Fenomenologia e arquitetura

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Transcrição da apresentação:

Fenomenologia e arquitetura FURTADO, José Luiz. Fenomenologia e crise da arquitetura. Kriterion [online]. 2005, vol.46, n.112, pp. 414-428. ISSN 0100-512X. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/kr/v46n112/v46n112a22.pdf

O habitar Sendo um modo de estar-em si primitivo e familiar, não carregado de conceituações filosóficas; o habitar permite compreender de outra forma as relações vividas entre a alma e o corpo, o pensamento e a linguagem, o sentido e a fala, o espaço e o tempo, entre tantas outras dicotomias conceituais irreconciliáveis presentes no pensamento do homem ao longo da tradição

O habitar É um enraizamento originário no espaço/tempo do mundo, baliza a reflexão fenomenológica sobre as relações entre sujeito e objeto.

O LUGAR O lugar é, originariamente, o sítio de onde uma coisa nos vem ao encontro, aberto pela preocupação. Antes de ser habitado, o espaço da moradia é já pré-ocupado. O olhar de quem a habita tem a forma pré-determinante de um ver-em-torno-em-busca-de orientado praticamente pela preocupação de realizar uma tarefa.

HABITAR habitar é apropriar-se de um lugar do espaço do mundo, ocupando-o em movimento (não há existência sem movimento). A ocupação de um espaço de modo que haja um tomar posse se assentando e um pro-jetar das preocupações próprias ali, faz dele justamente um lugar, isto é, espaço existencialmente determinado, com seus altos e baixos, seus lados, limites, proximidades e distâncias, luz e sombra e, por fim, seu teor afetivo (temeroso, confortável etc.).

HABITAR Ele se torna, dentro da sua pré-visibilidade existencial, um horizonte desdobrado também no tempo. Espaço com seu passado (com a marca dos meus passos, arranjos etc.) e futuro, onde eu espero que algo venha a acontecer e onde algo acontece efetivamente agora.

O espaço geométrico O espaço geométrico, com seus pontos rigorosamente precisos, coordenadas absolutas e distâncias mensuráveis, pura construção do pensamento, não é habitável, ainda que se faça freqüentemente uso de diversas ciências exatas na construção de casas, bairros, ruas e cidades, cujos conceitos de espaço são determinados a partir da geometria e, portanto, com freqüência inumanos

Os muros e os horizontes digamos que o habitar implica certa circunscrição ou delimitação do mundo à maneira da percepção; Assim, também o espaço habitado surge como espécie de ancoragem da existência no horizonte do mundo: abrigo, refúgio, moradia, esconderijo. Ancoragem que se faz necessária justamente devido à determinação do mundo como horizonte. Mas o termo horizonte não significa simplesmente um limite para a existência. O horizonte designa o limite do espaço que o homem não pode alcançar jamais porque é, simultaneamente, o que, sempre retrocedendo, nos seduz para as distâncias e os futuros.

DESAFIO DA ARQUITETURA o homem habita sua casa no tempo livre. Participar, pois, no movimento de conquista do tempo é a primeira tarefa da arquitetura que deseje edificar no espaço da liberdade humana, a casa arquetípica dos homens felizes.

A casa de Adão O arquiteto deverá, pois, buscar apoio na competência dos diversos saberes que equacionam as necessidades universais da vida humana que a moradia deverá satisfazer. o conceito de casa deve necessariamente encarnar um modelo originário, um exemplar arquetípico.

A casa de Adão Uma casa deve responder a muito mais que necessidades; Marx dizia que o reino da liberdade começa onde termina o reino da necessidade. A cidade é o lugar onde os possíveis mais humanos podem se realizar e, por isso, o homem a habita.

A casa de Adão De fato a concepção da casa como lugar feliz e, simultaneamente, como abrigo de práticas antagônicas em relação à cotidianidade colonizada pelas atividades de consumo e produção, determinada pelas necessidades de expansão e reprodução do capital, impõe um esclarecimento relativo ao que entendemos por felicidade e “atividades autônomas”.