Os sertões Euclides da Cunha.

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Transcrição da apresentação:

Os sertões Euclides da Cunha

O autor 1886-1909 Engenheiro, sociólogo, jornalista e historiador. Até a Campanha de Canudos, Euclides da Cunha foi um defensor incondicional do novo regime. Chegou a Canudos em 1897, como repórter do jornal O Estado de S. Paulo.

Contexto da obra Em 1896, no sertão da Bahia, teve início um dos acontecimentos mais impressionantes e sangrentos de toda a história do Brasil: a Campanha de Canudos. Quatro expedições foram enviadas durante um ano contra mais de vinte mil habitantes da região: índios, mulatos, caboclos, pretos... sertanejos dirigidos pelo beato Antônio Conselheiro e munidos apenas de paus, pedras e armas rústicas. A resistência do sertanejo assombrava o país, e a derrota de Canudos tornou-se para o Exército e para a República uma questão de honra nacional.

O desconhecido sertão Até o início da guerra, as elites do litoral e do sul ignoravam o que fosse o sertão: uma estranha pátria sem dono, abandonada pelas leis e instituições, vivendo sob o jugo da terra e dos latifundiários. Para compreender a revolta era necessário que o sertão viesse à tona, numa nova tradução. Foi essa a grande proeza do jornalista e engenheiro militar Euclides da Cunha, ao publicar seu livro "Os Sertões", em 1902. Uma obra contundente, que destruía o sonho brasileiro da república e da civilização branca europeizada.

Em Canudos, ao acompanhar a luta de perto, Euclides da Cunha percebeu que a guerra tinha como razões aparentes o fanatismo religioso. Suas razões profundas eram o latifúndio, o coronelismo, a servidão, o isolamento cultural e a dureza do meio. Foi o primeiro escritor brasileiro a diagnosticar o subdesenvolvimento do Brasil, referindo-se à existência de dois países contraditórios: o do litoral e o do sertão. Canudos resultou do confronto entre esses dois Brasis, distintos entre si no espaço e no tempo, pelo atraso de séculos em que vivia a sociedade rural.

A obra 1902 Divido em “A terra”, “O homem” e “A luta” Mostrou que todos os reveses sertanejos estão ligados à terra, desde a opressão semifeudal do latifúndio até a ignorância e o isolamento a que esta parte do Brasil sempre esteve condenada. E evidenciou que nada supera a principal calamidade do sertão: a seca.

É obra científica e artística Adere ao determinismo geográfico, ao esquema do evolucionismo racial e à crença na inferioridade do negro. Condena a mestiçagem.

O sertanejo "O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços do litoral. A sua aparência, entretanto, no primeiro lance de vista, revela o contrário(...). É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasimodo (...) é o homem permanentemente fatigado (...) Entretanto, toda essa aparência de cansaço ilude (...) No revés o homem transfigura-se . (...) e da figura vulgar do tabaréu canhestro reponta, inesperadamente, o aspecto dominador de um titã acobreado e potente, num desdobramento surpreendente de força e agilidade extraordinárias."

Analisa o sertanejo como um produto do meio, da raça e da história. Ao tentar compreender a psicologia do sertanejo, Euclides da Cunha fez um ensaio revelador sobre a formação do homem brasileiro. Desmistificou o pensamento vigente entre as elites do período, de que somente os brancos de origem européia eram legítimos representantes da nação. Mostrou que não existe no país raça branca pura, mas uma infinidade de combinações multirraciais.

Afirmava que a mestiçagem enfraquecia o indivíduo e implicava uma perda de identidade - um problema para a concepção de nação. Para ele, o mestiço do litoral é degenerado e o sertanejo, retrógrado. No caso do sertão, porém, considerou que só esse mestiço se adaptaria à região. “sub-raça sertaneja”

No sertão, a mistura de raças deu-se mais entre brancos e índios. O jesuíta, o vaqueiro e o bandeirante foram os primeiros habitantes brancos que migraram para a região. Deram origem aos tipos populares que compõem o sertão: o beato, o cangaceiro e o jagunço.

“Porque ali ficaram, inteiramente divorciados do resto do Brasil e do mundo, murados a leste pela Serra Geral, tolhidos no ocidente pelos amplos campos gerais, que se desatam para o Piauí e que ainda hoje o sertanejo acredita sem fins. O meio atraía-o e guardava-os.” O sertanejo: um mestiço favorecido pelo isolamento. “É um retrógrado; não é um degenerado”

"O abandono em que jazeram teve função benéfica "O abandono em que jazeram teve função benéfica. Libertou-os da adaptação penosíssima a um estádio social superior, e simultaneamente, evitou que descambassem para as aberrações e vícios dos meios adiantados”

Político: República x Monarquia Perspectiva Cultural: Progresso e Civilização x Atraso e barbárie Sócio-econômico: Urbano e pré-industrial x Agrário-feudal Geográfico: Litoral x Sertão Racial: Raça branca dominante x Mestiçagem (sub-raça) Filosófico: Razão e ciência x Misticismo e fanatismo religioso

Demonstrou que a Campanha de Canudos foi absurda, pois a população não era monarquista, como o exército acreditava. Morreram ao todo mais de 25 mil pessoas, culminando com a destruição total da povoação.

Significado da obra É a primeira obra a lançar o modelo dos “dois brasis”: um litorâneo e outro interiorano. Idéia de que a compreensão de cada uma dessas partes permitiria a compreensão do país como um todo: cidades litorâneas = pólos de desenvolvimento político e econômico interior = condições de atraso econômico que subjugavam suas populações à fome e à miséria.

Euclides da Cunha não encontra o tipo brasileiro, que segundo ele próprio talvez nem exista, mas estabelece um símbolo da nacionalidade,  símbolo que podia se prestar "a operar como um eixo sólido que centrasse, dirigisse e organizasse as reflexões desnorteadas sobre a realidade nacional."(SEVCENKO, 1981: 106) “A nação brasileira é o resultado de uma angústia racial”.