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PublicouAlana Leveck Fagundes Alterado mais de 9 anos atrás
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Felipe e o Eunuco O Caminho, a Palavra e o Anúncio – At 8,26-40
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Filipe – missionário itinerante Podemos imaginar Filipe como missionário itinerante segundo o modelo descrito em Lc 10,1-12. O ministério missionário de Filipe mostra como as palavras e as ações de Jesus permaneceram na memória da Igreja primitiva: elas foram ouvidas, aceitas e vividas pelos discípulos e somente depois, sob o impulso do Espírito Santo, foram consignadas por escrito. “A Palavra de Deus (o Verbo encarnado) foi escrita primeiro no coração dos discípulos e somente depois nos meios materiais.”
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Filipe missionário “O anjo do Senhor disse a Filipe: ‘De pé! Dirige-te ao sul, ao caminho de leva de Jerusalém a Gaza (um caminho deserto). Ele se pôs a caminho”. Por uma ordem divina, Filipe toma uma estrada pouco movimentada, que une a capital com a cidade costeira de Gaza. É uma estrada com aproximadamente 100 km. Filipe caminha com a disposição de fazer um longo e solitário caminho. Não sabe para quem ele é enviado a quem deverá anunciar o evangelho, mas não lhe falta o impulso missionário, o desejo de partilhar a sua alegria e o seu tesouro. Não sabe sequer se o Evangelho será bem recebido: Jesus mesmo já tinha avisado os discípulos da possibilidade de rejeição; o próprio Filipe sabia que Jesus fora crucificado.
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O que motiva Filipe? Ele deseja divulgar por toda a parte o tesouro do encontro com Cristo. A recompensa do ministério da Palavra é o próprio ministério. A retribuição do anúncio do Evangelho é o próprio anúncio do Evangelho.
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A leitura e a busca do sentido “Aconteceu que um eunuco etíope, ministro da rainha Candace e administrador de seus bens, voltava de uma peregrinação a Jerusalém, sentado em sua carruagem lendo a profecia de Isaías”.
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Pela estrada Pela estrada deserta e pouco freqüentada, Filipe vê um viajante. Ele é um eunuco núbio, ministro das finanças da rainha (Candace é o título; como “faraó” é o título do rei do Egito). Talvez Filipe tenha percebido que se tratava de uma pessoa importante, membro da corte real de algum país estrangeiro. Filipe logo percebeu que essa pessoa importante voltava de uma peregrinação a Jerusalém e, por isso, devia ser um simpatizante da religião judaica.
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Como o Eunuco lia? RSVLTRSNPRCRS
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RSVLTRSNPRCRS IRÁS VOLTARÁS NÃO PERECERÁS
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RSVLTRSNPRCRS IRÁS, VOLTARÁS, NÃO PERECERÁS.
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RSVLTRSNPRCRS IRÁS, VOLTARÁS NÃO, PERECERÁS.
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O Eunuco lia o profeta Isaías Ao se aproximar, essa suspeita deve ter dado lugar à certeza. Ele ouve o eunuco ler o profeta Isaías. Naquela época, a leitura somente era possível em voz alta. A leitura com os olhos foi uma “invenção” bem posterior. Até no século V, a leitura em voz alta era o costume. Santo Agostinho narra a sua admiração quando viu Santo Ambrósio ler a Escritura “com os olhos”. Por muito tempo, os cristãos conheceram a Escritura mais pelos ouvidos do que pelos olhos.
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Detalhe banal? Esse detalhe parece banal, mas não o é: o cristão (discípulo missionário da Palavra) é ouvinte da Palavra. Para o mundo bíblico, a relação pessoal com Deus, nesta vida, se dá pela escuta da sua Palavra. Somente na Glória, poderemos ver a Deus face a face.
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Ver - Ouvir O profeta Elias quando, ouviu o murmúrio de uma leve brisa, cobriu o rosto com o manto (cf. 1Re 12,19). Não se trata simplesmente da proibição de ver a Deus (“não poderás ver minha face, porque ninguém pode ver-me e permanecer vivo”, Ex 33,20). Trata-se, pelo contrário, de uma concepção bíblica fundamental e quase esquecida em muitas de nossas comunidades: a escuta é a dimensão por excelência da espiritualidade bíblica.
