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O Romance de 30 Autores e obras
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O romance de 30 A prosa ficcional produzida na segunda fase do modernismo brasileiro, chamada também de romance de 30, foi marcada por questões sociais e o uso de teorias marxistas. O objetivo era explicitar para o leitor, por meio de tais teorias, as mazelas sociais que ocorriam nas regiões distantes da capital federal. A literatura, então, passou a ser usada como uma arma cujo objetivo era a conscientização de classe.
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O romance de 30 Alfredo Bosi, historiador e crítico literário, divide o romance moderno, que eclodiu a partir de 1930, em quatro tendências, levando em consideração o grau de tensão entre o “herói” e o mundo. a) romances de tensão mínima: As personagens não se destacam visceralmente da estrutura e da paisagem que as condicionam. Exemplos: as histórias populistas de Jorge Amado, os romances ou crônicas da classe média de Érico Veríssimo e Marques Rebelo.
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O romance de 30 b) romances de tensão crítica: o herói opõe-se e resiste agonicamente às pressões da natureza e do meio social, formule ou não em ideologias explícitas, o seu mal-estar permanente. Exemplos, obras maduras de José Lins do Rego (Usina, Fogo Morto) e todo Graciliano Ramos. c) romances de tensão interiorizada: o herói não se dispõe a enfrentar a antinomia eu/mundo pela ação: evade-se, subjetivando o conflito. Exemplos, os romances psicológicos em suas várias modalidades (memorialismo, intimismo, autoanálise, etc) de Otávio de Faria, Lúcio Cardoso, Cornélio Pena, etc.
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O romance de 30 d) romances de tensão transfigurada: o herói procura ultrapassar o conflito que o constitui existencialmente pela transmutação mística ou metafísica da realidade. Exemplos, as experiências radicais de Guimarães Rosa e Clarice Lispector. O conflito, assim “resolvido”, força os limites do gênero romance e toca a poesia e a tragédia.
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José Américo de Almeida (1887, Paraíba)
Seu romance de estreia, A bagaceira, foi um marco na retomada da literatura com um viés mais realista e tradicional. Ajudou, assim, a definir um eixo temático e alguns elementos que seriam seguidos por outros autores, tais como: a vida nos engenhos, a seca, o retirante, o jagunço, etc.
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Raquel de Queirós (Fortaleza, 1910)
Na esteira do regionalismo, compôs dois romances de ambientação cearense O quinze e João Miguel. Os dois romances contam com uma prosa enxuta e viva que seria depois tão estimável na cronista Raquel de Queirós. Estão mais próximos do ideal neorrealista que presidiria a narrativa social do nordeste, quando comparados ao romance A Bagaceira.
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José Lins do Rego (Paraíba, 1901)
Descendente de senhores de engenho, o romancista soube fundir a linguagem de forte e poética oralidade, as recordações da infância e da adolescência com o registro intenso da vida nordestina colhida por dentro, através dos processos mentais de homens e mulheres que representam a gama étnica da região. Estreou com romance O menino de engenho, em 1932, inaugurando um período de obras que abordaram o ciclo da cana-de-açúcar, a partir de uma perspectiva da infância e da memória.
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José Lins do Rego (Paraíba, 1901)
Banguê, Usina, Riacho Doce, Pedra Bonita são os seus romances mais famosos. A obra de José Lins do Rego, a partir de Fogo Morto, foi marcada pela concisão, algo que em Pedra Bonita, por exemplo, o autor não alcançou.
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Jorge Amado (Itabuna, 1912) A obra de Jorge Amado, de acordo com Alfredo Bosi (2006, p. 406), pode ser dividida em diferentes momentos. O primeiro deles englobaria o chamado “romance proletário” (Cacau, Suor). No enredo e na estrutura desses, o escritor aplicou as teorias socialistas e comunistas que pautaram, não somente sua obra, mas boa parte do chamado romance de 30. Em outra fase de sua produção romanesca, o autor de O país do carnaval teria concentrado seus escritos em cenas mais sentimentais, em rixas e amores de marinheiros, etc. Bosi denominou essa produção, constituída por Jubiabá, Mar Morto, Capitães da Areia, de “depoimentos líricos”.
