Processos Hidrológicos CST 318 / SER 456 Tema 2 – Precipitação ANO 2015 Laura De Simone Borma Camilo Daleles Rennó http://www.dpi.inpe.br/~camilo/prochidr/

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Prof.: Eudes José Arantes
Transcrição da apresentação:

Processos Hidrológicos CST 318 / SER 456 Tema 2 – Precipitação ANO 2015 Laura De Simone Borma Camilo Daleles Rennó http://www.dpi.inpe.br/~camilo/prochidr/

Processos hidrológicos

2. Precipitação Alguns conceitos usados em meteorologia Mecanismos de formação da chuva Tipos de precipitação Medidas da precipitação Grandezas características Tratamento de dados

1. Conceitos Precipitação: Água proveniente do meio atmosférico que atinge a superfície da terra Meteorologia – estudo detalhado da precipitação Hidrologia – precipitação passa a ser de interesse no momento em que ela atinge a superfície do terreno Fenômeno alimentador (input) da fase terrestre do ciclo hidrológico: desencadeador dos processos de escoamento superficial, infiltração, evaporação, recarga de aqüíferos, vazão de base, etc.

Formas de precipitação Características Chuvisco ou garoa (drizzle, mizzle) Precipitação uniforme consistindo de gotas de diâmetro inferior a 0,5mm, de intensidade geralmente baixa (inferior a 1mm/h) parte evapora antes de chegar ao chão Ocorre em oceanos e em regiões subtropicais, cobrindo grandes áreas Chuva (rain) Precipitação na forma líquida, cujas gotas apresentam diâmetro superior a 0,5mm Leve: < 2,5 mm/h Moderada: 2,5 – 7,6 mm/h Intensa: > 7,6 mm/h Granizo (hail) Fragmentos irregulares de gelo (> 5mm), formados pelo congelamento instantâneo de gotículas, produzido por forte ascensão atmosférica. Ocorre durante as tempestades Orvalho (dew) Forma de precipitação na qual a água contida sob a forma de vapor, na atmosfera, sofre condensação e precipita nas diferentes superfícies. Isso ocorre porque corpos sólidos perdem calor mais rápido para a atmosfera Neve (snow) Cristais de gelo formados a partir do vapor d’água, quando a temperatura do ar é de 0o C ou menos (nuvens muito frias) Geada (frost) Formação semelhante à do orvalho. Mas, no caso da geada, há um processo de sublimação e a água precipita diretamente na forma sólida (gelo)

Mudanças de estado da água na atmosfera (revisão) Fonte: www.aeroclubeparana.com .br/meteorologia condensação ocorrem devido a uma variação na temperatura ou na pressão atmosférica

Mudanças de estado da água na atmosfera

2. Mecanismos de formação de chuva Três passos principais (A) Criação de condições saturadas na atmosfera vapor d’água (evaporação e evapotranspiração) (B) Resfriamento das massas de ar Condensação do vapor d’água em água líquida Formação de nuvens (C) Crescimento das gotículas por colisão e coalescência precipitação

(a) Saturação do ar calor do sol Energia Ponto de saturação ou algum mecanismo de resfriamento Taxa de evaporação = taxa de condensação  saturação do ar

Medida do vapor d’água na atmosfera Umidade absoluta = massa de vapor d’agua/volume de ar (g.m-3) Volume varia com a temperatura e pressão Umidade específica = massa de vapor d’água/massa de ar (g.kg-1) Difícil determinação Umidade relativa = (pressão de vapor/pressão de saturação de vapor) * 100 (%) Facilmente determinável – higrometros Onde: e – pressão de vapor es – pressão de saturação de vapor http://www.eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=463

Medida do vapor d’água Higrômetros Psicrômetro Substâncias capazes de absorver umidade atmosférica Cabelo Sais de lítio Psicrômetro www.etec.com.br

Umidade relativa (RH) Não a concentração de vapor real da atmosfera, mas diz quão perto está da saturação Indicador de ocorrência de chuva – RH = 100% Característica importante: Pressão de saturação (ou saturação) de vapor varia com a temperatura Capacidade de armazenamento de água do ar decresce junto com a temperatura

(b) Resfriamento das massas de ar A umidade está sempre presente na atmosfera Mecanismo de esfriamento das nuvens Ascensão de massas de ar quente A redução da temperatura promove a redução da pressão de vapor de saturação

