Carregar apresentação
A apresentação está carregando. Por favor, espere
PublicouRodrigo Braga Corte-Real Alterado mais de 8 anos atrás
1
Modernismo no Brasil 3ª Fase
2
O modernismo brasileiro foi um amplo movimento cultural que repercutiu fortemente sobre a cena artística e a sociedade brasileira na primeira metade do séc. XX, sobretudo no campo da literatura e das artes plásticas.
3
Foi resultado, em grande parte, da assimilação de tendências culturais e artísticas lançadas pelas vanguardas europeias no período que antecedeu a 1ª. Guerra Mundial e refletiu na procura da abolição de todas as regras anteriores e a procura da novidade e da velocidade.
4
Considera-se a Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo, em 1922, como ponto de partida do modernismo no Brasil. Não sendo dominante desde o início, o modernismo, com o tempo, suplantou os anteriores. Foi marcado, pela liberdade de estilo e aproximação com a linguagem falada, sendo os da primeira fase mais radicais em relação a esse marco.
7
O modernismo se divide em três momentos: 1ª. geração: mais radical e fortemente oposta a tudo que foi anterior,cheia de irreverência e escândalo; 2ª. geração: mais amena, que formou grandes romancistas e poetas; 3ª. geração: também chamada por vários autores de NeoModernismo ou Pós-Modernismo, que se opunha de certo modo à primeira.
8
Terceira Geração Modernista A partir da década de 1940, observa-se um processo de renovação artística por dois motivos: aproveitou-se melhor a liberdade conquistada pela 1ª. Geração (22 a 30) e houve um aprofundamento das preocupações criticas e documentais da 2ª. Geração (30 a 45). Poesia: surge um grupo de poetas que procurava a inspiração poética sem compromisso com os pressupostos modernistas anteriores: rejeitavam o verso livre, a irreverência, os poema-piada e outros entusiasmos modernistas. Propunham um acentuado rigor formal, o que lembra muito o Parnasianismo. Adotam uma linguagem mais erudita e uma temática mais universal.
9
Prosa: tanto no romance quanto nos contos existe a busca uma literatura intimista, de sondagem psicológica, introspectiva e ao mesmo tempo, o regionalismo adquire uma nova dimensão. A recriação dos costumes e da fala sertaneja penetra fundo na psicologia do jagunço do Brasil central.
10
Principais Autores – Poesia Péricles Eugenio da Silva Ramos Ledo Ivo Geir Campos Marcos Konder Reis João Cabral de Melo Neto Principais Autores – Prosa Guimarães Rosa Clarice Lispector
11
Recife, 9 de janeiro de 1920 - Rio de Janeiro, 9 de outubro de 1999 JOÃO CABRAL DE MELO NETO
12
Estreou em 1942 com Pedra do Sono de forte influência de Carlos Drummond de Andrade e Murilo Mendes. Ao publicar O Engenheiro, em 1945, traça os rumos definitivos de sua obra. Em 1956, escreve o poema dramático Morte e Vida Severina, que, encenado em 1966, com músicas de Chico Buarque, consagra-o definitivamente.
13
Características de sua produção literária: no início da carreira, apresenta um tendência à objetividade, convivendo com imagens surrealistas e relativas aos sonhos; aos poucos, afasta-se da influência surrealista e aprofunda a tendência à substantivação, à economia da linguagem, submetendo as palavras a um processo crescente de depuração, com uso de metáforas, personificações e alegorias; a partir de 1945, influenciado por uma concepção arquitetônica, procede à geometrização do poema, aproximando a arte do Poeta à do Engenheiro; o repúdio ao sentimentalismo e ao irracionalismo leva-o à elaboração do poema objeto.
14
No Poema Objeto, o Poeta questiona o próprio ato de escrever e a função da poesia; na década de 1950, surge e amadurece a preocupação política e principalmente a denúncia social do Nordeste e sua gente: os retirantes, as tradições e o folclore regional, a estrutura agrária canavieira, injusta e desigual. Aparece ainda a paisagem da Espanha, que apresenta pontos em comum com o cenário nordestino. Mantém viva e atuante a reflexão sobre a Arte em suas várias manifestações, como a pintura e a literatura
15
ASPECTOS CENTRAIS DE SUA OBRA Objetividade Concisão e precisão Metalirismo Engajamento e denúncia
16
PRINCIPAL OBRA – MORTE E VIDA SEVERINA (Auto de Natal Pernambucano) Sua linha narrativa segue dois movimentos que aparecem no título: “morte” e “vida”. No primeiro movimento, há o trajeto de Severino, personagem-protagonista, que segue do sertão para Recife, em face da opressão econômico- social. Severino tem a força coletiva de um personagem típico: representa o retirante nordestino. No segundo movimento, o da “vida”, o autor chama a atenção para a confiança no homem e em sua capacidade de resolver problemas.
