SUBSÍDIOS Material preparado Patrícia Bertachini Talhari

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O Sapo estava sentado à beira do rio. Sentia-se esquisito. Não sabia se estava contente ou se estava triste.
Transcrição da apresentação:

SUBSÍDIOS Material preparado Patrícia Bertachini Talhari A NARRAÇÃO SUBSÍDIOS Material preparado Patrícia Bertachini Talhari

GÊNEROS E TIPOLOGIAS TEXTUAIS GÊNEROS = Monólogo, diário, carta, autobiografia, propaganda, telegrama, relatório, resenha, regulamento, poesia, conto, crônica, editorial, cartum, tira, ensaio etc. TIPOLOGIA = Descrição; Narração; Dissertação (expositiva e argumentativa).

GÊNEROS LITERÁRIOS Forma: Poesia e Prosa Conteúdo: Épico (narrativo) :conquistas, acontecimentos; Lírico : emoção, mundo interior; Dramático: ação interpretada por atores

OBRA LITERÁRIA Poema (lírico); Peça de teatro (dramático); Ficção em prosa: romance, novela; conto, crônica (narrativo); Prosa poética e hipertexto; Ensaio.

DESCRIÇÃO Seqüência de características; Objetivo: despertar imagem/sensação; Tempo quase sempre estático; Fundamental para criar ambiente.

NARRAÇÃO fato (ou o quê, ou intriga, ou enredo, ou situação); vivido por personagens; que passam por transformações; as que incluem um conflito; num tempo e espaço determinados.

ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DA NARRATIVA ENREDO CONFLITO PERSONAGENS NARRADOR TEMPO ESPAÇO

ENREDO Exposição Criação da expectativa Complicação Quebra da expectativa Conflito Clímax Desfecho

Desenvolvimento de “persona”: PERSONAGENS Desenvolvimento de “persona”: Planas: pouca complexidade psicológica; -Tipo -Caricatura Redondas: complexas, mudam ou surpreendem.

Personagens papel na narrativa: Herói Anti-herói Protagonista; Antagonista; Secundária.

Observador ( “neutro”): Narrador 3ª pessoa Observador ( “neutro”): João Romão foi, dos treze aos vinte e cinco anos, empregado de um vendeiro que enriqueceu entre as quatro paredes de uma suja e obscura taverna nos refolhos do bairro de Botafogo(...) (A. Azevedo, O Cortiço).

Narrador 3ª pessoa parcial (toma partido) Nesse tempo a porta caíra para um lado e um do grupo, certo dia em que passeava na extensão dos seus domínios (porque toda a zona do areal do cais, como aliás toda a cidade da Bahia, pertence aos capitães da Areia), entrou no trapiche. Vestidos de farrapos, sujos, semi-esfomeados, agressivos, soltando palavrões e fumando pontas de cigarro, eram, em verdade, os donos da cidade, os que a conheciam totalmente, os que totalmente a amavam, os seus poetas (AMADO, 1986, p. 26/27).

Intruso (comenta, intromete-se): Narrador 3ª pessoa Intruso (comenta, intromete-se): Não sei se o leitor é da minha opinião; eu cuido que se pode avaliar um homem pelas suas simpatias históricas; tu serás mais ou menos da família dos personagens que amares deveras (M. Assis; Manuscrito de um Sacristão).

Narrador 1ª pessoa Testemunha (viu/participou do fato, como não principal) : Passei por uma esquina, onde um sujeito alto abraçava fortemente uma moreninha baixa(...) Logo outras pessoas pararam , a observar (...) Seria o caso de intervir? (…) Mas a moça não pedia socorro.(…)Então, ele perguntou: Gostou ? (I. Loyola Brandão, Poblema ou pobrema).

Narrador 1ª pessoa Protagonista (participa, principal): Me agarrou também por uma orelha e me colocou em frente ao espelho que ficava sobre a pia. Apertou meu rosto contra o vidro, lambuzando-o de vermelho (A. Silva, O homem sem nome).

Narrador Onisciência seletiva (mistura voz do narrador e personagem): Mergulhou o dedo indicador no copo, fazendo girar o gelo do uísque. Usava nesse dedo uma esmeralda quadrada, como as rainhas. Mas não é mesmo extraordinário? O pouco espaço do apartamento condicionou o crescimento de um tigre asiático na sábia mágica da adaptação (...).(L. F. Telles;Tigrela)

Narrador Onisciência seletiva múltipla (mistura voz do narrador e personagens): Também, quem mandou o cara reagir, era só dar a carteira, e agora taí no chão. Nem vi o que estava fazendo, foi o susto, nem senti o tiro, e a Eli tá me esperando, não consigo nem pegar o celular pra ligar pra ela. Odeio quando ele faz isso, agora a grana tá suja de sangue e vou sonhar com o cara morrendo. Precisava matar? (Dalton Trevisan)