Causas da ascensão do ar úmido  Resfriamento e condensação

Nuvens Na atmosfera, o processo de condensação é visível sob a forma de nuvens Nuvem – aerossol constituído por uma mistura de ar, vapor de água e gotículas em estado líquido ou sólido São uma espécie de “incubadora” da precipitação e fazem parte do componente atmosférico do ciclo hidrológico A sua aparência delineia, em geral, o volume de ar onde a condensação e a saturação estão ocorrendo

(c) Crescimento das gotas de chuva nas nuvens Nucleação homogênea ambiente de ar limpo (puro) Colisão das moléculas de vapor d’água Condição de supersaturação Raramente ocorre Nucleação heterogênea presença de Núcleos de Condensação de Nuvens (Cloud Condensation Nuclei, CCN) Requer valores de umidade de 1 a 3% acima do valor de saturação

Tipos de precipitação A) Precipitações ciclônicas ou frontais B) Precipitações orográficas C) Precipitações convectivas Foto: Mitch Dobrowner

Ciclônica ou frontal Ciclônica ou frontal: compreende a maior parte do volume de água precipitado em uma bacia. Pode ocorrer por vários dias, apresentando pausas com chuviscos. Longa duração e média/forte intensidade, podendo ser acompanhadas de ventos fortes. Orográfica: muito efetiva em causar precipitação numa mesma área ou região, ano após ano, ou mesmo continuamente durante longos períodos de tempo. São comuns nas regiões montanhosas próximas ao mar. Baixa intensidade e longa duração Convectivas: podem variar de leve a pesadas, dependendo das condições de umidade e do contraste atmosférico. Tempestades com trovão, que despejam grande volume de água em curto período de tempo e sobre uma área relativamente pequena. Típico das regiões tropicais, onde os ventos são fracos e a circulação de ar é essencialmente vertical. Intensas e de curta duração – chuvas de verão

Perguntas Porquê, no verão, ocorrem as chuvas mais pesadas? O que pode provocar, em termos de chuva, o excesso de NCN´s proveniente das queimadas ?

Medidas da precipitação Quantifica-se a chuva pela altura de água caída e acumulada sobre uma superfície plana A quantidade de chuva precipitada é coletada em recipientes denominados pluviômetros ou pluviógrafos pluviômetro pluviógrafo

Pluviômetro Onde: P – precipitação (mm) V – volume recolhido (cm3) A – área de captação do anel (cm2) 1 mm chuva – 1 l/m2 Cilindro receptor de água com medidas padronizadas O funil protege a água coletada contra radiação solar, diminuindo as perdas por evaporação Uma torneira colocada na base do funil permite a coleta do volume de água precipitado A coleta é feita diariamente, sempre à mesma hora

Pluviômetro totalizador Recipiente de armazenamento permite o acúmulo de água por uma semana ou mais Enterrado e com certa quantidade de óleo, para formar uma película superficial e evitar a evaporação Retirada da água por meio de um sifão Utilizado em áreas mais isoladas

Pluviógrafo flutuador (ou de bóia) Possui uma área de captação de 200 cm2, composta de um coletor com funil e uma cisterna onde existe uma bóia acoplada ao sistema de pena registradora Quando a cisterna está cheia, um sistema de sifão a esvazia, e a pena inicia o gráfico no ponto zero Cada sifonada corresponde a 10mm de água, na maioria desses pluviógrafos Durante o tempo de esvaziamento não há registro de chuva, resultando em um erro instrumental

Pluviógrafo de báscula (tipping bucket) Formado por um funil e um recipiente de perfil triangular dividido em dois compartimentos que coletam pequenas quantidades de água, um de cada vez, semelhante ao movimento de uma gangorra Quando um compartimento enche, ele desce e a água é descartada, enquanto o outro recebe a água Esse movimento alternado de enchimento é acoplado a um circuito elétrico que aciona o registrador, seja a pena registradora ou o datalogger Cada báscula, representa, normalmente, 0,1 ou 0,2mm de água

Pluviômetros e pluviógrafos

Cuidados na instalação Local de instalação: Posicionar em áreas abertas, longe dos prédios e de vegetação alta Características do coletor: Material – alumínio anodizado, aço inoxidável, ferro galvanizado, fibra de vidro, bronze e plástico Diâmetro – formato cilíndrico, para minimizar a ação dos ventos. Tamanho mais utilizado no Brasil é de 20 cm Profundidade – baixa profundidade não permite o uso do funil (que evita o retorno da gota) e de alta profundidade são mais sensíveis à ação dos ventos Nivelamento Precisão das dimensões Perda por evaporação

