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A narrativa fantástica
Tzvetan Todorov
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A especificidade do fantástico
No mundo que reconhecemos como normal o acontecimento inexplicável pela normalidade das leis. A dúvida: realidade ou sonho? Verdade ou ilusão? O fantástico é o tempo da dúvida.
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O efeito fantástico Quem hesita?
O personagem... E o leitor previsto pelo texto. “O fantástico implica pois uma integração do leitor no mundo das personagens; define-se pela percepção ambígua que o leitor tem dos acontecimentos narrados; esse leitor se identifica com a personagem”. (p. 150)
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O leitor real O leitor e a interpretação do texto:
“Para se manter, o fantástico implica pois não só a existência de um acontecimento estranho, que provoca uma hesitação no leitor e no herói, mas também um certo modo de ler, que se pode definir negativamente: ele não deve ser nem poético nem alegórico.” (p.151)
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As três condições do fantástico
1- “é preciso que o texto obrigue o leitor a considerar o mundo das personagens como um mundo de pessoas vivas e a hesitar entre uma explicação natural e uma explicação sobrenatural dos acontecimentos evocados.” 2- “essa hesitação deve ser igualmente sentida por uma personagem; desse modo, o papel do leitor é, por assim dizer, confiado a uma personagem e ao mesmo tempo a hesitação se acha representada e se torna um dos temas da obra. 3- “é importante que o leitor adote uma certa atitude com relação ao texto: ele recusará tanto a interpretação alegórica quanto a interpretação ‘poética’”. (p. 151)
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Dos modos do fantástico
Relação entre o real e o ilusório Relação entre o real e a imaginação
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Os gêneros vizinhos ao fantástico
Estranho puro Fantástico- estranho Fantástico-maravilhoso Maravilhoso puro
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Por que o fantástico? Função social: O sobrenatural e os temas tabu
“A função do sobrenatural é subtrair o texto à ação da lei e, por esse meio, transgredi-la.” (p.161)
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Por que o fantástico? Função literária:
“toda narrativa é movimento entre dois equilíbrios semelhantes mas não idênticos.” (p.162) Qual o lugar do sobrenatural nisso? Romper o equilíbrio ou o desequilíbrio Ou seja: as funções social e literária do sobrenatural se sobrepõem: transgressão à lei estabelecida.
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A função não do sobrenatural, mas do fantástico
O fantástico subsiste entre o final do XVIII e o XIX. Por que não mais? As categorias da condição do fantástico A categoria do real é base do fantástico O paradoxo da literatura: “é ao mesmo tempo real e irreal; por isso, contesta o próprio conceito de real. De maneira mais geral, a literatura contesta toda dicotomia desse gênero” (p.165)
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A função não do sobrenatural, mas do fantástico
“A literatura existe pelas palavras; mas sua vocação dialética é dizer mais do que a linguagem diz, ultrapassar as divisões verbais. (...) Mas, se assim é, essa variedade da literatura que se funda sobre divisões linguísticas como a do real e do irreal não seria literatura.” (p. 165)
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A ambiguidade do fantástico
“por um lado, ela representa a quintessência da literatura, na medida em que o questionamento do limite entre real e irreal, próprio de toda literatura, é seu centro explícito. Por outro lado, entretanto, ela não é mais que uma propedêutica da literatura: combatendo a metafísica da linguagem cotidiana, ela lhe dá vida; ela deve partir da linguagem, mesmo se for para recusá-la. Ora, a literatura, no sentido próprio, começa para além da oposição entre real e irreal.”
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A ambiguidade do fantástico
O fantástico como má consciência do positivista século XIX. Hoje: o que se entende por realidade é algo pacífico e externo a nós? Kafka
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