GRANDE SERTÃO: VEREDAS

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Apresentação em tema: "GRANDE SERTÃO: VEREDAS"— Transcrição da apresentação:

1 GRANDE SERTÃO: VEREDAS
22 de set de 2014

2 "Grande Sertão" começa com um travessão e termina com o sinal do infinito, ou melhor, nunca termina. O livro é mesmo isso: a fala infinda e infinita de Riobaldo, personagem que, segundo Vargas Llosa, tem "alguma coisa de um paladino de romance de cavalaria, de um mosqueteiro romântico e de um aventureiro de faroeste". Quem muito auxilia nessa nossa ignorância é aquela que atravessa e sustenta o Grande Sertão, ora nos ninando ora nos chicoteando: a linguagem. É ela que atravessa o intransponível do que a inteligência não alcança e nos leva para além do que se pode pensar. É com ela que Rosa inventa frases como "Era o o", assim fazendo entender a concretude do "que não tem nome" ou "A vida é ingrata no macio de si; mas transtraz a esperança mesmo do meio do fel do desespero".

3 Característica da linguagem
o romancista aproveitou alguns dos elementos estilísticos comuns aos autores do período assim denominado [barroco] resultante expressional de uma carga emotiva muito forte. emprego de latinismos, arcaísmos e de formas em desuso; palavras de uso corrente com significação arcaica; emprego de termos eruditos; indianismos (em menor número); criação de palavras (por derivação); e atualização de transformações fonéticas. Quanto à inovação sintática, o uso de recursos duplicativos expletivos, considerando como tal também o emprego de dois ou mais adjetivos para o mesmo termo; os pleonasmos (assim considerados o emprego de termos cognatos, de vocábulos com identidade de sentido, as repetições, a pluralização “desnecessária” e os superlativos enfáticos); e os desvios na ordem sintática com finalidade de ênfase.

4 procedimentos estilísticos: jogos sonoros, como o uso de aliterações, coliterações (repetição alternada de fonemas surdos e sonoros correlatos, como f/v, t/d), criação de rimas em consonância (palma/palmeira, por exemplo), rimas toantes, ritmo e onomatopeias, tudo isso no texto em prosa. (pendor lúdico desse texto)

5 criação vocabular: derivações, em certos momentos apontando recorrências que poderiam delinear um sentido comum para procedimentos semelhantes. prefixações como intensificadoras de sentido (como em relimpar e trestriste), sem, no entanto, encontrar significação clara para outras (como deerrado e envinha), vistas como não dotadas de “intenção [semântica] precisa” - suposta “oralidade” de sua linguagem, hipótese que perdeu espaço para a confirmação da inventividade.

6 Recursos de estilo e figuras de linguagem:
imagéticos, em geral ligados à natureza do sertão; várias ocorrências de animalização; e recursos que chamei genericamente de poéticos, pela alta densidade de trabalho plástico com a linguagem (em geral, trechos que combinam vários procedimentos estilísticos).

7 Simbologia é possível afirmar, no caso do Grande sertão, que a própria vida de Riobaldo, e não só as historietas que ele, como narrador, (re?)conta, é tratada por ele como uma prova retórica da sua afirmação inicial, um pouco duvidosa (e ‘duvidante’), de que o diabo não existe, sendo o livro todo uma grande peça oratória a defender esse argumento: Então? Que-Diga? Doideira. A fantasiação. E, o respeito de dar a ele assim esses nomes de rebuço, é que é mesmo um querer invocar que ele forme forma, com as presenças! Não seja. Eu, pessoalmente, quase que já perdi nele a crença; mercês a Deus; é o que ao senhor lhe digo, à puridade (Rosa, 1967: 10).

8 Diadorim A amizade de Riobaldo com Reinaldo, por exemplo, aparentemente encarada como “normal” pelo grupo de Titão Passos, é objeto de estranhamento e de piadas por parte dos “hermógenes”, assim como os traços femininos de Diadorim: Mas Diadorim sendo tão galante moço, as feições finas caprichadas. Um ou dois, dos homens, não achavam nele jeito de macheza, ainda mais que pensavam que ele era novato. Assim loguinho, começaram, aí, gandaiados. [...] A fumaça dos tições deu para a cara de Diadorim – “Fumacinha é do lado – do delicado...” [...] (Rosa, 1967: 123). O caráter quieto e observador de Riobaldo também incomodou os outros companheiros no início: Ao às-tantas me aceitaram; mas meio atalhados. Se o que fossem mesmo de constância assim, por tempero de propensão, ou, então, por me arrediarem, porquanto me achando deles diverso? Somente isto nos princípios. Sendo que eu soube que eu era mesmo de outras extrações (Rosa, 1967: 127).

9 De todos, menos vi Diadorim: ele era o em silêncios
De todos, menos vi Diadorim: ele era o em silêncios. Ao de que triste; e como eu ia poder levar em altos aquela tristeza? Aí – eu quis: feito a correnteza. Daí, não quis, não, de repentemente. Desde que eu era o chefe, assim eu via Diadorim de mim mais apartado. Quieto; muito quieto é que a gente chama o amor: como em quieto as coisas chamam a gente. (ROSA, 2001, p.662)

10 Diadorim me pôs o rastro dele para sempre em todas essas quisquilhas da natureza. Sei como sei. Som como os sapos sorumbavam. Diadorim, duro sério, tão bonito, no relume das brasas. Quase que a gente não abria boca; mas era um delem que me tirava para ele – o irremediável extenso da vida. Por mim, não sei que tontura de vexame, com ele calado eu a ele estava obedecendo quieto. Quase que sem menos era assim: a gente chegava num lugar, ele falava para eu sentar; eu sentava. Não gosto de ficar em pé. Então, depois, ele vinha sentava, sua vez. Sempre mediante mais longe. Eu não tinha coragem de mudar para mais perto. Só de mim era que Diadorim às vezes parecia ter um espevito de desconfiança; de mim, que era o amigo! (ROSA, 2001, p.44)

11 Diadorim – mesmo o bravo guerreiro – ele era para tanto carinho: minha repentina vontade era beijar aquele perfume no pescoço: a lá, aonde se acabava e remansava a dureza do queixo, do rosto... Beleza – o que é? E o senhor me jure! Beleza, o formato do rosto de um: e que para outro pode ser decreto, é, para destino destinar... E eu tinha de gostar tramadamente assim, de Diadorim, e calar qualquer palavra. Ele fosse uma mulher, e à- alta e desprezadora que sendo, eu me encorajava: no dizer paixão e no fazer – pegava, diminuía: ela no meio de meus braços! Mas, dois guerreiros, como é, como iam poder se gostar, mesmo em singela conversação – por detrás de tantos brios e armas? Mais em antes se matar, em luta, um o outro. (ROSA, 2001, p.593)

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