Redes hidrometeorológicas Normalmente se usam dados pluviométricos coletados por um órgão estatal ou regional; Cada país dispõe de uma rede de pluviômetros e são estes dados que são utilizados para qualquer estudo – raramente se instalam pontos de medida individuais para uma investigação concreta Rede de pluviômetros – deve estar adequadamente desenhada, dependendo do relevo, da densidade populacional, do interesse para obras hidráulicas, previsão de cheias, etc. Como uma primeira aproximação, em áreas planas deve-se instalar um pluviômetro a cada 250 km2, mas em áreas montanhosas, a densidade deve ser maior www.ana.gov.br: Evolução das estações Pluviométricas: http://arquivos.ana.gov.br/infohidrologicas/EvolucaoBrasil.pdf

Grandezas características Altura pluviométrica (h): quantidade de chuva que cai em uma determinada região, representada pela altura de água acumulada no aparelho. Equivale à chuva que se formaria sobre o solo como resultado de dada chuva, caso não houvesse escoamento, infiltração ou evaporação. Expressa, normalmente, em mm Duração (t): intervalo de tempo decorrido entre o instante no qual se iniciou a chuva e o seu término. Expressa, normalmente, em minutos ou horas Intensidade (i): velocidade da chuva, isto é, i = h/t. Expressa, normalmente, em mm/h ou mm/min Freqüência (F): número de ocorrências de uma dada quantidade de precipitação em um dado intervalo de tempo fixo Tempo de retorno, ou Período de Retorno ou Período de Recorrência (Tr): representa o tempo médio de anos no qual a precipitação analisada apresente o mesmo valor ou maior

Elaboração de dados pluviométricos pontuais Depende do objetivo do trabalho Recursos hídricos: dados de precipitações mensais e anuais Estudo de cheias: começamos com precipitações máximas diárias (para identificar o dia mais chuvoso), e então aumenta-se o detalhe para identificar horas ou minutos mais chuvosos Em qualquer caso, a partir das medidas realizadas em uma estação são computados: P diária P mensal P anual P média mensal P média anual Necessidade de séries climáticas de longo prazo – em geral com mais de 20 anos

Hietograma Gráfico que expressa a precipitação em função do tempo Geralmente representado por um histograma (gráfico de barras) Nas ordenadas podem figurar a altura de precipitação (em mm) ou a intensidade de precipitação (mm/hora) Como unidade de tempo, podem ser selecionado minutos, horas, dias, meses ou anos

Hietograma acumulado Ruben de la Laina Porto, 2010

Hietograma acumulado adimensional Ruben de la Laina Porto, 2010

Intensidade x tempo Ruben de la Laina Porto, 2010

Curva intensidade-duração Expressa a máxima intensidade de precipitação gerada em diversos intervalos de tempo Fundamental para o projeto de obras hidráulicas

Previsão para hoje: chuvas acima da média Precipitação média sobre uma bacia Problema prático: Qual é o volume precipitado sobre uma bacia hidrográfica que possui mais de um pluviógrafo/pluviômetro? Previsão para hoje: chuvas acima da média Ruben de la Laina Porto, 2010

Polígonos de Thiessen Traçado dos polígonos de Thiessen é absolutamente objetivo – não requer subjetividade Não considera a influência do relevo http://www.piercecollegeweather.com/flash/Thiessen.swf

Mapa de isoietas Mapa de isoietas Representa a distribuição espacial da precipitação para um período considerado Valor das isolinhas: depende do período considerado e da extensão da zona de estudo isoietas anuais - curvas de 100 em 100mm isoietas diárias – curvas de 10 em 10 mm (eventos extremos) zona com deficiência de dados: curvas de nível e variação da precipitação com a altitude P2 P1 S3 S4 S1 S2 http://www.piercecollegeweather.com/flash/Isohyet.swf

Mapa de isoietas

Geoprocessamento/modelagem Outros métodos interpoladores: p.e. inverso do quadrado da distância Ver, p.e. Salgueiro (2005) – Avaliação da rede pluviométrica e análise da variabilidade espacial da precipitação: estudo de caso na bacia do rio Ipojuca em Pernambuco – Dissertação de mestrado

Evolução tecnológica Produtos Meteorológicos: Satélite e radar Combinação com dados “in situ” http://www.cptec.inpe.br

Sites interessantes Explicando o tempo – climatempo http://www.youtube.com/watch?v=3X-BYp2gPFY&feature=related Cumulus ninbus - HD http://www.youtube.com/watch?v=6LkInkH6aAo&feature=fvwrel