17
O retirante explica ao leitor quem é e a que vai — O meu nome é Severino, como não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos, que é santo de romaria, deram então de me chamar Severino de Maria; como há muitos Severinos com mães chamadas Maria, fiquei sendo o da Maria do finado Zacarias. Mais isso ainda diz pouco: há muitos na freguesia, por causa de um coronel que se chamou Zacarias e que foi o mais antigo senhor desta sesmaria. Como então dizer quem falo ora a Vossas Senhorias? Vejamos: é o Severino da Maria do Zacarias, lá da serra da Costela, limites da Paraíba. Mas isso ainda diz pouco: se ao menos mais cinco havia com nome de Severino filhos de tantas Marias mulheres de outros tantos, já finados, Zacarias, vivendo na mesma serra magra e ossuda em que eu vivia.
18
Somos muitos Severinos iguais em tudo na vida: na mesma cabeça grande que a custo é que se equilibra, no mesmo ventre crescido sobre as mesmas pernas finas e iguais também porque o sangue, que usamos tem pouca tinta. E se somos Severinos iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte Severina: que é a morte de que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte de fome um pouco por dia (de fraqueza e de doença é que a morte Severina ataca em qualquer idade, e até gente não nascida). Somos muitos Severinos iguais em tudo e na sina:
19
a de abrandar estas pedras suando-se muito em cima, a de tentar despertar terra sempre mais extinta, a de querer arrancar alguns roçado da cinza. Mas, para que me conheçam melhor Vossas Senhorias e melhor possam seguir a história de minha vida, passo a ser o Severino que em vossa presença emigra
20
Cordibusgo, 27 de junho de 1908 - Rio de Janeiro, 19 de novembro de 1967 JOÃO GUIMARÃES ROSA
21
VIDA Mineiro, formou-se em Medicina e clinicou pelo interior, foi ministro e pela carreira diplomática esteve em Hamburgo, Bogotá e Paris. OBRA Sua obra extremamente inovadora e original. Seu livro, Sagarana (1946), vem colocar uma espécie de marco divisor na literatura moderna do Brasil: é uma obra que se pode chamar de renovadora da linguagem literária. Seu experimentalismo estético, aliando narrativas de cunho regionalista a uma linguagem inovadora e transfigurada, veio transformar completamente o panorama da nossa literatura.
22
Sagarana é um livro de contos cujo nome é formado por: "saga", radical de origem germânica que significa "canto heróico", "lenda"; e "rana" palavra de origem tupi que significa "que exprime semelhança ". Assim Sagarana seria algo próximo a: "parecido a uma saga". Guimarães Rosa combina e recombina habilmente as informações do meio, confundindo lugares e paisagens, mesclando o real, o imaginário e o lendário em sua obra. Não é um livro regionalista já que não se limita a uma localidade especifica.
23
GRANDE SERTÃO: VEREDAS OBRA PRIMA DO AUTOR O sertão criado por Guimarães Rosa é uma realidade geográfica, social, política e psicológica. Nesse espaço (sertão-mundo), o sertanejo não é apenas o homem de uma região e de uma época específicas, mas homem universal defrontando-se com problemas eternos: o bem e o mal; o amor; a violência; a existência ou não de Deus e do Diabo etc. Por isso classifica-se seu regionalismo como regionalismo universalista.
24
Principais Obras: Sagarana Corpo de baile Grande sertão: veredas Primeiras histórias Tutaméia (Terceiras histórias) Estas histórias Ave, palavra
25
A Terceira Margem do Rio Guimarães Rosa Nosso pai era homem cumpridor, ordeiro, positivo; e sido assim desde mocinho e menino, pelo que testemunharam as diversas sensatas pessoas, quando indaguei a informação. Do que eu mesmo me alembro, ele não figurava mais estúrdio nem mais triste do que os outros, conhecidos nossos. Só quieto. Nossa mãe era quem regia, e que ralhava no diário com a gente — minha irmã, meu irmão e eu. Mas se deu que, certo dia, nosso pai mandou fazer para si uma canoa.