Narrador câmera Não aparece: -E como é que tá? - Fraco. -E de novo? -Um tremenda duma peça. Uma loirona que eu nunca vi por aqui. -Boa mesmo? -Coisa fina, deve ser gata de alguma boate. -E o cara com ela? -Acho que já vi antes, um pé-de-chinelo. Olha, hoje joguei na vaca, seco na cabeça; 25. Viu o que deu: 24. -Em que quarto você pôs eles? -No oito. (V. Xavier, O Minotauro)

Tempo (fictício) Em que se passa a história (ambientado em...); Duração da história (horas, meses, anos); Cronológico (foco na ação, seqüência); Psicológico (foco no “psicológico” das personagens/narrador)

Técnicas de tempo Analepse (flashback) (...) o Sem-Pernas (...) queria uma coisa imediata, uma coisa que pusesse seu rosto sorridente e alegre. (...) Ele quer um carinho, uma mão que passe sobre os seus olhos e faça com que ele possa se esquecer daquela noite na cadeia, quando os soldados bêbados o fizeram correr com sua perna coxa em volta de uma saleta. Em cada canto estava um com uma borracha comprida. As marcas que ficaram nas suas costas desapareceram (Jorge Amado, Capitães da areia)

Técnicas de tempo catalepse (flashforward) (...) várias vezes foi a imaginação do professor que criou os melhores planos de roubo. Ninguém sabia, no entanto, que um dia, anos passados, seria ele quem haveria de contar em quadros que assombrariam o país a história daquelas vidas

Espaço “puro”: Ali, o rio. Ingazeiros desgalhados pendem sobre eles e as franças, cujas pontas lhe arrepiam o espelho das águas. Caem na corrente flores mortas (M. Lobato, Pollice Verso). Ambiente:Graças à abundância d’água que lá havia, (...) aquilo foi se constituindo numa grande lavanderia, agitada e barulhenta , com suas cercas de varas, as suas hortaliças verdejantes e seus jardinzinhos de quatro palmos, que apareciam como manchas alegres por entre a negrura limosa das tinas transbordantes (...) A. Azevedo, O Cortiço).

Tema Ainda que não reconhecível na superfície do texto, é inerente à narrativa, e primordial para sua função (entretenimento, válvula de escape para tensão ou reflexão sobre a condição e conflitos humanos).

Recursos usados na narrativa Discurso indireto (voz do narrador): É segunda-feira; estou triste pois no domingo cheguei para Aspásia e recitei para ela em espanhol, “La casada infiel”; depois de ouvir sorridente o que deveria (achava eu) comovê-la até as lágrimas, ela encerrou o assunto dizendo que o meu espanhol era nojento. (Rubem Fonseca). Discurso direto (voz da personagem): -Estou com preguiça este ano, disse-lhe. -Bom, é um motivo respeitável, respondeu; mas você não conseguirá escapar de Mère Blandine (...) - Quem sabe valeria a pena voltar? Perguntei (...) (Ciro dos Anjos, Abdias)

Discurso indireto livre Passa da voz do narrador para personagen(s) sem separação gráfica: O soldado magrinho, enfezadinho, tremia. E Fabiano tinha vontade de levantar o facão de novo. Tinha vontade, mas os músculos afrouxavam. (...) A certeza do perigo surgira – e ele estava indeciso, de olho arregalado, respirando com dificuldade, um espanto verdadeiro no rosto barbudo coberto de suor, o cabo do facão mal seguro entre os dois dedos úmidos. Tinha medo e repetia que estava em perigo, mas isto lhe pareceu tão absurdo que se pôs a rir. Medo daquilo? Nunca vira uma pessoa tremer assim. Cachorro. Ele não era dunga na cidade? não pisava os pés dos matutos na feira? não botava a gente na cadeia? Sem vergonha, mofino. (Graciliano Ramos, Vidas Secas).

Tipos de narrativa Romance narrativa que pretende dar uma visão de mundo mediante o conflito de personagens. pluralidade de núcleos de ação pluralidade de tempo pluralidade de espaço Detalhes em algumas personagens

Novela e conto Novela: sucessividade de conflitos, episódios “autônomos” Conto: objetiva a solução de um conflito Unidade de ação Unidade de tempo Unidade de espaço Poucas personagens

Crônica Linguagem dinâmica, tom de reportagem Sem preocupação formal narrador-repórter comenta, disserta Reflexão sobre acontecimentos cotidianos

SUPERESTRUTURA DA NARRAÇÃO Exposição Criação da expectativa Complicação Quebra da expectativa Conflito Clímax Desfecho

SUPERESTRUTURA DA NARRATIVA – MODELO IDEAL - TODOROV INTRODUÇÃO = Equilíbrio Inicial (+) DESENVOLVIMENTO = Desequilíbrio ou conflito (-) CONCLUSÃO = Equilíbrio Final (+)

VARIANTES DO ESQUEMA TODOROVIANO ESQUEMA 4→ + - FINAL EM ABERTO ESQUEMA 5→ + - Intensifica-se a situação de conflito ESQUEMA 6→ + - Quebra da expectativa

O FINAL COM QUEBRA DA EXPECTATIVA Apesar de meus esforços o pivete ainda me seguia, mesmo estando próximo do terminal rodoviário. Já no meio da multidão não conseguia me sentir aliviado. Repentinamente dou de cara com o moleque, que diz: “O senhor deixou cair sua carteira e eu estava tentando devolver”.