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Escutar - Silêncio A Palavra de Deus é escutada não somente com os ouvidos, mas sobretudo com os ouvidos do coração (obediência). Na espiritualidade bíblica há uma insistência sobre a escuta (obediência): “Escuta, Israel!” (Dt 6,4). A escuta sobrepõe a receptividade à atividade; a prioridade é da escuta e não da visão. Escuta não no senso meramente sensitivo, mas no senso de abertura do coração. Nesse sentido, é preciso devolver, na liturgia e na espiritualidade, a primazia do ouvir a Palavra. “O grande mistério que excede toda palavra apela ao silêncio. Com efeito, o silêncio deve ser o silêncio pleno, mais do que ausência de palavra e de ação”. O silêncio (como pleno ouvir) é o guardião da interioridade do ser, que nasce da acolhida, do respeito, da gratuidade, do desejo de diálogo.
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Ouvir e compreender O Espírito disse a Filipe: ‘Aproxima-te e junta-te à carruagem’. Correndo, Filipe a alcançou. Ouvindo que lia a profecia de Isaías, lhe perguntou: ‘Entendes o que está lendo?’. Respondeu: ‘Como vou entender, se ninguém me explica?’”. É a segunda vez que o texto menciona que o eunuco “lia” a profecia de Isaías.
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Rolo do profeta O eunuco é um homem culto: não somente sabe ler, mas sabe ler em hebraico! Lê um rolo de pergaminho com o texto de Isaías adquirido em Jerusalém. Não somente um homem de letras, mas um sincero simpatizante da religião judaica: empreendeu uma longa viagem para peregrinar até o templo de Jerusalém; permaneceu no átrio dos pagãos, comprou um rolo de Isaías, e voltava lendo o pergaminho. As atitudes desse eunuco deixam claro quanto amor ele tem pela fé de Israel, mesmo que não tenha se circuncidado.
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Reconhecer o texto Filipe reconhece de ouvido (e de memória) o texto lido: certamente Filipe o tinha escutado (não lido com os olhos) várias vezes nos ofícios sinagogais de sua terra. Podemos imaginar Filipe escutando a leitura de Isaías na sinagoga, sua atenção em não permitir que palavra alguma caísse no vazio, sua reverência ante o Deus que fala ao seu povo, sua alegria em recebê-la no coração e seu desejo de conhecê-la. Para Filipe a profecia de Isaías tinha penetrado nos ouvidos, no coração e na memória, por isso, de imediato, reconhece o que o Eunuco está lendo. Bastam poucas palavras para reconhecer todo o texto.
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Isaías Is 53,7-8 (LXX): “Como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda diante do tosquiador, da mesma forma ele não abriu a boca. Humilharam-no, negando- lhe o direito; quem meditou em seu destino? Pois arrancaram da terra a sua vida”. Lucas cita somente dois versículos, mas a passagem em questão é bem mais longa. Trata-se do Quarto cântico do Servo Sofredor (Is 52,13-53,12).
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Servo sofredor O poema do servo paciente descreve, contra a doutrina da retribuição, o sofrimento de um inocente e o escândalo da prosperidade dos pecadores. O sofrimento desfigura o servo e os outros interpretam suas dores como castigo de Deus, por isso se afastam dele com medo de se contagiar. A sua morte sela uma vida de dores e desprezos: ele termina na vala comum dos condenados.
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Expiação Vicária Por outro lado, o poema mostra que a dor do servo demonstra o pecado, não de quem sofre, mas dos que contemplam o sofrimento dele. Sem ser pecador, o servo aceitava a conseqüência do pecado e, sofrendo em silêncio, abria os olhos dos pecadores. A dor é do servo, mas o pecado é nosso. Declarando a inocência do servo, o julgamento humano é anulado por Deus. Mais ainda. A paixão do servo inocente servirá para levar os demais à justiça. Assim os pecadores são reabilitados, são libertados de uma condenação merecida pelos sofrimentos que recaíram sobre o servo e o esmagaram. Assim a paixão e a morte do servo são uma intercessão aceita e o seu silêncio é ouvido por Deus.
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Quem é esse Servo? Por si mesmo, quem ouve o poema provoca inevitavelmente a pergunta: quem é esse servo sofredor? Muitos identificavam esse servo com Moisés, Josias, Jeconias ou Jeremias. Mas a identificação permanecia aberta. A pergunta do Eunuco: “de quem fala o profeta? De si ou de outro?” certamente também atormentou Filipe quando ouvia essa profecia antes de seu encontro com Cristo.
