Raimundo Carrero.

Apresentações semelhantes


Apresentação em tema: "Raimundo Carrero."— Transcrição da apresentação:

1 Raimundo Carrero

2 Raimundo Carrero Raimundo Carrero (Salgueiro, 20 de dezembro de 1947) Jornalista e escritor.

3 Raimundo Carrero Jornalista
Trabalhou no Diário de Pernambuco ( ), crítico literário e editor chefe da redação.

4 Raimundo Carrero Descobriu a literatura através da biblioteca de um irmão mais velho, cujos livros ficavam embaixo dos balcões da loja de roupas e chapéus do seu pai, passando a ler José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Ibsen, Shakespeare.

5 Raimundo Carrero Começou a escrever utilizando papéis da loja do pai. Sua primeira novela, Grande mundo em 4 paredes, foi escrita entre 1968 e 1969 e, segundo ele, era “obra de menino”. Seu primeiro livro A história de Bernarda Soledade: a tigre do Sertão, publicado em 1975, foi escrito quando tinha 23 anos de idade e reeditado pela editora recifense Bagaço, em 2007.

6 Raimundo Carrero Antes de ser escritor, criou um conjunto musical denominado Os Cometas(1964). Quando se mudou para o Recife, na década de 1970, tornou-se músico profissional, tocando saxofone numa banda de rock chamada Os Tártaros.

7 Raimundo Carrero Década de 1970 Romancista e contista, do Movimento Armorial, idealizado pelo escritor e dramaturgo Ariano Suassuna. Armorial - realização da uma obra erudita com base nos símbolos e insígnias da cultura popular. Raimundo sempre declarou ter em Ariano um de seus mestres, tendo também colaborado para sua formação os escritores Hermilo Borba Filho e Gilberto Freyre, de quem foi assessor.

8

9 Raimundo Carrero Foi assessor de imprensa na Fundação Joaquim Nabuco e funcionário da Universidade Federal de Pernambuco. Integrou o Conselho Municipal (Recife) de Cultura durante oito anos e o Movimento de Cultura Popular. Até 1998, foi presidente da Fundação de Patrimônio Artístico e Histórico de Pernambuco (Fundarpe).

10 Raimundo Carrero Em 11 de outubro de 2004, foi eleito para a cadeira 3 da Academia Pernambucana de Letras, tomando posse em 20 de janeiro de 2005.

11 Raimundo Carrero “Somos Pedras que se Consomem”, incluído entre os dez melhores livros de 1995, escolhidos pelo jornal O Globo (RJ). E entre as dez melhores obras de ficção de 1995, selecionadas pelo Jornal do Brasil (RJ).

12 Raimundo Carrero Obras
As sombrias ruínas da alma Os segredos da ficção A preparação do escritor A história de Bernarda Soledade - A tigre do sertão (1975) As sementes do sol - O semeador (1981) A dupla face do baralho - Confissões do comissário Félix Gurgel (1984) Sombra severa (1986) O Senhor dos Sonhos (1986) Maçã agreste (1989) Sinfonia para vagabundos (1992) Extremos do arco-íris (1992) Somos pedras que se consomem (1995) Minha alma é irmã de Deus (2010) Tangolomango (2013) O senhor agora vai mudar de corpo (2015)

13 Raimundo Carrero É autor também da peça “Anticrime”, encenada no Teatro do Parque pelo grupo de Otto Prado, e fez uma adaptação da novela A morte de Ivan Ilitch, de Tolstói, representada no Teatro Barreto Júnior.

14 Raimundo Carrero Prêmios literários:
Revelação do Ano, Prêmio Oswald de Andrade, no Rio Grande do Sul, com “Viagem no ventre da baleia”; Prêmio José Condé, concedido pelo Governo de Pernambuco, pelo livro “Sombra Severa”; Prêmio Lucilo Varejão, da Prefeitura do Recife, com O senhor dos sonhos; Melhor Romancista do Ano, da Associção Paulista de Críticos de Arte (1995) e Prêmio Machado de Assis (melhor romance), da Biblioteca Nacional, ambos pelo livro Somos pedras que se consomem (1995); Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, São Paulo, com As sombrias ruínas da alma (2000).

