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Hermenêutica Digital: Um Esboço

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Apresentação em tema: "Hermenêutica Digital: Um Esboço"— Transcrição da apresentação:

1 Hermenêutica Digital: Um Esboço
Rafael Capurro International Center for Information Ethics (ICIE) Distinguished Researcher in Information Ethics, School of Information Studies, University of Wisconsin-Milwaukee, USA

2 R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010
Sumário Introdução Hermenêutica e a Internet Ontologia Digital e Metafísica Digital Conclusão Referências R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

3 R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010
Introdução Vivemos em sociedades cujos sistemas políticos, jurídicos, militares, culturais e econômicos baseiam-se na comunicação digital e em redes de informação, ou em sociedades que estão fazendo grandes esforços para transpor a chamada exclusão digital R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

4 R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010
Introdução Talvez seja essa uma razão pela qual a hermenêutica, a teoria filosófica que trata dos problemas de interpretação e de comunicação, tenha aparentemente perdido o interesse acadêmico obtido no século XIX como metodologia das humanidades e como compreensão da existência humana no século XX. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

5 R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010
Introdução A hermenêutica enfrenta hoje o desafio decorrente da tecnologia digital, se tornando o que eu chamo hermenêutica digital. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

6 R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010
Introdução O desafio da Internet para os hermeneutas se refere principalmente à sua relevância social para a criação, comunicação e interpretação do conhecimento. Este desafio implica em um questionamento da rejeição pseudo-crítica dos hermeneutas em relação à tecnologia em geral e à tecnologia digital em particular. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

7 R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010
Introdução Para enfrentar o desafio digital, os hermeneutas devem desenvolver uma “lógica produtiva” (Heidegger) para a compreensão dos fundamentos da tecnologia digital e da sua interação com a existência humana. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

8 Hermenêutica e a Internet
À medida que a Internet, e particularmente a World Wide Web, se tornou uma tecnologia de informação e comunicação sócio-interativa em meados da década de 90, a relevância do seu desafio para a hermenêutica se tornou ainda mais óbvia. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

9 Hermenêutica e a Internet
Como metáfora do processo de construção social, a pré-compreensão moderna centrada no motor foi substituída pela de rede, entendida como tecnologia e como um meio de comunicação. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

10 Hermenêutica e a Internet
O que há de novo em relação à hermenêutica digital? Acredito que estamos lidando com dois lados de um único processo de enfraquecimento da tecnologia moderna. De um lado há um enfraquecimento do intérprete que encontra a si mesmo no interior de uma rede que ele apenas parcialmente pode controlar R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

11 Hermenêutica e a Internet
Por outro lado, a tecnologia da informação é uma tecnologia fraca à medida que ela lida com “conversações da humanidade” (Rorty), agora baseada em sujeitos interligados, um oxímoro do ponto de vista do sujeito autônomo construído pela modernidade européia. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

12 Hermenêutica e a Internet
A Internet trouxe mudanças em nossa experiência espaço-temporal social dificilmente imaginadas há algumas décadas. Seria ingênuo falar sobre essa tecnologia somente como uma ferramenta sem levar seriamente em consideração seu impacto em todos os níveis do nosso ser-no-mundo. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

13 Hermenêutica e a Internet
A hermenêutica digital se ocupa em como o código digital está sendo interpretado e implementado (ou não) nas sociedades globalizadas do século XXI. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

14 Hermenêutica e a Internet
Ela trata dos processos relacionados com a rede digital no nível social, com sistemas autônomos de interpretação, comunicação e interação (robótica), bem como com todos os tipos de sistemas biológicos híbridos (biônica) e da manipulação digital em nível nano. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

15 Hermenêutica e a Internet
Em um mundo digitalmente globalizado com sociedades pautadas em redes digitais sem um meta-sistema fixo, questões como a da busca pelo critério de verdade ou legitimação ética e política se tornam um ponto chave da inovação tecnológica. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

16 Hermenêutica e a Internet
Essas questões concernem à polarização, aos mal entendidos, conflitos, oposições, conjunções, ambições, interesses e ilusões em relação aos processos de compreensão em um nível local e global. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

17 Hermenêutica e a Internet
Mas o impacto da comunicação digital vai muito além de tal sistema global à medida que ela implica em uma perspectiva metodológica que transforma a biologia genética em uma tecnologia que visa a transformação artificial de seres vivos, a física atômica em uma tecnologia que visa a manipulação do suporte material de todos os seres no nível mais básico. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

