UFTM – Universidade Federal do Triângulo Mineiro Curso de Letras

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Literatura Prof. Henrique
Advertisements

Classicismo - A poesia lírica de Camões
“Quero novos amigos e poder brincar de novo.” Depois do atendimento
COLÉGIO DE APLICAÇÃO PROF. JOSÉ DE SOUZA HERDY
INTERTEXTUALIDADE.
Século XII ao século XIV.
Fernando Pessoa.
Literatura na Idade Média
Resumex I.O que é literatura?
Classicismo.
Marcos Vinicius da Cruz de Mello Moraes
construção da felicidade
SOM PARA SE LEMBRAR DE MIM NURA SLIDES UMA REALIZAÇÃO Robert N. Test
Influências na Lírica Camoniana.
A alma do poeta, versos vai fazer Coisas humanas, inspirações podem ser Ao sentir a voz do Espírito, não posso outro tema cantar Senão no espirito,
Cecília Meireles.
Humanismo ( ).
Intertextualidade Discursiva
Professora: Aíla Rodrigues
Classicismo (1527 – 1580).
O AMOR DE DEUS NA CRUZ.
TROVADORISMO -- Primeira manifestação literária da língua portuguesa.
Introdução aos gêneros literários
Obrigado por este mundo maravilhoso.
Poema de Gratidão.
O gênero lírico.
RIO GRANDE DO SUL.
NAS ASAS DA CANÇÃO WAGNER BORGES.
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO DENOTAÇÃO – Atribui às palavras significados claros, objetivos, que evocam um único sentido, aceito pelas pessoas como algo convencional.
BY: Duda Cruz Poesias.
O Homem Letra da Musica de Roberto Carlos.
Trovadorismo e humanismo
OS GÊNEROS LITERÁRIOS A tradição fixou uma classificação básica em três gêneros, que englobam inúmeras categorias menores comumente chamadas subgêneros:
Humanismo Século XV.
DESCRIÇÃO SUBJETIVA E OBJETIVA
COLÉGIO MARIA IMACULADA – SP PROJETO – FEIRA DAS NAÇÕES 2012
ENQUANTO EU RESPIRAR Te dou meu coração, e tudo que há em mim. Entrego meu viver por amor a Ti, meu Rei! Meus sonhos rendo a Ti e meus direitos dou. O.
Luís de Camões, Rimas Síntese da unidade.
 foi um poeta de Portugal, considerado uma das maiores figuras da literatura em língua portuguesa e um dos grandes poetas do Ocidente.  Pouco se sabe.
Humanismo e Humanismo Literário
SÍNTESE: DO TROVADORISMO AO ROMANTISMO
Poemas Professora Janete.
O TROVADORISMO MARCO INICIAL: A RIBEIRINHA, 1189/1198 Autor: Paio Soares de Taveirós Gênero: Cantigas (poesia) e novelas de cavalaria.
Humanismo em Portugal (1434 – 1527)
“VERSÍCULO INÉDITO DO GÊNESIS
Quando a música esmorece O Resto desaparece Simplesmente a Ti me achego Ansiando oferecer algo de valor Pra abençoar o Teu coração.
UFTM Universidade Federal do Triângulo Mineiro Curso de Letras
Períodos Literários e estilos de época
6 6 POEMAS E 1 CANÇÃO.
Literatura Contexto Histórico TROVADORISMO x HUMANISMO TROVADORISMO
Gabriel Galdino Fortuna Gabriel Klebes Helton Pereira Santos
MÚSICA : Jerry Vale Inamoratta Para Glória Cunha, uma pequena lembrança da amiga Denise.
UFTM — Universidade Federal do Triângulo Mineiro Curso de Letras
EU & EU.
Janelas Poéticas Sônia Ortega.
Um certo dia, um homem esteve aqui.
Fragmentos do livro de Carlos Costa “Time is flowing in the middle oft the night.”Tennyson. (O tempo corre no meio da noite) Carlos Costa.
Textos Descritivos.
Far-te-ia a minha essência Pudera eu neste momento.
A MAGIA DO AMOR.
NOVO, TUDO NOVO, RENOVADO, O ESPÍRITO DE DEUS ME RENOVOU. TUDO NOVO, RENOVADO. NOVO, TUDO NOVO, RENOVADO, SEGURANÇA EU ENCONTREI NO MEU SENHOR. TUDO NOVO,
Canção de Jó Fred Arrais.
Professor Marcel Matias
Nos versos que tento escrever, tudo parece uma agonia, a poesia se torna agonizante, dolorosa e fria;
Perdoa-me, folha seca, não posso cuidar de ti. Vim para amar neste mundo, e até do amor me perdi.
Uma árvore não fica de costas para ninguém. Dê a volta em torno dela, e a árvore estará sempre de frente para você... OS VERDADEIROS AMIGOS TAMBÉM...
MÚSICA :Jerry Vale Inamoratta Para Glória, uma pequena lembrança da amiga Denise.
CLASSICISMO (XVI) INÍCIO: Retorno do poeta Sá de Miranda da Itália, trazendo consigo o soneto. PANORAMA HISTÓRICO RENASCIMENTO: MONALISA – LEONARDO.
HUMANISMO.
Transcrição da apresentação:

