimentar, - um maior número de pessoas trabalhando no campo com maior autonomia sobre o processo produtivo e sustentabilidade.

Exemplos de Modelos de produção Ecossistemas naturais (serviços ambientais) Área de produção de alimentos e biocombustíveis para o mercado regional

Modelo 1: parcelas ou lotes individuais Áreas reduzidas de ecossistemas naturais e poucos serviços ambientais Lotes ou parcelas individuais: subsistemas de baixa intensidade com produção para consumo local e atender um pouco do mercado regional

Modelo 2: monocultura Ecossistemas naturais reduzidos ao mínimo. Modelo agrícola do Agronegócio Fertilizantes, Pesticidas, Herbicidas, Maquinário, Combustível A monocultura agrícola se baseia no uso de recursos não renováveis, concentra a propriedade e a riqueza, gera desemprego, gera erosão, poluição, degradação cultural, perda de biodiversidade, aquecimento global. Não pagam a perda de serviços ambientais e as externalidades negativas que provocam!

Modelo 3: eco-unidade SIPAES Sistema integrado: Bosque nativo, Agrofloresta, Parcela individual, Criação animal, Produção de biomassa energética e Industrialização Vegetação nativa Agro-floresta Serviços ambientais e as externalidades positivas! Parcela individual Pessoas SIPAES Alimentos beneficiados Pastos, grãos, arbustos Gado Beneficiamento industrial Energia de biomassa Cultivos energéticos Aproveitamento de resíduos

Cenários do IPCC

(a) Cenário A1: Continuação do crescimento econômico rápido; Avanço nas tecnologias atuais; Homogeneização cultural; Concentração da riqueza; Pico da população em 2050 e depois sua redução; Uso intensivo de combustíveis fósseis. (b) Cenário A2: Mundo heterogêneo com fortes identidades locais; Desenvolvimento econômico com foco regional; Contínuo aumento da população mundial; Ajuste tecnológico vagaroso; (c) Cenário B1: Pico da população em 2050 e depois sua redução; Estrutura econômica voltada aos serviços e comunicação; Redução do uso de materiais; Desenvolvimento de tecnologias limpas; Voltado para a sustentabilidade global. (d) Cenário B2: Soluções locais para a sustentabilidade; ainda há um aumento da população mundial (menor que nos outros cenários); Diversificação tecnológica; Desenvolvimento econômico à níveis intermediários. (e) Cenário B3: Acordos globais para soluções locais

B3: Acordos globais para soluções locais Um cenário B3 corresponderia a um mundo descentralizado no qual o foco estaria na ruralização ecológica com eco-unidades que levariam em conta a capacidade de suporte humana com recursos renováveis, garantindo com ações intensas a sustentabilidade econômica, social e ambiental. Esse cenário está orientado à proteção da Biosfera e eqüidade social. Exige uma nova capacidade de interpretar o mundo com base em um processo de educação ecossistêmica rápido e abrangente. Os trabalhos de pesquisadores notáveis como H.T. Odum, F. Gunther, W.E. Rees, I. Sachs podem ajudar na transição a um novo modelo social e econômico integrado a natureza.

Espero que o mundo futuro seja assim! Sustentável!

O passado: a urbanização econômica O mundo de hoje sobrecarregado e dependente O mundo sustentável

Equidade: trocas justas e compromissos Sustentabilidade: uso de recursos renováveis ruralização e consumo consciente, seqüestro de carbono Preservação de: calotas polares, glaciares, permafrost, desertos, selva, vegetações nativas Área de mata nativa que suporta a flora e fauna locais Agricultura, pesca, pecuária e silvicultura Moradias Comércio e indústrias Governo, informações e finanças Equidade: trocas justas e compromissos Energia, materiais, informação, gestão Informação, materiais transformados, visão ampla do sistema

Agradeço a atenção e fico a disposição! A apresentação está disponível no site do Laboratório de Engenharia Ecológica, FEA, Unicamp. www.unicamp.br/fea/ortega Contatos: ortega@fea.unicamp.br