POESIA MODERNA A poesia de 30.

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Transcrição da apresentação:

POESIA MODERNA A poesia de 30

A poesia de 30 Uma poesia de questionamento: Da existência humana Do sentimento de “estar-no-mundo” Das inquietações sociais, religiosas, filosóficas, amorosas Do confronto do homem com a realidade

Carlos Drummond de Andrade - 1902-1987 A multiplicidade de temas: A realidade pessoal (subjetiva) A realidade social e a do cotidiano O passado familiar e histórico As grandes interrogações filosóficas a respeito do sentido da vida, do tempo, da morte, etc. Temas densos que unem a emoção e o pensamento, o eu e o mundo.

“Quando nasci, um anjo torto (...)” Uma complexa visão de mundo: “A realidade tem várias faces” Faces descontínuas, irregulares, opositivas A essência humana e suas ambivalências e ângulos contraditórios O fluxo desordenado da vida não permite certezas.

“Não serei o poeta de um mundo caduco.” A linguagem de grande inventividade e capacidade sugestiva: tradição clássica - experiências radicais dos vanguardistas do séc. XX - riqueza polissêmica -múltiplos sentidos das palavras - grande esforço de síntese - versos duros e ásperos

“No meio do caminho tinha uma pedra” O HUMOR: Humor sutil e sempre corrosivo Olhar enviesado (torto) sobre a realidade Humor que oculta uma profunda reflexão a respeito do sentido das coisas Gosto pela paródia, a visão anárquica e debochada

A OBRA DE DRUMMOND A FASE GAUCHE: CONSCIÊNCIA E ISOLAMENTO OBRAS: “Alguma poesia” (1930) “Brejo das almas” (1934) Alguns recursos da 1ª geração modernista: ironia - humor - poema-piada - síntese - linguagem coloquial

O poema-pílula- vanguarda modernista Cota zero “ Stop. A vida parou ou foi o automóvel?”

O GAUCHE [GÔCHE] O gauche (esquerdo, em francês) é o anti-herói, o desajeitado, o errado, o torto, o estranho, o sujeito em desacerto com o mundo, que não consegue estabelecer uma comunicação com a realidade e assume uma postura de negação crítica do mundo.

A fase gauche Pessimismo - individualismo - o isolamento - a reflexão existencial - a ironia - a metalinguagem Ao gauche não há saídas: nem o amor, nem a morte, nem mesmo o isolamento. Desesperado, ele busca comunicar-se com o mundo por meio do canto, ...

“ um canto torto e gauche: ” “A poesia é incomunicável. Fique torto no seu canto. Não ame.”

“O homem atrás do bigode” Embora o gauche afirme que “a poesia é incomunicável”, é ela que estabelece a mediação entre o EU e o MUNDO, e talvez a saída, a única esperança, para ele, seja cantar o próprio canto ou cantar o silêncio, isto é, cantar o canto que não existe:

“A poesia é incomunicável” “ Gastei uma hora pensando um verso que a pena não quer escrever. No entanto ele está cá dentro inquieto, vivo. Ele está cá dentro e não quer sair. Mas a poesia deste momento inunda minha vida inteira”

“Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.” A FASE SOCIAL OU A COMUNICAÇÃO VIÁVEL: A partir de “Sentimento do mundo” (1940), “ José “ (1942) e “ Rosa do povo” (1945), Dummond começa a enfatizar os problemas sócio-históricos do país e do mundo.

A FASE SOCIAL CONTEXTO HISTÓRICO (1935 - 1945): ASCENSÃO DO NAZI-FASCISMO A GUERRA CIVIL ESPANHOLA A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL INTENTONA COMUNISTA DITADURA DE VARGAS

“Este é tempo de partido, tempo de homens partidos.” Drummond assume a consciência da debilidade do mundo e da necessidade de transformá-lo. Sua angústia subjetiva transforma-se em engajamento e compromisso com a humanidade e sua poesia é posta a serviço da causa socialista:

