SEMINÁRIO CONSERVAÇÃO E RESTAURO EM MADEIRA I

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Transcrição da apresentação:

SEMINÁRIO CONSERVAÇÃO E RESTAURO EM MADEIRA I O emprego de produtos químicos e seus riscos Arize Araújo Pinheiro Caroline Peixoto Pires Marta Possapp Tavares Pelotas, março de 2012.

Os preservadores são compostos por: Princípio Ativo Ação da formulação Veículo Condução da substância ativa Risco quando misturado com outras substâncias da madeira. Aditivos (adjuntantes) Agente fixador Agente molhante Corante Emulsificante Anti – explosivo Risco sinergismo.

Riscos de Intoxicação DL50: substância ativa aplicada ou ingerida por cobais de sangue quente capaz de matar 50% da população. Classificação toxicológica segundo a OMS do DL50 para ratos (mg/kg)   CLASSE ORAL DERMAL SÓLIDOS LÍQUIDOS Ia -Extremamente tóxico ≤ 5 ≤20 ≤10 ≤40 Ib – Altamente tóxico 5 a 50 20 a 200 10 a 100 40 a 400 II -Moderadamente tóxico 50 a 500 20 a 2000 100 a 1000 400 a 4000 III – Levemente tóxico >50 >2000 >100 >4000

Valor Limite Tolerável – TLV - Threshold Limit Value Recomendação da máxima concentração média de um produto químico no ar. Período: 1 semana → 40 horas Medido em ppm ou mg/m³ Exposição Limite de Curta Duração – STEL – Short Terma Exposure Limit Máxima exposição em período de 15 minutos. Condições: Intervalo 60 minutos entre duas exposições. Não ultrapassar 4 exposições por dia.

Fumigantes, sem ação residual ou Ação residual Período de atuação: o tempo entre a aplicação do produto até a perda de suas características e/ou toxicidade. O autor divide em: Fumigantes, sem ação residual ou Ação residual Absorção dos produtos químicos: Contato Ingestão Respiração

Especificações de um preservador: SER AGRESSIVO REPELENTE OU LETAL Ao seres xilófagos

Quando se pensa em tratamento pra madeira tem de ser ter em mente qual abordagem o mesmo terá: Preventivo Curativo Curativo + Preventivo

Durabilidade natural x Durabilidade conferida Para se estabelecer as especificações do produto também deve-se conhecer a madeira, levando-se em consideração as características apresentadas de acordo com a espécie, pois apresentam variações referentes a sua resistência, que depende de: Coloração Massa volumétrica Densidade Tipos de extrativos presentes Também de que zona do tronco é advinda a madeira: Alburno: parte mais externa e recente da madeira, menos densa Cerne: da zona central e mais dura e resistente, concentração maior de extrativos Durabilidade natural x Durabilidade conferida

Além disso, tem de se respeitar alguns pontos Além disso, tem de se respeitar alguns pontos. Assim o autor enumera uma série de requisitos que um preservador pode conter, tendo a condição ideal aquele que conseguir congregar todos os pontos: Toxidade aos agentes xilófagos e manchadores Boa penetração na madeira Estabilidade química e física Permanência no tecido Lenhoso Ser inócuo a madeira Não alterar a coloração das peças Permitir acabamentos (encerar, envernizar, pintar, emassar e outros Não corroer os metais ou deteriorar outros materiais Não aumentar combustibilidade e/ou inflamabilidade das peças Ser inócuo a plantas e animais Ser inodoro Ser inócuo ao ser humano * No entanto sabe-se que é impossível encontrar um produto que atenda todos os requisitos, sendo necessário ponderar caso a caso.