26
Era a sério. Encomendou a canoa especial, de pau de vinhático, pequena, mal com a tabuinha da popa, como para caber justo o remador. Mas teve de ser toda fabricada, escolhida forte e arqueada em rijo, própria para dever durar na água por uns vinte ou trinta anos. Nossa mãe jurou muito contra a idéia. Seria que, ele, que nessas artes não vadiava, se ia propor agora para pescarias e caçadas? Nosso pai nada não dizia. Nossa casa, no tempo, ainda era mais próxima do rio, obra de nem quarto de légua: o rio por aí se estendendo grande, fundo, calado que sempre. Largo, de não se poder ver a forma da outra beira. E esquecer não posso, do dia em que a canoa ficou pronta. [...]
27
ChecheInyk, 10 de dezembro de 1920 - Rio de Janeiro, 9 de dezembro de 1977 CLARICE LISPECTOR
28
VIDA Ucraniana, veio para o Brasil ainda bebê. Formou-se em Direito mas viveu muito fora do Brasil pela carreira diplomática do marido, dedicando-se assim aos filhos e à literatura. Voltou ao Brasil separada e lançou vários livros.
29
Características de suas OBRAS sondagem dos mecanismos mais profundos da mente humana; técnica “impressionista” de apreensão da realidade interior (predominância de impressões, de sensações); introdução da técnica do fluxo da consciência; quebra os limites espaço x temporais e o conceito de verossimilhança, fundindo presente e passado, realidade e desejo na mente dos personagens, cruzando vários eixos e planos narrativos sem ordem ou lógica aparente;
30
suas principais personagens são mulheres, mas não se limitam ao espaço do ambiente familiar; visa a atingir valores essenciais humanos e universais tais como a falsidade das relações humanas, o jogo das aparências, o esvaziamento do mundo familiar, as carências afetivas e as inseguranças delas decorrentes, a alienação, a condição da mulher, a coexistência dos contrastes, das ambigüidades, das contradições do ser; características físicas das personagens diluem-se: muitas nem nome apresentam;
31
predomínio do tempo psicológico e, portanto, subversão do tempo cronológico; as ações passam a ter importância secundária, servindo principalmente como ilustração de características psicológicas das personagens (introspecção psicológica); presença da epifania (“revelação”): aparentemente equilibradas e bem ajustadas, subitamente as personagens sentem um estranhamento frente a um fato banal da realidade. Nesse momento, mergulham num fluxo de consciência, do qual emergem sentindo-se diferentes em relação a si mesmas e ao mundo que as rodeia; esse desequilíbrio momentâneo por certo mudará sua vida definitivamente;
32
fusão de prosa e poesia, com emprego de figuras de linguagem: metáforas, antíteses (eu x não-eu, ser x não ser), paradoxos, símbolos e alegorias, aliterações e sinestesias uso de metalinguagem em associação com os processos intimistas e psicológicos, político-sociais, filosóficos e existenciais (A Hora da Estrela, 1977).
33
O CIDADÃO Clarice Lispector “Os seres marinhos, quando não tocam o fundo do mar, se adaptam a uma vida flutuante ou pelágica”, estudou Perseu na tarde de 15 de maio de 192... Heroico e vazio o cidadão continuou de pé junto da janela aberta. Mas na verdade jamais poderia transmitir a alguém o modo pelo qual ele era harmonioso, e mesmo que falasse não diria uma palavra que cedesse a polidez de sua aparência: sua extrema “Os animais pelágicos se reproduzem com profusão”, disse com oca luminosidade. Cego e glorioso – era isso apenas o que se podia saber dele vendo-o à janela de um segundo andar. Mas se ninguém conseguiria sondar sua harmonia – também ele parecia não sentir mais do que ela. Porque este era o seu grau de luz.
34
“Os animais e vegetais marinhos com profusão”, disse sem ímpeto mas sem freio porque este era o seu grau de luz. Não importa que na luz ele fosse tão cego como os outros na escuridão. A diferença é que ele estava na luz. “Flutuantes”, falou. Despercebido à janela porque ele era apenas um dos modos de ser S. Geraldo. E também um de seus alicerçadores somente por ter nascido quando o subúrbio também se erguia, apenas por ter um apelido que só se tornaria estranho quando um dia S. Geraldo mudasse de nome; de pé diante da janela aberta. Era essa a natureza de uma raça de homem. [...] In: Cidade Sitiada.
Apresentações semelhantes
© 2025 SlidePlayer.com.br Inc.
All rights reserved.