O FINAL EM ABERTO Quando enfim me viro corajosamente para descobrir o autor das risadas e dos passos que atormentavam minha mente senti uma dor profunda invadindo meu abdômen. Naquele momento havia apenas a escuridão e o medo…

O FINAL QUE ACENTUA A SITUAÇÃO DE CONFLITO Apavorada, já não tinha mais forças para correr. Meu Deus! Será esse o fim? Não podia ser. Ela não queria, mas finalmente ele a alcançara. A navalha afiada entra sucessivas vezes em seu corpo, que contorce-se, numa última tentativa de se prender à vida. O golpe final veio com uma facada profunda em sua garganta, mas teimosamente os olhos continuavam arregalados e estáticos.

OTIMIZANDO ELEMENTOS DA NARRATIVA- ESPAÇO E AMBIENTE “O parque ficava próximo a sua casa. A vegetação era variada. Pequenos bancos estavam dispostos na pequena estrada, que servia para as caminhadas dos transeuntes.” “ O parque era imenso. Nas árvores as frutas eram pretas. Havia no chão pequenos caroços secos, cheios de circunvulações, como pequenos cérebros apodrecidos. O banco estava manchado de sucos roxos e na árvore ao seu lado viam-se as luxuosas patas de uma aranha. Com suavidade intensa o vento a incomodava e um forte cheiro de podridão lhe invadia…”

OTIMIZAÇÃO DO CONFLITO Explícito: mais ou menos desenvolvido, a depender do tipo de história. Sua posição pode variar (a depender do tipo de enredo) A narrativa deve girar em torno de um único conflito.

EM RELAÇÃO ÀS PERSONAGENS Abusar de elementos descritivos, selecionando-os de acordo com o traço geral a ser destacado; Evite adjetivações seguidas, mostre a característica – “Rugas entrecortavam sua face”( ao invés de “Pedro estava velho”) Trabalhe com ações para demonstrar a característica da personagem. Assim, ao invés de escrever “Ana estava nervosa” prefira “Andava de um lado para o outro. Roía as unhas. Tremia sem parar.”

EM RELAÇÃO AO TEMPO Evitar intervalos longos de tempo. Trabalhar como na crônica, com intervalos curtos – horas ou dias.

FALTA DE DIGNIDADE NA VELHICE ( Nota máxima UEM)- A PRAÇA PRIMAVERA Subitamente o velho Joaquim é acordado por uma bola que lhe fazia uma marca avermelhada na pele branca e pálida. Assustado, olha a sua volta. A pequena praça hoje lhe incomodava. O barulho das crianças era ensurdecedor. A alegria, perturbadora. No horizonte levemente avermelhado, nuvens espessas de um cinza forte, mas pálido, davam à cena um ar de melancolia, de final de tarde. As folhas no chão compunham um tapete já quase sem vida. Não havia flores por perto, apenas um arbusto, cheio de parasitas, que parecia resistir às adversidades do próprio tempo.

A calma aparente do lugar era interrompida pelas lembranças que iam e vinham, que mostravam ao velho sentado no banco da praça imagens que agora não faziam mais tanto sentido. Lembrava do passado com a família, os abraços e os aconchegos que pareciam eternos. O velho quartinho verde, o doce aroma da torta de maçã aos domingos, feita por Nora, sua filha. A ardente gargalhada de Lolita, a única neta. O cheiro do café fresco, o barulho da conversa jogada fora. Mas havia o desconforto do genro André, com sua presença na casa. Não tardou muito para que o asilo fosse a saída encontrada pela família.

O asilo São Pedro acabou consumindo-lhe a vida O asilo São Pedro acabou consumindo-lhe a vida. A frieza das paredes cinzas lhe davam uma completa sensação de abandono. O olhar perdido no horizonte dos outros companheiros lhe mostravam um precipício no qual era impossível não cair. O lugar, além de inóspito, cheirava urina e um forte odor de naftalina vinha dos lençóis. Tudo lhe dava náuseas. A única sensação de vida ainda parecia existir na Praça Primavera, onde fazia seus passeios ao final da tarde.

Mais uma vez, outra bola bate no rosto cansado do velho Joaquim Mais uma vez, outra bola bate no rosto cansado do velho Joaquim. Mas, dessa vez ele não acorda. No seu semblante há um leve sorriso, que contrasta com o corpo curvo e magro. Nesse instante gotas espessas de uma chuva fria começam a cair e acabam misturando-se às lágrimas que se fazem presentes nos sulcos profundos da face do velho. Enfim a noite cai.