18 Hermenêutica e a Internet
R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

19 Ontologia Digital e Metafísica Digital
“Tudo se manifesta como bits enquanto nos mantivermos inquestionavelmente “incorporados” no projeto digital (digital casting). Mas o que significa que tudo apareça como um bit? Precisamente esta visão do ente na totalidade – em que apenas admitimos que algo é em seu ser se o compreendemos de encontro ao horizonte do logos digitalmente funcionalizado - representa o impulso (encasting) central do projeto de tese de uma ontologia digital” (Eldred 2001) R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

20 Ontologia Digital e Metafísica Digital
O ponto principal diz respeito à palavra “inquestionavelmente” que faz toda a diferença entre a ontologia digital, como uma possível e, de fato, a atual interpretação ubíqua do ser, e a tese metafísica, segundo a qual o digital é o real R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

21 Ontologia Digital e Metafísica Digital
Uma versão epistemológica (mais fraca) desta tese é: as coisas são (entendidas) na medida em que somos capazes de digitalizá-las. A ontologia digital é ubíqua no sentido de não ser necessário que as pessoas a ela adiram conscientemente. Ela tem a tendência, como toda ontologia, a se tornar aparentemente a única perspectiva verdadeira. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

22 Ontologia Digital e Metafísica Digital
A hermenêutica digital tem uma dupla ligação em relação ao código lingüístico e matemático. Ela visa traduzir e interpretar o logos e o arithmos no domínio humano, mas sem ser restrita a esta esfera. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

23 Ontologia Digital e Metafísica Digital
Ela também lida com a interpretação digital e com a construção de processos naturais e vice versa: o horizonte do digital não é o único possível para a realidade que se des-vela – incluindo tanto a existência humana como a natureza – ou a “verdade” do ser em termos heideggerianos. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

24 Ontologia Digital e Metafísica Digital
Acredito que vivemos numa era na qual, a partir de uma perspectiva digital, o sentido do ser é amplamente interpretado como o Zeitgeist das sociedades pós-industriais. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

25 Ontologia Digital e Metafísica Digital
As conseqüências da metafísica digital podem ser devastadoras, assim como foram descritas, por exemplo, por Albert Borgmann em Holding on to Reality (2000). R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

26 Ontologia Digital e Metafísica Digital
A resposta de Borgmann para o desafio da “hiperinformação utópica” – seria melhor chamá-la de “hiperinformação disutópica” – não é um livro menos utópico da cultura. Todo pensar dualista é perigoso na medida em que descuida da ambigüidade de ambos os lados e de outras possibilidades no entremeio. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

27 Ontologia Digital e Metafísica Digital
A “leveza” da tecnologia digital se tornou parte da gravitação da vida cotidiana, a qual é também gravitação do mercado. Tudo, inclusive nosso corpo, pode ser objeto de digitalização e se torna matéria de transações econômicas baseadas na fluidez espaço-temporal da esfera digital.  R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

28 Ontologia Digital e Metafísica Digital
Um pensamento similarmente dualístico pode ser encontrado no livro de Hubert Dreyfus On the Internet: por um lado, há a Internet que inclui virtualidade, estética, anonimato, conhecimento, o infinito, invulnerabilidade, desvinculação e o observador; enquanto, por outro lado, há a realidade, a ética (e a religião), o compromisso, o corpo, a finitude, a vulnerabilidade, a responsabilidade e a ação. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

29 Ontologia Digital e Metafísica Digital
Em Ser e Tempo Heidegger se refere à compreensão humana como um círculo que não é um circulus vitiosus, mas um círculo hermenêutico e produtivo. O que é crucial não é sair do círculo, mas entrar “de modo adequado”. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

30 Ontologia Digital e Metafísica Digital
Hoje este círculo se caracteriza pela hibridização do digital em todos os níveis da existência humana e de auto-avaliação. As sociedades no século XXI buscam o “modo adequado” para entrar na rede digital. Isso significa que o círculo hermenêutico, como uma metáfora chave da hermenêutica filosófica, deveria ser reinterpretado como uma rede hermenêutica. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