Percepções do poeta face ao fenômeno social: A culpa e a responsabilidade moral diante das mazelas do mundo A contestação da ordem política injusta A passagem da náusea individual à perspectiva de uma nova sociedade. A celebração do socialismo

“A Rosa do povo” A culpa e a responsabilidade moral: “Carrego comigo/há dezenas de anos/há centenas de anos/o pequeno embrulho.(...)/Não ouso entreabri-lo./Que coisa contém,/ ou se algo contém,/nunca saberei.” (embrulho = peso da consciência moral do poeta)

“A Rosa do povo” O registro da ordem política injusta (a opressão e o medo): O medo “Em verdade temos medo./Nascemos escuro./As existências são poucas:/ Carteiro, ditador, soldado./ Nosso destino, incompleto.”

“A Rosa do povo” A passagem da náusea à perspectiva de uma nova sociedade: O sentimento de culpa é substituído pela noção de náusea (existencialista) que mais do que uma sensação física de enjôo, é uma situação de absoluta liberdade de quem a vivencia.

“A Rosa do Povo” Liberdade no sentido de destruição de todos os valores tradicionais, da morte de todas as crenças. O homem, despojado de suas antigas certezas, vaga no universo de destroços, porém, ao mesmo tempo que o tédio e o desespero o ameaçam, ...

“A Rosa do povo” ... este mesmo homem pode, na grande solidão em que se converteu sua vida, encontrar uma alternativa válida de existência individual e coletiva.

“A flor e a náusea” “ Uma flor nasceu na rua! Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego. Uma flor ainda desbotada ilude a polícia, rompe o asfalto” Flor = emergência de algo novo, algo que surge para romper com a coisificação e a náusea, anunciando o amanhã.

O signo do não A partir de “ Claro enigma ” (1951), Drummond começou a seguir duas orientações: de uma lado, a poesia reflexiva, filosófica e metafísica - em que, com freqüência, aparecem os temas da morte e do tempo - ; de outro, a poesia nominal, com tendências ao Concretismo, em que ressalta a preocupação com recursos fônicos, visuais e gráficos do texto.

A poesia filosófica Os poemas de reflexão filosófica mostram ter sido escritos sob o signo do NÃO, tal é o pessimismo que expressam. Além de “ Claro enigma ” , também fazem parte dessa orientação os livros “ Fazendeiro do ar “ (1955) e “Vida passada a limpo” (1959).

A poesia filosófica São textos que refletem sobre temas universais de caráter existencial, como vida, morte, tempo, velhice, amor, além dos temas habituais: a família, a infância e a própria poesia (Poesia sobre poesia = discute a construção do texto e o âmago da linguagem lírica).

A poesia filosófica O pessimismo com que esses temas são abordados chega a ser ainda maior que o da fase gauche. Trata-se de um pessimismo corrosivo, uma vez que a esperança de solução no social já se frustou. A saída é cantar o próprio impasse da poesia contemporânea:

A poesia filosófica Uma poesia sem leitores ou de leitores desinteressados “A madureza, essa terrível prenda/que alguém nos dá, raptando-nos, com ela, todo sabor gratuito de oferenda/sob a glacialidade de uma estela (túmulo)” Tempo e envelhecimento.

A poesia nominal A poesia nominal evidencia-se em “ Lição de coisas ” (1962): a linguagem, o verso e a palavra são violentados, desintegrados, com o emprego constante de neologismos, aliterações, sugestões visuais e rupturas sintáticas.

A poesia nominal “ O árvore a mar o doce de pássaro a passa de pêsame o cio da poesia a força do destino a pátria a saciedade” (...)

A fase final: tempo de memória A produção poética de Drummond das décadas de 1970 e 1980 dá amplo destaque ao universo da memória. Nela, ao lado de temas universais, são retomados e aprofundados certos temas que nortearam toda a obra do escritor, tais como a infância, Itabira, o pai...

Tempo de memória ... a família, a piada, o humor cotidiano, a auto-ironia, a síntese, o pessimismo, o existencialismo: Hipótese “ E se Deus é canhoto/e criou com a mão esquerda?/Isso explica, talvez, as coisas deste mundo. ”