Primeiras Noções da Psique Psicologia & Filosofia William B. Gomes IP/UFRGS, março de 2007

Resumo A apresentação tem início com algumas questões filosóficas contemporâneas do francês Luc Ferry que servem para introduzir um esquema para uma psicologia geral. O esquema ressalta as grandes premissas necessárias ao entendimento, a ação, e a vida social. Como esse entendimento foi se delineando ao longo do tempo? Responde-se com breve recapitulação de sistemas ontológicos da psique em civilizações antigas. Pontos principais: Esquema de psicologia geral Estrutura básica das primeiras ontologias da psique

Luc Ferry L’Homme-Dieu ou Ie Sens de la Vie (O Homem-Deus, ou o Sentido da Vida) Filósofo francês em Porto Alegre, 2007

Sobre a Morte " O medo da morte não precisa ser egoísta. Não é algo que se refere somente à nossa própria morte, mas também à de entes queridos. A morte é tudo o que é irreversível." Luc Ferry, Salão de Atos, UFRGS, 20/03/2007

Sobre a Filosofia "As grandes filosofias são doutrinas de salvação. Também as religiões, mas as grandes filosofias substituem o ente divino pela idéia de que por meio de nossos esforços e razão poderíamos vencer a morte. As grandes filosofias são doutrinas de salvação sem Deus." Luc Ferry - Essas e as próximas lâminas foram retiradas de ZH, Caderno de Cultura, pp. 6-7. 24/03/2007.

Sobre a Fé "Se você tem fé, não vou tirá-la de você. Eu já tive essa fé e a perdi, e tenho familiares que a têm e eu os amo, e acho ótimo que eles a tenham. Não quero desempenhar o papel do Diabo, que é, fundamentalmente, quem separa o crente de sua fé. Mas quem não tem fé deveria buscar a filosofia."

Sobre a religião e as guerras " Todas as guerras hoje - na Irlanda, na Iugoslávia, no Iraque - são por motivos religiosos."

Sobre a relação entre pais e filhos "Acho que os pais podem se considerar realizados como educadores quando conseguem transmitir a seus filhos três pontos fundamentais: o Amor, que é o elemento cristão de nossa tradição, nenhuma criança é feliz sem ser amada, a Lei, que é o elemento judaico, a Cultura, que é o elemento grego."

Esquema Preliminar Psicologia 2 6 Epistemologia Intelecto Episteme Gnosiologia 1 Outro 5 Psicologia Vontade Si mesmo 3 Ecossistema Costume 4 Ética Paixão Moral 9 7 8 Falha Moral Terceira Pessoa Autoconsciência Primeira Pessoa Ambivalência

Grandes premissas do entendimento Força da paixão Eros, Pathos Discernimento do intelecto Psique, Gnose Exigências de convivência ou sobrevivência Ethos

Psique das Primeiras Civilizações Síntese estrutural do pensamento das primeiras civilizações Desconhecido Cosmo, Natureza, Movimento Corpo Fôlego/Alma Material (Desejo, paixões) Racional Espiritual (Luminosa, intangível)

Ao texto Autoconsciência Mitologia e rituais Racionalidade, objetividade Sentido Subjetividade e retórica Por intermédio do estudo da etimologia do termo pathos é apresentado as transformações e sentidos que as concepções concernentes tomaram ao longo do tempo. Inicialmente é mostrado que pathos tomou o sentido principal atual de doença, mal-estar. Porém, é logo esclarecido que pathos na sua origem é principalmente disposição afetiva fundamental, conforme a leitura de Heidegger. É mostrada a importância de pensar a psicopatologia e toda ou qualquer clínica como sendo relacionada à disposição. Neste sentido, a concepção kantiana de pathos como paixão que o sujeito está assujeitado é uma das maneiras que pode tomar a disposição afetiva fundamental. Acrescenta-se que o pathos cartesiano que domina o homem moderno e o fazer clínica como sendo daquele homem que duvida e busca então a certeza diferentemente do pathos grego dominado pelo espanto e pela discursividade. Pathos é pensado como sendo algo inerente ao ser humano e por isso mesmo qualifica o estudo de tudo o que diz respeito a este termo como sendo algo próprio do humano. Palavras-chave: Psicopatologia, ontologia, etimologia, disposição * O presente texto constitui parte do primeiro capítulo do livro intitulado Psicopathologia a ser Thauma mágica para os gregos, Virtude e autoconhecimento Pathos Thauma

Crença 1. Atitude de quem se persuadiu de algo pelos caracteres de verdade que ali encontrou Ex.: <c. em Deus> <c. nas instituições democráticas> 4. Convicção profunda e sem justificativas racionais em qualquer pessoa ou coisa Ex.: em todos os momentos, sua c. no partido não esmoreceu 5. Opinião manifesta com fé e grande segurança Ex.: nossa c., afinal, é de que todos serão recompensados 9. Rubrica: filosofia. No pensamento medieval, fé religiosa, convicção na doutrina e nos ensinamento sagrados, freq. considerados compatíveis e coerentes com a reflexão racional 10 Rubrica: filosofia. No empirismo moderno, disposição meramente subjetiva a considerar algo certo ou verdadeiro, por força do hábito ou da vivacidade das impressões sensíveis Dicionário Houaiss

Crença versus Dúvida Aceitar tudo que recebemos de outrem? Aceitar aquilo que o estabelecido impõe? Aceitar o que for agradável a razão? Aceitar o que eu posso verificar pela experiência ou pela razão de outrem?

Vamos examinar nas próximas lâminas algumas ontologias sobre a capacitação humana para pensar

Ontologia “o ser enquanto ser”, Parte central da filosofia que estuda Independente de suas determinações particulares e naquilo que constitui sua inteligibilidade própria.

Homo Sapiens 200.000 anos na África 100.000 anos na Europa Homo sapiens sapiens 35.000 anos 1739 – Locke fala em ciência do homem 1830-33 – Lyell - Princípios de Geologia 1859 – Darwin – Origens das Espécies

Crânio do Sahelanthropus tchadensis, fóssil africano considerado o hominídeo mais antigo. Wade, 2006

Concepções Ontológicas do Universo e da Psique Lâminas preparadas por Ivone Maio, 2007 Referência, Gomes, W. B. (2004). Primeiras noções da psique: Das concepções animistas às primeiras concepções hierarquizadas em antigas civilizações. Memorandum, 7  Retirado em   15/03 /2007 ,do World Wide Web: http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/artigos07/gomes01.ht

CHINA ANTIGA Taoísmo – V e IV a.C. Cosmologia Chinesa visão dinâmica e mutante do Universo. As propriedades fundamentais do Universo são explicadas através das várias noções de Taoísmo:

WUJI (Sem Cumeeira) – está além do pensamento TAO (caminho) – relação entre mestre e aluno. TAIJI (Cumeeira Suprema) – princípio natural do movimento perpétuo. YANG (a grande luz) – atividade, o ser, o movimento, princípio metafísico. YIN (a grande sombra) – a não atividade, o não ser, a quiescência e o éter físico.

Princípios construtivos do ser humano JING (essência seminal etérea) HING ( corpo físico) K’I (sopro vital) P’O (alma racional ligada a materialidade) HUM (alma racional cognitiva) SHEN (alma superior, onde tche expressa sua vontade)

ÍNDIA ANTIGA 700 – 300 a.C. surgimento do budismo SÂMKHYA - o absoluto se manifesta em três símbolos: 1)Grande Alento – movimento abstrato eterno, é como a respiração – sempre indo e vindo. 2)Incognoscível – é o que respira um pensamento, sendo esse o Universo. 3)Grande Mãe – é o Corpo do Universo Imóvel isto é, o espaço.

Revestimento de alimento Êxtase, alma espiritual Conceito de ser humano: concebido em planos que correspondem a um corpo ou revestimento ANNAMAYA KOSHA: Revestimento de alimento + + PRÂNAMAYA KOSHA: Fluído vital MÂNOMAYA: Mente + + ANANDAMAYA KOSHA: Êxtase, alma espiritual VIJNANAMAYA KOSHA: Conhecimento, o “eu”

EGITO ANTIGO Os seres humanos eram formados por: Corpo Físico (Kha) Corpo Etéreo (Ba) – alento vital. Alma que permanecia na vizinhança do corpo morto ou voava livre. Alma ligada aos desejos (Ka)

Alma Mental Inferior (Akh) – possuía personalidade própria Alma Mental Inferior (Akh) – possuía personalidade própria. Intermediário entre deuses e homens. Alma Superior ou Intuitiva (Sah) – corpo incorruptível, forma brilhante, luminosa, intangível. Inteligência Espiritual (Khw ou Ku) Espírito (Atm) - filho de Ptah (Deus criador de todas as coisas

Recapitulação Desconhecido Cosmo, Natureza, Movimento Corpo Síntese estrutural do pensamento das primeiras civilizações Desconhecido Cosmo, Natureza, Movimento Corpo Fôlego/Alma Material (Desejo, paixões) Racional Espiritual (Luminosa, intangível)