15 Raimundo Carrero A sombra Severa, de Raimundo Carrero

16 Raimundo Carrero A sombra Severa, de Raimundo Carrero
“Apagou o candeeiro, já não podia suportar a luz – a luz tão pouca, lembrando-lhe as chamas que devoraram o carneiro. Parecia-lhe, agora, no escuro da sala, que estava vendo a própria face. No entanto, apenas a brasa do cigarro Avermelhava -lhe a cara quando puxava a tragada. E perdeu o sossego, já estraçalhado, quando verificou que gostava do escuro para não recordar o rosto de Abel – o sorriso, o olhar, a ternura. Sabia, o irmão sabia que for a ele quem matara o carneiro, com a faca e com o fogo, mas não o denunciou. O que era estranho. Porque – e se desejava esquecer o rosto, lembrava a voz – o irmão, ao invés dele, não gostava do silêncio. Era o oposto: tinha tantas palavras quanto os dentes da boca, igual ao compadre Teodoro. Gostava de sair para o povoado sempre bem vestido, disputava partidas de bilhar, trocando alegrias com os camaradas. Embora nunca discutisse. Os dois: um lado sombra, outro luz. Só que não entendia por que tivera de ser assim, tão distantes – um no sol, outro na madrugada.” CARRERO, Raimundo. Sombra severa. Rio de Janeiro: José Olympio/Fundarpe, p. 67.

17 Raimundo Carrero A sombra Severa, de Raimundo Carrero Os episódios são narrados de forma seca, com frases curtas e incisivas, numa economia verbal que espelha um dos personagens centrais, o lacônico Judas. No início, o romance parece apontar para uma história sangrenta, impressão que vai sendo reforçada à medida que a trama ganha corpo: dois irmãos, Judas e Abel, apaixonados por uma mesma mulher, Dina. Abel, o primogênito, rouba a moça da casa dos pais e a leva para morar na velha casa de fazenda, onde também mora Judas. A provável vingança da família da jovem desonrada surge como mais um elemento a indicar que o duelo será inevitável. De fato, ele acontece, mas não como se espera.

18 Raimundo Carrero A sombra Severa, de Raimundo Carrero
Habilmente, o narrador nos leva a seguir uma pista falsa, e a verdadeira batalha será travada não entre Judas e Abel, ou entre estes e a família de Dina, mas entre adversários mais sutis. Algum sangue será derramado, é certo, mas com alcance mais profundo, envolvendo sentimentos contraditórios, como ódio, amor, inveja, culpa, perdão.

19 Raimundo Carrero A sombra Severa, de Raimundo Carrero Não há indicações precisas de tempo ou de espaço - o enredo pode situar-se em qualquer vilarejo, do passado remoto ou recente, ou mesmo de hoje - e os nomes dos personagens ou são de inspiração bíblica ou são nomes que não trazem em si nenhuma marca regional. Isso porque o importante de fato é o que acontece no íntimo dos personagens, em seus duelos, épicos e silenciosos, com a própria consciência. Ao mesmo tempo, cada um é obrigado a lidar com o silêncio do outro, buscando entender o que o outro possa estar sentindo ou pensando, o que deflagra o jogo das hipóteses, das leituras cruzadas. É no terreno da autoconsciência e da dúvida, portanto, que o conflito se instala.

20 Raimundo Carrero Estilo
A sombra Severa, de Raimundo Carrero Estilo O traço regionalista aparece quase como uma citação, uma referência inicial que o romance vai esvaziando à medida que avança. Nesse sentido, Sombra severa é uma releitura e uma reescritura da velha fórmula regionalista, cultivada de forma expressiva por românticos, naturalistas e modernistas e meio que abandonado nesses tempos pós-modernos. O autor mantém apenas o arcabouço do antigo modelo e nele insere uma narrativa que mais se aproxima da tragédia. Judas, por exemplo, convive o tempo todo com a sombra severa de uma consciência culpada, que se apresenta sob a forma de súbitos fantasmas, um deles de carne e osso, a assombrar-lhe o dia e a noite na quase solidão da fazenda.

21 Raimundo Carrero A sombra Severa, de Raimundo Carrero Estilo As frases feitas, as imagens que, pretensamente poéticas, esbarram numa incômoda previsibilidade e a recorrência a inexplicáveis inversões sintáticas comprometem, porém, o resultado final. Curioso é que em algumas das últimas cenas, em que o narrador apresenta episódios da infância dos dois irmãos, isso não acontece e a história caminha num ritmo exato, sem excessos. Fosse todo o romance narrado como se narram tais episódios, A sobra severa faria jus aos comentários elogiosos de Santarrita, na orelha do livro.


Carregar ppt "Raimundo Carrero."
Anúncios Google