Resposta ao questionário acerca do conto Sentado no Deserto.

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Transcrição da apresentação:

Resposta ao questionário acerca do conto Sentado no Deserto

A imagem que vem recorrentemente à cabeça de Marciana é a “de um menino negro sentado no deserto”. Esta lembrava-lhe a pobreza, a fome, a miséria e a solidão, fazendo também referência a bebés/crianças que eram abandonadas, não tendo acesso a melhores condições de vida e que acabavam por viver uma vida infeliz e sem sentido. Com isto, Marciana relembrava os tempos em que ajudava os pobres, despertando um sentimento de piedade e de pena perante o “vagabundo” que o filho lhe trouxera para casa naquela época em que realmente a solidariedade deveria reinar.

As personagens intervenientes neste conto são:  Marciana (mãe de Miguel);  Miguel ;  Pereira (“vagabundo”);  Zé (Pai de Miguel);  Arreliado Auspicioso (tio de Miguel);  Adelina (tia de Miguel);  Decedão (tio de Miguel);  Refulgêncio (tio de Miguel);  Deodato (tio de Miguel).

O pai escolhera o nome dos irmãos, o que intrigava Marciana, visto que este se apresentava, habitualmente, sensato e de perfil discreto. Estes nomes surgiram, também, como uma forma de marcar “os Vasconcelos” para a vida, sendo, sem dúvida, uma forma de marcar a diferença.

Alguns dos indícios que situam esta família na classe média-alta estão implícitos nas seguintes expressões:  “… e foi ver o peru…”  “…travessa de bacalhau…”  “tenho um fato do teu pai que lhe deve servir…”  “Chegavam os irmãos todos juntos e as cunhadas, brilhantes e tufadas.”  “…pratas e porcelanas…”  “…que usava já um walkman…”

Não havia necessidade de a mãe estar receosa, pois o pai não deu importância ao olhar de dramatismo que a mulher lhe lançara à porta de entrada, oferecendo, ainda, mais “uma rodada” ao Pereira, seguida de um longo abraço a seu filho, Miguel.

O acto ilocutório presente nesta passagem é directivo.

O Miguel tratava o desconhecido por “Pereira”, o que revelava uma certa informalidade, enquanto que a mãe o tratava por “Senhor Pereira”, pretendendo, assim, estabelecer um certo distanciamento.

Miguel e Pereira adoptam posturas bastante diferentes. Pereira sentou-se na ponta do sofá, de punhos rígidos, assentes nos joelhos, enquanto que Miguel se encontrava com os ténis em cima da mesinha de tampo de vidro. Conclui-se que Miguel se sente mais à vontade e mais familiarizado com o ambiente em que se encontra do que Pereira.

Os dois nomes utilizados para referir o Pereira foram “vagabundo” (linha 9) e “indigente” (linha 20).

Esta analepse (interrupção de uma sequência cronológica narrativa pela interpolação de eventos ocorridos anteriormente) tem a função de justificar o acto de trazer o Pereira para a ceia de Natal da família Vasconcelos.

Esta expressão demonstra o receio da mãe de Miguel, Marciana, quanto à sua possível ausência no jantar de Natal. Contudo, Miguel surpreende-a apresentando-lhe um desconhecido, Pereira. Assim, surge uma situação inesperada que ultrapassa os receios de Marciana.

Miguel era um jovem de quinze anos com convicções firmes, embora pouco duradouras; atacava a hipocrisia do espírito natalício, era muito generoso em relação ao mendigo que levara para casa e, pelas suas tias, era considerado “um santo”, “um Cristo”e “um anjo”.

As imagens horrorosas que as personagens têm que receber dependem daquilo que a televisão exibe aos telespectadores; os emissores (cadeias de televisão) expõem imagens chocantes que suscitam desilusão e ofensa.

A intervenção de Pereira serviu para “desanuviar” o ambiente e constituiu uma maneira para este se integrar na família Vasconcelos.

Esta afirmação, “Era preciso ver e não ver o menino, e continuar”, serve como comparação entre as imagens visualizadas na televisão e a presença de Pereira. Assim, como nos esquecemos com frequência daquilo que aparece no ecrã, tais como imagens chocantes, também era preciso esquecer Pereira.

Miguel oferece o seu walkman a Pereira num gesto de compaixão e generosidade, demonstrando, uma vez mais, o carinho sentido por este em relação a Pereira.

O verbo “desabar” demonstra o desejo, constante e reprimido, que Adelina sentia de ver Pereira abandonar o lar da família Vasconcelos.

As “pastilhas contra a indigestão”, para além de constituírem uma maneira de aliviar os excessos comuns do Natal, representam uma certa ironia, por parte do tio de Miguel, no que toca à saída de Pereira da sua casa, depois da ceia natalícia.

“Comer mais um sonho” serve de metáfora para toda a aventura vivenciada no Natal da família Vasconcelos que sugere a impetuosidade do aparecimento de Pereira junto desta família, tal como um sonho irreal e vago.

Sabendo que na focalização externa o autor sabe apenas o que vê e que na interna recorre ao decorrer da acção através do ponto de vista de uma ou mais personagens, concluímos que o autor adopta uma focalização omnisciente, pois o autor conhece o objecto da acção e detêm um grande conhecimento sobre as personagens como se corrobora nas expressões seguintes: “ Era evidente que já tinha estado a celebrar com os amigos da vela”, “ …habituados a uma tradição familiar de autocontrolo e pouco espalhafato…”, “Já em Novembro começara aos ataques à hipocrisia do espírito natalício…”.

O narrador é heterodiegético, pois este narra na terceira pessoa do singular e não participa como personagem na história narrada, como se patenteia nas seguintes expressões: “ Espetou o bojo no peru…”, “O Miguel achou bem e o indigente não se opôs.”.

Caracterização directa, visto que corresponde a uma descrição explícita dos atributos e características das personagens, já que é feita pela tia.