Classificação dos preservadores Inorgânicos: de origem mineral (base de arsênico, flúor, boro, cobre, bromo, etc.). Sais hidrossolúveis. Incoveniente uso, causa inchaço na madeira por ter água como veículo. EX: Pentaclorofenato Produtos oleosos: pode ser de origem mineral ou vegetal, apresenta viscosidade elevada e odor forte e característico, como o alcatrão e o creosato. São mais comumente aplicados em bens expostos às intempéries. Impossibilita-os de receber acabamento posterior. Orgânicos: com ingredientes ativos obtidos de síntese dissolvidos em solvente orgânico, exceto alguns óleos (alcatrão e creosotos). Classe com maior número de preservadores interessantes aos restauradores, pois tem evaporação do veículo, não deixando odor e possibilitando aplicação de tintas, ceras, resinas, etc.

- De origem vegetal Orgânicos se encontram melhor classificados em: - Organoclorados (hidrocarbonetos com cloro) - Organofosforados - Organoclorofosforados - Carbamatos - Dinitrocompostos - Piretróides - Fumigantes - De origem vegetal

Exemplos de produtos utilizados Para-Diclorobenzeno (PDB) – é um organoclorado muito utilizado como repelente em gavetas e armários em instituições com exposição a longo prazo a 75ppm e a médio prazo de 110ppm. Volátil. Diclorvos – é um organoclorofosforado que pode ser impregnado em tiras de policloreto de vinila com liberação lenta ou se apresenta como composto emulsificável, ou ainda como soluções diluídas e concentradas, iscas e aerossóis. Exposição a longo prazo de jorda 8h: 0,1 ppm, e a curti prazo de 0,3ppm. Piretrinas naturais e piretróides sintéticos: piretrinas são inseticidas que ocorrem naturalmente nas flores do Chrysanthemum corrineum ou cineraefolium e não são persistentes pois se decompõem rapidamente exposta a UV. Aplicadas em forma de aerosol ou combinada sinergicamente com gel de sílica fino (Drione) em forma de pó. Ação de derrubada rápida. Os sintéticos se dividem em 2 tipos: persistente e não persistentes, sendo este último menos tóxico para o homem e que a piretrina natural. Brometo de Metila: é um fumigante, de alta toxidade, aplicável apenas por pessoal autorizado. Exposição máxima a longo prazo de 15 ppm.

Preucações ao uso de produtos preservadores A utilização dos produtos preservadores da madeira é necessário,mas tais formulações quanto mais eficazes mais nocivas são ao ser humano. Deve-se ter especial atenção à aplicação destes produtos , pelos efeitos que acarretam: desde a alteração de propriedades da madeira, manchas que podem causar às policromias, como também pelos efeitos nocivos à saúde das pessoas. Por isso, a importância de ampliar os conhecimentos técnico-científicos empregados nesta área. Os restauradores devem ter informações consistentes e claras quanto: - aos produtos que utilizam; - noções de toxicologia; - manuais sobre os princípios ativos; - equipamentos de segurança; - controle toxicológico periódico para os conservadores restauradores, através de análises clínicas frequentes. Independentemente do dispêndio de recursos, devem ser adotados hábitos e atitudes corretos.

1. CONHECER AS CARACTERÍSTICAS DOS PRODUTOS Todos os produtos, não só os preservadores, devem ser bem identificados, conhecidas as substâncias ativas e suas propriedades químicas, físicas , toxicológicas, de estocagem, etc.  2. USAR ROUPAS QUE PROTEJAM O CORPO O uso de avental impermeável é recomendável. Durante a aplicação os trajes devem cobrir braços e pernas, para evitar o contato. 3. CALÇADOS E LUVAS Devem ser utilizados calçados fechados e impermeáveis, e luvas que não deteriorem com as formulações empregadas. As luvas devem ser limpas com solvente e lavadas antes de serem retiradas. Colocar talco dentro das luvas para reduzir o efeito do suor e facilitar a colocação. 4. PROTEGER O ROSTO Utilizar máscaras (do tipo soldador) ,que cobrem todo o rosto, para proteger os olhos, mucosas do nariz e da boca, óculos, e máscaras para boca e nariz com filtros para gases. 5. OBSERVAR AS RECOMENDAÇÕES DOS FABRICANTES Ler as instruções contidas nas embalagens dos produtos, para ter-se o conhecimento sobre os preservadores.

6. ALIMENTAÇÃO DURANTE OS TRABALHOS Não comer ou beber enquanto estiver aplicando produtos preservadores. Fazer intervalos, lavar as mãos, os antebraços e o rosto para ingerir alimentos, sempre fora do ambiente onde se usam as formulações. 7. NÃO FUMAR DURANTE O EMPREGO DE PRODUTOS PRESERVADORES O calor do cigarro pode sublimar quantidades depositadas sobre o seu papel,que serão absorvidas pelo organismo.   8. LAVAR A ROUPA APÓS A APLICAÇÃO Respingos ou partículas podem prender-se à roupa e tornarem-se fontes de contaminação.  9. LOCAL VENTILADO- A aplicação dos preservadores deve-se efetuar em ambiente ventilado, perto de janelas, coifa ou exaustor, com o fluxo de ar no sentido de afastar gases e partículas em suspensão no ar. A manipulação requer condições bem controladas. 10. CONTATO ACIDENTAL (DERMAL, ORAL OU RESPIRATÓRIO) Há fichas toxicológicas que fornecem indicações para as primeiras providências a tomar, enquanto não ocorre o atendimento médico. Se não houver contra indicação em remover o acidentado, deve-se levá-lo a um hospital, levando também a embalagem ou dados químico-toxicológicos do produto em uso.

   11. INUTILIZAR EMBALAGENS DE PRESERVADORES Inutilizar as embalagens após o trabalho, para que pessoas desprevenidas a reutilizem.   12. EMBALAGEM Os produtos preservadores devem estar longe de crianças, longe de chamas ou equipamentos que esquentem o ambiente, principalmente para os produtos orgânicos. 13. CONDIÇÕES SEGURAS DE TRABALHO Boas condições de segurança para se executar qualquer tarefa, principalmente onde se utilizam produtos químicos, exigem: um chuveiro de emergência na porta do laboratório; o cobertor anti-chama deve estar junto à porta; indispensáveis para serviços com preservadores e solventes orgânicos, em geral.

Os efeitos nocivos e sintomas Os efeitos nocivos da aplicação destes produtos vão desde sintomas agudos, até doenças crônicas e mesmo a morte. A utilização de substâncias químicas é um meio econômico e eficaz de controlar os insetos, entretanto algumas substâncias também podem danificar sua aparência, além de representarem um “risco potencial à saúde.” Pesquisas recentes indicam que o emprego de alguns produtos vem sendo diminuído , pelo risco que acarretam.

Alguns produtos químicos utilizados como preservadores, se não obedecerem os limites de segurança adequados são altamente nocivos à saúde e causam efeitos crônicos da exposição a longo prazo. A utilização excessiva e prolongada podem causar vários distúrbios entre estes: incluem lesões no fígado e nos rins, anemia hemolítica, perda de peso, rinite abundante e tumefação periorbitária, sudorese, náusea, insuficiência renal aguda, dores de cabeça e dor abdominal, dores nos olhos e na garganta, tonteira, irritação nasal, dores no peito e sensação geral de fraqueza ,vômitos, dermatite, aumento da salivação, problemas no sistema nervoso central. Outros efeitos são: tremores e cãibras musculares, desmaios , nos casos agudos incluem febre, cianose, coma, parada cardíaca, choque, insuficiência respiratória e edema pulmonar, os tremores podem evoluir para convulsões, seguidas por coma e morte. Algumas pesquisas afirmam , alguns produtos serem carcinogênicos.

Conclusões Constatamos que existe hoje uma necessidade urgente tanto de avaliar as implicações que têm para a saúde os métodos de proteção dos bens em madeira , quanto de investigar métodos novos e alternativos de controle químico e não químico de pragas, que sejam viáveis e seguros. Além de se informar das precauções que devemos tomar ao utilizarmos estes produtos.