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Jorge Amado (Itabuna, 1912) O escritor baiano, motivado pela situação política que vivenciou durante a ditadura imposta pelo, então, presidente Getúlio Vargas, enveredou-se para textos partidários (O Cavaleiro da Esperança, O Mundo da Paz). Enfocou também as lutas entre os coronéis nos romances Terras do Sem-fim e São Jorge dos Ilhéus. Em suas obras finais, o romancista baiano deixa de lado toda literatura ideológica que norteou as produções dos anos 1930. Assim, Jorge Amado, em Gabriela Cravo e Canela, Dona Flor e Seus Dois Maridos etc., apresentou elementos calcados em costumes provincianos, juntamente com histórias recheadas de sensualidade e comédia.
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Jorge Amado (Itabuna, 1912) PRÓIGREJA NOSSA SENHORA DO BRASIL Pela última vez venho bater às portas do vosso generoso coração, pedindo e rogando mais um óbolo para terminar as obras da igreja de N. S do Brasil. Para conseguir este ideal, preciso de duzentas pessoas que contribuam com 200$000 em dez prestações mensais de 20$000, cinquenta pessoas que contribuam com 100$000 em dez prestações mensais de 10$000. Ficaria muitíssimo grato se V. Exa quisesse fazer parte desses contribuintes.A Virgem Santíssima conceda V. Exa a graça que mais desejar, em troca do vosso óbolo. Servo em Cristo. PADRE SOLANO DALVA. (AMADO, 1986, p. 68).
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Jorge Amado (Itabuna, 1912) Linda falou vaidosa: – Que prestígio, hein, Dindinha? Somente duzentas e cinquenta pessoas. Garanto que o padre Solano escolheu a dedo. E botou a senhora no meio, hein? Julieta replicou: – Pois eu, minha filha, se ele se lembrasse de mim, eu mandava ele era à merda. São uns ladrões. Querem é o dinheiro dos outros pra engordar... Linda fechou a cara, mas Julieta fez que não viu: – A pobre da dona Risoleta trabalha que nem escravo, no fim do mês quase não pode pagar a bosta desse quarto, vocês comem o pão que o diabo amassou e ainda ficam com o rei nas tripas porque o ladrão desse padre escolheu vocês para serem roubadas... Orgulho besta!
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Jorge Amado (Itabuna, 1912) – Pode ser. O que eu não quero é conselho seu. Faça o favor de não falar mais comigo. – Ora, por mim... Você o que é, é uma preguiçosa... Mata essa pobre velha... – Vá embora! (...) E, como a tuberculosa tossisse no quarto vizinho, estremeceu toda e largou o prospecto. Ficou pensando que poderia ser das cinquenta pessoas que davam cem mil-réis em prestações mensais de dez mil- réis. E pediria “a graça que mais desejava” – um noivo rico e bom para Linda... (AMADO, 1968, p. 68).
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Graciliano Ramos Escreveu romances, contos e crônicas.
Principais obras: Angústia (1936), São Bernardo (1934), Vidas Secas (1938). Vidas secas é considerado pela crítica o romance mais popular de Graciliano Ramos. Os críticos apontam que Vidas secas pauta-se em um gênero intermediário entre o romance e conto, haja vista que os capítulos possuem cenas independentes que ganham sentido pleno no contexto de toda obra.
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Graciliano Ramos O romance narra o movimento de fuga da seca em que uma família, formada por Fabiano, Sinhá Vitória, os dois filhos e a cachorra Baleia, vai de um lugar a outro em busca de melhores condições de vida. Composto por treze capítulos, Vidas secas retrata o ambiente inóspito que exige das personagens uma força quase desumana para sobreviver.
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