UFTM – Universidade Federal do Triângulo Mineiro Curso de Letras Literatura Portuguesa I A Poesia de Sá de Miranda Prof. Dr. Carlos Francisco de Morais

Cantiga sua, partindo-se João Roriz de Castelo Branco Senhora, partem tam tristes meus olhos por vós, meu bem, que nunca tam tristes vistes outros nenhuns por ninguém. Tam tristes, tam saudosos, tam doentes da partida, tam cansados, tam chorosos da morte mais desejosos cem mil vezes que da vida. Partem tam tristes os tristes, tam fora d'esperar bem, que nunca tam tristes vistes outros nenhuns por ninguém.

Francisco de Sá de Miranda (c.1481-1558)

Perfil poético O Cancioneiro Geral encerra poesia palaciana de Sá de Miranda e é no verso tradicional que ele realiza o melhor da sua obra - as Cartas. Num esforço digno de elogio, este poeta, que filosofou com as musas e poetou com os filósofos, tentou as várias espécies e géneros que o Renascimento criara, ou restaurara do Classicismo.

Parthenon, de Fídias, Ictinos e Calícrates Pluralidade formal Formas clássicas: ode, elegia, écloga, carta Parthenon, de Fídias, Ictinos e Calícrates (Atenas, séc. V a.C.)

Davi dança diante da arca (Iluminura da Bíblia Morgan, séc. XIII) Pluralidade formal Formas medievais: esparsa, cantiga, vilancete Davi dança diante da arca (Iluminura da Bíblia Morgan, séc. XIII)

Palazzo Chiericati, de Paladio Pluralidade formal Formas renascentistas: soneto, canção, sextina, oitava Palazzo Chiericati, de Paladio (Vicenza, séc. XVI)

Soneto O sol é grande, caem co’a calma as aves, do tempo em tal sazão, que sói ser fria; esta água que d’alto cai acordar-m’-ia do sono não, mas de cuidados graves. Ó cousas, todas vãs, todas mudaves, qual é tal coração qu’em vós confia? Passam os tempos vai dia trás dia, incertos muito mais que ao vento as naves. Eu vira já aqui sombras, vira flores, vi tantas águas, vi tanta verdura, as aves todas cantavam d’amores. Tudo é seco e mudo; e, de mestura, Também mudando-m’eu fiz doutras cores: E tudo o mais renova, isto é sem cura!

Análise: o 1º quarteto O sol é grande, caem co’a calma as aves, do tempo em tal sazão, que sói ser fria; esta água que d’alto cai acordar-m’-ia do sono não, mas de cuidados graves. A descrição da paisagem externa é feita com objetividade, não sendo nem cenário nem confidente amoroso O eu-lírico está em pleno domínio e gozo de seus sentidos, como a visão e o tato No âmbito interno, o tempo é ocupado pela reflexão, não pelo sentimento

Análise: o 2º quarteto Ó cousas, todas vãs, todas mudaves, qual é tal coração qu’em vós confia? Passam os tempos, vai dia trás dia, incertos muito mais que ao vento as naves. Contraste entre a forma constante e o conteúdo mutável: a inconsistência do mundo versus a serenidade da arte Intertextualidade 1: alusão a Eclesiastes 1.2 (Vanitas vanitatum et omnia vanitas: Vaidade das vaidades e tudo é vaidade) Intertextualidade 2: alusão a Heráclito (Panta rei ós potamos: Tudo flui como um rio): o poeta é um leitor e pensador e a poesia não é mais exclusivamente expressiva, mas reflexiva

Análise: o 1º terceto Eu vira já aqui sombras, vira flores, vi tantas águas, vi tanta verdura, as aves todas cantavam d’amores. Imagens de fertilidade da Natureza e do Homem Alusões ao lirismo amoroso pastoril e, por extensão, à tradição trovadoresca das cantigas de amigo Retrato da juventude

Análise: o 2º terceto Tudo é seco e mudo; e, de mestura, Também mudando-m’eu fiz doutras cores: E tudo o mais renova, isto é sem cura! A passagem do tempo indicada pela mudança do tempo verbal (vira X é) Os sinais do envelhecimento Imagens de esterilidade O tema da mudança O eu-lírico objetivo da 1ª estrofe também é atingido pela mudança, marca geral do mundo, não subjetiva A ironia da vida: enquanto o eu-lírico envelhece, tudo o mais se renova O tom sentencioso, professoral, é marca de uma poesia reflexiva, que dialoga com o leitor para ilustrá-lo