Epidemiologia das Doenças Transmissíveis UNIVERSIDADE PAULISTA GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E NUTRIÇÃO Epidemiologia das Doenças Transmissíveis Prof. Dra. Thalyta Cardoso Alux Teixeira
História Natural das Doenças PERÍODO PRÉ-PATOGÊNICO Condições Favoráveis PERÍODO PRÉ-PATOGÊNICO Estímulo Exposição Fatores Determinantes Indivíduo População patogênese quadro clínico recuperação defeito morte cura invalidez quadro epidemiológico morbidade decréscimo mortalidade controle eliminação
INTRODUÇÃO Saúde Agentes Patogênicos ou Fatores de Risco Morte Perturbações leves Estágio Avançado de Doença Alterações irreversíveis da morfologia Invalidez total parcial Morte Doenças Infecciosas (Transmissíveis) clinicamente manifestas do homem ou de animais resultantes de uma infecção Não Infecciosas (Não Transmissíveis) Ex. coronarianas, diabetes, ... Quanto à duração Agudas são aquelas que têm um curso acelerado, terminando com convalescença ou morte em menos de três meses. Crônicas é uma doença que não é resolvida num tempo curto, definido usualmente em três meses.
História Natural das Doenças Condições Favoráveis
História Natural das Doenças DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS Agente Infeccioso Fatores de Risco não modificáveis e modificáveis DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS
Epidemiologia das Doenças Transmissíveis Doenças transmissíveis - Transmissão do agente causador vivo entre dois hospedeiros Estímulo – Doença – 3 formas para que ocorra Infecção Infestação Absorção de produtos tóxicos do agente - Intoxicação Entrada e Desenvolvimento/ Multiplicação do agente no hospedeiro Alojamento, com ou sem desenvolvimento e reprodução de artrópodes na superfície do corpo ou nas vestes Refere-se aos casos onde não ocorre infecção, ou seja, são toxinas produzidas fora do hospedeiro
Epidemiologia da DCNT/ DC Degenerativas - Brasil Doenças da Modernidade: doenças crônico degenerativas + violência Doenças do Subdesenvolvimento: doenças transmissíveis DCNT Características – patologias caracterizadas pela ausência de microrganismos, ou seja é uma doença não infecciosa, como também pelo longo curso clínico e irreversibilidade. Agentes – Fatores de risco. Transição Epidemiológica Fatores Demográficos Fatores Econômicos Fatores Sociais NATALIDADE ENVELHECIMENTO “Qualquer doença, independentemente do grupo de classificação, é epidemiologicamente descrita de modo similar quanto às variáveis biológicas, ambientais, espaciais ou temporais...”
QUADRO EPIDEMIOLÓGICO DAS DOENÇAS NÃO INFECCIOSAS A M B I E N T E FONTE AGENTE HOSPEDEIRO Intrínsecos Extrínsecos FONTE AGENTE presentes ou ausentes presentes ou ausentes HOSPEDEIRO - Ambiente - Físicos - Químicos - Biológicos - Sociais - Constituição orgânica Fatores hereditários Envelhecimento
Doenças Não Infecciosas Exposição ao agente Sinais e Sintomas Tempo ACIDENTES Exposição ao agente Sinais e Sintomas Tempo
DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS AGENTES Vírus Bactérias Protozoários Fungos Helmintos Platelmintos Artrópodes FONTES NOVOS HOSPEDEIROS
Elementos da Cadeia Epidemiológica do Processo Infeccioso AGENTE: Condição necessária, mas não suficiente Reservatório: Humano Animal Misto AMBIENTE / MEIO: Meio de Transmissão – Ar, solo, água, alimentos e vetores SUSCETÍVEL / HOSPEDEIRO: Novo hospedeiro Propriedades intrínsecas Propriedades extrínsecas Manifestações clínicas: Síndrome clínica típica Subclínica ou oligossintomática Assintomática
DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS AGENTES: Seres biológicos Infecção Infestação Intoxicação HOSPEDEIROS Homem Outros Animais Vegetais MEIO: Social, Físico-Químico
Cadeia Epidemiológica Elementos referenciais na transmissão das doenças infecciosas: VIA DE ELIMINAÇÃO VIA DE PENETRAÇÃO Fonte Primária / Reservatório Novo Hospedeiro MEIO DE TRANSMISSÃO Doente; Portador; NOVO RESERVATÓRIO
FONTES FONTE: todo SER, animado ou inanimado, que albergue o AGENTE e de onde ele se transfere para um NOVO HOSPEDEIRO Fonte primária Onde o agente vive e se multiplica Fonte secundária Onde o agente se aloja e é transportado Reservatórios – fontes biológicas
RESERVATÓRIOS DE INFECÇÕES HUMANAS ZOONOSES A N I M A I S ANTROPOZOONOSES (Brucelose) ANFIXENOSES (Leishimaniose) ZOOANTROPONOSES (Cândida, tuberculose) HOMEM ANTROPONOSES (DST’s, Febre Tifóide) FITONOSES (Blastomicose) HOMEM VEGETAL
FONTES VEÍCULO – objeto inanimado que serve para transmitir a doença. Ex: um recipiente com água contendo micróbios, ou um trapo sujo. VETOR – organismo vivo que serve para transmitir a doença. Ex: mosquitos e outros artrópodes. RESERVATÓRIO – um lugar que serve como fonte contínua da doença. Ex: uma torre de água (comum em infecção por legionella) e, o solo por tétano.
Modos de Transmissão de Doenças Direta: transmissão por contato direto do organismo doente com o organismo sadio. Com contato físico (IMEDIATA), sem contato físico (MEDIATA); Indireta: através de veículos animados ou inanimados ( copos, talheres, agulhas, vetores, etc.).
Vias de Transmissão de Doenças Pele: através de ferimentos, arranhões, picadas de insetos e mordeduras de animais; Ar: durante aglomeração de pessoas em ambientes com deficiência de circulação de ar; Alimentos: pela ingestão de alimentos mal lavados, estragados ou mal cozidos; Água, solo: ingestão hídrica ou contato com solo contamnado. Objeto: através de objetos inanimados, tais como peças de vestuário, calçados, toalhas, utensílios etc.
Vias de Transmissão de Doenças Relação Sexual: em consequência da higiene inadequada dos órgãos genitais ou através do ato sexual; Vetores: o vetor pode ser apenas um simples veiculador de agentes patogênicos, conduzindo-os do portador para o receptor sem que, necessariamente, haja propagação da doenças; Sangue: através de transfusões de sangue e seus derivados; Placenta: a transmissão ocorre da mãe para o filho durante a vida dentro do útero, através da placenta.
Alguns conceitos importantes... CONTAMINAÇÃO: Presença transitória de microrganismos em superfície sem invasão tecidual ou relação de parasitismo. Pode ocorrer em objetos inanimados ou em hospedeiros. Ex: Flora transitória das mãos. COLONIZAÇÃO: Crescimento e multiplicação de um microrganismo em superfícies epiteliais do hospedeiro, sem expressão clínica ou imunológica. Ex: Microbiota humana normal. INFECÇÃO: Crescimento e multiplicação de um microrganismo em superfícies epiteliais do hospedeiro, com expressão clínica ou imunológica. Ex: Tuberculose
Condições para a Patogenicidade
Condições para a Patogenicidade AGENTE ETIOLÓGICO: causador ou responsável pela origem da doença. INFECCIOSIDADE (INFECTIVIDADE): capacidade do agente etiológico de penetrar, se instalar e multiplicar-se no hospedeiro.É fundamental na previsão da propagação da doença. Está relacionada com a velocidade de transmissão da doença.
Condições para a Patogenicidade PATOGENICIDADE: capacidade do agente etiológico de produzir lesões específicas no hospedeiro. VIRULÊNCIA: capacidade em produzir uma doença mais grave ou menos grave, com alta ou baixa letalidade.
