Identificação de áreas suscetíveis a deslizamentos de terra no litoral de São Paulo Vanessa Canavesi1, Pedro Ivo Mioni Camarinha1, Regina Célia dos Santos.

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1 Identificação de áreas suscetíveis a deslizamentos de terra no litoral de São Paulo Vanessa Canavesi1, Pedro Ivo Mioni Camarinha1, Regina Célia dos Santos Alvalá1 1Cemaden – Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais Resumo: Durante a segunda metade do século passado, as áreas propícias para ocupação humana foram praticamente esgotadas devido ao rápido crescimento urbano e à especulação imobiliária presente nos municípios litorâneos. O agravante é que parte dessas cidades apresenta legislação que restringe o processo de verticalização e, com o crescimento populacional alinhado ao desenvolvimento econômico destes municípios, fez com que a expansão urbana migrasse em direção às encostas da Serra do Mar. O cenário atual observado em todos estes municípios é o de habitações encontradas em áreas potencialmente de risco a deslizamentos, deixando as populações destes locais vulneráveis à ocorrência de desastres, principalmente durante a estação chuvosa. No presente trabalho propõe-se uma metodologia para mapear a suscetibilidade a deslizamentos de terra utilizando apenas dados espaciais e softwares de domínio público, possibilitando ser replicada para outros casos em que houver necessidade. Basicamente, a metodologia consiste em cruzar informações espaciais organizadas na forma de mapas temáticos, utilizando a técnica conhecida como “Álgebra de Mapas”, mais especificamente a técnica Fuzzy Gamma (descrita posteriormente). A base para a aplicação desta técnica é atribuir pesos específicos para cada classe temática, de forma que seja possível representar seu potencial/influência para deflagrar os deslizamentos de terra. Estes pesos são definidos a partir de critérios lógicos determinados por especialistas nas áreas relacionadas (geotecnia, geografia, geologia, etc.) e também encontrados na literatura. Uma vez mapeada a suscetibilidade, a etapa da validação foi feita comparando-se os resultados com a localização de áreas de risco previamente mapeadas pela CPRM. Nesta etapa, o alvo principal foi estruturar uma metodologia capaz de subsidiar diretamente a identificação de possíveis setores de risco a partir do mapeamento da suscetibilidade aos deslizamentos. Como forma de avaliar os resultados, utilizou-se o banco de dados oficial de setores de risco que foi elaborado pela Companhia de Pesquisas em Recursos Minerais - CPRM, fornecido pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais - CEMADEN, que utiliza estas informações dentro da sua dinâmica de monitoramento e alerta. Testou-se também a metodologia para municípios que não possuem áreas de risco mapeadas com o objetivo de indicar áreas com suscetibilidade mais elevadas, o que pode sugerir áreas de risco de deslizamentos. Resultados: Foram gerados mapas de suscetibilidade para os cinco municípios analisados. Caraguatatuba, Ubatuba, Santos e Cubatão possuíam áreas de risco mapeadas pela CPRM, o que permitiu avaliar os resultados obtidos no presente trabalho (Figura 2). Para o município de São Sebastião não haviam áreas de risco previamente mapeadas. Como resultado, áreas com alta e muito alta suscetibilidade podem ser indicativas de áreas de risco de movimento de massa. Utilizando como base as áreas urbanizadas observadas nas imagens de satélite, traçaram-se polígonos que sugerem áreas de risco de Movimento de massa (Figura 3). Área de Estudo: Foram analisados cinco municípios do litoral paulista que já tiveram eventos de movimento de massa: Caraguatatuba, Ubatuba, Santos, Cubatão e São Sebastião. Estes municípios recebem um grande número de turistas no verão, fazendo com que a população aumente consideravelmente nessa estação, aumentando também o numero de pessoas expostas à desastres naturais. Figura 1: Área de estudo Metodologia: Para o presente trabalho, buscou-se mapear a susceptibilidade aos deslizamentos de terra utilizando apenas dados espaciais e softwares de domínio público, possibilitando ser replicada para outros casos em que houver necessidade. Basicamente, a metodologia consiste em cruzar informações espaciais organizadas na forma de mapas temáticos, utilizando a técnica conhecida como “Álgebra de Mapas”, mais especificamente a técnica Fuzzy Gamma (descrita posteriormente). A base para a aplicação desta técnica é atribuir pesos específicos para cada classe temática, de forma que seja possível representar seu potencial/influência para deflagrar os deslizamentos de terra. Estes pesos são definidos a partir de critérios lógicos determinados por especialistas nas áreas relacionadas (geotecnia, geografia, geologia, etc.) e também encontrados na literatura. Uma vez mapeada a susceptibilidade, a etapa da validação foi feita comparando-se os resultados com a localização de áreas de risco previamente mapeadas pela CPRM. Figura 2: Mapeamento de susceptibilidade a deslizamentos de terra usando a técnica fuzzy gama (γ = 0,8): Municípios de a.1) Caraguatatuba; b.1) Ubatuba; c.1) Santos e Cubatão. Os mapas detalhados (a.2, b.2 e c.2) são exemplos de casos de sobreposição entre os setores de risco e as classes mais suscetíveis (alta e muito alta). As imagens do Google Earth ® (a.3, b.3 e c.3) representam o mesmo local que os mapas a.2, b.2 e c.2, destacando-se apenas a classe de susceptibilidade "muito alta" (em polígonos vermelhos), juntamente com os setores de risco (em linhas amarelas). Figura 3: Mapeamento de susceptibilidade a deslizamentos de terra usando a técnica fuzzy gama (γ = 0,8): As imagens do Google Earth ® representam o mesmo local que os mapas destacando-se apenas a classe de susceptibilidade "muito alta" (em polígonos vermelhos). Sugestão de áreas de risco de Movimento de Massa em linhas amarelas. Continuação dos resultados Conclusões: A utilização de softwares e dados de domínio público juntamente com a metodologia apresentada mostraram-se úteis e possibilitam obter bons resultados para grandes áreas urbanizadas, pouco exploradas dentro desta temática. Neste aspecto, a metodologia se destaca por ser uma opção para gestão ou avaliação do risco nas cidades que são constantemente cenários de desastres envolvendo deslizamentos e que não possuem mapeamento de áreas de risco. A aplicação da técnica Fuzzy Gamma e sua etapa de ponderação (atribuição dos pesos) permite que a metodologia seja adaptada pra qualquer outra região, visto que é possível inserir/retirar novas variáveis e classes temáticas, havendo necessidade ou disponibilidade de dados. Tendo em vista as demandas emergenciais do Brasil em relação à mitigação dos impactos causados por deslizamentos de terra todos os anos, esta metodologia se mostrou uma ferramenta robusta e de grande aplicabilidade, não só para analisar o risco inerente aos dias de hoje, mas também para fornecer subsídios para análise de áreas de risco futuras que podem resultar do crescimento da população em direção às encostas.