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Identificar e compreender Filipe pergunta ao Eunuco: “Entendes?”. “Como vou entender, se ninguém me explica?”. O eunuco compreende o sentido material do texto, apresentado como paradoxo inaudito (o inocente que parece ser um castigado por Deus, mas que na realidade expia o pecado dos que o condenam), mas ele não sabe identificar o personagem de quem se fala. Essa é a questão central: conseguir identificar quem é o servo significa compreender o texto. O servo é um personagem tão surpreendente e misterioso que o eunuco não consegue “entender o que lê”.
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Encontrar o Sentido De fato, o eunuco reconhece que o servo sofredor, assim como é descrito na profecia, supera tanto os personagens já conhecidos que identificá-lo com um deles, em vez de iluminar, empobrece a profecia. O eunuco não consegue entender o que lê porque as interpretações possíveis e que os rabinos tinham apresentado não fazem justiça à figura misteriosa do servo sofredor. Mesmo que sejam personagens eminentes e figuras heróicas, a identificação com eles diminui e reduz o alcance da missão do servo sofredor.
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Querigma “Filipe tomou a palavra e, começando por esse texto, explicou-lhe a boa notícia de Jesus”. Em grego, “explicar” é guiar, encaminhar. Para explicar não é suficiente o caminho para Jerusalém. É preciso fazer um caminho como aquele de Jesus Ressuscitado com os discípulos de Emaús. Filipe, como Jesus, explica toda a Escritura a partir da chave de leitura: a páscoa de Jesus.
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Sacramento “Prosseguindo o caminho, chegaram a um lugar em que havia água, e o eunuco lhe disse: o que impede de me batizar?”. O eunuco não confessa que “lhe ardia o coração”. Mas quando chega a uma fonte de água no caminho, com modéstia, pede o batismo.
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A fé - entrega O que pode impedir que eu receba o batismo? O fato de eu ser estrangeiro, ser eunuco (feito pela mãos dos homens - pelo Reino), morar na corte real? Na pergunta desse eunuco ressoam dúvidas e incertezas da primeira comunidade.
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A Fé dos pagãos Lucas responde dizendo que o ato de Filipe é impulsionada pelo Espírito Santo. “Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou Filipe, de modo que o eunuco não o viu mais”. “e continuou sua viagem muito contente”. O efeito e o sinal da vida nova dada pelo batismo é a alegria.
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O Pátio dos Gentios Somos como o eunuco: lemos e não compreendemos. Mas devemos perseverar na Escuta = ouvir = obedecer. Somos como Filipe: anunciamos a Palavra. Não comunicamos mera doutrina ou código de ética ou ideologia. Comunicamos o próprio Cristo. Partilha do tesouro do nosso encontro com Cristo. Foi o encontro pessoal com ele que nos faz o que somos.
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ANIMAÇÃO BÍBLICA DA PASTORAL 33 Não simplesmente uma “outra pastoral”. É mais acertado vê-la como a seiva que corre do tronco da videira e chega aos diversos ramos. Como do tronco chega aos ramos a vida pela seiva, assim também a animação bíblica da pastoral visa recuperar o lugar da SE como alimento que o Senhor oferece ao seu corpo, a Igreja, e, dessa forma, testemunhar a unidade contínua entre Cristo, Palavra de Deus, e a ação pastoral realizada, em seu nome, na Igreja e no mundo.
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ANIMAÇÃO BÍBLICA DA PASTORAL 34 Compreendida como a alma da vida pastoral da Igreja, a Palavra de Deus precisa ser a inspiração de todo o ser e agir evangelizador eclesial. Será realmente pastoral somente quando entender que sua identidade se encontra na busca constante e permanente de atualizar, na Igreja e no mundo, o ser e o agir do Bom Pastor, que dá a vida por suas ovelhas. A animação bíblica é uma urgência da ação evangelizadora da Igreja no Brasil.
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3 EIXOS Eixo da formação: “compreendes o que está lendo?” Eixo da oração: “que impede que eu seja batizado?” Eixo do anúncio: “Prosseguiu sua viagem cheio de alegria. Dom Julio Endi Akamine Região Espiscopal Lapa
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