31 Ontologia Digital e Metafísica Digital
E isso leva a uma mudança de outra idéia central da hermenêutica, a saber, a idéia gadameriana de “fusão de horizontes”. Não é somente uma “fusão”, mas uma “conexão” que caracteriza a relação entre os mensageiros da rede digital que precisam se ligar uns aos outros por meio do que a teoria dos sistemas chama de “oferta de sentido (Luhmann). R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

32 Ontologia Digital e Metafísica Digital
Nesse sentido, a hermenêutica digital transcende a tarefa clássica da hermenêutica como uma teoria da interpretação e descobre sua própria dimensão oculta como uma teoria das mensagens ou angelética (do grego ‘angelia’= mensagem). Não há interpretação sem uma “oferta de sentido”. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

33 Ontologia Digital e Metafísica Digital
A hermenêutica digital e a cibernética de segunda-ordem caminham juntas. Enquanto no último século as mídias de massa puderam dar a impressão de que eram uma espécie de meta-observador que garantiria uma visão objetiva de todos os sistemas sociais, hoje esta visão se tornou problemática. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

34 Ontologia Digital e Metafísica Digital
Esta é a principal lição trazida pela Internet como uma tecnologia interativa que transforma todos os receptores das mensagens das mídias de massa em potenciais mensageiros para além da tecnologia de um-para-um do telefone. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

35 Ontologia Digital e Metafísica Digital
O telefone celular como dispositivo móvel ligado à Internet desafia nossas concepções de liberdade e mobilidade espacial, de independência e vulnerabilidade, de proximidade e distância, de público e privado, de estar ocupado ou disponível, de produção e consumo, de masculino e feminino. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

36 Ontologia Digital e Metafísica Digital
Concebido deste modo, na atual sociedade de mensagem o telefone celular é um dispositivo eminentemente existencial ou ‘ontológico’. Trata-se de um insight hermenêutico que hoje se torna manifesto em toda a sua relevância global e local R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

37 Ontologia Digital e Metafísica Digital
Outro tópico chave da hermenêutica, ou seja, a relação entre o todo e suas partes, está se transformando, pela rede digital, em relação à possibilidade de se ter uma visão global de seu objeto de estudo. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

38 Ontologia Digital e Metafísica Digital
A hermenêutica digital questiona a obviedade dessas visões totalitárias. Pode-se olhar para o todo (totum) de diferentes perspectivas, mas não ao mesmo tempo (non totaliter). R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

39 R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010
Conclusão A tarefa da hermenêutica na era digital é dupla, a saber: pensar o digital e, ao mesmo tempo, ser dirigida por ele. A primeira tarefa leva à questão sobre de que modo o código digital em um impacto sobre todos os tipos de processos, em particular os sociais. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

40 R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010
Conclusão Neste sentido, a hermenêutica digital está no cerne da ética da informação entendida como a reflexão ética sobre as regras de comportamento subjacentes à rede digital global, incluindo sua interação com outros sistemas sociais, assim como com processos naturais. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

41 R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010
Conclusão A segunda tarefa se refere ao desafio do digital em relação à auto-interpretação dos seres humanos em todas as suas dimensões existenciais, particularmente a dos seus corpos, de sua autonomia, seu modo de conceber e de viver no tempo e no espaço, R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

42 R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010
Conclusão suas disposições de ânimo e sua compreensão de mundo, a construção de estruturas sociais, sua compreensão da história, sua imaginação, sua concepção de ciência, suas crenças religiosas. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

43 R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010
Conclusão Quem somos nós enquanto humanidade? O que significa para a humanidade ser transformada através do código digital? Quais são as consequências epistemológicas, ontológicas e éticas? R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

44 R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010
Conclusão Como as culturas humanas se tornam híbridas e em que sentido esta hibridização afeta a interação com processos naturais e sua interação com a produção e o uso de todo tipo de produtos artificiais numa economia digital? R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

45 R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010
Conclusão Estas questões vão muito além do horizonte da hermenêutica clássica como teoria da interpretação de texto, como vão além da hermenêutica filosófica clássica que lida com a questão da existência humana independentemente do impacto ubíquo da tecnologia digital. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

46 R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010
Conclusão A hermenêutica se compreende mal se não atentar ôntica e ontologicamente para a tecnologia digital e seu impacto avassalador sobre nossas vidas. R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010

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Referências Ver publicação original em Ethics & IT (2009) Veja também: R. Capurro: Digital Hermeneutics 2010


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