Condições para a Patogenicidade INFECÇÃO: Danos decorrentes da invasão, multiplicação e ação de produtos tóxicos de agentes infecciosos no hospedeiro, ocorrendo interação imunológica. INTOXICAÇÃO: Danos decorrentes da ação de produtos tóxicos que também podem ser de origem microbiana. Ex: Toxinfecção alimentar. INFESTAÇÃO: invasão de um local por parasitas macroscópicos, apesar disto, geralmente de pequeno tamanho.
História Natural do Processo Infeccioso
Comportamento do Novo Hospedeiro em relação ao bioagente Suscetibilidade Características do Hospedeiro Estado Fisiológico (estresse, fadiga. Gestação, lactação,...) Raça Sexo Idade
Comportamento do Novo Hospedeiro em relação ao bioagente Refratariedade Fenômeno inato, inespecífico e invariável que impede que uma pessoa se infecte por determinados microrganismos (não encontram condições necessárias para infectar nossa espécie, já que somos refratários aos mesmos).
Comportamento do Novo Hospedeiro em relação ao bioagente Resistência Inespecífica (Natural) física (pele, mucosa, cílios) química (pH baixo, enzimas) séricos (anticorpos naturais, interferon, macrofágos e micrófagos) Específica (Imunização) Ativa (naturalmente induzida ou artificialmente induzida) Passiva (naturalmente induzida ou artificialmente induzida)
Iceberg da Doença HORIZONTE CLÍNICO CASOS NOTIFICADOS FORMAS ATÍPICAS Iceberg da Doença MORTES CASOS NOTIFICADOS FORMAS ATÍPICAS NÃO BUSCAM ASSISTÊNCIA MÉDICA HORIZONTE CLÍNICO PROCESSO SUBCLÍNICO IDENTIFICÁVEL PROCESSO SUBCLÍNICO NÃO IDENTIFICÁVEL
DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS PANORAMA ATUAL FATORES DESFAVORÁVEIS FATORES FAVORÁVEIS - crescimento populacional - urbanização - transporte - pobreza - desnutrição - resistência aos antibióticos - resistência aos inseticidas - deficiência diagnóstica FATORES DESFAVORÁVEIS vacinas - medicamentos - saneamento básico - melhora da qualidade de vida
DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS PANORAMA ATUAL Leishmanioses / Chagas DESENVOLVIDOS - Serv. básicos de saúde com nível elevado - Medidas de combate específicas aplicadas de maneira eficiente - Padrão de vida elevado - Declínio das doenças transmissíveis - Alguns problemas EM DESENVOLVIMENTO - Serv. básico de saúde precário - Medidas de combate específicas aplicadas de maneira ineficiente - Baixo padrão de vida - Numerosos problemas de saúde pública Malária / Dengue Leishmanioses / Chagas Esquistossomose Tuberculose DST’s / AIDS Hanseníase Doenças Diarréicas Tuberculose DST’s / AIDS Hepatites Viroses Emergentes
Doenças não infecciosas, crônicas Evolução histórica dos problemas de saúde pública nas sociedades ocidentais, séc. XX Doenças infecciosas Substituídas por Doenças não infecciosas, crônicas Maior incidência: Pop. Infantil e adulto jovem ‘’ Maior incidência: Períodos avançados da idade adulta Células ou componentes celulares estranhos ao organismo do hospedeiro ‘’ Células aberrantes do próprio organismo do hospedeiro
Evolução histórica dos problemas de saúde pública nas sociedades ocidentais, séc. XX Agentes etiológicos biológicos Substituídos por Agentes etiológicos mutagênicos (químicos, físicos) Compreensão ao nível celular ‘’ Compreensão ao nível molecular Detecção da doença pela presença do agente etiológico ou imunologicamente Ausência de qualquer sinal do agente etiológico
Mortalidade proporcional por quatro causas de óbitos selecionadas nas Capitais Brasileiras – 1930-1990 Fonte: IBGE, apud Costa, 2003