“A gente nunca tem uma memória pura; não existe memória pura. O que lembramos é um misto do vivido com o sonhado.” Bartolomeu Campos de Queirós

Sê humilde, pois és feito de terra. Sê nobre, pois és feito de estrelas.

O desafio diário de se buscar a nobreza, a humildade.

Os poetas e os profetas ensinam que a palavra purifica. A palavra, ela realiza aquilo que ela anuncia: nobreza, humildade.

Somos razão, intelecto, experiência, emoção, sensibilidade, intuição, senso de humor, memória, cultura, crítica. Podemos vir a ser: nobreza e humildade.

Somos coração-ave-alma.

Somos os nossos sonhos mais sinceros, os nossos desejos mais profundos.

Nestes dias de desgovernada aceleração e de encolhimento do tempo livre, cultivar a poesia como experiência essencial e liberdade do ser.

Conceder a um poema a concentração por ele solicitada, permitir que nos conduza aos mistérios do existir.

Cada recém-nascido é o mistério da vida renovado.

Esta vida frágil e pequena, acerca da qual quase tudo ignoramos.

A cada novo dia, uma página da história da nossa vida escrevemos.

O dialogar de olhos claros com a vida. As alegrias que neste ínfimo torrão cósmico podemos usufruir.

Por quanto tempo? (não o sabemos) Pelos caminhos do mundo nos movemos.

Refletir sobre a dimensão do “ser no mundo”, sobre o lugar simbólico que ocupamos.

Refletir sobre a misteriosa experiência do existir, acerca da qual quase tudo ignoramos.

Há os que vivem vidas longas, E há aqueles que tão cedo partem.

Para onde vão o calor e a luz da chama, quando esta se apaga?

De acordo com uma antiga tradição indiana – a filosofia do Vedanta –,...

...quando você apaga uma chama, como em uma vela ou em uma lâmpada a óleo, você diz que a chama ficou livre.

E quando você acende uma vela, você captura a chama, como se a colocasse numa gaiola.

A chama, portanto, jamais se extingue, jamais deixa de existir.

Ela está aprisionada, enquanto neste mundo físico, ou livre, quando deste mundo parte.

Segundo a sabedoria indiana, a chama continua a emitir luz e calor, mesmo que estes não mais sejam perceptíveis por nossos limitados sentidos terrenais.

Ensina a sabedoria antiga que o mundo físico e o espiritual são coligados, coexistem. Este mundo material seria, em verdade, a ante-sala da Eternidade.

“Para mim o mundo é uma espécie de enigma constantemente renovado. Cada vez que o olho estou sempre a ver as coisas pela primeira vez. O mundo tem muito mais para me dizer do que aquilo que sou capaz de entender.” José Saramago

“Eu não preciso me entender. Que eu vagamente me sinta já me basta.” Clarice Lispector

Aproveitar esta preciosa e inestimável jornada terrena para deixar o pequeno canto onde vivemos um pouco mais belo do que antes de nossa chegada.

Ter olhos, ter ouvidos para as melodias da alma, para as partituras do coração.

Lutar o bom combate; Com nobreza & humildade.

Lutar o bom combate; Com nobreza & humildade. Tema musical: ‘Petite Fleur’, Sidney Bechet Formatação: